Jogos Nômades têm polo com carcaça de animais e arremesso de ossos


Com arqueiros, cavalos e bodes mortos, a competição é um esforço para ressuscitar as tradições nômades da Ásia

Por Neil MacFarquhar

CHOLPON-ATA, QUIRGUISTÃO - A equipe americana que disputou uma versão brutal do polo nos Jogos Mundiais Nômades não imagina que a modalidade seja convertida num esporte olímpico. Por que não?

“Usamos um bode morto", disse um membro da equipe.

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Aida Akmatova desenvolveu seu famoso truque de usar o arco e flecha com os pés atuando como artista circense. Foto: Sergey Ponomarev para The New York Times

O jogo, conhecido como kok-boru, envolve uma carcaça decapitada de bode e foi a atração principal da semana de competições esportivas internacionais realizada em setembro em Cholpon-Ata, Quirguistão. Outros destaques eram o arremesso de ossos, caçada com águias e 17 tipos de luta, incluindo uma luta descamisada sobre cavalos, em que o adversário mais fraco costuma se agarrar à cabeça do animal enquanto o público aguarda o momento de vê-lo ir ao chão.

Os organizadores pretendem promover uma ressurreição das tradições nômades, especialmente as da Ásia Central, cujas culturas foram quase extintas após décadas de coletivização soviética e globalização.

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Ainda que muitos atletas de ponta tenham participado, qualificar-se para uma modalidade era simples: todos que se inscrevessem na internet poderiam jogar. 

A maior parte da delegação da República Tcheca era composta por um grupo de amigos que procurava um esporte fácil. Eles descobriram o ordo, ou arremesso de ossos, que envolve oito jogadores usando um pedaço de osso bovino para deslocar pedaços de ossos de ovelha dispostos num círculo no chão (é mais difícil do que parece). Mas eles não encontraram em casa os pedaços certos de osso para treinar.

Então, como aprenderam a jogar? Os checos, que não ganharam medalhas, admitiram que simplesmente improvisaram.

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Os eventos foram realizados em duas arenas impressionantes - um hipódromo construído para os jogos num lago cercado pela cordilheira de Tian Shan, e os vastos campos de um imenso desfiladeiro montanhês, onde cerca de mil iurtes foram erguidos.

Com arqueiros montados a cavalo e o aroma de carne na grelha, as imagens do campo evocavam um rico acampamento nômade de uma era já perdida.

Depois de 72 anos sob governo comunista - e mais de duas décadas após o colapso soviético - o Quirguistão e seus vizinhos ainda tentam se definir.

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"Queremos reviver nossa identidade histórica", disse Kanat Amankulov, ministro da juventude e dos esportes do Quirguistão.

Uma batalha encenada na cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais Nômades, realizados em setembro no Quirguistão. Foto: Sergey Ponomarev para The New York Times

Os jogos também buscam atrair turistas para um país pobre, e sem saída para o mar, de aproximadamente seis milhões de habitantes, predominantemente muçulmanos.

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A ênfase nas tradições nômades faz do Quirguistão uma parte da civilização turcomana e ajuda a equilibrar a influência da intolerante vertente islâmica do wahabismo, importada por clérigos que estudaram na Arábia Saudita.

Os jogos começaram numa escala modesta em 2014, quando 19 atletas de 19 países participaram. A terceira edição do evento bianual atraiu 1.976 participantes, representando 74 países.

Os uniformes das equipes, exibidos no desfile de abertura, variavam de modelos profissionais a improvisados. Os alemães usavam macacões pretos com algumas típicas bermudas de couro lederhosen, enquanto os paquistaneses usavam trajes verdes e lenços combinando tonalidades.

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Outras equipes pareciam saídas do café mais próximo: o porta-bandeira da Estônia usava calça jeans e camiseta branca.

Aida Akmatova, 32 anos, aprendeu a usar o arco e flecha com os pés num circo. Nos jogos, ela participou da competição de arco com montaria. "Não se trata de outra apresentação, e sim um evento fundamental na minha vida", disse ela.

Este ano, entre os convidados célebres estavam o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.

"Num mundo globalizado, as pessoas se esquecem da própria cultura, daquilo que as distingue. É mais interessante viver num mundo com diferentes países e culturas. Não seria bom se o mundo inteiro se convertesse numa extensão de Nova York", disse o contador Ulan Subanov, 27 anos.

CHOLPON-ATA, QUIRGUISTÃO - A equipe americana que disputou uma versão brutal do polo nos Jogos Mundiais Nômades não imagina que a modalidade seja convertida num esporte olímpico. Por que não?

“Usamos um bode morto", disse um membro da equipe.

Aida Akmatova desenvolveu seu famoso truque de usar o arco e flecha com os pés atuando como artista circense. Foto: Sergey Ponomarev para The New York Times

O jogo, conhecido como kok-boru, envolve uma carcaça decapitada de bode e foi a atração principal da semana de competições esportivas internacionais realizada em setembro em Cholpon-Ata, Quirguistão. Outros destaques eram o arremesso de ossos, caçada com águias e 17 tipos de luta, incluindo uma luta descamisada sobre cavalos, em que o adversário mais fraco costuma se agarrar à cabeça do animal enquanto o público aguarda o momento de vê-lo ir ao chão.

Os organizadores pretendem promover uma ressurreição das tradições nômades, especialmente as da Ásia Central, cujas culturas foram quase extintas após décadas de coletivização soviética e globalização.

Ainda que muitos atletas de ponta tenham participado, qualificar-se para uma modalidade era simples: todos que se inscrevessem na internet poderiam jogar. 

A maior parte da delegação da República Tcheca era composta por um grupo de amigos que procurava um esporte fácil. Eles descobriram o ordo, ou arremesso de ossos, que envolve oito jogadores usando um pedaço de osso bovino para deslocar pedaços de ossos de ovelha dispostos num círculo no chão (é mais difícil do que parece). Mas eles não encontraram em casa os pedaços certos de osso para treinar.

Então, como aprenderam a jogar? Os checos, que não ganharam medalhas, admitiram que simplesmente improvisaram.

Os eventos foram realizados em duas arenas impressionantes - um hipódromo construído para os jogos num lago cercado pela cordilheira de Tian Shan, e os vastos campos de um imenso desfiladeiro montanhês, onde cerca de mil iurtes foram erguidos.

Com arqueiros montados a cavalo e o aroma de carne na grelha, as imagens do campo evocavam um rico acampamento nômade de uma era já perdida.

Depois de 72 anos sob governo comunista - e mais de duas décadas após o colapso soviético - o Quirguistão e seus vizinhos ainda tentam se definir.

"Queremos reviver nossa identidade histórica", disse Kanat Amankulov, ministro da juventude e dos esportes do Quirguistão.

Uma batalha encenada na cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais Nômades, realizados em setembro no Quirguistão. Foto: Sergey Ponomarev para The New York Times

Os jogos também buscam atrair turistas para um país pobre, e sem saída para o mar, de aproximadamente seis milhões de habitantes, predominantemente muçulmanos.

A ênfase nas tradições nômades faz do Quirguistão uma parte da civilização turcomana e ajuda a equilibrar a influência da intolerante vertente islâmica do wahabismo, importada por clérigos que estudaram na Arábia Saudita.

Os jogos começaram numa escala modesta em 2014, quando 19 atletas de 19 países participaram. A terceira edição do evento bianual atraiu 1.976 participantes, representando 74 países.

Os uniformes das equipes, exibidos no desfile de abertura, variavam de modelos profissionais a improvisados. Os alemães usavam macacões pretos com algumas típicas bermudas de couro lederhosen, enquanto os paquistaneses usavam trajes verdes e lenços combinando tonalidades.

Outras equipes pareciam saídas do café mais próximo: o porta-bandeira da Estônia usava calça jeans e camiseta branca.

Aida Akmatova, 32 anos, aprendeu a usar o arco e flecha com os pés num circo. Nos jogos, ela participou da competição de arco com montaria. "Não se trata de outra apresentação, e sim um evento fundamental na minha vida", disse ela.

Este ano, entre os convidados célebres estavam o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.

"Num mundo globalizado, as pessoas se esquecem da própria cultura, daquilo que as distingue. É mais interessante viver num mundo com diferentes países e culturas. Não seria bom se o mundo inteiro se convertesse numa extensão de Nova York", disse o contador Ulan Subanov, 27 anos.

CHOLPON-ATA, QUIRGUISTÃO - A equipe americana que disputou uma versão brutal do polo nos Jogos Mundiais Nômades não imagina que a modalidade seja convertida num esporte olímpico. Por que não?

“Usamos um bode morto", disse um membro da equipe.

Aida Akmatova desenvolveu seu famoso truque de usar o arco e flecha com os pés atuando como artista circense. Foto: Sergey Ponomarev para The New York Times

O jogo, conhecido como kok-boru, envolve uma carcaça decapitada de bode e foi a atração principal da semana de competições esportivas internacionais realizada em setembro em Cholpon-Ata, Quirguistão. Outros destaques eram o arremesso de ossos, caçada com águias e 17 tipos de luta, incluindo uma luta descamisada sobre cavalos, em que o adversário mais fraco costuma se agarrar à cabeça do animal enquanto o público aguarda o momento de vê-lo ir ao chão.

Os organizadores pretendem promover uma ressurreição das tradições nômades, especialmente as da Ásia Central, cujas culturas foram quase extintas após décadas de coletivização soviética e globalização.

Ainda que muitos atletas de ponta tenham participado, qualificar-se para uma modalidade era simples: todos que se inscrevessem na internet poderiam jogar. 

A maior parte da delegação da República Tcheca era composta por um grupo de amigos que procurava um esporte fácil. Eles descobriram o ordo, ou arremesso de ossos, que envolve oito jogadores usando um pedaço de osso bovino para deslocar pedaços de ossos de ovelha dispostos num círculo no chão (é mais difícil do que parece). Mas eles não encontraram em casa os pedaços certos de osso para treinar.

Então, como aprenderam a jogar? Os checos, que não ganharam medalhas, admitiram que simplesmente improvisaram.

Os eventos foram realizados em duas arenas impressionantes - um hipódromo construído para os jogos num lago cercado pela cordilheira de Tian Shan, e os vastos campos de um imenso desfiladeiro montanhês, onde cerca de mil iurtes foram erguidos.

Com arqueiros montados a cavalo e o aroma de carne na grelha, as imagens do campo evocavam um rico acampamento nômade de uma era já perdida.

Depois de 72 anos sob governo comunista - e mais de duas décadas após o colapso soviético - o Quirguistão e seus vizinhos ainda tentam se definir.

"Queremos reviver nossa identidade histórica", disse Kanat Amankulov, ministro da juventude e dos esportes do Quirguistão.

Uma batalha encenada na cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais Nômades, realizados em setembro no Quirguistão. Foto: Sergey Ponomarev para The New York Times

Os jogos também buscam atrair turistas para um país pobre, e sem saída para o mar, de aproximadamente seis milhões de habitantes, predominantemente muçulmanos.

A ênfase nas tradições nômades faz do Quirguistão uma parte da civilização turcomana e ajuda a equilibrar a influência da intolerante vertente islâmica do wahabismo, importada por clérigos que estudaram na Arábia Saudita.

Os jogos começaram numa escala modesta em 2014, quando 19 atletas de 19 países participaram. A terceira edição do evento bianual atraiu 1.976 participantes, representando 74 países.

Os uniformes das equipes, exibidos no desfile de abertura, variavam de modelos profissionais a improvisados. Os alemães usavam macacões pretos com algumas típicas bermudas de couro lederhosen, enquanto os paquistaneses usavam trajes verdes e lenços combinando tonalidades.

Outras equipes pareciam saídas do café mais próximo: o porta-bandeira da Estônia usava calça jeans e camiseta branca.

Aida Akmatova, 32 anos, aprendeu a usar o arco e flecha com os pés num circo. Nos jogos, ela participou da competição de arco com montaria. "Não se trata de outra apresentação, e sim um evento fundamental na minha vida", disse ela.

Este ano, entre os convidados célebres estavam o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.

"Num mundo globalizado, as pessoas se esquecem da própria cultura, daquilo que as distingue. É mais interessante viver num mundo com diferentes países e culturas. Não seria bom se o mundo inteiro se convertesse numa extensão de Nova York", disse o contador Ulan Subanov, 27 anos.

CHOLPON-ATA, QUIRGUISTÃO - A equipe americana que disputou uma versão brutal do polo nos Jogos Mundiais Nômades não imagina que a modalidade seja convertida num esporte olímpico. Por que não?

“Usamos um bode morto", disse um membro da equipe.

Aida Akmatova desenvolveu seu famoso truque de usar o arco e flecha com os pés atuando como artista circense. Foto: Sergey Ponomarev para The New York Times

O jogo, conhecido como kok-boru, envolve uma carcaça decapitada de bode e foi a atração principal da semana de competições esportivas internacionais realizada em setembro em Cholpon-Ata, Quirguistão. Outros destaques eram o arremesso de ossos, caçada com águias e 17 tipos de luta, incluindo uma luta descamisada sobre cavalos, em que o adversário mais fraco costuma se agarrar à cabeça do animal enquanto o público aguarda o momento de vê-lo ir ao chão.

Os organizadores pretendem promover uma ressurreição das tradições nômades, especialmente as da Ásia Central, cujas culturas foram quase extintas após décadas de coletivização soviética e globalização.

Ainda que muitos atletas de ponta tenham participado, qualificar-se para uma modalidade era simples: todos que se inscrevessem na internet poderiam jogar. 

A maior parte da delegação da República Tcheca era composta por um grupo de amigos que procurava um esporte fácil. Eles descobriram o ordo, ou arremesso de ossos, que envolve oito jogadores usando um pedaço de osso bovino para deslocar pedaços de ossos de ovelha dispostos num círculo no chão (é mais difícil do que parece). Mas eles não encontraram em casa os pedaços certos de osso para treinar.

Então, como aprenderam a jogar? Os checos, que não ganharam medalhas, admitiram que simplesmente improvisaram.

Os eventos foram realizados em duas arenas impressionantes - um hipódromo construído para os jogos num lago cercado pela cordilheira de Tian Shan, e os vastos campos de um imenso desfiladeiro montanhês, onde cerca de mil iurtes foram erguidos.

Com arqueiros montados a cavalo e o aroma de carne na grelha, as imagens do campo evocavam um rico acampamento nômade de uma era já perdida.

Depois de 72 anos sob governo comunista - e mais de duas décadas após o colapso soviético - o Quirguistão e seus vizinhos ainda tentam se definir.

"Queremos reviver nossa identidade histórica", disse Kanat Amankulov, ministro da juventude e dos esportes do Quirguistão.

Uma batalha encenada na cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais Nômades, realizados em setembro no Quirguistão. Foto: Sergey Ponomarev para The New York Times

Os jogos também buscam atrair turistas para um país pobre, e sem saída para o mar, de aproximadamente seis milhões de habitantes, predominantemente muçulmanos.

A ênfase nas tradições nômades faz do Quirguistão uma parte da civilização turcomana e ajuda a equilibrar a influência da intolerante vertente islâmica do wahabismo, importada por clérigos que estudaram na Arábia Saudita.

Os jogos começaram numa escala modesta em 2014, quando 19 atletas de 19 países participaram. A terceira edição do evento bianual atraiu 1.976 participantes, representando 74 países.

Os uniformes das equipes, exibidos no desfile de abertura, variavam de modelos profissionais a improvisados. Os alemães usavam macacões pretos com algumas típicas bermudas de couro lederhosen, enquanto os paquistaneses usavam trajes verdes e lenços combinando tonalidades.

Outras equipes pareciam saídas do café mais próximo: o porta-bandeira da Estônia usava calça jeans e camiseta branca.

Aida Akmatova, 32 anos, aprendeu a usar o arco e flecha com os pés num circo. Nos jogos, ela participou da competição de arco com montaria. "Não se trata de outra apresentação, e sim um evento fundamental na minha vida", disse ela.

Este ano, entre os convidados célebres estavam o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.

"Num mundo globalizado, as pessoas se esquecem da própria cultura, daquilo que as distingue. É mais interessante viver num mundo com diferentes países e culturas. Não seria bom se o mundo inteiro se convertesse numa extensão de Nova York", disse o contador Ulan Subanov, 27 anos.

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