O Uber, empresa de aplicativo de transporte compartilhado, aproveitou a sua segunda conferência anual realizada nessa terça-feira, 8, em Los Angeles, para dar mais detalhes sobre o UberAir, sistema de transporte via carro voador que está desenvolvendo em parceria com a Nasa e Embraer, inspirado nos nos veículos dos desenho animado da década de 60, Os Jetsons.
Ao contrário do desenho, o conceito é uma mistura de helicóptero, avião e drone. Ele é mais comprido que os principais modelos de helicópteros atuais e foi desenhado para gastar três vezes menos energia para se locomover, voando a uma altura de entre 1 mil e 2 mil pés (entre 300 metros e 600 metros acima do solo). Dentro dele, passageiros vão compartilhar viagens com desconhecidos, num modelo semelhante ao que acontece com o UberPool.
A novidade é uma tentativa do Uber para sair na frente de uma tecnologia do futuro. “Nós não sabemos exatamente quando isso [procura das pessoas por carros aéreos] vai começar. Mas sabemos que vai acontecer”, disse Eric Allison, diretor do programa de aviação do Uber.
Para pedir um UberAir, será preciso apenas abrir o aplicativo do celular e requisitá-lo. Ao lado de opções já conhecidas, como UberX e UberPool, aparecerá a opção de pedir uma aeronave. Ao contrário dos outros modelos, no entanto, o cliente precisará ir até um dos Skyports, uma espécie de heliporto construída pelo Uber em cima de prédios e estacionamentos que terá, em média, 200 decolagens e aterrissagens por hora.
Ao chegar ao prédio, o acesso à aeronave será feito por meio de um leitor de códigos, ele identificará, por meio do aplicativo, se foi aquela pessoa específica que pediu a viagem. Uma forma de garantir que só o usuário que solicitou a viagem aérea possa entrar na aeronave. Inicialmente, o transporte será feita por pilotos, mas a expectativa é que o UberAir seja totalmente autônomo em alguns anos.
Todo o percurso e controle da viagem serão responsabilidade da empresa, que fará isso por meio do Uber Elevate Cloud Service, um serviço de monitoramento e gerenciamento de rotas. O projeto está sendo desenvolvido com a NASA depois que as empresas assinaram um Acordo de Lei Espacial em novembro do ano passado.
Desafios. As expectativas são altas. O Uber estima que 43 mil voos sejam feitos por dia nesse modelo e que milhões de pessoas se locomovam pelo ar. Mas para que isso aconteça, a empresa precisará enfrentar alguns desafios nos próximos dois anos.
O principal deles é que ainda não existem aeronaves elétricas e autônomas disponíveis no mercado. Para resolver o problema, a empresa está trabalhando diversos modelos em parcerias com a Embraer, Bell Helicopters e Pipistrel, além de tentar desenvolver seus próprios conceitos de táxi voador.
A segunda dificuldade serão os custos do sistema. Como pretende começar os testes com os veículos em algumas cidades já em 2020, a empresa estima que os valores das aeronaves serão muito altos a princípio, e que precisará de um grande investimento para massificar o transporte a partir de 2023.
A aceitação do novo serviço, por outro lado, não deve ser um problema. Segundo pesquisas da empresa apresentadas durante o evento, milhões de americanos que usam transporte compartilhado disseram que estariam dispostos a pagar por esse tipo de viagem.
O Uber, porém, não é a única empresa interessada nesse tipo de transporte – em março, a startup Kitty Hawk, criada por Sebastian Thrun (um dos pais do projeto de carro autônomo do Google) e financiada pelo fundador do Google Larry Page, anunciou que vai começar testes na Oceania com veículos voadores.