Unicórnio dos games, Wildlife tem ambiente de trabalho tóxico, denunciam funcionários e RH


Startup brasileira enfrenta casos de assédio moral, de desigualdade salarial e de promoção de estereótipos de gênero

Por Redação Link
Atualização:
Unicórnio em 2019, o estúdio de games brasileiroWildlife foi fundado por Arthur e Victor Lazarte (foto) em 2011 em São Paulo Foto: Divulgação/Wildlife

Atualizado em 18 de dezembro às 18h30 para incluir posicionamento da Wildlife

O estúdio de games brasileiro Wildlife, mais conhecido como criador do jogo Tennis Clash, está sendo acusado de ter um ambiente de trabalho tóxico: funcionários e um documento interno elaborado pelo departamento de Recursos Humanos relatam casos de assédio moral, desigualdade salarial entre homens e mulheres e promoção de estereótipos de gênero entre as equipes. As denúncias foram publicadas na terça-feira, dia 14, em reportagem no site Rest of World.

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Fundada e comandada pelos irmãos Arthur e Victor Lazarte em 2011 em São Paulo, a Wildlife faz parte do seleto grupo de unicórnios brasileiros, tendo rompido a marca do US$ 1 bilhão como avaliação de mercado em dezembro de 2019 — à época, ao Estadão, a companhia afirmou que queria ser “a Nintendo dos games para celular”. A empresa é uma das startups brasileiras mais bem posicionadas no mercado internacional, com escritórios em cinco países, incluindo os Estados Unidos, e soma 800 funcionários pelo mundo.

O relatório do RH de 22 páginas, segundo a reportagem, aponta que uma gerente foi promovida com salário 30% inferior ao de um colega homem em cargo similar. Em outro momento, é descrito que um diretor “silenciou as opiniões femininas do time” sobre a sexualização de personagens femininas em games, um dos problemas mais antigos da indústria de jogos eletrônicos. “Nós não estamos neste negócio para quebrar estereótipos, mas para os reforçar”, declarou o executivo, ainda contratado pela Wildlife.

Ainda, há denúncias de que foi pedido a uma funcionária que ela “fosse mais humilde” ao pedir alterações em produtos, de que uma colaboradora foi ignorada em reuniões e de que outra mulher foi desencorajada pelo próprio chefe a sugerir ideias em grupo. O relatório aponta que os funcionários homens do departamento gráfico de marketing criaram um grupo onde pudessem “falar abertamente”, o que, na visão do departamento de RH, seria “um eufemismo para (criar um espaço para) comportamento machista”.

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O relatório conclui apontando que esforços para melhorar as condições de trabalho têm sido insuficientes, mas acredita que detalhar os casos pode tornar o ambiente “mais seguro, frutífero e motivador” para os funcionários. Criado como demanda do time de diversidade da Wildlife para entender as denúncias que surgiam, o documento foi publicado em maio de 2020.

No entanto, a reportagem ainda diz que funcionários e ex-colaboradores contam que o ambiente segue igual e que a área de compliance da Wildlife, criada um mês após o relatório do RH, tem dado pouca atenção às denúncias. “Eu registrei minha reclamação e nada foi feito. Sei de alguns casos que foram resolvidos, mas outros continuam sem solução ou desconhecidos da companhia”, conta um ex-funcionário.

As denúncias surgem ao mesmo tempo em que o estúdio americano Activision Blizzard virou alvo processos de ex-funcionários, que relatam más condições de trabalho, como assédio sexual e moral com funcionárias mulheres.

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O que diz a empresa

Procurada pelo Estadão, a Wildlife divulgou a seguinte nota:

"A Wildlife Studios esclarece que algumas informações fornecidas ao portal Rest of the World não são verdadeiras. Há cerca de dois anos, a empresa recebeu uma denúncia vinda de três funcionárias, que disseram ter conversado com outros colaboradores para preparar um documento que foi então encaminhado para a área responsável.

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Tão logo tomamos conhecimento sobre os fatos descritos no material, iniciamos um processo interno para sua apuração que resultou na demissão de dois colaboradores e medidas disciplinares aplicadas a um terceiro envolvido nas denúncias.

Diversidade é um tema de extrema importância para Wildlife e a empresa trabalha para criar um ambiente seguro e inclusivo. Como parte das nossas iniciativas temos um canal dedicado a denunciar as violações do nosso código de conduta, e todas as queixas recebidas são investigadas pelo departamento de compliance sendo que, após um rigoroso processo de apuração dos fatos, tomamos as medidas cabíveis para cada situação. Ao constatar que houve um problema nessa área, a empresa também investiu no fortalecimento das lideranças femininas, que hoje é composta majoritariamente por mulheres, desde a gerente da área, passando pela diretora e diretora sênior do departamento, que se reporta diretamente para o CEO. Além disso, a taxa de contratação de mulheres nessa área é bem acima da média da indústria.

Somos gratos a todas as pessoas que apontam problemas na companhia e sabemos quediversidade é um tema presente na indústria de tecnologia e, especificamente, na indústria de games. Por isso a Wildlife investe em garantir um ambiente inclusivo por meio de diversas iniciativas como grupos de representação de minorias, treinamentos e sessões de diálogos com os principais líderes de diversidade do Brasil. A Wildlife monitora o progresso na carreira dos diferentes grupos e tem orgulho de dizer que homens e mulheres são promovidos na mesma proporção.E também trouxemos para nosso time um colaborador especialista em pagamento justo e autor do livro 'Fair Play: How to Get a Raise, Close the Wage Gap, and Build Stronger Business', com o objetivo de continuar trabalhando para um ambiente de equidade.

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Por fim, é importante esclarecer que a Wildlife Studios possui um canal de comunicação conhecido como ‘Talk to Us’, gerido por uma empresa externa. O canal é direcionado a funcionários e ex-funcionários, que podem realizar denúncias de maneira anônima sobre ações ou atitudes que estejam em desacordo com o código de ética e as políticas internas da empresa. Desde sua criação, todas as denúncias realizadas foram investigadas e endereçadas. Além disso, todas as medidas necessárias foram adotadas para evitar que novos fatos ocorressem, o que mostra o empenho da companhia em criar um ambiente de trabalho seguro para todos.”

Unicórnio em 2019, o estúdio de games brasileiroWildlife foi fundado por Arthur e Victor Lazarte (foto) em 2011 em São Paulo Foto: Divulgação/Wildlife

Atualizado em 18 de dezembro às 18h30 para incluir posicionamento da Wildlife

O estúdio de games brasileiro Wildlife, mais conhecido como criador do jogo Tennis Clash, está sendo acusado de ter um ambiente de trabalho tóxico: funcionários e um documento interno elaborado pelo departamento de Recursos Humanos relatam casos de assédio moral, desigualdade salarial entre homens e mulheres e promoção de estereótipos de gênero entre as equipes. As denúncias foram publicadas na terça-feira, dia 14, em reportagem no site Rest of World.

Fundada e comandada pelos irmãos Arthur e Victor Lazarte em 2011 em São Paulo, a Wildlife faz parte do seleto grupo de unicórnios brasileiros, tendo rompido a marca do US$ 1 bilhão como avaliação de mercado em dezembro de 2019 — à época, ao Estadão, a companhia afirmou que queria ser “a Nintendo dos games para celular”. A empresa é uma das startups brasileiras mais bem posicionadas no mercado internacional, com escritórios em cinco países, incluindo os Estados Unidos, e soma 800 funcionários pelo mundo.

O relatório do RH de 22 páginas, segundo a reportagem, aponta que uma gerente foi promovida com salário 30% inferior ao de um colega homem em cargo similar. Em outro momento, é descrito que um diretor “silenciou as opiniões femininas do time” sobre a sexualização de personagens femininas em games, um dos problemas mais antigos da indústria de jogos eletrônicos. “Nós não estamos neste negócio para quebrar estereótipos, mas para os reforçar”, declarou o executivo, ainda contratado pela Wildlife.

Ainda, há denúncias de que foi pedido a uma funcionária que ela “fosse mais humilde” ao pedir alterações em produtos, de que uma colaboradora foi ignorada em reuniões e de que outra mulher foi desencorajada pelo próprio chefe a sugerir ideias em grupo. O relatório aponta que os funcionários homens do departamento gráfico de marketing criaram um grupo onde pudessem “falar abertamente”, o que, na visão do departamento de RH, seria “um eufemismo para (criar um espaço para) comportamento machista”.

O relatório conclui apontando que esforços para melhorar as condições de trabalho têm sido insuficientes, mas acredita que detalhar os casos pode tornar o ambiente “mais seguro, frutífero e motivador” para os funcionários. Criado como demanda do time de diversidade da Wildlife para entender as denúncias que surgiam, o documento foi publicado em maio de 2020.

No entanto, a reportagem ainda diz que funcionários e ex-colaboradores contam que o ambiente segue igual e que a área de compliance da Wildlife, criada um mês após o relatório do RH, tem dado pouca atenção às denúncias. “Eu registrei minha reclamação e nada foi feito. Sei de alguns casos que foram resolvidos, mas outros continuam sem solução ou desconhecidos da companhia”, conta um ex-funcionário.

As denúncias surgem ao mesmo tempo em que o estúdio americano Activision Blizzard virou alvo processos de ex-funcionários, que relatam más condições de trabalho, como assédio sexual e moral com funcionárias mulheres.

O que diz a empresa

Procurada pelo Estadão, a Wildlife divulgou a seguinte nota:

"A Wildlife Studios esclarece que algumas informações fornecidas ao portal Rest of the World não são verdadeiras. Há cerca de dois anos, a empresa recebeu uma denúncia vinda de três funcionárias, que disseram ter conversado com outros colaboradores para preparar um documento que foi então encaminhado para a área responsável.

Tão logo tomamos conhecimento sobre os fatos descritos no material, iniciamos um processo interno para sua apuração que resultou na demissão de dois colaboradores e medidas disciplinares aplicadas a um terceiro envolvido nas denúncias.

Diversidade é um tema de extrema importância para Wildlife e a empresa trabalha para criar um ambiente seguro e inclusivo. Como parte das nossas iniciativas temos um canal dedicado a denunciar as violações do nosso código de conduta, e todas as queixas recebidas são investigadas pelo departamento de compliance sendo que, após um rigoroso processo de apuração dos fatos, tomamos as medidas cabíveis para cada situação. Ao constatar que houve um problema nessa área, a empresa também investiu no fortalecimento das lideranças femininas, que hoje é composta majoritariamente por mulheres, desde a gerente da área, passando pela diretora e diretora sênior do departamento, que se reporta diretamente para o CEO. Além disso, a taxa de contratação de mulheres nessa área é bem acima da média da indústria.

Somos gratos a todas as pessoas que apontam problemas na companhia e sabemos quediversidade é um tema presente na indústria de tecnologia e, especificamente, na indústria de games. Por isso a Wildlife investe em garantir um ambiente inclusivo por meio de diversas iniciativas como grupos de representação de minorias, treinamentos e sessões de diálogos com os principais líderes de diversidade do Brasil. A Wildlife monitora o progresso na carreira dos diferentes grupos e tem orgulho de dizer que homens e mulheres são promovidos na mesma proporção.E também trouxemos para nosso time um colaborador especialista em pagamento justo e autor do livro 'Fair Play: How to Get a Raise, Close the Wage Gap, and Build Stronger Business', com o objetivo de continuar trabalhando para um ambiente de equidade.

Por fim, é importante esclarecer que a Wildlife Studios possui um canal de comunicação conhecido como ‘Talk to Us’, gerido por uma empresa externa. O canal é direcionado a funcionários e ex-funcionários, que podem realizar denúncias de maneira anônima sobre ações ou atitudes que estejam em desacordo com o código de ética e as políticas internas da empresa. Desde sua criação, todas as denúncias realizadas foram investigadas e endereçadas. Além disso, todas as medidas necessárias foram adotadas para evitar que novos fatos ocorressem, o que mostra o empenho da companhia em criar um ambiente de trabalho seguro para todos.”

Unicórnio em 2019, o estúdio de games brasileiroWildlife foi fundado por Arthur e Victor Lazarte (foto) em 2011 em São Paulo Foto: Divulgação/Wildlife

Atualizado em 18 de dezembro às 18h30 para incluir posicionamento da Wildlife

O estúdio de games brasileiro Wildlife, mais conhecido como criador do jogo Tennis Clash, está sendo acusado de ter um ambiente de trabalho tóxico: funcionários e um documento interno elaborado pelo departamento de Recursos Humanos relatam casos de assédio moral, desigualdade salarial entre homens e mulheres e promoção de estereótipos de gênero entre as equipes. As denúncias foram publicadas na terça-feira, dia 14, em reportagem no site Rest of World.

Fundada e comandada pelos irmãos Arthur e Victor Lazarte em 2011 em São Paulo, a Wildlife faz parte do seleto grupo de unicórnios brasileiros, tendo rompido a marca do US$ 1 bilhão como avaliação de mercado em dezembro de 2019 — à época, ao Estadão, a companhia afirmou que queria ser “a Nintendo dos games para celular”. A empresa é uma das startups brasileiras mais bem posicionadas no mercado internacional, com escritórios em cinco países, incluindo os Estados Unidos, e soma 800 funcionários pelo mundo.

O relatório do RH de 22 páginas, segundo a reportagem, aponta que uma gerente foi promovida com salário 30% inferior ao de um colega homem em cargo similar. Em outro momento, é descrito que um diretor “silenciou as opiniões femininas do time” sobre a sexualização de personagens femininas em games, um dos problemas mais antigos da indústria de jogos eletrônicos. “Nós não estamos neste negócio para quebrar estereótipos, mas para os reforçar”, declarou o executivo, ainda contratado pela Wildlife.

Ainda, há denúncias de que foi pedido a uma funcionária que ela “fosse mais humilde” ao pedir alterações em produtos, de que uma colaboradora foi ignorada em reuniões e de que outra mulher foi desencorajada pelo próprio chefe a sugerir ideias em grupo. O relatório aponta que os funcionários homens do departamento gráfico de marketing criaram um grupo onde pudessem “falar abertamente”, o que, na visão do departamento de RH, seria “um eufemismo para (criar um espaço para) comportamento machista”.

O relatório conclui apontando que esforços para melhorar as condições de trabalho têm sido insuficientes, mas acredita que detalhar os casos pode tornar o ambiente “mais seguro, frutífero e motivador” para os funcionários. Criado como demanda do time de diversidade da Wildlife para entender as denúncias que surgiam, o documento foi publicado em maio de 2020.

No entanto, a reportagem ainda diz que funcionários e ex-colaboradores contam que o ambiente segue igual e que a área de compliance da Wildlife, criada um mês após o relatório do RH, tem dado pouca atenção às denúncias. “Eu registrei minha reclamação e nada foi feito. Sei de alguns casos que foram resolvidos, mas outros continuam sem solução ou desconhecidos da companhia”, conta um ex-funcionário.

As denúncias surgem ao mesmo tempo em que o estúdio americano Activision Blizzard virou alvo processos de ex-funcionários, que relatam más condições de trabalho, como assédio sexual e moral com funcionárias mulheres.

O que diz a empresa

Procurada pelo Estadão, a Wildlife divulgou a seguinte nota:

"A Wildlife Studios esclarece que algumas informações fornecidas ao portal Rest of the World não são verdadeiras. Há cerca de dois anos, a empresa recebeu uma denúncia vinda de três funcionárias, que disseram ter conversado com outros colaboradores para preparar um documento que foi então encaminhado para a área responsável.

Tão logo tomamos conhecimento sobre os fatos descritos no material, iniciamos um processo interno para sua apuração que resultou na demissão de dois colaboradores e medidas disciplinares aplicadas a um terceiro envolvido nas denúncias.

Diversidade é um tema de extrema importância para Wildlife e a empresa trabalha para criar um ambiente seguro e inclusivo. Como parte das nossas iniciativas temos um canal dedicado a denunciar as violações do nosso código de conduta, e todas as queixas recebidas são investigadas pelo departamento de compliance sendo que, após um rigoroso processo de apuração dos fatos, tomamos as medidas cabíveis para cada situação. Ao constatar que houve um problema nessa área, a empresa também investiu no fortalecimento das lideranças femininas, que hoje é composta majoritariamente por mulheres, desde a gerente da área, passando pela diretora e diretora sênior do departamento, que se reporta diretamente para o CEO. Além disso, a taxa de contratação de mulheres nessa área é bem acima da média da indústria.

Somos gratos a todas as pessoas que apontam problemas na companhia e sabemos quediversidade é um tema presente na indústria de tecnologia e, especificamente, na indústria de games. Por isso a Wildlife investe em garantir um ambiente inclusivo por meio de diversas iniciativas como grupos de representação de minorias, treinamentos e sessões de diálogos com os principais líderes de diversidade do Brasil. A Wildlife monitora o progresso na carreira dos diferentes grupos e tem orgulho de dizer que homens e mulheres são promovidos na mesma proporção.E também trouxemos para nosso time um colaborador especialista em pagamento justo e autor do livro 'Fair Play: How to Get a Raise, Close the Wage Gap, and Build Stronger Business', com o objetivo de continuar trabalhando para um ambiente de equidade.

Por fim, é importante esclarecer que a Wildlife Studios possui um canal de comunicação conhecido como ‘Talk to Us’, gerido por uma empresa externa. O canal é direcionado a funcionários e ex-funcionários, que podem realizar denúncias de maneira anônima sobre ações ou atitudes que estejam em desacordo com o código de ética e as políticas internas da empresa. Desde sua criação, todas as denúncias realizadas foram investigadas e endereçadas. Além disso, todas as medidas necessárias foram adotadas para evitar que novos fatos ocorressem, o que mostra o empenho da companhia em criar um ambiente de trabalho seguro para todos.”

Unicórnio em 2019, o estúdio de games brasileiroWildlife foi fundado por Arthur e Victor Lazarte (foto) em 2011 em São Paulo Foto: Divulgação/Wildlife

Atualizado em 18 de dezembro às 18h30 para incluir posicionamento da Wildlife

O estúdio de games brasileiro Wildlife, mais conhecido como criador do jogo Tennis Clash, está sendo acusado de ter um ambiente de trabalho tóxico: funcionários e um documento interno elaborado pelo departamento de Recursos Humanos relatam casos de assédio moral, desigualdade salarial entre homens e mulheres e promoção de estereótipos de gênero entre as equipes. As denúncias foram publicadas na terça-feira, dia 14, em reportagem no site Rest of World.

Fundada e comandada pelos irmãos Arthur e Victor Lazarte em 2011 em São Paulo, a Wildlife faz parte do seleto grupo de unicórnios brasileiros, tendo rompido a marca do US$ 1 bilhão como avaliação de mercado em dezembro de 2019 — à época, ao Estadão, a companhia afirmou que queria ser “a Nintendo dos games para celular”. A empresa é uma das startups brasileiras mais bem posicionadas no mercado internacional, com escritórios em cinco países, incluindo os Estados Unidos, e soma 800 funcionários pelo mundo.

O relatório do RH de 22 páginas, segundo a reportagem, aponta que uma gerente foi promovida com salário 30% inferior ao de um colega homem em cargo similar. Em outro momento, é descrito que um diretor “silenciou as opiniões femininas do time” sobre a sexualização de personagens femininas em games, um dos problemas mais antigos da indústria de jogos eletrônicos. “Nós não estamos neste negócio para quebrar estereótipos, mas para os reforçar”, declarou o executivo, ainda contratado pela Wildlife.

Ainda, há denúncias de que foi pedido a uma funcionária que ela “fosse mais humilde” ao pedir alterações em produtos, de que uma colaboradora foi ignorada em reuniões e de que outra mulher foi desencorajada pelo próprio chefe a sugerir ideias em grupo. O relatório aponta que os funcionários homens do departamento gráfico de marketing criaram um grupo onde pudessem “falar abertamente”, o que, na visão do departamento de RH, seria “um eufemismo para (criar um espaço para) comportamento machista”.

O relatório conclui apontando que esforços para melhorar as condições de trabalho têm sido insuficientes, mas acredita que detalhar os casos pode tornar o ambiente “mais seguro, frutífero e motivador” para os funcionários. Criado como demanda do time de diversidade da Wildlife para entender as denúncias que surgiam, o documento foi publicado em maio de 2020.

No entanto, a reportagem ainda diz que funcionários e ex-colaboradores contam que o ambiente segue igual e que a área de compliance da Wildlife, criada um mês após o relatório do RH, tem dado pouca atenção às denúncias. “Eu registrei minha reclamação e nada foi feito. Sei de alguns casos que foram resolvidos, mas outros continuam sem solução ou desconhecidos da companhia”, conta um ex-funcionário.

As denúncias surgem ao mesmo tempo em que o estúdio americano Activision Blizzard virou alvo processos de ex-funcionários, que relatam más condições de trabalho, como assédio sexual e moral com funcionárias mulheres.

O que diz a empresa

Procurada pelo Estadão, a Wildlife divulgou a seguinte nota:

"A Wildlife Studios esclarece que algumas informações fornecidas ao portal Rest of the World não são verdadeiras. Há cerca de dois anos, a empresa recebeu uma denúncia vinda de três funcionárias, que disseram ter conversado com outros colaboradores para preparar um documento que foi então encaminhado para a área responsável.

Tão logo tomamos conhecimento sobre os fatos descritos no material, iniciamos um processo interno para sua apuração que resultou na demissão de dois colaboradores e medidas disciplinares aplicadas a um terceiro envolvido nas denúncias.

Diversidade é um tema de extrema importância para Wildlife e a empresa trabalha para criar um ambiente seguro e inclusivo. Como parte das nossas iniciativas temos um canal dedicado a denunciar as violações do nosso código de conduta, e todas as queixas recebidas são investigadas pelo departamento de compliance sendo que, após um rigoroso processo de apuração dos fatos, tomamos as medidas cabíveis para cada situação. Ao constatar que houve um problema nessa área, a empresa também investiu no fortalecimento das lideranças femininas, que hoje é composta majoritariamente por mulheres, desde a gerente da área, passando pela diretora e diretora sênior do departamento, que se reporta diretamente para o CEO. Além disso, a taxa de contratação de mulheres nessa área é bem acima da média da indústria.

Somos gratos a todas as pessoas que apontam problemas na companhia e sabemos quediversidade é um tema presente na indústria de tecnologia e, especificamente, na indústria de games. Por isso a Wildlife investe em garantir um ambiente inclusivo por meio de diversas iniciativas como grupos de representação de minorias, treinamentos e sessões de diálogos com os principais líderes de diversidade do Brasil. A Wildlife monitora o progresso na carreira dos diferentes grupos e tem orgulho de dizer que homens e mulheres são promovidos na mesma proporção.E também trouxemos para nosso time um colaborador especialista em pagamento justo e autor do livro 'Fair Play: How to Get a Raise, Close the Wage Gap, and Build Stronger Business', com o objetivo de continuar trabalhando para um ambiente de equidade.

Por fim, é importante esclarecer que a Wildlife Studios possui um canal de comunicação conhecido como ‘Talk to Us’, gerido por uma empresa externa. O canal é direcionado a funcionários e ex-funcionários, que podem realizar denúncias de maneira anônima sobre ações ou atitudes que estejam em desacordo com o código de ética e as políticas internas da empresa. Desde sua criação, todas as denúncias realizadas foram investigadas e endereçadas. Além disso, todas as medidas necessárias foram adotadas para evitar que novos fatos ocorressem, o que mostra o empenho da companhia em criar um ambiente de trabalho seguro para todos.”

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