Um Hitler irritado, gritando com subordinados e praguejando sobre o fim do Oasis, sobre a guerra do Blu-Ray contra o HD-DVD, irritado com Lost, com o mau-desempenho esportivo do Brasil nas Olimpíadas... esses são os roteiros de algumas das centenas de paródias do filme A Queda (2004), sobre o fim do Terceiro Reich de Hitler. Os vídeos podiam ser encontrados no YouTube, até a produtora do filme, Constantin Film, resolver tirar do ar todos os trechos de A Queda que eram usados em paródias.
A Constantin tirou os vídeos do ar usando o Content ID Filter do YouTube, que é uma ferramenta que identifica se o áudio ou as imagens do vídeo pertencem a alguém e dá à empresa detentora controle direto ao material. É essa a ferramenta que permite que empresas anunciem e ganhem dinheiro com vídeos seus sendo usados por outras pessoas, por exemplo, ou restrinjam o chamado 'fair use', previsto na lei de direitos autorais americana, que é a permissão de usar pequenos trechos de obras sem pedir permissão e sem pagar nada, na base da 'camaradagem'.
A Constanstin tirou do ar tudo que ela considerava ir além do 'fair use', e o YouTube já avisou: quem decide o que é 'fair use' e o que passa disso é a empresa detentora dos direitos autorais da obra em questão. Ou seja: sem um conceito fixo, fica muito fácil alegar que qualquer coisa passa do 'fair use'.
O trecho usado nas paródias, de menos de 10 minutos, é considerado 'fair use' pelo senso comum que rege esse conceito.
Apesar de alguns vídeos terem sobrado no YouTube - com uma busca, você ainda encontra um punhado -, é uma pena que o arquivo de um meme tão tradicional esteja sendo minado. O pior é que o diretor de A Queda, Oliver Hirschbiegel, provavelmente concorda com isso: numa entrevista à New York Magazine, ele disse que já assistiu quase 150 dessas paródias e que esses vídeos são a melhor forma de homenagem a um diretor.
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