Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|O Brasil paralelo no WhatsApp


Durante a crise dessa semana um outro mundo acontecia nos grupos de WhatsApp

WhatsApp é o aplicativo de mensagens mais famoso no Brasil Foto: Thomas White/Reuters

Há, nas entranhas do WhatsApp, um outro Brasil. Nele, uma quantidade imensa de pessoas vive uma realidade paralela. Passei a última semana me dividindo entre seis grupos distintos. Estes ‘grupos de notícias’ informam aquilo que a imprensa ‘não tem coragem’ de contar. Para o observador atento, os grupos revelam dois processos paralelos: Um deles é uma estrutura de marketing político de guerrilha em formação, fazendo um jogo sujíssimo. O outro é um novo tipo de brasileiro, despolitizado e no entanto engajado, tentando compreender a confusa realidade à volta, com as poucas ferramentas de que dispõe.

Grupos no WhatsApp têm um limite de tamanho: 256 usuários. E os convites podem ser distribuídos por links. Essas são informações chaves para compreender a dinâmica de como funcionam. Os links para entrar nos grupos de notícias vão circulando, do grupo de família para o do serviço.

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Quem entra é abastecido com centenas de mensagens por dia. São vídeos, áudios e imagens, quase nunca texto. Muitos memes com críticas ao governo. Os vídeos e os áudios carregam um sentido de urgência, de que é preciso encaminhar, que a notícia tem de alcançar a maior quantidade de pessoas possível. Rápido. Sempre falsas.

Durante o estirão final da greve, as mensagens principais eram três: não confie na imprensa, a intervenção militar está para acontecer – basta um dia a mais de caminhões parados. Os generais estão decididos. É segurar um pouco mais, e quem fica na fila de posto de gasolina é burro. Em memes e vídeos, burros foram imagens constantes. É a gente que não aguenta o tranco. Os caminhoneiros parados conseguiram baixar o preço do seu combustível, as cidades precisam ir às ruas, também parar, mostrar sua fibra. Derrubar o governo é fundamental.

Nada é acidental ou espontâneo nestes grupos. Muitos leem, dois ou três os alimentam com a torrente de posts. E alguém, por trás, passou dias produzindo material. A cada dez minutos tem alguma coisa nova para que todos sejam mantidos em alerta. O conjunto oferece uma mensagem organizada e calculada com um efeito em mente. E, sempre que um grupo começa a encher, um novo grupo é publicado.

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Há uma operação por trás deste processo, gente especializada construindo a mensagem. O governo, já frágil por deméritos próprios, sofreu uma tentativa de sabotagem por equipes que sabiam muito bem o que estavam fazendo. Tentaram aproveitar-se da greve dos para provocar um novo 2013 nas cidades. Não conseguiram.

Mas conseguiram outras coisas. Porque todo mundo que se inscreve nos grupos deixa duas informações essenciais: é alguém que procurou, que está querendo notícias novas e o número do celular com DDD, ou seja, origem geográfica. A turma do marketing de guerrilha construiu um banco de dados bem fornido de pessoas crédulas, engajadas, que formarão o marco zero da distribuição de fake news na campanha eleitoral.

Não é o fato de os grupos serem de extrema-direita que mais impressiona. É sua credulidade, ingenuidade política. “Os militares já estão chegando em Brasília”, dizia um áudio. Como se eles precisassem ir para a capital. “O general Beltrano vai subir a rampa do Senado às 15h”, informava outro. A rampa é do Planalto. “O deputado Cicrano deu ordens.” Deputados não dão ordens. As incongruências, as notícias falsas tão vagas, não ligam o alerta de ninguém, mas alimentam uma raiva já existente. Terreno fértil para um demagogo populista. 

WhatsApp é o aplicativo de mensagens mais famoso no Brasil Foto: Thomas White/Reuters

Há, nas entranhas do WhatsApp, um outro Brasil. Nele, uma quantidade imensa de pessoas vive uma realidade paralela. Passei a última semana me dividindo entre seis grupos distintos. Estes ‘grupos de notícias’ informam aquilo que a imprensa ‘não tem coragem’ de contar. Para o observador atento, os grupos revelam dois processos paralelos: Um deles é uma estrutura de marketing político de guerrilha em formação, fazendo um jogo sujíssimo. O outro é um novo tipo de brasileiro, despolitizado e no entanto engajado, tentando compreender a confusa realidade à volta, com as poucas ferramentas de que dispõe.

Grupos no WhatsApp têm um limite de tamanho: 256 usuários. E os convites podem ser distribuídos por links. Essas são informações chaves para compreender a dinâmica de como funcionam. Os links para entrar nos grupos de notícias vão circulando, do grupo de família para o do serviço.

Quem entra é abastecido com centenas de mensagens por dia. São vídeos, áudios e imagens, quase nunca texto. Muitos memes com críticas ao governo. Os vídeos e os áudios carregam um sentido de urgência, de que é preciso encaminhar, que a notícia tem de alcançar a maior quantidade de pessoas possível. Rápido. Sempre falsas.

Durante o estirão final da greve, as mensagens principais eram três: não confie na imprensa, a intervenção militar está para acontecer – basta um dia a mais de caminhões parados. Os generais estão decididos. É segurar um pouco mais, e quem fica na fila de posto de gasolina é burro. Em memes e vídeos, burros foram imagens constantes. É a gente que não aguenta o tranco. Os caminhoneiros parados conseguiram baixar o preço do seu combustível, as cidades precisam ir às ruas, também parar, mostrar sua fibra. Derrubar o governo é fundamental.

Nada é acidental ou espontâneo nestes grupos. Muitos leem, dois ou três os alimentam com a torrente de posts. E alguém, por trás, passou dias produzindo material. A cada dez minutos tem alguma coisa nova para que todos sejam mantidos em alerta. O conjunto oferece uma mensagem organizada e calculada com um efeito em mente. E, sempre que um grupo começa a encher, um novo grupo é publicado.

Há uma operação por trás deste processo, gente especializada construindo a mensagem. O governo, já frágil por deméritos próprios, sofreu uma tentativa de sabotagem por equipes que sabiam muito bem o que estavam fazendo. Tentaram aproveitar-se da greve dos para provocar um novo 2013 nas cidades. Não conseguiram.

Mas conseguiram outras coisas. Porque todo mundo que se inscreve nos grupos deixa duas informações essenciais: é alguém que procurou, que está querendo notícias novas e o número do celular com DDD, ou seja, origem geográfica. A turma do marketing de guerrilha construiu um banco de dados bem fornido de pessoas crédulas, engajadas, que formarão o marco zero da distribuição de fake news na campanha eleitoral.

Não é o fato de os grupos serem de extrema-direita que mais impressiona. É sua credulidade, ingenuidade política. “Os militares já estão chegando em Brasília”, dizia um áudio. Como se eles precisassem ir para a capital. “O general Beltrano vai subir a rampa do Senado às 15h”, informava outro. A rampa é do Planalto. “O deputado Cicrano deu ordens.” Deputados não dão ordens. As incongruências, as notícias falsas tão vagas, não ligam o alerta de ninguém, mas alimentam uma raiva já existente. Terreno fértil para um demagogo populista. 

WhatsApp é o aplicativo de mensagens mais famoso no Brasil Foto: Thomas White/Reuters

Há, nas entranhas do WhatsApp, um outro Brasil. Nele, uma quantidade imensa de pessoas vive uma realidade paralela. Passei a última semana me dividindo entre seis grupos distintos. Estes ‘grupos de notícias’ informam aquilo que a imprensa ‘não tem coragem’ de contar. Para o observador atento, os grupos revelam dois processos paralelos: Um deles é uma estrutura de marketing político de guerrilha em formação, fazendo um jogo sujíssimo. O outro é um novo tipo de brasileiro, despolitizado e no entanto engajado, tentando compreender a confusa realidade à volta, com as poucas ferramentas de que dispõe.

Grupos no WhatsApp têm um limite de tamanho: 256 usuários. E os convites podem ser distribuídos por links. Essas são informações chaves para compreender a dinâmica de como funcionam. Os links para entrar nos grupos de notícias vão circulando, do grupo de família para o do serviço.

Quem entra é abastecido com centenas de mensagens por dia. São vídeos, áudios e imagens, quase nunca texto. Muitos memes com críticas ao governo. Os vídeos e os áudios carregam um sentido de urgência, de que é preciso encaminhar, que a notícia tem de alcançar a maior quantidade de pessoas possível. Rápido. Sempre falsas.

Durante o estirão final da greve, as mensagens principais eram três: não confie na imprensa, a intervenção militar está para acontecer – basta um dia a mais de caminhões parados. Os generais estão decididos. É segurar um pouco mais, e quem fica na fila de posto de gasolina é burro. Em memes e vídeos, burros foram imagens constantes. É a gente que não aguenta o tranco. Os caminhoneiros parados conseguiram baixar o preço do seu combustível, as cidades precisam ir às ruas, também parar, mostrar sua fibra. Derrubar o governo é fundamental.

Nada é acidental ou espontâneo nestes grupos. Muitos leem, dois ou três os alimentam com a torrente de posts. E alguém, por trás, passou dias produzindo material. A cada dez minutos tem alguma coisa nova para que todos sejam mantidos em alerta. O conjunto oferece uma mensagem organizada e calculada com um efeito em mente. E, sempre que um grupo começa a encher, um novo grupo é publicado.

Há uma operação por trás deste processo, gente especializada construindo a mensagem. O governo, já frágil por deméritos próprios, sofreu uma tentativa de sabotagem por equipes que sabiam muito bem o que estavam fazendo. Tentaram aproveitar-se da greve dos para provocar um novo 2013 nas cidades. Não conseguiram.

Mas conseguiram outras coisas. Porque todo mundo que se inscreve nos grupos deixa duas informações essenciais: é alguém que procurou, que está querendo notícias novas e o número do celular com DDD, ou seja, origem geográfica. A turma do marketing de guerrilha construiu um banco de dados bem fornido de pessoas crédulas, engajadas, que formarão o marco zero da distribuição de fake news na campanha eleitoral.

Não é o fato de os grupos serem de extrema-direita que mais impressiona. É sua credulidade, ingenuidade política. “Os militares já estão chegando em Brasília”, dizia um áudio. Como se eles precisassem ir para a capital. “O general Beltrano vai subir a rampa do Senado às 15h”, informava outro. A rampa é do Planalto. “O deputado Cicrano deu ordens.” Deputados não dão ordens. As incongruências, as notícias falsas tão vagas, não ligam o alerta de ninguém, mas alimentam uma raiva já existente. Terreno fértil para um demagogo populista. 

WhatsApp é o aplicativo de mensagens mais famoso no Brasil Foto: Thomas White/Reuters

Há, nas entranhas do WhatsApp, um outro Brasil. Nele, uma quantidade imensa de pessoas vive uma realidade paralela. Passei a última semana me dividindo entre seis grupos distintos. Estes ‘grupos de notícias’ informam aquilo que a imprensa ‘não tem coragem’ de contar. Para o observador atento, os grupos revelam dois processos paralelos: Um deles é uma estrutura de marketing político de guerrilha em formação, fazendo um jogo sujíssimo. O outro é um novo tipo de brasileiro, despolitizado e no entanto engajado, tentando compreender a confusa realidade à volta, com as poucas ferramentas de que dispõe.

Grupos no WhatsApp têm um limite de tamanho: 256 usuários. E os convites podem ser distribuídos por links. Essas são informações chaves para compreender a dinâmica de como funcionam. Os links para entrar nos grupos de notícias vão circulando, do grupo de família para o do serviço.

Quem entra é abastecido com centenas de mensagens por dia. São vídeos, áudios e imagens, quase nunca texto. Muitos memes com críticas ao governo. Os vídeos e os áudios carregam um sentido de urgência, de que é preciso encaminhar, que a notícia tem de alcançar a maior quantidade de pessoas possível. Rápido. Sempre falsas.

Durante o estirão final da greve, as mensagens principais eram três: não confie na imprensa, a intervenção militar está para acontecer – basta um dia a mais de caminhões parados. Os generais estão decididos. É segurar um pouco mais, e quem fica na fila de posto de gasolina é burro. Em memes e vídeos, burros foram imagens constantes. É a gente que não aguenta o tranco. Os caminhoneiros parados conseguiram baixar o preço do seu combustível, as cidades precisam ir às ruas, também parar, mostrar sua fibra. Derrubar o governo é fundamental.

Nada é acidental ou espontâneo nestes grupos. Muitos leem, dois ou três os alimentam com a torrente de posts. E alguém, por trás, passou dias produzindo material. A cada dez minutos tem alguma coisa nova para que todos sejam mantidos em alerta. O conjunto oferece uma mensagem organizada e calculada com um efeito em mente. E, sempre que um grupo começa a encher, um novo grupo é publicado.

Há uma operação por trás deste processo, gente especializada construindo a mensagem. O governo, já frágil por deméritos próprios, sofreu uma tentativa de sabotagem por equipes que sabiam muito bem o que estavam fazendo. Tentaram aproveitar-se da greve dos para provocar um novo 2013 nas cidades. Não conseguiram.

Mas conseguiram outras coisas. Porque todo mundo que se inscreve nos grupos deixa duas informações essenciais: é alguém que procurou, que está querendo notícias novas e o número do celular com DDD, ou seja, origem geográfica. A turma do marketing de guerrilha construiu um banco de dados bem fornido de pessoas crédulas, engajadas, que formarão o marco zero da distribuição de fake news na campanha eleitoral.

Não é o fato de os grupos serem de extrema-direita que mais impressiona. É sua credulidade, ingenuidade política. “Os militares já estão chegando em Brasília”, dizia um áudio. Como se eles precisassem ir para a capital. “O general Beltrano vai subir a rampa do Senado às 15h”, informava outro. A rampa é do Planalto. “O deputado Cicrano deu ordens.” Deputados não dão ordens. As incongruências, as notícias falsas tão vagas, não ligam o alerta de ninguém, mas alimentam uma raiva já existente. Terreno fértil para um demagogo populista. 

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