A saga das vacinas


O Prêmio Nobel de Medicina prestigia não só o poder da ciência, mas da cooperação e perseverança

Por Notas & Informações

Com quase quatro anos de covid-19, o mundo ainda cicatriza suas sequelas socioeconômicas. Mas, se a pandemia virou história, devemos isso à epopeia das vacinas. Decisiva foi a tecnologia mRNA. Se há um prêmio para cientistas digno de ser celebrado além dos círculos científicos, é o Nobel de Medicina aos responsáveis por ela, Katalin Karikó e Drew Weissman.

No início, era incerto se e quando teríamos um imunizante. A vacina contra o HIV da aids ainda elude os cientistas. A da pólio tomou 20 anos. Em 2020, 17 anos após o coronavírus da Sars saltar de um animal para os humanos, o financiamento das pesquisas antivirais se desidratara e não havia vacinas. Previsões otimistas para uma contra a covid-19 falavam em 18 meses. Na metade desse tempo se criaram várias. Estima-se que no primeiro ano salvaram 20 milhões de vidas.

O mRNA é uma molécula que entrega às células códigos do DNA que orientam a produção de proteínas. Muitas doenças são causadas por proteínas ou por sua ausência, e desde a descoberta do mRNA, em 1961, sonhava-se com mRNAs sintéticos instruindo células a fabricar proteínas aptas a curá-las. O primeiro passo além do laboratório rumo à medicina foi dado por Karikó e Weissman em 2005, ao descobrirem modificações químicas aptas a inserir mRNAs artificiais em células sem ativar reações imunológicas hostis. Assim, as células poderiam ser transformadas em usinas de remédios.

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A aplicação em escala na vacina da covid-19 vingou num ecossistema que combina a capacidade do livre mercado de gerar inovações com a do poder público de distribuí-las. A tecnologia não teria se desenvolvido se investidores não tivessem bancado os riscos da pesquisa, e sua aplicação nas vacinas (que têm baixa perspectiva de monetização) não teria sido possível sem recursos públicos. Tampouco sem sorte. Se a vacina foi produzida tão rápido, é porque cientistas já trabalhavam num protótipo de imunizante para a família dos coronavírus. Há vacinas para 15 das 26 famílias virais, mas só para uma delas há um protótipo. Desenvolver outros é crucial para reagir agilmente a futuras pandemias.

Há esperança de outros tratamentos com mRNAs, de cânceres a deficiências cardíacas ou cerebrais. Mas é incerto se e quando serão efetivos. Podem ser só um sonho, como a pandemia foi um pesadelo. No seu auge, ela viralizou mobilizações filantrópicas que aceleraram a conquista e distribuição da vacina. Se os sonhos do mRNA podem se tornar realidade, isso acontecerá tão rapidamente quanto maiores forem essas mobilizações. Mas, com o tempo, elas tendem a se esvair sob as demandas do dia a dia.

A saga de Karikó e Weissman pode nos imunizar contra esse risco. Por décadas suas pesquisas foram menosprezadas entre seus pares nos campi. A insistência de Karikó em persuadi-los de sua importância lhe valeu a alcunha de “picareta do mRNA”. “Há 10 anos eu não conseguia nem ser reconhecida como professora, não tinha equipe, tinha sido rebaixada de posto.” O Nobel é, assim, um emblema da gratidão da humanidade aos cientistas, mas também do poder da perseverança.

Com quase quatro anos de covid-19, o mundo ainda cicatriza suas sequelas socioeconômicas. Mas, se a pandemia virou história, devemos isso à epopeia das vacinas. Decisiva foi a tecnologia mRNA. Se há um prêmio para cientistas digno de ser celebrado além dos círculos científicos, é o Nobel de Medicina aos responsáveis por ela, Katalin Karikó e Drew Weissman.

No início, era incerto se e quando teríamos um imunizante. A vacina contra o HIV da aids ainda elude os cientistas. A da pólio tomou 20 anos. Em 2020, 17 anos após o coronavírus da Sars saltar de um animal para os humanos, o financiamento das pesquisas antivirais se desidratara e não havia vacinas. Previsões otimistas para uma contra a covid-19 falavam em 18 meses. Na metade desse tempo se criaram várias. Estima-se que no primeiro ano salvaram 20 milhões de vidas.

O mRNA é uma molécula que entrega às células códigos do DNA que orientam a produção de proteínas. Muitas doenças são causadas por proteínas ou por sua ausência, e desde a descoberta do mRNA, em 1961, sonhava-se com mRNAs sintéticos instruindo células a fabricar proteínas aptas a curá-las. O primeiro passo além do laboratório rumo à medicina foi dado por Karikó e Weissman em 2005, ao descobrirem modificações químicas aptas a inserir mRNAs artificiais em células sem ativar reações imunológicas hostis. Assim, as células poderiam ser transformadas em usinas de remédios.

A aplicação em escala na vacina da covid-19 vingou num ecossistema que combina a capacidade do livre mercado de gerar inovações com a do poder público de distribuí-las. A tecnologia não teria se desenvolvido se investidores não tivessem bancado os riscos da pesquisa, e sua aplicação nas vacinas (que têm baixa perspectiva de monetização) não teria sido possível sem recursos públicos. Tampouco sem sorte. Se a vacina foi produzida tão rápido, é porque cientistas já trabalhavam num protótipo de imunizante para a família dos coronavírus. Há vacinas para 15 das 26 famílias virais, mas só para uma delas há um protótipo. Desenvolver outros é crucial para reagir agilmente a futuras pandemias.

Há esperança de outros tratamentos com mRNAs, de cânceres a deficiências cardíacas ou cerebrais. Mas é incerto se e quando serão efetivos. Podem ser só um sonho, como a pandemia foi um pesadelo. No seu auge, ela viralizou mobilizações filantrópicas que aceleraram a conquista e distribuição da vacina. Se os sonhos do mRNA podem se tornar realidade, isso acontecerá tão rapidamente quanto maiores forem essas mobilizações. Mas, com o tempo, elas tendem a se esvair sob as demandas do dia a dia.

A saga de Karikó e Weissman pode nos imunizar contra esse risco. Por décadas suas pesquisas foram menosprezadas entre seus pares nos campi. A insistência de Karikó em persuadi-los de sua importância lhe valeu a alcunha de “picareta do mRNA”. “Há 10 anos eu não conseguia nem ser reconhecida como professora, não tinha equipe, tinha sido rebaixada de posto.” O Nobel é, assim, um emblema da gratidão da humanidade aos cientistas, mas também do poder da perseverança.

Com quase quatro anos de covid-19, o mundo ainda cicatriza suas sequelas socioeconômicas. Mas, se a pandemia virou história, devemos isso à epopeia das vacinas. Decisiva foi a tecnologia mRNA. Se há um prêmio para cientistas digno de ser celebrado além dos círculos científicos, é o Nobel de Medicina aos responsáveis por ela, Katalin Karikó e Drew Weissman.

No início, era incerto se e quando teríamos um imunizante. A vacina contra o HIV da aids ainda elude os cientistas. A da pólio tomou 20 anos. Em 2020, 17 anos após o coronavírus da Sars saltar de um animal para os humanos, o financiamento das pesquisas antivirais se desidratara e não havia vacinas. Previsões otimistas para uma contra a covid-19 falavam em 18 meses. Na metade desse tempo se criaram várias. Estima-se que no primeiro ano salvaram 20 milhões de vidas.

O mRNA é uma molécula que entrega às células códigos do DNA que orientam a produção de proteínas. Muitas doenças são causadas por proteínas ou por sua ausência, e desde a descoberta do mRNA, em 1961, sonhava-se com mRNAs sintéticos instruindo células a fabricar proteínas aptas a curá-las. O primeiro passo além do laboratório rumo à medicina foi dado por Karikó e Weissman em 2005, ao descobrirem modificações químicas aptas a inserir mRNAs artificiais em células sem ativar reações imunológicas hostis. Assim, as células poderiam ser transformadas em usinas de remédios.

A aplicação em escala na vacina da covid-19 vingou num ecossistema que combina a capacidade do livre mercado de gerar inovações com a do poder público de distribuí-las. A tecnologia não teria se desenvolvido se investidores não tivessem bancado os riscos da pesquisa, e sua aplicação nas vacinas (que têm baixa perspectiva de monetização) não teria sido possível sem recursos públicos. Tampouco sem sorte. Se a vacina foi produzida tão rápido, é porque cientistas já trabalhavam num protótipo de imunizante para a família dos coronavírus. Há vacinas para 15 das 26 famílias virais, mas só para uma delas há um protótipo. Desenvolver outros é crucial para reagir agilmente a futuras pandemias.

Há esperança de outros tratamentos com mRNAs, de cânceres a deficiências cardíacas ou cerebrais. Mas é incerto se e quando serão efetivos. Podem ser só um sonho, como a pandemia foi um pesadelo. No seu auge, ela viralizou mobilizações filantrópicas que aceleraram a conquista e distribuição da vacina. Se os sonhos do mRNA podem se tornar realidade, isso acontecerá tão rapidamente quanto maiores forem essas mobilizações. Mas, com o tempo, elas tendem a se esvair sob as demandas do dia a dia.

A saga de Karikó e Weissman pode nos imunizar contra esse risco. Por décadas suas pesquisas foram menosprezadas entre seus pares nos campi. A insistência de Karikó em persuadi-los de sua importância lhe valeu a alcunha de “picareta do mRNA”. “Há 10 anos eu não conseguia nem ser reconhecida como professora, não tinha equipe, tinha sido rebaixada de posto.” O Nobel é, assim, um emblema da gratidão da humanidade aos cientistas, mas também do poder da perseverança.

Com quase quatro anos de covid-19, o mundo ainda cicatriza suas sequelas socioeconômicas. Mas, se a pandemia virou história, devemos isso à epopeia das vacinas. Decisiva foi a tecnologia mRNA. Se há um prêmio para cientistas digno de ser celebrado além dos círculos científicos, é o Nobel de Medicina aos responsáveis por ela, Katalin Karikó e Drew Weissman.

No início, era incerto se e quando teríamos um imunizante. A vacina contra o HIV da aids ainda elude os cientistas. A da pólio tomou 20 anos. Em 2020, 17 anos após o coronavírus da Sars saltar de um animal para os humanos, o financiamento das pesquisas antivirais se desidratara e não havia vacinas. Previsões otimistas para uma contra a covid-19 falavam em 18 meses. Na metade desse tempo se criaram várias. Estima-se que no primeiro ano salvaram 20 milhões de vidas.

O mRNA é uma molécula que entrega às células códigos do DNA que orientam a produção de proteínas. Muitas doenças são causadas por proteínas ou por sua ausência, e desde a descoberta do mRNA, em 1961, sonhava-se com mRNAs sintéticos instruindo células a fabricar proteínas aptas a curá-las. O primeiro passo além do laboratório rumo à medicina foi dado por Karikó e Weissman em 2005, ao descobrirem modificações químicas aptas a inserir mRNAs artificiais em células sem ativar reações imunológicas hostis. Assim, as células poderiam ser transformadas em usinas de remédios.

A aplicação em escala na vacina da covid-19 vingou num ecossistema que combina a capacidade do livre mercado de gerar inovações com a do poder público de distribuí-las. A tecnologia não teria se desenvolvido se investidores não tivessem bancado os riscos da pesquisa, e sua aplicação nas vacinas (que têm baixa perspectiva de monetização) não teria sido possível sem recursos públicos. Tampouco sem sorte. Se a vacina foi produzida tão rápido, é porque cientistas já trabalhavam num protótipo de imunizante para a família dos coronavírus. Há vacinas para 15 das 26 famílias virais, mas só para uma delas há um protótipo. Desenvolver outros é crucial para reagir agilmente a futuras pandemias.

Há esperança de outros tratamentos com mRNAs, de cânceres a deficiências cardíacas ou cerebrais. Mas é incerto se e quando serão efetivos. Podem ser só um sonho, como a pandemia foi um pesadelo. No seu auge, ela viralizou mobilizações filantrópicas que aceleraram a conquista e distribuição da vacina. Se os sonhos do mRNA podem se tornar realidade, isso acontecerá tão rapidamente quanto maiores forem essas mobilizações. Mas, com o tempo, elas tendem a se esvair sob as demandas do dia a dia.

A saga de Karikó e Weissman pode nos imunizar contra esse risco. Por décadas suas pesquisas foram menosprezadas entre seus pares nos campi. A insistência de Karikó em persuadi-los de sua importância lhe valeu a alcunha de “picareta do mRNA”. “Há 10 anos eu não conseguia nem ser reconhecida como professora, não tinha equipe, tinha sido rebaixada de posto.” O Nobel é, assim, um emblema da gratidão da humanidade aos cientistas, mas também do poder da perseverança.

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