Opinião|Bismarck, Pedro II e Lula


Por Gastão Reis Rodrigues Pereira

Karl Popper, um dos maiores pensadores do século 20, em célebre conferência proferida em agosto de 1982, em Alpbach, na Áustria, nos fala de três mundos. O primeiro é o mundo físico, dos corpos e dos estados, eventos e forças físicas. O segundo é o psíquico, das vivências e dos eventos inconscientes. E o terceiro é o que abarca os produtos do espírito humano, tais como livros, sinfonias, esculturas, sapatos, aviões, computadores, etc. Para ele, este último é o que nos diferencia no mundo animal. Só nós, os humanos, conseguimos "verificar nossas próprias teorias quanto à sua verdade por meio de argumentos críticos". Trata-se da nobre função argumentativa da linguagem: cré com cré e lé com lé, na expressão popular. Quando pensamos em figuras como Bismarck e Pedro II, salta aos olhos o fato de se sentirem inteiramente à vontade neste mundo 3 de Popper, onde impera o registro escrito de ideias e fatos. Quanto a Lula, é evidente a sua falta de familiaridade com tais proezas da mente devidamente treinada, aquela que não sente sono ao ler um bom livro, como já confessou candidamente o próprio ex-presidente. O que teria, então, Lula a aprender nesse domínio com figuras como o chanceler alemão Otto von Bismarck e o nosso Pedro II, além de compostura e respeito no trato do dinheiro público? Muita coisa. Mas antes cabe mencionar sua desinformação e sua falta de modéstia. É mais que reveladora sua língua solta ao se jactar de ter chegado à Presidência sem estudar. E seu conhecido pouco apetite de ler um livro e aprender com quem sabe mais do que ele até mesmo em benefício próprio, do País e do seu tão caro (caríssimo para nosso bolso!) PT. Apenas pensar dessa forma (iletrada) já seria temeroso, mas dizer isso em público é inaceitável pelo efeito deletério na cabeça da juventude, já tão sem referenciais pelos quais se pautar. Em especial num país que perdeu o rumo em matéria de ética na vida pública. Afinal, que país chegou ao pleno desenvolvimento "pensando" desse modo? Nessa linha, vem a propósito uma citação de Bismarck: "Com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com funcionários ruins as melhores leis não servem para nada". O que Bismarck não previu e Lula implementou, ajudado por Dilma, foi a maquiavélica combinação de leis ruins com funcionários piores ainda. A proposta de emplacar os conselhos populares e os inúmeros cargos comissionados (e como!) por companheiros da pior qualidade exemplificam bem esse estratagema pernicioso. Poderia também ter aprendido com Lincoln a máxima de que ninguém engana todos o tempo todo. A diferença é que o lenhador americano que chegou à Presidência dos EUA nunca se descuidou de se educar e ler muito. E ainda deu uma resposta de imenso significado humano ao senador oposicionista que fez questão de lembrar-lhe, no dia de sua posse, que era filho de um simples sapateiro: "Agradeço, senador, ter me lembrado do meu saudoso pai neste momento. Torço para que eu tenha a mesma competência dele como presidente como ele a teve em seu oficio de sapateiro". Estivesse onde estivesse, o pai de Lincoln muito se orgulharia dessa resposta. Já à dona Lindu, dadas as circunstâncias atuais de grossa bandalheira, restaria enrubescer de vergonha... No plano institucional da preservação da democracia e da liberdade de pensamento e de expressão (pobre funcionária do Santander!), a visão de Pedro II em relação à imprensa lhe faria muito bem, se tivesse lido um pouco mais. Para Pedro II, a imprensa se combate com a própria imprensa. Ou seja, é o livre trânsito das ideias e da informação que fará a verdade vir à tona. Mais de um século depois, Lula ainda não aprendeu a lição, haja vista as repetidas tentativas, vale reiterar, de aprovar a lei de controle social dos meios de comunicação. Embarcou na canoa furada de que a verdade nada mais é do que a verdade da classe social que está no poder, como propagava Gramsci, o teórico comunista italiano. Lula ainda se vangloria de ter aprendido com Marx, por certo de orelhada, que a luta de classes é o motor da História. Pelo jeito, não se deu conta de todo que é a colaboração inteligente entre classes sociais que leva ao pleno desenvolvimento não só material, como espiritual. Muito já foi dito sobre a demora de 20 a 30 anos das novas ideias em aportar no Brasil e mesmo na América Latina. Muito mais precisa ser dito sobre a lentidão com que nos livramos das ideias carcomidas do pensamento ideológico, aquelas que tendem a levar países inteiros à bancarrota. Além do que ocorre com a Venezuela e Cuba, outro triste exemplo são as livrarias de Buenos Aires, talvez a única grande capital do mundo onde textos marxistas ainda as inundam. Pelo que se sabe, os argentinos leem mais do que nós, mas estão lendo a coisa errada. Será que tomaram conhecimento da guinada da ex-URSS e da China em direção à economia de mercado? Bismarck e Pedro II sabiam, como estadistas que eram, que a política e as políticas públicas precisam ser conduzidas com visão de longo prazo. Quando os interesses escusos de curto prazo predominam, é certo que a coisa vai desandar, como está ocorrendo. Basta ler os jornais e as revistas. Ou ir ao supermercado conferir os preços. Forças da sociedade civil organizada, intelectuais, artistas de renome, dentre muitos, vêm, cada vez mais, se afastando do PT. O que restou foi gente condenada pelo mensalão, outros (muitos) encastelados no aparelhamento do Estado e os que não querem ver a malversação atroz do dinheiro público. Lula, Dilma e o PT ficaram tão espertos politicamente que é difícil diferenciá-los dos Sarneys e Malufs da vida. Karl Popper nos alerta que o fundamental é que um mau governo dure pouco. Um regime parlamentarista bem estruturado nos teria livrado dos governos que já acabaram, mas continuam, como o de Dilma, porque o mandato ainda não terminou.Gastão Reis Rodrigues Pereira é empresário e economista.

Karl Popper, um dos maiores pensadores do século 20, em célebre conferência proferida em agosto de 1982, em Alpbach, na Áustria, nos fala de três mundos. O primeiro é o mundo físico, dos corpos e dos estados, eventos e forças físicas. O segundo é o psíquico, das vivências e dos eventos inconscientes. E o terceiro é o que abarca os produtos do espírito humano, tais como livros, sinfonias, esculturas, sapatos, aviões, computadores, etc. Para ele, este último é o que nos diferencia no mundo animal. Só nós, os humanos, conseguimos "verificar nossas próprias teorias quanto à sua verdade por meio de argumentos críticos". Trata-se da nobre função argumentativa da linguagem: cré com cré e lé com lé, na expressão popular. Quando pensamos em figuras como Bismarck e Pedro II, salta aos olhos o fato de se sentirem inteiramente à vontade neste mundo 3 de Popper, onde impera o registro escrito de ideias e fatos. Quanto a Lula, é evidente a sua falta de familiaridade com tais proezas da mente devidamente treinada, aquela que não sente sono ao ler um bom livro, como já confessou candidamente o próprio ex-presidente. O que teria, então, Lula a aprender nesse domínio com figuras como o chanceler alemão Otto von Bismarck e o nosso Pedro II, além de compostura e respeito no trato do dinheiro público? Muita coisa. Mas antes cabe mencionar sua desinformação e sua falta de modéstia. É mais que reveladora sua língua solta ao se jactar de ter chegado à Presidência sem estudar. E seu conhecido pouco apetite de ler um livro e aprender com quem sabe mais do que ele até mesmo em benefício próprio, do País e do seu tão caro (caríssimo para nosso bolso!) PT. Apenas pensar dessa forma (iletrada) já seria temeroso, mas dizer isso em público é inaceitável pelo efeito deletério na cabeça da juventude, já tão sem referenciais pelos quais se pautar. Em especial num país que perdeu o rumo em matéria de ética na vida pública. Afinal, que país chegou ao pleno desenvolvimento "pensando" desse modo? Nessa linha, vem a propósito uma citação de Bismarck: "Com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com funcionários ruins as melhores leis não servem para nada". O que Bismarck não previu e Lula implementou, ajudado por Dilma, foi a maquiavélica combinação de leis ruins com funcionários piores ainda. A proposta de emplacar os conselhos populares e os inúmeros cargos comissionados (e como!) por companheiros da pior qualidade exemplificam bem esse estratagema pernicioso. Poderia também ter aprendido com Lincoln a máxima de que ninguém engana todos o tempo todo. A diferença é que o lenhador americano que chegou à Presidência dos EUA nunca se descuidou de se educar e ler muito. E ainda deu uma resposta de imenso significado humano ao senador oposicionista que fez questão de lembrar-lhe, no dia de sua posse, que era filho de um simples sapateiro: "Agradeço, senador, ter me lembrado do meu saudoso pai neste momento. Torço para que eu tenha a mesma competência dele como presidente como ele a teve em seu oficio de sapateiro". Estivesse onde estivesse, o pai de Lincoln muito se orgulharia dessa resposta. Já à dona Lindu, dadas as circunstâncias atuais de grossa bandalheira, restaria enrubescer de vergonha... No plano institucional da preservação da democracia e da liberdade de pensamento e de expressão (pobre funcionária do Santander!), a visão de Pedro II em relação à imprensa lhe faria muito bem, se tivesse lido um pouco mais. Para Pedro II, a imprensa se combate com a própria imprensa. Ou seja, é o livre trânsito das ideias e da informação que fará a verdade vir à tona. Mais de um século depois, Lula ainda não aprendeu a lição, haja vista as repetidas tentativas, vale reiterar, de aprovar a lei de controle social dos meios de comunicação. Embarcou na canoa furada de que a verdade nada mais é do que a verdade da classe social que está no poder, como propagava Gramsci, o teórico comunista italiano. Lula ainda se vangloria de ter aprendido com Marx, por certo de orelhada, que a luta de classes é o motor da História. Pelo jeito, não se deu conta de todo que é a colaboração inteligente entre classes sociais que leva ao pleno desenvolvimento não só material, como espiritual. Muito já foi dito sobre a demora de 20 a 30 anos das novas ideias em aportar no Brasil e mesmo na América Latina. Muito mais precisa ser dito sobre a lentidão com que nos livramos das ideias carcomidas do pensamento ideológico, aquelas que tendem a levar países inteiros à bancarrota. Além do que ocorre com a Venezuela e Cuba, outro triste exemplo são as livrarias de Buenos Aires, talvez a única grande capital do mundo onde textos marxistas ainda as inundam. Pelo que se sabe, os argentinos leem mais do que nós, mas estão lendo a coisa errada. Será que tomaram conhecimento da guinada da ex-URSS e da China em direção à economia de mercado? Bismarck e Pedro II sabiam, como estadistas que eram, que a política e as políticas públicas precisam ser conduzidas com visão de longo prazo. Quando os interesses escusos de curto prazo predominam, é certo que a coisa vai desandar, como está ocorrendo. Basta ler os jornais e as revistas. Ou ir ao supermercado conferir os preços. Forças da sociedade civil organizada, intelectuais, artistas de renome, dentre muitos, vêm, cada vez mais, se afastando do PT. O que restou foi gente condenada pelo mensalão, outros (muitos) encastelados no aparelhamento do Estado e os que não querem ver a malversação atroz do dinheiro público. Lula, Dilma e o PT ficaram tão espertos politicamente que é difícil diferenciá-los dos Sarneys e Malufs da vida. Karl Popper nos alerta que o fundamental é que um mau governo dure pouco. Um regime parlamentarista bem estruturado nos teria livrado dos governos que já acabaram, mas continuam, como o de Dilma, porque o mandato ainda não terminou.Gastão Reis Rodrigues Pereira é empresário e economista.

Karl Popper, um dos maiores pensadores do século 20, em célebre conferência proferida em agosto de 1982, em Alpbach, na Áustria, nos fala de três mundos. O primeiro é o mundo físico, dos corpos e dos estados, eventos e forças físicas. O segundo é o psíquico, das vivências e dos eventos inconscientes. E o terceiro é o que abarca os produtos do espírito humano, tais como livros, sinfonias, esculturas, sapatos, aviões, computadores, etc. Para ele, este último é o que nos diferencia no mundo animal. Só nós, os humanos, conseguimos "verificar nossas próprias teorias quanto à sua verdade por meio de argumentos críticos". Trata-se da nobre função argumentativa da linguagem: cré com cré e lé com lé, na expressão popular. Quando pensamos em figuras como Bismarck e Pedro II, salta aos olhos o fato de se sentirem inteiramente à vontade neste mundo 3 de Popper, onde impera o registro escrito de ideias e fatos. Quanto a Lula, é evidente a sua falta de familiaridade com tais proezas da mente devidamente treinada, aquela que não sente sono ao ler um bom livro, como já confessou candidamente o próprio ex-presidente. O que teria, então, Lula a aprender nesse domínio com figuras como o chanceler alemão Otto von Bismarck e o nosso Pedro II, além de compostura e respeito no trato do dinheiro público? Muita coisa. Mas antes cabe mencionar sua desinformação e sua falta de modéstia. É mais que reveladora sua língua solta ao se jactar de ter chegado à Presidência sem estudar. E seu conhecido pouco apetite de ler um livro e aprender com quem sabe mais do que ele até mesmo em benefício próprio, do País e do seu tão caro (caríssimo para nosso bolso!) PT. Apenas pensar dessa forma (iletrada) já seria temeroso, mas dizer isso em público é inaceitável pelo efeito deletério na cabeça da juventude, já tão sem referenciais pelos quais se pautar. Em especial num país que perdeu o rumo em matéria de ética na vida pública. Afinal, que país chegou ao pleno desenvolvimento "pensando" desse modo? Nessa linha, vem a propósito uma citação de Bismarck: "Com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com funcionários ruins as melhores leis não servem para nada". O que Bismarck não previu e Lula implementou, ajudado por Dilma, foi a maquiavélica combinação de leis ruins com funcionários piores ainda. A proposta de emplacar os conselhos populares e os inúmeros cargos comissionados (e como!) por companheiros da pior qualidade exemplificam bem esse estratagema pernicioso. Poderia também ter aprendido com Lincoln a máxima de que ninguém engana todos o tempo todo. A diferença é que o lenhador americano que chegou à Presidência dos EUA nunca se descuidou de se educar e ler muito. E ainda deu uma resposta de imenso significado humano ao senador oposicionista que fez questão de lembrar-lhe, no dia de sua posse, que era filho de um simples sapateiro: "Agradeço, senador, ter me lembrado do meu saudoso pai neste momento. Torço para que eu tenha a mesma competência dele como presidente como ele a teve em seu oficio de sapateiro". Estivesse onde estivesse, o pai de Lincoln muito se orgulharia dessa resposta. Já à dona Lindu, dadas as circunstâncias atuais de grossa bandalheira, restaria enrubescer de vergonha... No plano institucional da preservação da democracia e da liberdade de pensamento e de expressão (pobre funcionária do Santander!), a visão de Pedro II em relação à imprensa lhe faria muito bem, se tivesse lido um pouco mais. Para Pedro II, a imprensa se combate com a própria imprensa. Ou seja, é o livre trânsito das ideias e da informação que fará a verdade vir à tona. Mais de um século depois, Lula ainda não aprendeu a lição, haja vista as repetidas tentativas, vale reiterar, de aprovar a lei de controle social dos meios de comunicação. Embarcou na canoa furada de que a verdade nada mais é do que a verdade da classe social que está no poder, como propagava Gramsci, o teórico comunista italiano. Lula ainda se vangloria de ter aprendido com Marx, por certo de orelhada, que a luta de classes é o motor da História. Pelo jeito, não se deu conta de todo que é a colaboração inteligente entre classes sociais que leva ao pleno desenvolvimento não só material, como espiritual. Muito já foi dito sobre a demora de 20 a 30 anos das novas ideias em aportar no Brasil e mesmo na América Latina. Muito mais precisa ser dito sobre a lentidão com que nos livramos das ideias carcomidas do pensamento ideológico, aquelas que tendem a levar países inteiros à bancarrota. Além do que ocorre com a Venezuela e Cuba, outro triste exemplo são as livrarias de Buenos Aires, talvez a única grande capital do mundo onde textos marxistas ainda as inundam. Pelo que se sabe, os argentinos leem mais do que nós, mas estão lendo a coisa errada. Será que tomaram conhecimento da guinada da ex-URSS e da China em direção à economia de mercado? Bismarck e Pedro II sabiam, como estadistas que eram, que a política e as políticas públicas precisam ser conduzidas com visão de longo prazo. Quando os interesses escusos de curto prazo predominam, é certo que a coisa vai desandar, como está ocorrendo. Basta ler os jornais e as revistas. Ou ir ao supermercado conferir os preços. Forças da sociedade civil organizada, intelectuais, artistas de renome, dentre muitos, vêm, cada vez mais, se afastando do PT. O que restou foi gente condenada pelo mensalão, outros (muitos) encastelados no aparelhamento do Estado e os que não querem ver a malversação atroz do dinheiro público. Lula, Dilma e o PT ficaram tão espertos politicamente que é difícil diferenciá-los dos Sarneys e Malufs da vida. Karl Popper nos alerta que o fundamental é que um mau governo dure pouco. Um regime parlamentarista bem estruturado nos teria livrado dos governos que já acabaram, mas continuam, como o de Dilma, porque o mandato ainda não terminou.Gastão Reis Rodrigues Pereira é empresário e economista.

Karl Popper, um dos maiores pensadores do século 20, em célebre conferência proferida em agosto de 1982, em Alpbach, na Áustria, nos fala de três mundos. O primeiro é o mundo físico, dos corpos e dos estados, eventos e forças físicas. O segundo é o psíquico, das vivências e dos eventos inconscientes. E o terceiro é o que abarca os produtos do espírito humano, tais como livros, sinfonias, esculturas, sapatos, aviões, computadores, etc. Para ele, este último é o que nos diferencia no mundo animal. Só nós, os humanos, conseguimos "verificar nossas próprias teorias quanto à sua verdade por meio de argumentos críticos". Trata-se da nobre função argumentativa da linguagem: cré com cré e lé com lé, na expressão popular. Quando pensamos em figuras como Bismarck e Pedro II, salta aos olhos o fato de se sentirem inteiramente à vontade neste mundo 3 de Popper, onde impera o registro escrito de ideias e fatos. Quanto a Lula, é evidente a sua falta de familiaridade com tais proezas da mente devidamente treinada, aquela que não sente sono ao ler um bom livro, como já confessou candidamente o próprio ex-presidente. O que teria, então, Lula a aprender nesse domínio com figuras como o chanceler alemão Otto von Bismarck e o nosso Pedro II, além de compostura e respeito no trato do dinheiro público? Muita coisa. Mas antes cabe mencionar sua desinformação e sua falta de modéstia. É mais que reveladora sua língua solta ao se jactar de ter chegado à Presidência sem estudar. E seu conhecido pouco apetite de ler um livro e aprender com quem sabe mais do que ele até mesmo em benefício próprio, do País e do seu tão caro (caríssimo para nosso bolso!) PT. Apenas pensar dessa forma (iletrada) já seria temeroso, mas dizer isso em público é inaceitável pelo efeito deletério na cabeça da juventude, já tão sem referenciais pelos quais se pautar. Em especial num país que perdeu o rumo em matéria de ética na vida pública. Afinal, que país chegou ao pleno desenvolvimento "pensando" desse modo? Nessa linha, vem a propósito uma citação de Bismarck: "Com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com funcionários ruins as melhores leis não servem para nada". O que Bismarck não previu e Lula implementou, ajudado por Dilma, foi a maquiavélica combinação de leis ruins com funcionários piores ainda. A proposta de emplacar os conselhos populares e os inúmeros cargos comissionados (e como!) por companheiros da pior qualidade exemplificam bem esse estratagema pernicioso. Poderia também ter aprendido com Lincoln a máxima de que ninguém engana todos o tempo todo. A diferença é que o lenhador americano que chegou à Presidência dos EUA nunca se descuidou de se educar e ler muito. E ainda deu uma resposta de imenso significado humano ao senador oposicionista que fez questão de lembrar-lhe, no dia de sua posse, que era filho de um simples sapateiro: "Agradeço, senador, ter me lembrado do meu saudoso pai neste momento. Torço para que eu tenha a mesma competência dele como presidente como ele a teve em seu oficio de sapateiro". Estivesse onde estivesse, o pai de Lincoln muito se orgulharia dessa resposta. Já à dona Lindu, dadas as circunstâncias atuais de grossa bandalheira, restaria enrubescer de vergonha... No plano institucional da preservação da democracia e da liberdade de pensamento e de expressão (pobre funcionária do Santander!), a visão de Pedro II em relação à imprensa lhe faria muito bem, se tivesse lido um pouco mais. Para Pedro II, a imprensa se combate com a própria imprensa. Ou seja, é o livre trânsito das ideias e da informação que fará a verdade vir à tona. Mais de um século depois, Lula ainda não aprendeu a lição, haja vista as repetidas tentativas, vale reiterar, de aprovar a lei de controle social dos meios de comunicação. Embarcou na canoa furada de que a verdade nada mais é do que a verdade da classe social que está no poder, como propagava Gramsci, o teórico comunista italiano. Lula ainda se vangloria de ter aprendido com Marx, por certo de orelhada, que a luta de classes é o motor da História. Pelo jeito, não se deu conta de todo que é a colaboração inteligente entre classes sociais que leva ao pleno desenvolvimento não só material, como espiritual. Muito já foi dito sobre a demora de 20 a 30 anos das novas ideias em aportar no Brasil e mesmo na América Latina. Muito mais precisa ser dito sobre a lentidão com que nos livramos das ideias carcomidas do pensamento ideológico, aquelas que tendem a levar países inteiros à bancarrota. Além do que ocorre com a Venezuela e Cuba, outro triste exemplo são as livrarias de Buenos Aires, talvez a única grande capital do mundo onde textos marxistas ainda as inundam. Pelo que se sabe, os argentinos leem mais do que nós, mas estão lendo a coisa errada. Será que tomaram conhecimento da guinada da ex-URSS e da China em direção à economia de mercado? Bismarck e Pedro II sabiam, como estadistas que eram, que a política e as políticas públicas precisam ser conduzidas com visão de longo prazo. Quando os interesses escusos de curto prazo predominam, é certo que a coisa vai desandar, como está ocorrendo. Basta ler os jornais e as revistas. Ou ir ao supermercado conferir os preços. Forças da sociedade civil organizada, intelectuais, artistas de renome, dentre muitos, vêm, cada vez mais, se afastando do PT. O que restou foi gente condenada pelo mensalão, outros (muitos) encastelados no aparelhamento do Estado e os que não querem ver a malversação atroz do dinheiro público. Lula, Dilma e o PT ficaram tão espertos politicamente que é difícil diferenciá-los dos Sarneys e Malufs da vida. Karl Popper nos alerta que o fundamental é que um mau governo dure pouco. Um regime parlamentarista bem estruturado nos teria livrado dos governos que já acabaram, mas continuam, como o de Dilma, porque o mandato ainda não terminou.Gastão Reis Rodrigues Pereira é empresário e economista.

Opinião por Gastão Reis Rodrigues Pereira

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.