Congresso Nacional
O povo fora da agenda
Mal as urnas decidiram quem será o próximo presidente do Brasil, Renan Calheiros começou sua caçada a fim de abater Arthur Lira da presidência da Câmara dos Deputados. Outros parlamentares atuam para manter Rodrigo Pacheco na presidência do Senado. Com a nova composição do Congresso, daria muito bem para trocar os chefes das duas Casas, mas não tenhamos esperanças: o brasileiro que fique vigilante, porque estes representantes estão preocupados com resolver seus próprios interesses. Logo, em suas agendas, o povo não existe.
Izabel Avallone
São Paulo
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Jogadores e legisladores
Dos 26 jogadores brasileiros convocados para a Copa do Mundo, só 3 jogam no Brasil, portanto a quase totalidade desses talentos prefere jogar no exterior, e não no Brasil. É direito desses atletas escolherem as melhores opções para sua carreira. Já nossos congressistas são pelo voto convocados a jogar – ou, melhor, a legislar – sob as cúpulas do Congresso, mas, ao invés do campo aberto das tribunas, preferem fazê-lo nos bastidores dos gabinetes, onde a peleja busca privilégios completamente estranhos ao interesse do público pagante: nós. Quebrando regras republicanas, com times de partidos de composição hereditária, jamais democrática, declaram-se vitoriosos marcando gols com impedimentos inconstitucionais e bolas fora, como o orçamento secreto e outras tantas jogadas nada honestas. Ao contrário dos craques da seleção brasileira, estes legisladores, embora eleitos, não vestem a camisa do Brasil. Preferem permanentemente dominar a bola, recusando-se ao esperado jogo democrático.
Honyldo Roberto Pereira Pinto
Ribeirão Preto
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Orçamento 2023
A boa vontade do STF
A matéria Decisão do Supremo pode abrir brecha para Bolsa Família de R$ 600 (Estado, 9/11, B1) mostra que o governo Lula já conta com a colaboração do Supremo Tribunal Federal (STF) para viabilizar, a partir de 2023, o valor atual do Auxílio Brasil, futuro Bolsa Família. Para tanto, como lembrou a matéria, foi buscada uma lei de 2004 ainda não regulamentada (Lei n.º 10.835/2004). Em que pese a boa vontade para com os mais necessitados, o STF age, assim, como um órgão auxiliar do Poder Executivo – algo um tanto estranho.
José Elias Laier
São Carlos
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Brecha para Bolsa Família
Como é bonito o entrosamento entre o STF e o Partido dos Trabalhadores (PT). Fico tão sensibilizado que me leva às lágrimas. Aos amigos, tudo; aos inimigos, nem dentro das quatro linhas.
José Luiz Sanchez
São Paulo
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Pós-eleição
Ainda os descontentes
Acompanho com pesar os descontentamentos infundados com os resultados das eleições brasileiras. Democracia funciona desta maneira, devemos aceitar a escolha da maioria e louvarmos o fato de termos um processo eleitoral comprovadamente seguro, rápido, transparente e o único do mundo 100% digital. Devemos unir forças para cobrar atitudes destes que foram eleitos para ganhar excelentes salários à nossa custa, seja o presidente, sejam os deputados e senadores, e não para sermos apenas massa de manobra e brigarmos entre nós. O Brasil, de direita ou esquerda, tem a capacidade de crescer em todos os aspectos econômicos e sociais, bastando que haja menos corrupção, verdadeiro trabalho político e união da sociedade. Lembrando que nosso Congresso é um dos mais caros e ineficientes do planeta, é inadmissível parlamentares perderem valioso tempo com questões ideológicas em plenário ou na mídia. Passadas as eleições, resta a nós, cidadãos, trabalharmos pelo Brasil, ao invés de só torcermos pelo Brasil.
Daniel Marques
Virginópolis (MG)
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Copa do Mundo do Catar
A camisa amarelinha
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) fazer campanha querendo dissociar a camisa da seleção brasileira da política (Estado, 11/11, A18) é, para mim, hipocrisia. Compro a camisa, pago caro por ela, e não posso usá-la onde bem entender? Poupe-nos desta besteira e se preocupe com representar bem o nosso Brasil nesta Copa do Mundo.
Flávio Gomes de Lima
flavio.gomes@fgocontabil.com.br
Paulínia
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
AMBIGUIDADES DAS FORÇAS ARMADAS
A nota conjunta das Forças Armadas (Estado, 11/11, A6) manifesta seu compromisso com a ordem democrática. O povo brasileiro não poderia esperar algo diverso. Entretanto, são inescapáveis as ambiguidades que emanam do texto. Por exemplo, não foram destacados os limites sempre inerentes ao direito de manifestações públicas. E, ao referir-se aos Poderes da República, restringe-se ao Legislativo, sem nenhuma palavra ao imperativo de observar-se incondicionalmente os provimentos judiciários. A impressão que se extrai do contexto tem a marca do velho adágio popular "Uma no cravo, outra na ferradura".
Amadeu Roberto Garrido de Paula amadeugarridoadv@uol.com.br São Paulo
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NOTA DO ALTO-COMANDO
A carta das Forças Armadas não diz absolutamente nada sobre a apuração dos resultados das urnas eletrônicas nessa eleição para presidente. Tergiversa demais.
Freddy Grandke freddy@uol.com.br São Paulo
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PREJUÍZOS PARA O PAÍS
O País não pode confundir as coisas: manifestação popular não se confunde com empresários mandando suas frotas de caminhões paralisarem as estradas. O que houve depois da eleição foi uma patética tentativa de golpe de Estado, tentativa de anular o resultado das urnas no grito e no dinheiro. Mais do que o papel ridículo, o que houve foi criminoso, trouxe prejuízos gigantescos para toda a população e para a imagem do País. Prejuízos que devem ser mensurados e ressarcidos por aqueles que causaram o problema.
Mário Barilá Filho mariobarila@yahoo.com.br São Paulo
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ELEITORES DE HADDAD
A respeito das descabidas e injustificáveis manifestações de bolsonaristas inconformados na frente dos quartéis pedindo intervenção militar depois da totalização e aprovação da eleição presidencial de Lula da Silva pelas urnas eletrônicas, cabe dizer que, em contraste, os petistas que votaram no candidato Fernando Haddad, derrotado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas para o Governo de São Paulo, já retomaram conformados suas vidas há quase duas semanas, sem contestar em nenhum momento o sistema de votação nem o resultado das urnas. Basta de baderna. Jogo jogado. "Ao vencedor, as batatas" (Machado de Assis).
J. S. Decol decoljs@gmail.com São Paulo
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MANIFESTAÇÕES ESPONTÂNEAS
As manifestações por todo o Brasil defronte aos quartéis são espontâneas e pacíficas, apenas questionando explicações e esclarecimentos que pairam sobre as urnas eletrônicas e seus resultados. O povo que está na rua não é mercenário nem a troco de sanduíche com mortadela, mas num direito de democrática transparência para redimir dúvidas.
Humberto Schuwartz Soares hs-soares@uol.com.br Vila Velha (ES)
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FARINHAS DO MESMO SACO
Não se trata absolutamente de defender o presidente Jair Bolsonaro, mesmo porque ele – além de imbrochável, incomível e imorrível – é também indefensável. Mas antes de cobrar que o futuro ex-presidente tivesse a dignidade de reconhecer a derrota, apesar de passados mais de dez dias do pleito, o presidente eleito Lula deveria lembrar que já se passaram mais de dez anos e até hoje ele não reconheceu seu envolvimento no maior esquema de corrupção no Brasil e não pediu desculpas à Nação que voltará a governar. São farinhas do mesmo saco.
Abel Pires Rodrigues abel@knn.com.br Rio de Janeiro
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ATITUDE DE CONCÓRDIA
Seria muito alvissareiro para nosso país que o presidente eleito seguisse o espírito e as atitudes de Nelson Mandela. Este ficou preso 30 anos na África do Sul sem qualquer prerrogativa. Pelo contrário, amargou o pão que o diabo amassou. Foi finalmente inocentado por um júri que lhe era intrinsecamente adverso. Mesmo assim, ao ser eleito presidente, sua atitude foi de concórdia. Por seus méritos, é digno de justa homenagem. Não se pode esperar que Lula se iguale a um Mandela, mas poderia ao menos se inspirar para fazer de seu governo algo diferente daquilo que dele se espera, já que até agora se mostra indefinido. Juntar alhos e bugalhos achando que a população fechará os olhos pensando que os alhos serão suficientes para apagar o sabor do ranço e infantilidade inadmissível para político experiente. O difundido mote de defesa da democracia é muito mais profundo do que invocar a religião do atual presidente. Religião é plural, já que são muitas crenças e deuses diferentes. Democracia é singular no significado e plural na abrangência.
Sergio Holl Lara jrmholl.idt@terra.com.br Indaiatuba
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ABUSOS DE AUTORIDADE
A onda de mandos e desmandos judiciários vivida atualmente lembra frase do fabulista greco romano Fedro para justificar abusos de autoridade: "Quia nominor leo" (porque me chamo leão).
Luiz Henrique Penchiari Jr. lpenchiari@gmail.com Vinhedo SP
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'O QUE É A DIREITA'
O vice-presidente da República, general Antônio Hamilton Martins Mourão, escreveu um excelente texto no Estadão definindo o que entende por direita na política (10/11, A5). Aproveitou para criticar o que considera excessos e erros de autoridades na condução da eleição e pós-eleição presidencial deste ano e manifestou simpatia com o inconformismo de perdedores, que considerou democráticos. Entendo, e até concordo, que se o significado de direita é tudo o que definiu o futuro senador, na prática nem tudo é realizado com tamanha assertividade e a corrente enorme de esquerda em parte existe exatamente por reconhecer isso, além da natural ideologia presente. Quanto às críticas manifestadas às autoridades, não se pode negar que tentam desempenhar da maneira que consideram mais viável o desempenho de suas responsabilidades e que questões de opinião são sempre diversificadas. Grato ao articulista por sua firme opinião.
Ademir Valezi valezi@uol.com.br São Paulo
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DESIGUALDADE SOCIAL
O artigo do vice-presidente Hamilton Mourão, sobre as virtudes da direita, omitiu de mencionar que o patrimonialismo da direita, ainda mais aqui, neste país, é responsável pela nossa vergonhosa desigualdade social entre as várias classes da população, sem esquecer o seu segmento mais carente de atenção. A direita, sem dúvida a maior parte da "população que conta", sempre manobrou no Congresso para evitar pagar impostos que por responsabilidade social, ética e moral deveria se prontificar a pagar. A direita não tem a inteligência de perceber que rende muito mais pagar os impostos que dribla e operar numa economia muito mais dinâmica, com apoio de uma classe média mais abonada atuando como seu motor, que deixar de pagar esses impostos num contexto de economia rastejante.
Elie R. Levy elierlevy@gmail.com São Paulo
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O VIAJANTE
Lendo os comentários sobre o que é a direita escritos pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, fico em dúvida se o general morou no Brasil de 1964 a 1985.
Helena Rodarte Costa Valente helenacv@uol.com.br Rio de Janeiro
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REPRESENTANTE DO RS
Parabéns ao Estadão pela publicação do espetacular artigo escrito pelo nosso ainda vice-presidente da República (e futuro senador), sr. Antônio Hamilton Martins Mourão. Parabéns ao Estado do Rio Grande do Sul em poder contar com um grande representante no Senado.
Carlos Alberto Garcia d.garcia@terra.com.br São Paulo
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A HISTÓRIA SE REPETE
Os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, que formam a Região Sul do País, tiveram sua formação a partir de imigrantes europeus em sua maior parte. Destes, uma parcela significativa veio durante e depois do final da 2.º Guerra Mundial, quando foram obrigados a deixar suas pátrias, dominadas por extremistas de direita (nazistas e fascistas). Estes disseminavam ódio, preconceito, segregação racial e morte. Iludiam as pessoas de seus países com falácias como superioridade da raça ariana e a velha conversa de Deus, pátria e família, lema do integralismo, movimento inspirado no fascismo. Hoje, passados quase 80 anos, assistimos aos filhos, netos e bisnetos desses imigrantes, que cresceram no Sul do Brasil, darem voz a extremistas de direita que seguem um político medíocre. A História se repete da pior forma possível, desta vez longe da Europa, deixando claro que esta nossa geração não aprendeu absolutamente nada com com o sofrimento monstruoso que seus avós tiveram no passado, pois ofendem nordestinos, negros, pessoas que votam de forma diferente da que eles o fazem e até cometem crimes levados pelo preconceito odioso que tanto feriu seus próprios parentes no passado. Em Santa Catarina, diversos exemplos foram flagrados de jovens cultuando símbolos nazistas como a suástica da SS, política de Estado alemã. Algo inconcebível em solo alemão, aqui é comum entre catarinenses. Quando presos ou processados, alegam que não têm liberdade de expressão. O movimento de extrema direita que tomou conta do País depois da eleição do medíocre presidente Bolsonaro precisa ser obervado pelo Poder Judiciário com muita atenção, visto que, no caso europeu, a falta de atenção permitiu que Hitler e Mussolini promovessem milhões de mortes e destruição. Guardadas as devidas comparações, é preciso estar atento ao que esse numeroso grupo faz e pensa.
Rafael Moia Filho rmoiaf@uol.com.br Bauru
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EDUCAÇÃO
A coluna excelente Haverá MEC (Estado, 6/11, A17) traduziu exatamente a realidade de modo geral. E também precisará de um olhar democrático para cada Estado, pois a educação de qualidade começa com a democracia. A educação é do povo e para o povo. O Ministério da Educação poderia intervir em alguns Estados, especialmente no Paraná, com a iminência da terceirização na educação, que deixaria de ser democrática.
Lea Lemes Bueno lea.lemes.bueno@gmail.com São Paulo
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HORÁRIO ARTIFICIAL
Acerca da notícia veiculada sobre a volta do horário de verão, não é verdade, como disse um ator global, que é a alegria de todo mundo. Além de não ser o horário natural, mas, sim, artificial, o horário de verão potencializa o risco de violência para quem acorda mais cedo. Conheço duas pessoas do meu círculo de convivência que foram assaltadas às 5h30 da manhã, portanto às 4h30 no horário normal, ambas indo para o serviço. Tomara que o governo eleito não caia nesse canto de sereia de voltar com o horário de verão, por esses e por outros motivos.
Joaquim José de Vasconcelos Neto jjvn38@hotmail.com Uberaba (MG)