O circo de Zelaya


Por Redação

Um político brasileiro, famoso por seu senso de onipotência, costumava dizer que reuniões das quais não participasse não valiam nada. É o que deve achar, à sua maneira, o ex-presidente Manuel Zelaya, o oligarca chavista de Honduras: eleições que ele não ganhe, ainda que por interposta pessoa, não valem. Domingo, o país caribenho de 8,3 milhões de habitantes, que tem a triste distinção de ser um dos mais pobres, mais violentos e mais expostos ao narcotráfico do mundo, foi às urnas escolher o sucessor do atual chefe de governo, Porfírio "Pepe" Lobo, além dos novos membros do Congresso e prefeitos. O vitorioso deverá ser o conservador Juan Orlando Hernández, do governista Partido Nacional. Apurados mais de 60% dos votos, ele batia por 34,2% a 28,8% a candidata que Zelaya escolheu para concorrer por ele - a sua mulher, Xiomara Castro, do partido Liberdade e Refundação (Libre) que criaram em 2011. "Fraude!", bradou o marido. É mais uma sessão desse circo mambembe. Deposto em junho de 2009 pela Justiça hondurenha por forçar a realização de um plebiscito ilegal que lhe permitiria reeleger-se indefinidamente, à maneira de seu mentor venezuelano, Zelaya foi sucedido meses depois por Lobo numa eleição que, para variar, o outro considerou inválida. No dia da posse do vencedor, o chavista deixou a embaixada brasileira em Tegucigalpa - onde, graças à vergonhosa complacência do então presidente Lula, ficou asilado e fez política durante surrealistas quatro meses como se estivesse na sede de seu partido - mudando-se para a República Dominicana. De volta, tratou de ir à forra. Não podendo candidatar-se de novo (Honduras não admite a reeleição, mesmo não consecutiva), lançou o nome de Xiomara. Envergando o mesmo tipo de chapéu de vaqueiro característico do marido, Xiomara, de 54 anos, mergulhou na campanha com a mesma atitude de confronto que havia exibido ao se juntar a ele na representação brasileira. Nesse pleito disputado pela primeira vez por nove candidatos, em vez dos dois de praxe, ela teve o apoio do Foro de São Paulo, uma espécie de Internacional Socialista latino-americana. Ganhou ainda um vídeo apologético de Lula, o que levou a Justiça Eleitoral do país a cobrar explicações do embaixador brasileiro Zenik Krawctschuk. Perto do que ele fez em 2009, é o caso de comparar, isso é café pequeno.As últimas pesquisas pré-eleitorais - divulgadas no limite legal de 30 dias antes da votação - indicaram empate técnico entre Hernández e Xiomara. A isso o casal se aferrou para alegar que a vantagem de cinco pontos dos governistas foi produto de um registro faccioso dos votos depositados por 61% do eleitorado, índice alto para o país, numa jornada sem incidentes (embora pelo menos 21 políticos tivessem sido assassinados no correr da campanha).Cercado de ruidosos partidários, Zelaya anunciou na segunda-feira que "não aceitamos os resultados". No lugar da candidata, que estranhamente não deu o ar de sua presença nesse dia, ele ameaçou "ir às ruas" para defender o que declarou serem os seus direitos, "como sempre fizemos" - com as consequências conhecidas, acrescente-se.Os aliados do líder populista sustentam haver "sérias inconsistências" em praticamente 1/5 das atas de apuração, que consignaram as escolhas de 400 mil hondurenhos. Eles acusam os responsáveis de "transmissão irregular de resultados" à central de consolidação dos números da disputa. Só que parecem falar sozinhos.Autorizada pela Justiça a compilar pesquisas de boca de urna nas duas horas finais da votação e a obter dados diretamente das seções eleitorais, a mídia hondurenha não chegou a nenhuma contagem discrepante da oficial. E, até anteontem à noite, mais de 800 observadores estrangeiros, enviados por ONGs e órgãos como a Organização dos Estados Americanos e a União Europeia, tinham elogiado o processo eleitoral.A vitória de Hernández já foi reconhecida por um punhado de países da região, entre os quais, surpreendentemente, a Nicarágua do chavista Daniel Ortega. Mas nada indica que isso fará diferença para Zelaya.

Um político brasileiro, famoso por seu senso de onipotência, costumava dizer que reuniões das quais não participasse não valiam nada. É o que deve achar, à sua maneira, o ex-presidente Manuel Zelaya, o oligarca chavista de Honduras: eleições que ele não ganhe, ainda que por interposta pessoa, não valem. Domingo, o país caribenho de 8,3 milhões de habitantes, que tem a triste distinção de ser um dos mais pobres, mais violentos e mais expostos ao narcotráfico do mundo, foi às urnas escolher o sucessor do atual chefe de governo, Porfírio "Pepe" Lobo, além dos novos membros do Congresso e prefeitos. O vitorioso deverá ser o conservador Juan Orlando Hernández, do governista Partido Nacional. Apurados mais de 60% dos votos, ele batia por 34,2% a 28,8% a candidata que Zelaya escolheu para concorrer por ele - a sua mulher, Xiomara Castro, do partido Liberdade e Refundação (Libre) que criaram em 2011. "Fraude!", bradou o marido. É mais uma sessão desse circo mambembe. Deposto em junho de 2009 pela Justiça hondurenha por forçar a realização de um plebiscito ilegal que lhe permitiria reeleger-se indefinidamente, à maneira de seu mentor venezuelano, Zelaya foi sucedido meses depois por Lobo numa eleição que, para variar, o outro considerou inválida. No dia da posse do vencedor, o chavista deixou a embaixada brasileira em Tegucigalpa - onde, graças à vergonhosa complacência do então presidente Lula, ficou asilado e fez política durante surrealistas quatro meses como se estivesse na sede de seu partido - mudando-se para a República Dominicana. De volta, tratou de ir à forra. Não podendo candidatar-se de novo (Honduras não admite a reeleição, mesmo não consecutiva), lançou o nome de Xiomara. Envergando o mesmo tipo de chapéu de vaqueiro característico do marido, Xiomara, de 54 anos, mergulhou na campanha com a mesma atitude de confronto que havia exibido ao se juntar a ele na representação brasileira. Nesse pleito disputado pela primeira vez por nove candidatos, em vez dos dois de praxe, ela teve o apoio do Foro de São Paulo, uma espécie de Internacional Socialista latino-americana. Ganhou ainda um vídeo apologético de Lula, o que levou a Justiça Eleitoral do país a cobrar explicações do embaixador brasileiro Zenik Krawctschuk. Perto do que ele fez em 2009, é o caso de comparar, isso é café pequeno.As últimas pesquisas pré-eleitorais - divulgadas no limite legal de 30 dias antes da votação - indicaram empate técnico entre Hernández e Xiomara. A isso o casal se aferrou para alegar que a vantagem de cinco pontos dos governistas foi produto de um registro faccioso dos votos depositados por 61% do eleitorado, índice alto para o país, numa jornada sem incidentes (embora pelo menos 21 políticos tivessem sido assassinados no correr da campanha).Cercado de ruidosos partidários, Zelaya anunciou na segunda-feira que "não aceitamos os resultados". No lugar da candidata, que estranhamente não deu o ar de sua presença nesse dia, ele ameaçou "ir às ruas" para defender o que declarou serem os seus direitos, "como sempre fizemos" - com as consequências conhecidas, acrescente-se.Os aliados do líder populista sustentam haver "sérias inconsistências" em praticamente 1/5 das atas de apuração, que consignaram as escolhas de 400 mil hondurenhos. Eles acusam os responsáveis de "transmissão irregular de resultados" à central de consolidação dos números da disputa. Só que parecem falar sozinhos.Autorizada pela Justiça a compilar pesquisas de boca de urna nas duas horas finais da votação e a obter dados diretamente das seções eleitorais, a mídia hondurenha não chegou a nenhuma contagem discrepante da oficial. E, até anteontem à noite, mais de 800 observadores estrangeiros, enviados por ONGs e órgãos como a Organização dos Estados Americanos e a União Europeia, tinham elogiado o processo eleitoral.A vitória de Hernández já foi reconhecida por um punhado de países da região, entre os quais, surpreendentemente, a Nicarágua do chavista Daniel Ortega. Mas nada indica que isso fará diferença para Zelaya.

Um político brasileiro, famoso por seu senso de onipotência, costumava dizer que reuniões das quais não participasse não valiam nada. É o que deve achar, à sua maneira, o ex-presidente Manuel Zelaya, o oligarca chavista de Honduras: eleições que ele não ganhe, ainda que por interposta pessoa, não valem. Domingo, o país caribenho de 8,3 milhões de habitantes, que tem a triste distinção de ser um dos mais pobres, mais violentos e mais expostos ao narcotráfico do mundo, foi às urnas escolher o sucessor do atual chefe de governo, Porfírio "Pepe" Lobo, além dos novos membros do Congresso e prefeitos. O vitorioso deverá ser o conservador Juan Orlando Hernández, do governista Partido Nacional. Apurados mais de 60% dos votos, ele batia por 34,2% a 28,8% a candidata que Zelaya escolheu para concorrer por ele - a sua mulher, Xiomara Castro, do partido Liberdade e Refundação (Libre) que criaram em 2011. "Fraude!", bradou o marido. É mais uma sessão desse circo mambembe. Deposto em junho de 2009 pela Justiça hondurenha por forçar a realização de um plebiscito ilegal que lhe permitiria reeleger-se indefinidamente, à maneira de seu mentor venezuelano, Zelaya foi sucedido meses depois por Lobo numa eleição que, para variar, o outro considerou inválida. No dia da posse do vencedor, o chavista deixou a embaixada brasileira em Tegucigalpa - onde, graças à vergonhosa complacência do então presidente Lula, ficou asilado e fez política durante surrealistas quatro meses como se estivesse na sede de seu partido - mudando-se para a República Dominicana. De volta, tratou de ir à forra. Não podendo candidatar-se de novo (Honduras não admite a reeleição, mesmo não consecutiva), lançou o nome de Xiomara. Envergando o mesmo tipo de chapéu de vaqueiro característico do marido, Xiomara, de 54 anos, mergulhou na campanha com a mesma atitude de confronto que havia exibido ao se juntar a ele na representação brasileira. Nesse pleito disputado pela primeira vez por nove candidatos, em vez dos dois de praxe, ela teve o apoio do Foro de São Paulo, uma espécie de Internacional Socialista latino-americana. Ganhou ainda um vídeo apologético de Lula, o que levou a Justiça Eleitoral do país a cobrar explicações do embaixador brasileiro Zenik Krawctschuk. Perto do que ele fez em 2009, é o caso de comparar, isso é café pequeno.As últimas pesquisas pré-eleitorais - divulgadas no limite legal de 30 dias antes da votação - indicaram empate técnico entre Hernández e Xiomara. A isso o casal se aferrou para alegar que a vantagem de cinco pontos dos governistas foi produto de um registro faccioso dos votos depositados por 61% do eleitorado, índice alto para o país, numa jornada sem incidentes (embora pelo menos 21 políticos tivessem sido assassinados no correr da campanha).Cercado de ruidosos partidários, Zelaya anunciou na segunda-feira que "não aceitamos os resultados". No lugar da candidata, que estranhamente não deu o ar de sua presença nesse dia, ele ameaçou "ir às ruas" para defender o que declarou serem os seus direitos, "como sempre fizemos" - com as consequências conhecidas, acrescente-se.Os aliados do líder populista sustentam haver "sérias inconsistências" em praticamente 1/5 das atas de apuração, que consignaram as escolhas de 400 mil hondurenhos. Eles acusam os responsáveis de "transmissão irregular de resultados" à central de consolidação dos números da disputa. Só que parecem falar sozinhos.Autorizada pela Justiça a compilar pesquisas de boca de urna nas duas horas finais da votação e a obter dados diretamente das seções eleitorais, a mídia hondurenha não chegou a nenhuma contagem discrepante da oficial. E, até anteontem à noite, mais de 800 observadores estrangeiros, enviados por ONGs e órgãos como a Organização dos Estados Americanos e a União Europeia, tinham elogiado o processo eleitoral.A vitória de Hernández já foi reconhecida por um punhado de países da região, entre os quais, surpreendentemente, a Nicarágua do chavista Daniel Ortega. Mas nada indica que isso fará diferença para Zelaya.

Um político brasileiro, famoso por seu senso de onipotência, costumava dizer que reuniões das quais não participasse não valiam nada. É o que deve achar, à sua maneira, o ex-presidente Manuel Zelaya, o oligarca chavista de Honduras: eleições que ele não ganhe, ainda que por interposta pessoa, não valem. Domingo, o país caribenho de 8,3 milhões de habitantes, que tem a triste distinção de ser um dos mais pobres, mais violentos e mais expostos ao narcotráfico do mundo, foi às urnas escolher o sucessor do atual chefe de governo, Porfírio "Pepe" Lobo, além dos novos membros do Congresso e prefeitos. O vitorioso deverá ser o conservador Juan Orlando Hernández, do governista Partido Nacional. Apurados mais de 60% dos votos, ele batia por 34,2% a 28,8% a candidata que Zelaya escolheu para concorrer por ele - a sua mulher, Xiomara Castro, do partido Liberdade e Refundação (Libre) que criaram em 2011. "Fraude!", bradou o marido. É mais uma sessão desse circo mambembe. Deposto em junho de 2009 pela Justiça hondurenha por forçar a realização de um plebiscito ilegal que lhe permitiria reeleger-se indefinidamente, à maneira de seu mentor venezuelano, Zelaya foi sucedido meses depois por Lobo numa eleição que, para variar, o outro considerou inválida. No dia da posse do vencedor, o chavista deixou a embaixada brasileira em Tegucigalpa - onde, graças à vergonhosa complacência do então presidente Lula, ficou asilado e fez política durante surrealistas quatro meses como se estivesse na sede de seu partido - mudando-se para a República Dominicana. De volta, tratou de ir à forra. Não podendo candidatar-se de novo (Honduras não admite a reeleição, mesmo não consecutiva), lançou o nome de Xiomara. Envergando o mesmo tipo de chapéu de vaqueiro característico do marido, Xiomara, de 54 anos, mergulhou na campanha com a mesma atitude de confronto que havia exibido ao se juntar a ele na representação brasileira. Nesse pleito disputado pela primeira vez por nove candidatos, em vez dos dois de praxe, ela teve o apoio do Foro de São Paulo, uma espécie de Internacional Socialista latino-americana. Ganhou ainda um vídeo apologético de Lula, o que levou a Justiça Eleitoral do país a cobrar explicações do embaixador brasileiro Zenik Krawctschuk. Perto do que ele fez em 2009, é o caso de comparar, isso é café pequeno.As últimas pesquisas pré-eleitorais - divulgadas no limite legal de 30 dias antes da votação - indicaram empate técnico entre Hernández e Xiomara. A isso o casal se aferrou para alegar que a vantagem de cinco pontos dos governistas foi produto de um registro faccioso dos votos depositados por 61% do eleitorado, índice alto para o país, numa jornada sem incidentes (embora pelo menos 21 políticos tivessem sido assassinados no correr da campanha).Cercado de ruidosos partidários, Zelaya anunciou na segunda-feira que "não aceitamos os resultados". No lugar da candidata, que estranhamente não deu o ar de sua presença nesse dia, ele ameaçou "ir às ruas" para defender o que declarou serem os seus direitos, "como sempre fizemos" - com as consequências conhecidas, acrescente-se.Os aliados do líder populista sustentam haver "sérias inconsistências" em praticamente 1/5 das atas de apuração, que consignaram as escolhas de 400 mil hondurenhos. Eles acusam os responsáveis de "transmissão irregular de resultados" à central de consolidação dos números da disputa. Só que parecem falar sozinhos.Autorizada pela Justiça a compilar pesquisas de boca de urna nas duas horas finais da votação e a obter dados diretamente das seções eleitorais, a mídia hondurenha não chegou a nenhuma contagem discrepante da oficial. E, até anteontem à noite, mais de 800 observadores estrangeiros, enviados por ONGs e órgãos como a Organização dos Estados Americanos e a União Europeia, tinham elogiado o processo eleitoral.A vitória de Hernández já foi reconhecida por um punhado de países da região, entre os quais, surpreendentemente, a Nicarágua do chavista Daniel Ortega. Mas nada indica que isso fará diferença para Zelaya.

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