Um Brics mais amplo, confuso e autoritário


O Brasil não ganha nada e perde muito aderindo acriticamente ao projeto de expansão da China, para quem o bloco é um veículo para promover seu confronto com o Ocidente

Por Notas & Informações

Na superfície, a expansão do Brics mostra força. Paradoxalmente, ela aprofunda a crise de identidade do grupo. Sua coesão – grandes países emergentes com perspectiva de forte crescimento – sempre foi potencial, enquanto suas discrepâncias econômicas, políticas e militares são reais. Ao longo dos anos, as discrepâncias aumentaram. Com o acréscimo de Egito, Irã, Argentina, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes, aumentaram mais. Já a coesão está sendo moldada pelas ambições da China.

Geopoliticamente, essa coesão se caracterizava por uma desconfiança da ordem global arquitetada pelos países desenvolvidos. O bloco nunca teve, e nem poderia ter, dadas as discrepâncias, um modelo alternativo. Mas buscava ao menos equilibrar a balança em prol de melhores condições ao seu desenvolvimento. Esse intento dependia das promessas econômicas. Mas elas não se realizaram. Desde que o grupo foi idealizado em 2001 como uma categoria de investimento do Goldman Sachs, a economia chinesa se modernizou e cresceu fortemente, mas agora enfrenta problemas. Após a formalização do bloco, em 2009, a economia da Índia foi a que mais cresceu, mas está longe do tamanho da China. Os outros permaneceram estagnados.

A ampliação aumenta as disparidades. A economia da Arábia Saudita é rica e a única das novas seis em expansão. Os Emirados Árabes são ricos também, mas pequenos. A Etiópia é pobre, o Irã é fechado, a Argentina está quebrada. Se economicamente o Brics ficou mais heterogêneo, politicamente ficou mais autoritário. Com exceção da convoluta democracia argentina, os outros são autocracias moderadas ou fortes.

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Quais teriam sido os critérios para essas escolhas? Segundo Celso Amorim, “primeiro você escolhe os países, aí depois define os critérios”. Mais preocupante que o cinismo exposto pelo mentor da política externa do presidente Lula são os verdadeiros critérios que ele disfarça. Ao fim, prevaleceram as ambições da China de institucionalizar sua liderança sobre o mundo em desenvolvimento. Para Argentina, Egito e Etiópia, o Brics é um meio de acessar investimentos e apoio chinês. Arábia Saudita e Emirados Árabes entram nos planos de Pequim de expandir sua influência no Oriente Médio. A escolha do Irã é mais do que tudo um instrumento de hostilização ao Ocidente.

O arranjo intensifica uma tensão no bloco entre, de um lado, China, Rússia e Irã, que buscam arregimentar aliados para confrontar o Ocidente, e, de outro, potências médias que buscam se manter não alinhadas, como Índia, Brasil e Arábia Saudita. A cúpula em Johannesburgo foi um triunfo para os primeiros, e deixou muitos desafios aos últimos.

Para superá-los, o Brasil precisa estreitar laços com outros países não alinhados, em especial a Índia, na qual também pode se inspirar do ponto de vista econômico e, em parte, geopolítico. A Índia tem sido bem-sucedida em equilibrar seus interesses entre a esfera sino-russa e a ocidental. Esse equilíbrio se sustenta sobre seu crescimento econômico, focado em investimentos numa economia baseada em conhecimento e tecnologia.

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O Brasil foi e é o país com as melhores credenciais democráticas do Brics, e pode fortalecer sua independência e posição de equilíbrio se focar, por exemplo, em revigorar laços com os EUA, concluir o acordo Mercosul-União Europeia ou ingressar na OCDE. Mas esses propósitos têm sofrido com ruídos vindos do revanchismo ideológico do presidente Lula. “O Brasil voltou”, repete sem cessar. Mas ao palco ocidental voltou com relutância, e de Johannesburgo voltou menos relevante.

O Brics continua a oferecer oportunidades ao País. Mas a incoerência e a inoperância do grupo sempre evocaram o célebre lamento de Macbeth sobre a vida: “uma sombra errante”; “um pobre ator que se pavoneia e se aflige no palco”; um conto “cheio de som e fúria, significando nada”. Agora, há o risco de que esse conto, longe de ser “contado por um idiota”, seja moldado às ambições cada vez mais agressivas de uma superpotência autocrática. Isso significa muitas coisas. E nenhuma delas é boa para o Brasil.

Na superfície, a expansão do Brics mostra força. Paradoxalmente, ela aprofunda a crise de identidade do grupo. Sua coesão – grandes países emergentes com perspectiva de forte crescimento – sempre foi potencial, enquanto suas discrepâncias econômicas, políticas e militares são reais. Ao longo dos anos, as discrepâncias aumentaram. Com o acréscimo de Egito, Irã, Argentina, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes, aumentaram mais. Já a coesão está sendo moldada pelas ambições da China.

Geopoliticamente, essa coesão se caracterizava por uma desconfiança da ordem global arquitetada pelos países desenvolvidos. O bloco nunca teve, e nem poderia ter, dadas as discrepâncias, um modelo alternativo. Mas buscava ao menos equilibrar a balança em prol de melhores condições ao seu desenvolvimento. Esse intento dependia das promessas econômicas. Mas elas não se realizaram. Desde que o grupo foi idealizado em 2001 como uma categoria de investimento do Goldman Sachs, a economia chinesa se modernizou e cresceu fortemente, mas agora enfrenta problemas. Após a formalização do bloco, em 2009, a economia da Índia foi a que mais cresceu, mas está longe do tamanho da China. Os outros permaneceram estagnados.

A ampliação aumenta as disparidades. A economia da Arábia Saudita é rica e a única das novas seis em expansão. Os Emirados Árabes são ricos também, mas pequenos. A Etiópia é pobre, o Irã é fechado, a Argentina está quebrada. Se economicamente o Brics ficou mais heterogêneo, politicamente ficou mais autoritário. Com exceção da convoluta democracia argentina, os outros são autocracias moderadas ou fortes.

Quais teriam sido os critérios para essas escolhas? Segundo Celso Amorim, “primeiro você escolhe os países, aí depois define os critérios”. Mais preocupante que o cinismo exposto pelo mentor da política externa do presidente Lula são os verdadeiros critérios que ele disfarça. Ao fim, prevaleceram as ambições da China de institucionalizar sua liderança sobre o mundo em desenvolvimento. Para Argentina, Egito e Etiópia, o Brics é um meio de acessar investimentos e apoio chinês. Arábia Saudita e Emirados Árabes entram nos planos de Pequim de expandir sua influência no Oriente Médio. A escolha do Irã é mais do que tudo um instrumento de hostilização ao Ocidente.

O arranjo intensifica uma tensão no bloco entre, de um lado, China, Rússia e Irã, que buscam arregimentar aliados para confrontar o Ocidente, e, de outro, potências médias que buscam se manter não alinhadas, como Índia, Brasil e Arábia Saudita. A cúpula em Johannesburgo foi um triunfo para os primeiros, e deixou muitos desafios aos últimos.

Para superá-los, o Brasil precisa estreitar laços com outros países não alinhados, em especial a Índia, na qual também pode se inspirar do ponto de vista econômico e, em parte, geopolítico. A Índia tem sido bem-sucedida em equilibrar seus interesses entre a esfera sino-russa e a ocidental. Esse equilíbrio se sustenta sobre seu crescimento econômico, focado em investimentos numa economia baseada em conhecimento e tecnologia.

O Brasil foi e é o país com as melhores credenciais democráticas do Brics, e pode fortalecer sua independência e posição de equilíbrio se focar, por exemplo, em revigorar laços com os EUA, concluir o acordo Mercosul-União Europeia ou ingressar na OCDE. Mas esses propósitos têm sofrido com ruídos vindos do revanchismo ideológico do presidente Lula. “O Brasil voltou”, repete sem cessar. Mas ao palco ocidental voltou com relutância, e de Johannesburgo voltou menos relevante.

O Brics continua a oferecer oportunidades ao País. Mas a incoerência e a inoperância do grupo sempre evocaram o célebre lamento de Macbeth sobre a vida: “uma sombra errante”; “um pobre ator que se pavoneia e se aflige no palco”; um conto “cheio de som e fúria, significando nada”. Agora, há o risco de que esse conto, longe de ser “contado por um idiota”, seja moldado às ambições cada vez mais agressivas de uma superpotência autocrática. Isso significa muitas coisas. E nenhuma delas é boa para o Brasil.

Na superfície, a expansão do Brics mostra força. Paradoxalmente, ela aprofunda a crise de identidade do grupo. Sua coesão – grandes países emergentes com perspectiva de forte crescimento – sempre foi potencial, enquanto suas discrepâncias econômicas, políticas e militares são reais. Ao longo dos anos, as discrepâncias aumentaram. Com o acréscimo de Egito, Irã, Argentina, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes, aumentaram mais. Já a coesão está sendo moldada pelas ambições da China.

Geopoliticamente, essa coesão se caracterizava por uma desconfiança da ordem global arquitetada pelos países desenvolvidos. O bloco nunca teve, e nem poderia ter, dadas as discrepâncias, um modelo alternativo. Mas buscava ao menos equilibrar a balança em prol de melhores condições ao seu desenvolvimento. Esse intento dependia das promessas econômicas. Mas elas não se realizaram. Desde que o grupo foi idealizado em 2001 como uma categoria de investimento do Goldman Sachs, a economia chinesa se modernizou e cresceu fortemente, mas agora enfrenta problemas. Após a formalização do bloco, em 2009, a economia da Índia foi a que mais cresceu, mas está longe do tamanho da China. Os outros permaneceram estagnados.

A ampliação aumenta as disparidades. A economia da Arábia Saudita é rica e a única das novas seis em expansão. Os Emirados Árabes são ricos também, mas pequenos. A Etiópia é pobre, o Irã é fechado, a Argentina está quebrada. Se economicamente o Brics ficou mais heterogêneo, politicamente ficou mais autoritário. Com exceção da convoluta democracia argentina, os outros são autocracias moderadas ou fortes.

Quais teriam sido os critérios para essas escolhas? Segundo Celso Amorim, “primeiro você escolhe os países, aí depois define os critérios”. Mais preocupante que o cinismo exposto pelo mentor da política externa do presidente Lula são os verdadeiros critérios que ele disfarça. Ao fim, prevaleceram as ambições da China de institucionalizar sua liderança sobre o mundo em desenvolvimento. Para Argentina, Egito e Etiópia, o Brics é um meio de acessar investimentos e apoio chinês. Arábia Saudita e Emirados Árabes entram nos planos de Pequim de expandir sua influência no Oriente Médio. A escolha do Irã é mais do que tudo um instrumento de hostilização ao Ocidente.

O arranjo intensifica uma tensão no bloco entre, de um lado, China, Rússia e Irã, que buscam arregimentar aliados para confrontar o Ocidente, e, de outro, potências médias que buscam se manter não alinhadas, como Índia, Brasil e Arábia Saudita. A cúpula em Johannesburgo foi um triunfo para os primeiros, e deixou muitos desafios aos últimos.

Para superá-los, o Brasil precisa estreitar laços com outros países não alinhados, em especial a Índia, na qual também pode se inspirar do ponto de vista econômico e, em parte, geopolítico. A Índia tem sido bem-sucedida em equilibrar seus interesses entre a esfera sino-russa e a ocidental. Esse equilíbrio se sustenta sobre seu crescimento econômico, focado em investimentos numa economia baseada em conhecimento e tecnologia.

O Brasil foi e é o país com as melhores credenciais democráticas do Brics, e pode fortalecer sua independência e posição de equilíbrio se focar, por exemplo, em revigorar laços com os EUA, concluir o acordo Mercosul-União Europeia ou ingressar na OCDE. Mas esses propósitos têm sofrido com ruídos vindos do revanchismo ideológico do presidente Lula. “O Brasil voltou”, repete sem cessar. Mas ao palco ocidental voltou com relutância, e de Johannesburgo voltou menos relevante.

O Brics continua a oferecer oportunidades ao País. Mas a incoerência e a inoperância do grupo sempre evocaram o célebre lamento de Macbeth sobre a vida: “uma sombra errante”; “um pobre ator que se pavoneia e se aflige no palco”; um conto “cheio de som e fúria, significando nada”. Agora, há o risco de que esse conto, longe de ser “contado por um idiota”, seja moldado às ambições cada vez mais agressivas de uma superpotência autocrática. Isso significa muitas coisas. E nenhuma delas é boa para o Brasil.

Na superfície, a expansão do Brics mostra força. Paradoxalmente, ela aprofunda a crise de identidade do grupo. Sua coesão – grandes países emergentes com perspectiva de forte crescimento – sempre foi potencial, enquanto suas discrepâncias econômicas, políticas e militares são reais. Ao longo dos anos, as discrepâncias aumentaram. Com o acréscimo de Egito, Irã, Argentina, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes, aumentaram mais. Já a coesão está sendo moldada pelas ambições da China.

Geopoliticamente, essa coesão se caracterizava por uma desconfiança da ordem global arquitetada pelos países desenvolvidos. O bloco nunca teve, e nem poderia ter, dadas as discrepâncias, um modelo alternativo. Mas buscava ao menos equilibrar a balança em prol de melhores condições ao seu desenvolvimento. Esse intento dependia das promessas econômicas. Mas elas não se realizaram. Desde que o grupo foi idealizado em 2001 como uma categoria de investimento do Goldman Sachs, a economia chinesa se modernizou e cresceu fortemente, mas agora enfrenta problemas. Após a formalização do bloco, em 2009, a economia da Índia foi a que mais cresceu, mas está longe do tamanho da China. Os outros permaneceram estagnados.

A ampliação aumenta as disparidades. A economia da Arábia Saudita é rica e a única das novas seis em expansão. Os Emirados Árabes são ricos também, mas pequenos. A Etiópia é pobre, o Irã é fechado, a Argentina está quebrada. Se economicamente o Brics ficou mais heterogêneo, politicamente ficou mais autoritário. Com exceção da convoluta democracia argentina, os outros são autocracias moderadas ou fortes.

Quais teriam sido os critérios para essas escolhas? Segundo Celso Amorim, “primeiro você escolhe os países, aí depois define os critérios”. Mais preocupante que o cinismo exposto pelo mentor da política externa do presidente Lula são os verdadeiros critérios que ele disfarça. Ao fim, prevaleceram as ambições da China de institucionalizar sua liderança sobre o mundo em desenvolvimento. Para Argentina, Egito e Etiópia, o Brics é um meio de acessar investimentos e apoio chinês. Arábia Saudita e Emirados Árabes entram nos planos de Pequim de expandir sua influência no Oriente Médio. A escolha do Irã é mais do que tudo um instrumento de hostilização ao Ocidente.

O arranjo intensifica uma tensão no bloco entre, de um lado, China, Rússia e Irã, que buscam arregimentar aliados para confrontar o Ocidente, e, de outro, potências médias que buscam se manter não alinhadas, como Índia, Brasil e Arábia Saudita. A cúpula em Johannesburgo foi um triunfo para os primeiros, e deixou muitos desafios aos últimos.

Para superá-los, o Brasil precisa estreitar laços com outros países não alinhados, em especial a Índia, na qual também pode se inspirar do ponto de vista econômico e, em parte, geopolítico. A Índia tem sido bem-sucedida em equilibrar seus interesses entre a esfera sino-russa e a ocidental. Esse equilíbrio se sustenta sobre seu crescimento econômico, focado em investimentos numa economia baseada em conhecimento e tecnologia.

O Brasil foi e é o país com as melhores credenciais democráticas do Brics, e pode fortalecer sua independência e posição de equilíbrio se focar, por exemplo, em revigorar laços com os EUA, concluir o acordo Mercosul-União Europeia ou ingressar na OCDE. Mas esses propósitos têm sofrido com ruídos vindos do revanchismo ideológico do presidente Lula. “O Brasil voltou”, repete sem cessar. Mas ao palco ocidental voltou com relutância, e de Johannesburgo voltou menos relevante.

O Brics continua a oferecer oportunidades ao País. Mas a incoerência e a inoperância do grupo sempre evocaram o célebre lamento de Macbeth sobre a vida: “uma sombra errante”; “um pobre ator que se pavoneia e se aflige no palco”; um conto “cheio de som e fúria, significando nada”. Agora, há o risco de que esse conto, longe de ser “contado por um idiota”, seja moldado às ambições cada vez mais agressivas de uma superpotência autocrática. Isso significa muitas coisas. E nenhuma delas é boa para o Brasil.

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