Edinho Engel comemora 30 anos do Manacá


Restaurateur celebra aniversário de seu restaurante em Camburi com jantares preparados por chefs que marcaram sua trajetória

Por Pedro Marques

Quem vê os pratos servidos nos restaurantes Manacá e Amado (o primeiro fica em Camburi, São Sebastião; o segundo, em Salvador) nem desconfia que o responsável pelos dois estabelecimentos nasceu em Minas Gerais, mais precisamente em Uberlândia, região mais conhecida pelo tutu e pelo torresmo. “Eu sabia fazer leitão, galinha ao molho pardo, pamonha”, recorda Edinho Engel, restaurateur e proprietário das duas casas.

Desbravador. Edinho abriu o Manacá, em meio à Mata Atlântica, com pratos sofisticados Foto: Arquivo Pesoal

Formado em Ciências Sociais e ex-funcionário do Metrô paulistano, ele decidiu largar a carreira em 1982 para se lançar em sua primeira aventura na cozinha, época em que abriu o Fazenda Mineira, que ocupava um imóvel na esquina das Ruas Teodoro Sampaio e Cristiano Viana, no bairro de Pinheiros – “Foi lá que descobri que gostava da bagunça da cozinha”, conta Edinho, como é mais conhecido.

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O embrião do Manacá veio alguns anos depois, em 1988. Aproveitando um imóvel de sua família localizado na praia de Camburi, em meio à Mata Atlântica, ele começou a servir café da manhã para surfistas. Aos poucos, passou a vender marmitas e, em seguida, abriu uma trilha para que mais clientes chegassem a ele, que só foi se tornar um restaurante em 1989.

Àquela época, pode se dizer que foi uma aposta alta. Camburi – e boa parte das praias mais ao norte de São Sebastião – não tinha uma grande infraestrutura para receber turistas, muito menos restaurantes com comidas mais sofisticadas. Acontecia mais de o visitante sentar-se em um salão simples. 

“E aí foi o desafio todo. Não tinha escola de gastronomia, não tinha internet. Aprendi a preparar lula, polvo e camarão com o Manacá”, afirma Edinho, que, por essa falta de opção, se tornou cozinheiro autodidata. Para a sorte dele, foi justamente quando as importações foram liberadas no Brasil e chefs estrangeiros como Emmanuel Bassoleil, Érick Jacquin e Luciano Boseggia começaram a chegar aqui. Eles acabaram sendo seus mestres – não diretamente. 

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Praia. Restaurante do litoral norte é referência na região Foto: Pico Garcez

Edinho sempre esteve mais perto das figuras de restaurateur ou de maître (especialmente dos anos 1970 e 1980, que inventavam pratos) que do chef. “Eu sempre cozinhava, criava as receitas e inspirava a coisa toda. Mas não era eu que ficava na cozinha”, reconhece. Quem chegou a trabalhar com esses chefs foram seus funcionários. “Não fiz estágio, mas mandei muitas pessoas fazerem.” 

E nada disso tira o mérito do proprietário do Manacá, pelo contrário, que aproveitou o conhecimento das grandes cozinhas para elevar receitas corriqueiras do litoral paulista a clássicos, caso do peixe à caiçara, servido com arroz de coco e pirão, e do papillote de robalo com farofinha de camarão.

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“(O papillote) surgiu bem no começo dos anos 90 e continua sendo o peixe mais vendido do Manacá”, afirma. Soma-se isso o pioneirismo, pois foi o restaurante que abriu caminho para a boa gastronomia no litoral norte. “A gente acabou tendo um papel importante em criar uma cultura gastronômica local.”

+ RECEITA: Papillote de robalo com farofinha de camarão do Manacá 

No Nordeste. Apesar do sucesso e reconhecimento com o Manacá, Edinho hoje se dedica mais a cuidar do Amado, seu restaurante em Salvador, aberto em 2006. A mudança para lá se deu quase por acaso: a família queria se mudar para uma cidade maior. “Mas São Paulo tinha sido vetada por minha esposa”, lembra. Ao mesmo tempo, ele frequentava muito a capital baiana e, numa dessas idas e vindas, acabou recebendo uma proposta para alugar o espaço onde hoje fica o Amado. “Não dava para perder a oportunidade.”

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Clássico. Papillote de robalo com farofa de camarão, surgiu no começo dos anos 90 e continua sendo o peixe mais vendido Foto: Romulo Fialdini

Não que ele se sinta triste. Para ele, o Manacá é aquele filho mais velho que tem vida própria e ele visita quando pode. “O restaurante criou uma equipe muito estável, muito forte e continua produzindo bem, virou um clássico. É até difícil mexer no cardápio”, comenta. “Não é um lugar para ser novidadeiro. O importante é que experiência seja gostosa, e isso continua acontecendo.”  Tanto é verdade que, para comemorar os 30 anos da casa, dois jantares especiais serão realizados com um time de chefs de peso.

30 anos do Manacá: dois jantares, uma celebração

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A comemoração de 30 anos do Manacá terá duas noites de festa. No próximo dia 17, a casa recebe a equipe do Château de la Gaude, restaurante da região de Provença (França). O chef Matthieu Dupuis Baumal vai preparar um menu-degustação com cinco pratos que devem combinar ingredientes franceses e brasileiros.

No dia seguinte (18), Edinho vai deixar de lado os pratos clássicos do restaurante e receberá chefs e cozinheiros que influenciaram e/ou trabalharam no Manacá. “Chamei os caras que fizeram minha cabeça lá atrás, para fazer um jantar de amor e celebração", diz. Quem vem? Da velha guarda Emmanuel Bassoleil, Érick Jacquin, Hamilton Mellão e Luciano Boseggia.

Já entre aqueles que são considerados pupilos estão Maurício Santi e Gustavo Rozzino. Cabe ainda espaço a uma homenagem: Lina Borges, primeira cozinheira do restaurante, que também participa da festa. Cada um vai preparar pelo menos um dos oito pratos, como o robalo ao vapor com creme de champanhe e caviar ou o camarão-rosa ao molho de prosecco e tartufata sobre medalhão de pupunha grelhado. Todas as etapas serão harmonizadas com vinhos escolhidos pelo sommelier Manoel Beato. 

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SERVIÇO

Jantares comemorativos de 30 anos do Manacá

Dia 17/01: Menu-degustação de 5 tempos, preparado pela comitiva do Chatêau de la Gaude (R$350 por pessoa, sem bebidas ou serviço)

Dia 18/01: Menu-degustação de 8 tempos, preparado pelos chefs Edinho Engel e Maria Ferreira, Paulinho Martins, Mauricio Santi, Hamilton Mellão, Emmanoel Bassoleil, Érick Jacquin, Luciano Bossegia e Gustavo Rozzino e harmonizado por Manoel Beato (R$600, com harmonização de vinhos. Taxa de serviço não inclusa)

Onde: R. Manacá, 102 - Praia de Camburí, São Sebastião - SP Reservas: pelo email manaca@restaurantemanaca.com.br ou pelo (12) 3865-1566

Quem vê os pratos servidos nos restaurantes Manacá e Amado (o primeiro fica em Camburi, São Sebastião; o segundo, em Salvador) nem desconfia que o responsável pelos dois estabelecimentos nasceu em Minas Gerais, mais precisamente em Uberlândia, região mais conhecida pelo tutu e pelo torresmo. “Eu sabia fazer leitão, galinha ao molho pardo, pamonha”, recorda Edinho Engel, restaurateur e proprietário das duas casas.

Desbravador. Edinho abriu o Manacá, em meio à Mata Atlântica, com pratos sofisticados Foto: Arquivo Pesoal

Formado em Ciências Sociais e ex-funcionário do Metrô paulistano, ele decidiu largar a carreira em 1982 para se lançar em sua primeira aventura na cozinha, época em que abriu o Fazenda Mineira, que ocupava um imóvel na esquina das Ruas Teodoro Sampaio e Cristiano Viana, no bairro de Pinheiros – “Foi lá que descobri que gostava da bagunça da cozinha”, conta Edinho, como é mais conhecido.

O embrião do Manacá veio alguns anos depois, em 1988. Aproveitando um imóvel de sua família localizado na praia de Camburi, em meio à Mata Atlântica, ele começou a servir café da manhã para surfistas. Aos poucos, passou a vender marmitas e, em seguida, abriu uma trilha para que mais clientes chegassem a ele, que só foi se tornar um restaurante em 1989.

Àquela época, pode se dizer que foi uma aposta alta. Camburi – e boa parte das praias mais ao norte de São Sebastião – não tinha uma grande infraestrutura para receber turistas, muito menos restaurantes com comidas mais sofisticadas. Acontecia mais de o visitante sentar-se em um salão simples. 

“E aí foi o desafio todo. Não tinha escola de gastronomia, não tinha internet. Aprendi a preparar lula, polvo e camarão com o Manacá”, afirma Edinho, que, por essa falta de opção, se tornou cozinheiro autodidata. Para a sorte dele, foi justamente quando as importações foram liberadas no Brasil e chefs estrangeiros como Emmanuel Bassoleil, Érick Jacquin e Luciano Boseggia começaram a chegar aqui. Eles acabaram sendo seus mestres – não diretamente. 

Praia. Restaurante do litoral norte é referência na região Foto: Pico Garcez

Edinho sempre esteve mais perto das figuras de restaurateur ou de maître (especialmente dos anos 1970 e 1980, que inventavam pratos) que do chef. “Eu sempre cozinhava, criava as receitas e inspirava a coisa toda. Mas não era eu que ficava na cozinha”, reconhece. Quem chegou a trabalhar com esses chefs foram seus funcionários. “Não fiz estágio, mas mandei muitas pessoas fazerem.” 

E nada disso tira o mérito do proprietário do Manacá, pelo contrário, que aproveitou o conhecimento das grandes cozinhas para elevar receitas corriqueiras do litoral paulista a clássicos, caso do peixe à caiçara, servido com arroz de coco e pirão, e do papillote de robalo com farofinha de camarão.

“(O papillote) surgiu bem no começo dos anos 90 e continua sendo o peixe mais vendido do Manacá”, afirma. Soma-se isso o pioneirismo, pois foi o restaurante que abriu caminho para a boa gastronomia no litoral norte. “A gente acabou tendo um papel importante em criar uma cultura gastronômica local.”

+ RECEITA: Papillote de robalo com farofinha de camarão do Manacá 

No Nordeste. Apesar do sucesso e reconhecimento com o Manacá, Edinho hoje se dedica mais a cuidar do Amado, seu restaurante em Salvador, aberto em 2006. A mudança para lá se deu quase por acaso: a família queria se mudar para uma cidade maior. “Mas São Paulo tinha sido vetada por minha esposa”, lembra. Ao mesmo tempo, ele frequentava muito a capital baiana e, numa dessas idas e vindas, acabou recebendo uma proposta para alugar o espaço onde hoje fica o Amado. “Não dava para perder a oportunidade.”

Clássico. Papillote de robalo com farofa de camarão, surgiu no começo dos anos 90 e continua sendo o peixe mais vendido Foto: Romulo Fialdini

Não que ele se sinta triste. Para ele, o Manacá é aquele filho mais velho que tem vida própria e ele visita quando pode. “O restaurante criou uma equipe muito estável, muito forte e continua produzindo bem, virou um clássico. É até difícil mexer no cardápio”, comenta. “Não é um lugar para ser novidadeiro. O importante é que experiência seja gostosa, e isso continua acontecendo.”  Tanto é verdade que, para comemorar os 30 anos da casa, dois jantares especiais serão realizados com um time de chefs de peso.

30 anos do Manacá: dois jantares, uma celebração

A comemoração de 30 anos do Manacá terá duas noites de festa. No próximo dia 17, a casa recebe a equipe do Château de la Gaude, restaurante da região de Provença (França). O chef Matthieu Dupuis Baumal vai preparar um menu-degustação com cinco pratos que devem combinar ingredientes franceses e brasileiros.

No dia seguinte (18), Edinho vai deixar de lado os pratos clássicos do restaurante e receberá chefs e cozinheiros que influenciaram e/ou trabalharam no Manacá. “Chamei os caras que fizeram minha cabeça lá atrás, para fazer um jantar de amor e celebração", diz. Quem vem? Da velha guarda Emmanuel Bassoleil, Érick Jacquin, Hamilton Mellão e Luciano Boseggia.

Já entre aqueles que são considerados pupilos estão Maurício Santi e Gustavo Rozzino. Cabe ainda espaço a uma homenagem: Lina Borges, primeira cozinheira do restaurante, que também participa da festa. Cada um vai preparar pelo menos um dos oito pratos, como o robalo ao vapor com creme de champanhe e caviar ou o camarão-rosa ao molho de prosecco e tartufata sobre medalhão de pupunha grelhado. Todas as etapas serão harmonizadas com vinhos escolhidos pelo sommelier Manoel Beato. 

SERVIÇO

Jantares comemorativos de 30 anos do Manacá

Dia 17/01: Menu-degustação de 5 tempos, preparado pela comitiva do Chatêau de la Gaude (R$350 por pessoa, sem bebidas ou serviço)

Dia 18/01: Menu-degustação de 8 tempos, preparado pelos chefs Edinho Engel e Maria Ferreira, Paulinho Martins, Mauricio Santi, Hamilton Mellão, Emmanoel Bassoleil, Érick Jacquin, Luciano Bossegia e Gustavo Rozzino e harmonizado por Manoel Beato (R$600, com harmonização de vinhos. Taxa de serviço não inclusa)

Onde: R. Manacá, 102 - Praia de Camburí, São Sebastião - SP Reservas: pelo email manaca@restaurantemanaca.com.br ou pelo (12) 3865-1566

Quem vê os pratos servidos nos restaurantes Manacá e Amado (o primeiro fica em Camburi, São Sebastião; o segundo, em Salvador) nem desconfia que o responsável pelos dois estabelecimentos nasceu em Minas Gerais, mais precisamente em Uberlândia, região mais conhecida pelo tutu e pelo torresmo. “Eu sabia fazer leitão, galinha ao molho pardo, pamonha”, recorda Edinho Engel, restaurateur e proprietário das duas casas.

Desbravador. Edinho abriu o Manacá, em meio à Mata Atlântica, com pratos sofisticados Foto: Arquivo Pesoal

Formado em Ciências Sociais e ex-funcionário do Metrô paulistano, ele decidiu largar a carreira em 1982 para se lançar em sua primeira aventura na cozinha, época em que abriu o Fazenda Mineira, que ocupava um imóvel na esquina das Ruas Teodoro Sampaio e Cristiano Viana, no bairro de Pinheiros – “Foi lá que descobri que gostava da bagunça da cozinha”, conta Edinho, como é mais conhecido.

O embrião do Manacá veio alguns anos depois, em 1988. Aproveitando um imóvel de sua família localizado na praia de Camburi, em meio à Mata Atlântica, ele começou a servir café da manhã para surfistas. Aos poucos, passou a vender marmitas e, em seguida, abriu uma trilha para que mais clientes chegassem a ele, que só foi se tornar um restaurante em 1989.

Àquela época, pode se dizer que foi uma aposta alta. Camburi – e boa parte das praias mais ao norte de São Sebastião – não tinha uma grande infraestrutura para receber turistas, muito menos restaurantes com comidas mais sofisticadas. Acontecia mais de o visitante sentar-se em um salão simples. 

“E aí foi o desafio todo. Não tinha escola de gastronomia, não tinha internet. Aprendi a preparar lula, polvo e camarão com o Manacá”, afirma Edinho, que, por essa falta de opção, se tornou cozinheiro autodidata. Para a sorte dele, foi justamente quando as importações foram liberadas no Brasil e chefs estrangeiros como Emmanuel Bassoleil, Érick Jacquin e Luciano Boseggia começaram a chegar aqui. Eles acabaram sendo seus mestres – não diretamente. 

Praia. Restaurante do litoral norte é referência na região Foto: Pico Garcez

Edinho sempre esteve mais perto das figuras de restaurateur ou de maître (especialmente dos anos 1970 e 1980, que inventavam pratos) que do chef. “Eu sempre cozinhava, criava as receitas e inspirava a coisa toda. Mas não era eu que ficava na cozinha”, reconhece. Quem chegou a trabalhar com esses chefs foram seus funcionários. “Não fiz estágio, mas mandei muitas pessoas fazerem.” 

E nada disso tira o mérito do proprietário do Manacá, pelo contrário, que aproveitou o conhecimento das grandes cozinhas para elevar receitas corriqueiras do litoral paulista a clássicos, caso do peixe à caiçara, servido com arroz de coco e pirão, e do papillote de robalo com farofinha de camarão.

“(O papillote) surgiu bem no começo dos anos 90 e continua sendo o peixe mais vendido do Manacá”, afirma. Soma-se isso o pioneirismo, pois foi o restaurante que abriu caminho para a boa gastronomia no litoral norte. “A gente acabou tendo um papel importante em criar uma cultura gastronômica local.”

+ RECEITA: Papillote de robalo com farofinha de camarão do Manacá 

No Nordeste. Apesar do sucesso e reconhecimento com o Manacá, Edinho hoje se dedica mais a cuidar do Amado, seu restaurante em Salvador, aberto em 2006. A mudança para lá se deu quase por acaso: a família queria se mudar para uma cidade maior. “Mas São Paulo tinha sido vetada por minha esposa”, lembra. Ao mesmo tempo, ele frequentava muito a capital baiana e, numa dessas idas e vindas, acabou recebendo uma proposta para alugar o espaço onde hoje fica o Amado. “Não dava para perder a oportunidade.”

Clássico. Papillote de robalo com farofa de camarão, surgiu no começo dos anos 90 e continua sendo o peixe mais vendido Foto: Romulo Fialdini

Não que ele se sinta triste. Para ele, o Manacá é aquele filho mais velho que tem vida própria e ele visita quando pode. “O restaurante criou uma equipe muito estável, muito forte e continua produzindo bem, virou um clássico. É até difícil mexer no cardápio”, comenta. “Não é um lugar para ser novidadeiro. O importante é que experiência seja gostosa, e isso continua acontecendo.”  Tanto é verdade que, para comemorar os 30 anos da casa, dois jantares especiais serão realizados com um time de chefs de peso.

30 anos do Manacá: dois jantares, uma celebração

A comemoração de 30 anos do Manacá terá duas noites de festa. No próximo dia 17, a casa recebe a equipe do Château de la Gaude, restaurante da região de Provença (França). O chef Matthieu Dupuis Baumal vai preparar um menu-degustação com cinco pratos que devem combinar ingredientes franceses e brasileiros.

No dia seguinte (18), Edinho vai deixar de lado os pratos clássicos do restaurante e receberá chefs e cozinheiros que influenciaram e/ou trabalharam no Manacá. “Chamei os caras que fizeram minha cabeça lá atrás, para fazer um jantar de amor e celebração", diz. Quem vem? Da velha guarda Emmanuel Bassoleil, Érick Jacquin, Hamilton Mellão e Luciano Boseggia.

Já entre aqueles que são considerados pupilos estão Maurício Santi e Gustavo Rozzino. Cabe ainda espaço a uma homenagem: Lina Borges, primeira cozinheira do restaurante, que também participa da festa. Cada um vai preparar pelo menos um dos oito pratos, como o robalo ao vapor com creme de champanhe e caviar ou o camarão-rosa ao molho de prosecco e tartufata sobre medalhão de pupunha grelhado. Todas as etapas serão harmonizadas com vinhos escolhidos pelo sommelier Manoel Beato. 

SERVIÇO

Jantares comemorativos de 30 anos do Manacá

Dia 17/01: Menu-degustação de 5 tempos, preparado pela comitiva do Chatêau de la Gaude (R$350 por pessoa, sem bebidas ou serviço)

Dia 18/01: Menu-degustação de 8 tempos, preparado pelos chefs Edinho Engel e Maria Ferreira, Paulinho Martins, Mauricio Santi, Hamilton Mellão, Emmanoel Bassoleil, Érick Jacquin, Luciano Bossegia e Gustavo Rozzino e harmonizado por Manoel Beato (R$600, com harmonização de vinhos. Taxa de serviço não inclusa)

Onde: R. Manacá, 102 - Praia de Camburí, São Sebastião - SP Reservas: pelo email manaca@restaurantemanaca.com.br ou pelo (12) 3865-1566

Quem vê os pratos servidos nos restaurantes Manacá e Amado (o primeiro fica em Camburi, São Sebastião; o segundo, em Salvador) nem desconfia que o responsável pelos dois estabelecimentos nasceu em Minas Gerais, mais precisamente em Uberlândia, região mais conhecida pelo tutu e pelo torresmo. “Eu sabia fazer leitão, galinha ao molho pardo, pamonha”, recorda Edinho Engel, restaurateur e proprietário das duas casas.

Desbravador. Edinho abriu o Manacá, em meio à Mata Atlântica, com pratos sofisticados Foto: Arquivo Pesoal

Formado em Ciências Sociais e ex-funcionário do Metrô paulistano, ele decidiu largar a carreira em 1982 para se lançar em sua primeira aventura na cozinha, época em que abriu o Fazenda Mineira, que ocupava um imóvel na esquina das Ruas Teodoro Sampaio e Cristiano Viana, no bairro de Pinheiros – “Foi lá que descobri que gostava da bagunça da cozinha”, conta Edinho, como é mais conhecido.

O embrião do Manacá veio alguns anos depois, em 1988. Aproveitando um imóvel de sua família localizado na praia de Camburi, em meio à Mata Atlântica, ele começou a servir café da manhã para surfistas. Aos poucos, passou a vender marmitas e, em seguida, abriu uma trilha para que mais clientes chegassem a ele, que só foi se tornar um restaurante em 1989.

Àquela época, pode se dizer que foi uma aposta alta. Camburi – e boa parte das praias mais ao norte de São Sebastião – não tinha uma grande infraestrutura para receber turistas, muito menos restaurantes com comidas mais sofisticadas. Acontecia mais de o visitante sentar-se em um salão simples. 

“E aí foi o desafio todo. Não tinha escola de gastronomia, não tinha internet. Aprendi a preparar lula, polvo e camarão com o Manacá”, afirma Edinho, que, por essa falta de opção, se tornou cozinheiro autodidata. Para a sorte dele, foi justamente quando as importações foram liberadas no Brasil e chefs estrangeiros como Emmanuel Bassoleil, Érick Jacquin e Luciano Boseggia começaram a chegar aqui. Eles acabaram sendo seus mestres – não diretamente. 

Praia. Restaurante do litoral norte é referência na região Foto: Pico Garcez

Edinho sempre esteve mais perto das figuras de restaurateur ou de maître (especialmente dos anos 1970 e 1980, que inventavam pratos) que do chef. “Eu sempre cozinhava, criava as receitas e inspirava a coisa toda. Mas não era eu que ficava na cozinha”, reconhece. Quem chegou a trabalhar com esses chefs foram seus funcionários. “Não fiz estágio, mas mandei muitas pessoas fazerem.” 

E nada disso tira o mérito do proprietário do Manacá, pelo contrário, que aproveitou o conhecimento das grandes cozinhas para elevar receitas corriqueiras do litoral paulista a clássicos, caso do peixe à caiçara, servido com arroz de coco e pirão, e do papillote de robalo com farofinha de camarão.

“(O papillote) surgiu bem no começo dos anos 90 e continua sendo o peixe mais vendido do Manacá”, afirma. Soma-se isso o pioneirismo, pois foi o restaurante que abriu caminho para a boa gastronomia no litoral norte. “A gente acabou tendo um papel importante em criar uma cultura gastronômica local.”

+ RECEITA: Papillote de robalo com farofinha de camarão do Manacá 

No Nordeste. Apesar do sucesso e reconhecimento com o Manacá, Edinho hoje se dedica mais a cuidar do Amado, seu restaurante em Salvador, aberto em 2006. A mudança para lá se deu quase por acaso: a família queria se mudar para uma cidade maior. “Mas São Paulo tinha sido vetada por minha esposa”, lembra. Ao mesmo tempo, ele frequentava muito a capital baiana e, numa dessas idas e vindas, acabou recebendo uma proposta para alugar o espaço onde hoje fica o Amado. “Não dava para perder a oportunidade.”

Clássico. Papillote de robalo com farofa de camarão, surgiu no começo dos anos 90 e continua sendo o peixe mais vendido Foto: Romulo Fialdini

Não que ele se sinta triste. Para ele, o Manacá é aquele filho mais velho que tem vida própria e ele visita quando pode. “O restaurante criou uma equipe muito estável, muito forte e continua produzindo bem, virou um clássico. É até difícil mexer no cardápio”, comenta. “Não é um lugar para ser novidadeiro. O importante é que experiência seja gostosa, e isso continua acontecendo.”  Tanto é verdade que, para comemorar os 30 anos da casa, dois jantares especiais serão realizados com um time de chefs de peso.

30 anos do Manacá: dois jantares, uma celebração

A comemoração de 30 anos do Manacá terá duas noites de festa. No próximo dia 17, a casa recebe a equipe do Château de la Gaude, restaurante da região de Provença (França). O chef Matthieu Dupuis Baumal vai preparar um menu-degustação com cinco pratos que devem combinar ingredientes franceses e brasileiros.

No dia seguinte (18), Edinho vai deixar de lado os pratos clássicos do restaurante e receberá chefs e cozinheiros que influenciaram e/ou trabalharam no Manacá. “Chamei os caras que fizeram minha cabeça lá atrás, para fazer um jantar de amor e celebração", diz. Quem vem? Da velha guarda Emmanuel Bassoleil, Érick Jacquin, Hamilton Mellão e Luciano Boseggia.

Já entre aqueles que são considerados pupilos estão Maurício Santi e Gustavo Rozzino. Cabe ainda espaço a uma homenagem: Lina Borges, primeira cozinheira do restaurante, que também participa da festa. Cada um vai preparar pelo menos um dos oito pratos, como o robalo ao vapor com creme de champanhe e caviar ou o camarão-rosa ao molho de prosecco e tartufata sobre medalhão de pupunha grelhado. Todas as etapas serão harmonizadas com vinhos escolhidos pelo sommelier Manoel Beato. 

SERVIÇO

Jantares comemorativos de 30 anos do Manacá

Dia 17/01: Menu-degustação de 5 tempos, preparado pela comitiva do Chatêau de la Gaude (R$350 por pessoa, sem bebidas ou serviço)

Dia 18/01: Menu-degustação de 8 tempos, preparado pelos chefs Edinho Engel e Maria Ferreira, Paulinho Martins, Mauricio Santi, Hamilton Mellão, Emmanoel Bassoleil, Érick Jacquin, Luciano Bossegia e Gustavo Rozzino e harmonizado por Manoel Beato (R$600, com harmonização de vinhos. Taxa de serviço não inclusa)

Onde: R. Manacá, 102 - Praia de Camburí, São Sebastião - SP Reservas: pelo email manaca@restaurantemanaca.com.br ou pelo (12) 3865-1566

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