Um movimento liderado por dois negócios de impacto social nasceu para ajudar a barrar a disseminação do novo coronavírus no Brasil. A iniciativa conjunta do Colab (plataforma de engajamento para a cidadania) e Epitrack (startup de inteligência de dados focada em monitoramento e controle de doenças) pretende identificar antecipadamente o risco de casos da covid-19 no País.
Por meio de um aplicativo gratuito baixado no celular (sistemas Android e IOS), os brasileiros e brasileiras podem fornecer dados, de maneira anônima, sobre o próprio estado de saúde; essas informações se tornarão insumos para que seja construído um mapa nacional de risco.
A plataforma Brasil sem Corona trará dois tipos de indicadores: estimativa de casos da covid-19 por territórios, atualizada em tempo real, e uma precisão da evolução da incidência em até sete dias. Esse conteúdo, transformado em planilhas, será disponibilizado para que gestores públicos usem as informações para nortear a tomada de decisão de saúde pública a partir da previsibilidade sobre os riscos de contágio, priorizando regiões mais vulneráveis.
A união desses dois negócios de base tecnológica e impacto social responde a um enorme desafio que temos diante da pandemia - vencer a lacuna de informações sobre o número de infectados e a sua localização. Como o paciente só entra na estatística do sistema de saúde quando procura assistência médica, no período entre o surgimento dos sintomas e a notificação, ele pode ter transmitido o vírus para outras pessoas, sem que haja registro.
Na prática, a falta de informações precisas compromete a atuação do poder público. A iniciativa permite, então, uma vigilância participativa, ou seja, a população pode contribuir para gerar dados que são extremamente relevantes para atuação da gestão pública.
Em uma coluna anterior, destaquei o quanto a atuação do Colab em parceria com a ONU-Habitat (Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos) tem colaborado para diagnosticar os avanços brasileiros nas metas de desenvolvimento urbano sustentável. Fundado em 2013, o negócio liderado por Gustavo Maia e Paulo Pandolfi foi eleito o melhor aplicativo do mundo pela New Cities Foundation.
A pernambucana Epitrack, por sua vez, foi fundada pelo empreendedor e biomédico Onício Leal Neto e atua no segmento de digital health alinhada à missão de proporcionar acesso inteligente à saúde a partir de plataformas com mapas interativos - que mostram como doenças se comportam no território.
Criado em 2013, o negócio de impacto social se tornou referência internacional na construção de plataformas baseadas em crowdsourcing e inteligência epidemiológica, tendo atuado em países como Estados Unidos, Canadá e Suíça e Porto Rico. Essa startup desenvolveu plataformas de vigilância participativa em grandes eventos como a Saúde na Copa - para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil -, e a Guardiões da Saúde, voltada aos Jogos Olímpicos de 2016.
Diante de incertezas trazidas pela pandemia do novo coronavírus, uma verdade emerge: o combate ao vírus passa por ações individuais de alto impacto coletivo. E a iniciativa dessas duas empresas de tecnologia - Colab e Epitrack - traz justamente essa premissa. Devemos munir, individualmente, a plataforma de informações corretas e honestas para que como sociedade possamos agir em prol do benefício coletivo.
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* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.