Análise: Bolsonaro não compreende que tempo dos césares passou


Seu achado da vez consiste em submeter a si e ao seu ministro da Justiça ao julgamento das multidões nos estádios de futebol – como se ali estivesse toda a sociedade

Por Carlos Melo

A maior e a mais aparente aflição dos brasileiros se dá em torno da retomada do desenvolvimento econômico. Sem ele, continuam elevados os índices de desemprego e a crise social. Mas, desenvolvimento econômico depende da solidez de instituições que evitem incertezas; capazes de estabelecer pactos entre os mais distintos setores de uma sociedade naturalmente diversificada.

Presidente Jair Bolsonaro e ministro Sérgio Moro no estádio Mané Garrincha durante jogo CSA X Flamengo Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

Instituições são impessoais, perenes, estáveis e estabelecem procedimentos gerais. São avessas ao personalismo, ao apelo populista, à tentação do diálogo direto que políticos pretensamente carismáticos busquem estabelecer com as massas – como na Venezuela, por exemplo. A sociedade moderna é democrática e não pode prescindir de instituições.

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Infelizmente, o presidente Jair Bolsonaro parece não compreender isso. Não se “dobra” à realidade de instituições democráticas – baseadas na Constituição que, por sinal, eleito, prometeu defender. Insiste no voluntarismo de recorrer diretamente ao que entende como “o povo”, desqualificando instituições. Seu achado da vez consiste em submeter a si e ao seu ministro da Justiça ao julgamento das multidões nos estádios de futebol – como se ali estivesse toda a sociedade. 

Política nos estádios: veja os presidentes na torcida (e como foram recebidos)

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Política nos estádios: veja os presidentes na torcida (e como foram recebidos)

Foto: Acervo Estadão/Dida Sampaio/Estadão e José Patrício/Estadão
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Jair Bolsonaro - 2019

Foto: Alex Silva/Estadão
3 | 11

Bolsonaro - 2019

Foto: Dida Sampaio/Estadão
4 | 11

Temer - 2016

Foto: Mark Humphrey/AP
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Dilma - 2014

Foto: Wilton Junior/Estadão
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Dilma - 2014

Foto: José Patrício/Estadão
7 | 11

Lula - 2013

Foto: Alex Silva/Estadão
8 | 11

Lula - 2007

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência
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Médici - 1970

Foto: Acervo Estadão
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Médici - 1970

Foto: Acervo Estadão
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Dutra - 1950

Foto: Arquivo Nacional

O tempo dos césares passou. De lá para cá, a humanidade viveu avanços: aperfeiçoou o convívio do poder com os cidadãos, estabeleceu regras e métodos por meio da “democracia representativa”, estabilizou relações. É isso que traz segurança, investimento, bem-estar. Fora disso, não há democracia; apenas a deturpação de seu conceito e o aprofundamento da crise.* CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO INSPER

A maior e a mais aparente aflição dos brasileiros se dá em torno da retomada do desenvolvimento econômico. Sem ele, continuam elevados os índices de desemprego e a crise social. Mas, desenvolvimento econômico depende da solidez de instituições que evitem incertezas; capazes de estabelecer pactos entre os mais distintos setores de uma sociedade naturalmente diversificada.

Presidente Jair Bolsonaro e ministro Sérgio Moro no estádio Mané Garrincha durante jogo CSA X Flamengo Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

Instituições são impessoais, perenes, estáveis e estabelecem procedimentos gerais. São avessas ao personalismo, ao apelo populista, à tentação do diálogo direto que políticos pretensamente carismáticos busquem estabelecer com as massas – como na Venezuela, por exemplo. A sociedade moderna é democrática e não pode prescindir de instituições.

Infelizmente, o presidente Jair Bolsonaro parece não compreender isso. Não se “dobra” à realidade de instituições democráticas – baseadas na Constituição que, por sinal, eleito, prometeu defender. Insiste no voluntarismo de recorrer diretamente ao que entende como “o povo”, desqualificando instituições. Seu achado da vez consiste em submeter a si e ao seu ministro da Justiça ao julgamento das multidões nos estádios de futebol – como se ali estivesse toda a sociedade. 

Política nos estádios: veja os presidentes na torcida (e como foram recebidos)

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Jair Bolsonaro - 2019

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Temer - 2016

Foto: Mark Humphrey/AP
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Dilma - 2014

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Lula - 2007

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência
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Médici - 1970

Foto: Acervo Estadão
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Médici - 1970

Foto: Acervo Estadão
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Dutra - 1950

Foto: Arquivo Nacional

O tempo dos césares passou. De lá para cá, a humanidade viveu avanços: aperfeiçoou o convívio do poder com os cidadãos, estabeleceu regras e métodos por meio da “democracia representativa”, estabilizou relações. É isso que traz segurança, investimento, bem-estar. Fora disso, não há democracia; apenas a deturpação de seu conceito e o aprofundamento da crise.* CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO INSPER

A maior e a mais aparente aflição dos brasileiros se dá em torno da retomada do desenvolvimento econômico. Sem ele, continuam elevados os índices de desemprego e a crise social. Mas, desenvolvimento econômico depende da solidez de instituições que evitem incertezas; capazes de estabelecer pactos entre os mais distintos setores de uma sociedade naturalmente diversificada.

Presidente Jair Bolsonaro e ministro Sérgio Moro no estádio Mané Garrincha durante jogo CSA X Flamengo Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

Instituições são impessoais, perenes, estáveis e estabelecem procedimentos gerais. São avessas ao personalismo, ao apelo populista, à tentação do diálogo direto que políticos pretensamente carismáticos busquem estabelecer com as massas – como na Venezuela, por exemplo. A sociedade moderna é democrática e não pode prescindir de instituições.

Infelizmente, o presidente Jair Bolsonaro parece não compreender isso. Não se “dobra” à realidade de instituições democráticas – baseadas na Constituição que, por sinal, eleito, prometeu defender. Insiste no voluntarismo de recorrer diretamente ao que entende como “o povo”, desqualificando instituições. Seu achado da vez consiste em submeter a si e ao seu ministro da Justiça ao julgamento das multidões nos estádios de futebol – como se ali estivesse toda a sociedade. 

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Foto: Acervo Estadão/Dida Sampaio/Estadão e José Patrício/Estadão
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Temer - 2016

Foto: Mark Humphrey/AP
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Dilma - 2014

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Dilma - 2014

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Lula - 2007

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Foto: Acervo Estadão
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Médici - 1970

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Dutra - 1950

Foto: Arquivo Nacional

O tempo dos césares passou. De lá para cá, a humanidade viveu avanços: aperfeiçoou o convívio do poder com os cidadãos, estabeleceu regras e métodos por meio da “democracia representativa”, estabilizou relações. É isso que traz segurança, investimento, bem-estar. Fora disso, não há democracia; apenas a deturpação de seu conceito e o aprofundamento da crise.* CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO INSPER

A maior e a mais aparente aflição dos brasileiros se dá em torno da retomada do desenvolvimento econômico. Sem ele, continuam elevados os índices de desemprego e a crise social. Mas, desenvolvimento econômico depende da solidez de instituições que evitem incertezas; capazes de estabelecer pactos entre os mais distintos setores de uma sociedade naturalmente diversificada.

Presidente Jair Bolsonaro e ministro Sérgio Moro no estádio Mané Garrincha durante jogo CSA X Flamengo Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

Instituições são impessoais, perenes, estáveis e estabelecem procedimentos gerais. São avessas ao personalismo, ao apelo populista, à tentação do diálogo direto que políticos pretensamente carismáticos busquem estabelecer com as massas – como na Venezuela, por exemplo. A sociedade moderna é democrática e não pode prescindir de instituições.

Infelizmente, o presidente Jair Bolsonaro parece não compreender isso. Não se “dobra” à realidade de instituições democráticas – baseadas na Constituição que, por sinal, eleito, prometeu defender. Insiste no voluntarismo de recorrer diretamente ao que entende como “o povo”, desqualificando instituições. Seu achado da vez consiste em submeter a si e ao seu ministro da Justiça ao julgamento das multidões nos estádios de futebol – como se ali estivesse toda a sociedade. 

Política nos estádios: veja os presidentes na torcida (e como foram recebidos)

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Foto: Acervo Estadão/Dida Sampaio/Estadão e José Patrício/Estadão
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Jair Bolsonaro - 2019

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Bolsonaro - 2019

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Temer - 2016

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Foto: José Patrício/Estadão
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Lula - 2007

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência
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Médici - 1970

Foto: Acervo Estadão
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Médici - 1970

Foto: Acervo Estadão
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Dutra - 1950

Foto: Arquivo Nacional

O tempo dos césares passou. De lá para cá, a humanidade viveu avanços: aperfeiçoou o convívio do poder com os cidadãos, estabeleceu regras e métodos por meio da “democracia representativa”, estabilizou relações. É isso que traz segurança, investimento, bem-estar. Fora disso, não há democracia; apenas a deturpação de seu conceito e o aprofundamento da crise.* CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO INSPER

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