Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba
O misterioso personagem 'Tigrão" dividiu a sessão da CPI da Petrobrás que nesta quarta-feira, 2, promove uma acareação em Curitiba, base da Operação Lava Jato. Estão frente a frente o delator Augusto Mendonça, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o engenheiro Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera - estes dois presos na Lava Jato.
Em seus depoimentos à Polícia Federal e à Justiça Federal, Mendonça disse que Duque enviava emissários a seu escritório para retirar propinas em espécie. Os emissários de Duque eram identificados pela alcunha 'Tigrão', segundo Mendonça. À CPI, Mendonça, que representava a Toyo Setal em negócios com a Petrobrás, afirmou que eram pelo menos três os 'Tigrões' de Duque. Descreveu um deles como 'gordinho' com um metro e 70 de altura, aproximadamente. Este ia 'mais vezes' retirar o dinheiro.
"Quem é 'Tigrão', onde mora esse 'Tigrão'? Qual é a identidiade desse 'Tigrão'? questionou o deputado Luiz Sérgio (PT/RJ), relator da CPI.
"Era um codinome, não sei quem era. Foram pelo menos três pessoas com esse codinome 'Tigrão'", respondeu o delator. "Uma pessao foi várias vezes e outras pessoas poucas vezes."
"O sr. Augusto é um mentiroso", reagiu Renato Duque. "Esse senhor é um mentiroso. Ele cita 'Tigrão' em sua delação. Como alguém pode entregar uma fortuna para uma pessoa de nome 'Tigrão'?", questionou Duque.
O ex-diretor da Petrobrás desafiou. "Gostaria de ver o retrato falado desse 'Tigrão', não é possível que alguém que receba tanto dinheiro e não exista fisicamente. Uma pessoa peculiar, que varia um metro e 70 a um metro e 80, meio gordinho. Pode ser qualquer um dessa sala. É muito complicado eu me defender de uma pessoa que até agora ninguém sabe quem é que ia receber somas, segundo ele (Mendonça) fantásticas. Eu não tenho como responder."