O delator Edmar Moreira Dantas entregou ao Ministério Público Federal planilha em que aparece citação a 'Pé Grande' e a 'Grande', uma suposta referência ao governador do Rio Luiz Fernando Pezão (PMDB), ao lado de valores que somam R$ 4,8 milhões. A revelação foi feita em reportagem da TV Globo.
Dantas disse que é funcionário do doleiro Álvaro José Novis, investigado na Operação Lava Jato e que também fez delação.
Ele disse que 'pagou propina' a Pezão, em parcelas que somaram R$ 4,8 milhões.
A reportagem da Globo obteve com exclusividade acesso a trechos da delação de Dantas.
Os repasses teriam ocorrido entre julho de 2014 e maio de 2015.
Edmar Dantas afirmou aos procuradores que o 'Pé Grande' da planilha é o governador. A citação 'Pé Grande' ou 'Grande' aparece cinco vezes no documento.
Ele disse que é funcionário do doleiro Novis há 20 anos e que, além de corretor de câmbio, cuidava também do controle de planilhas e pagamentos.
Dantas afirmou que 'a fonte do dinheiro' era a Fetranspor, Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio.
O delator disse que José Carlos Lavouras seria o responsável pela administração do suposto caixa 2. Pelo menos uma vez por mês, declarou o delator, Lavouras repassava normalmente a programação de pagamentos a serem realizados.
Segundo a reportagem, sobre os pagamentos ao governador, o delator declarou que houve determinação de Lavouras para que a entrega fosse feita via Luís Carlos Vidal Barroso, que seria assessor de Pezão.
Dantas contou que, algumas vezes, os valores eram entregues 'no meio da rua' e que o dinheiro ficava em um envelope e em uma mochila
Por meio de sua Assessoria de Imprensa, o governador reagiu com veemência às acusações. O peemedebista disse que 'não conhece e nunca esteve' com Edmar Dantas. Ele reafirmou que'jamais tratou de pagamento ou recebimento de recursos ilícitos com qualquer pessoa'.
A Fetranspor declarou que 'desconhece o teor de uma delação que se refere a fatos supostamente ocorridos antes da posse da atual administração' e que 'permanece à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos necessários às investigações'.
Lavouras declarou, em nota, que 'delações são prêmios para criminosos confessos que, reiteradamente, faltam com a verdade e induzem autoridades ao erro'.