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Liberdade, representação e opressão


Por Francisco Arid
Francisco Arid. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

No mês passado, na França, um professor foi decapitado após mostrar caricaturas de Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão. Semanas depois, ocorreu em Nice outro atentado terrorista com motivação religiosa, trazendo lembranças traumáticas da série de atentados desse tipo que abalou o país a partir de janeiro de 2015, quando a sede do jornal satírico Charlie Hebdo foi atacada em Paris - a motivação alegada, também nesse caso, havia sido a publicação de caricaturas de Maomé.

Obviamente, não cabe aqui questionar a liberdade de expressão - afinal, sátira alguma justifica a realização desses atentados, que devem ser condenados veementemente -, mas vale a pena refletir sobre a nossa responsabilidade ética decorrente de tal liberdade.

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Independentemente de preferências individuais ou do eventual mau gosto das caricaturas, a ordem democrática vigente garante a liberdade de expressão, inclusive quando se trata de satirizar religiões (qualquer uma!). Devemos atentar, no entanto, ao papel que tais representações podem ter na reprodução de estereótipos e preconceitos que legitimam relações históricas de opressão. Um exemplo disso são as caricaturas de judeus e a maneira como elas reforça(ra)m o antissemitismo até hoje presente, inclusive nas sociedades ocidentais ditas liberais e progressistas.

No caso da França, a violência simbólica se traduziu também em violência material e física contra determinados grupos étnicos, culturais e religiosos no processo de colonização e imperialismo a partir do século XIX, e seria ingenuidade acreditar que essas relações estruturais e sistemáticas de opressão chegaram ao fim.

Não se trata, é claro, de responsabilizar as sátiras e caricaturas individualmente, mas de entender que elas estão inseridas em um contexto histórico e social maior. Sendo assim, por mais livres que sejamos para satirizar quem quisermos, vale sempre ter em mente que, ao fazermos isso, podemos estar reforçando um sistema de representações que legitima certas violências - violências essas que também deveríamos condenar.

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*Francisco Arid é estudante de Ciência Política na Universidade de Marburg, na Alemanha, e articulista da Saíra Editorial

Francisco Arid. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

No mês passado, na França, um professor foi decapitado após mostrar caricaturas de Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão. Semanas depois, ocorreu em Nice outro atentado terrorista com motivação religiosa, trazendo lembranças traumáticas da série de atentados desse tipo que abalou o país a partir de janeiro de 2015, quando a sede do jornal satírico Charlie Hebdo foi atacada em Paris - a motivação alegada, também nesse caso, havia sido a publicação de caricaturas de Maomé.

Obviamente, não cabe aqui questionar a liberdade de expressão - afinal, sátira alguma justifica a realização desses atentados, que devem ser condenados veementemente -, mas vale a pena refletir sobre a nossa responsabilidade ética decorrente de tal liberdade.

Independentemente de preferências individuais ou do eventual mau gosto das caricaturas, a ordem democrática vigente garante a liberdade de expressão, inclusive quando se trata de satirizar religiões (qualquer uma!). Devemos atentar, no entanto, ao papel que tais representações podem ter na reprodução de estereótipos e preconceitos que legitimam relações históricas de opressão. Um exemplo disso são as caricaturas de judeus e a maneira como elas reforça(ra)m o antissemitismo até hoje presente, inclusive nas sociedades ocidentais ditas liberais e progressistas.

No caso da França, a violência simbólica se traduziu também em violência material e física contra determinados grupos étnicos, culturais e religiosos no processo de colonização e imperialismo a partir do século XIX, e seria ingenuidade acreditar que essas relações estruturais e sistemáticas de opressão chegaram ao fim.

Não se trata, é claro, de responsabilizar as sátiras e caricaturas individualmente, mas de entender que elas estão inseridas em um contexto histórico e social maior. Sendo assim, por mais livres que sejamos para satirizar quem quisermos, vale sempre ter em mente que, ao fazermos isso, podemos estar reforçando um sistema de representações que legitima certas violências - violências essas que também deveríamos condenar.

*Francisco Arid é estudante de Ciência Política na Universidade de Marburg, na Alemanha, e articulista da Saíra Editorial

Francisco Arid. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

No mês passado, na França, um professor foi decapitado após mostrar caricaturas de Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão. Semanas depois, ocorreu em Nice outro atentado terrorista com motivação religiosa, trazendo lembranças traumáticas da série de atentados desse tipo que abalou o país a partir de janeiro de 2015, quando a sede do jornal satírico Charlie Hebdo foi atacada em Paris - a motivação alegada, também nesse caso, havia sido a publicação de caricaturas de Maomé.

Obviamente, não cabe aqui questionar a liberdade de expressão - afinal, sátira alguma justifica a realização desses atentados, que devem ser condenados veementemente -, mas vale a pena refletir sobre a nossa responsabilidade ética decorrente de tal liberdade.

Independentemente de preferências individuais ou do eventual mau gosto das caricaturas, a ordem democrática vigente garante a liberdade de expressão, inclusive quando se trata de satirizar religiões (qualquer uma!). Devemos atentar, no entanto, ao papel que tais representações podem ter na reprodução de estereótipos e preconceitos que legitimam relações históricas de opressão. Um exemplo disso são as caricaturas de judeus e a maneira como elas reforça(ra)m o antissemitismo até hoje presente, inclusive nas sociedades ocidentais ditas liberais e progressistas.

No caso da França, a violência simbólica se traduziu também em violência material e física contra determinados grupos étnicos, culturais e religiosos no processo de colonização e imperialismo a partir do século XIX, e seria ingenuidade acreditar que essas relações estruturais e sistemáticas de opressão chegaram ao fim.

Não se trata, é claro, de responsabilizar as sátiras e caricaturas individualmente, mas de entender que elas estão inseridas em um contexto histórico e social maior. Sendo assim, por mais livres que sejamos para satirizar quem quisermos, vale sempre ter em mente que, ao fazermos isso, podemos estar reforçando um sistema de representações que legitima certas violências - violências essas que também deveríamos condenar.

*Francisco Arid é estudante de Ciência Política na Universidade de Marburg, na Alemanha, e articulista da Saíra Editorial

Francisco Arid. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

No mês passado, na França, um professor foi decapitado após mostrar caricaturas de Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão. Semanas depois, ocorreu em Nice outro atentado terrorista com motivação religiosa, trazendo lembranças traumáticas da série de atentados desse tipo que abalou o país a partir de janeiro de 2015, quando a sede do jornal satírico Charlie Hebdo foi atacada em Paris - a motivação alegada, também nesse caso, havia sido a publicação de caricaturas de Maomé.

Obviamente, não cabe aqui questionar a liberdade de expressão - afinal, sátira alguma justifica a realização desses atentados, que devem ser condenados veementemente -, mas vale a pena refletir sobre a nossa responsabilidade ética decorrente de tal liberdade.

Independentemente de preferências individuais ou do eventual mau gosto das caricaturas, a ordem democrática vigente garante a liberdade de expressão, inclusive quando se trata de satirizar religiões (qualquer uma!). Devemos atentar, no entanto, ao papel que tais representações podem ter na reprodução de estereótipos e preconceitos que legitimam relações históricas de opressão. Um exemplo disso são as caricaturas de judeus e a maneira como elas reforça(ra)m o antissemitismo até hoje presente, inclusive nas sociedades ocidentais ditas liberais e progressistas.

No caso da França, a violência simbólica se traduziu também em violência material e física contra determinados grupos étnicos, culturais e religiosos no processo de colonização e imperialismo a partir do século XIX, e seria ingenuidade acreditar que essas relações estruturais e sistemáticas de opressão chegaram ao fim.

Não se trata, é claro, de responsabilizar as sátiras e caricaturas individualmente, mas de entender que elas estão inseridas em um contexto histórico e social maior. Sendo assim, por mais livres que sejamos para satirizar quem quisermos, vale sempre ter em mente que, ao fazermos isso, podemos estar reforçando um sistema de representações que legitima certas violências - violências essas que também deveríamos condenar.

*Francisco Arid é estudante de Ciência Política na Universidade de Marburg, na Alemanha, e articulista da Saíra Editorial

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