A advogada Cláudia Chater, presa preventivamente e apontada pela Polícia Federal como líder dos esquemas de lavagem de dinheiro, sonegação e evasão fiscal descobertos pela Operação Perfídia, confessou, em depoimento à Justiça Federal, ter adulterado documentos para estrangeiros beneficiários da suposta organização criminosa identificada pelas investigações. A informação é de documento da defesa ao qual o Estado teve acesso. Cláudia, no entanto, nega ter participado de transação bilionária e da compra de terrenos por meio de offshore sediada na Venezuela.
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DEFESA DE CHATERA Operação Perfídia descobriu a movimentação de cifras bilionárias por um grupo investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e falsificação de documentos, liderado por integrantes da família Chater. A advogada Cláudia Chater é apontada como organizadora da suposta organização criminosa. Ela é prima de Carlos Chater, doleiro e um dos alvos iniciais da Operação Lava Jato. Mensagens do celular de Cláudia, apreendido pela Polícia Federal, mostram supostas tratativas por documentos falsos.
Em documento obtido pelo Estado, a defesa de Cláudia Chater admite que o que ficou 'prefacialmente comprovado é que a ré teria cometido crimes afetos à falsificação de documentos'. No entanto, os advogados afirmam que a Polícia Federal 'excedeu todos os limites do razoável' ao afirmar que Cláudia participou de uma transação de US$ 5 bilhões com o uso de uma offshore venezuelana a um banco dinamarquês.
"Excelência, a maior das gravidades contidas no aludido Inquérito Policial, diz de uma suposta operação de 5 bilhões de dólares, fruto de uma conversão bolívares em dólares, fato que a ré jamais teve conhecimento, sequer notícias", afirmou.
A offshore Global Recreative Sistem, com sede na Venezuela, apontada pela Polícia Federal como responsável por uma operação de US$ 5 bilhões a um banco dinamarquês no âmbito da Operação Perfídia, foi utilizada para a compra de uma fazenda no interior da Bahia por R$ 68 milhões. A aquisição do imóvel, segundo relatório da PF, rendeu uma comissão de R$ 2 milhões à advogada Cláudia Chater.
O advogado Grimoaldo Roberto de Resende, que defende a suposta líder da Perfídia, afirmou que 'as compras de fazendas, por exemplo, não se concretizaram, muito embora o enunciado da PF, como tal vastamente divulgado pela imprensa, assegura que sim. Ou seja, a ré não recebeu honorários de dez milhões, dois milhões, um milhão e meio de reais, e não recebeu nada a título de honorários, no que afeta as tais ditas e não concretizadas operações de compra e venda de fazendas'.
A defesa também impetrou um pedido de habeas corpus em favor de Cláudia Chater, que está presa preventivamente, por decisão da Justiça Federal do DF.