A Operação Lava Jato encontrou elos entre o operador do recebimento de R$ 3 milhões de propinas da Odebrecht para o ex-presidente da Petrobrás e do Banco do Brasil Aldemir Bendine - preso desde 27 de julho, alvo da 42ª fase - e o ex-presidente do Banco Popular Ivan Gonçalves Ribeiro Guimarães, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva.
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OPERAÇÕES EM ESPÉCIE ARCOSNas buscas que a Polícia Federal fez em março de 2016, em endereços dos donos da Arcos, os irmãos Antonio Carlos Vieira da Silva Júnior e André Gustavo Vieira da Silva, encontrou em um arquivo de computador o registro de orientações para que um suposto funcionário fizesse depósitos em dinheiro "somente no caisa ou em máquina".
O Ministério Público Federal chegou a produzir um relatório de informação sobre as operações financeiras em espécie dos donos da Arcos, anexado ao pedido de prisão dos dois, na Operação Cobra.
"Daniel / Relação de depósitos na boca do caixa: / Depositante: o próprio / Não fazer por transferência em hipótese alguma: / Apenas depósito em dinheiro no CAIXA ou máquina", orienta documento assinado por Antonio Carlos, sem data.
Na lista há um valor de R$ 12.745,04 para "Ivan Guimarães", com uma conta bancária associada, e outros R$ 25 mil para a Quanta Consultoria e Participações S.A., com conta no mesmo banco e agência usada pelo ex-presidente do Banco Popular.
Em relatório da PF, que analisou o documento apreendido durante a 23ª fase da Lava Jato, deflagrada em fevereiro de 2016, consta que a empresa tem como administrador Ivan Guimarães.
No documento há o nome de duas outras empresas: a Giga Telecom Comércio e Manutenção em Telefonia, que não tem valor associado à ela, apenas a conta, e a KR Consultoria, suposta recebedora de R$ 25 mil. Ambas com sede em Belo Horizonte (MG).
"Verifica-se que Ivan teria recebido valores em conta tanto como pessoa física quanto como pessoa jurídica (Quanta)", informa o Relatório de Polícia Judiciária 334/2016, do extinto Grupo de Trabalho da PF para a Lava Jato, em Curitiba.
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Ivan Guimarães não é figura desconhecida dos escândalos de corrupção nos governos do PT. No Mensalão ele chegou a ser citado pelo operador do esquema Marcos Valério - que acaba de fechar delação premiada - como um dos criadores do esquema de desvios, junto com Henrique Pizzolato, dos contratos de publicidade do Banco do Brasil. A agência mineira DNA, ligada a Valério, foi uma das beneficiadas.
O documento policial registra que Guimarães prestou depoimento na CPI dos Correios, pois foi durante sua presidência no Banco Rural, que a DNA foi contratada por R$ 25 milhões.
Seu nome foi citado também na delação do dono da UTC, Ricardo Pessoa. Ele contou que Guimarães atuou no repasse de dinheiro acertado com o PT para a campanha de Hélio Costa (PMDB) e Patrus Ananias (PT) ao governo de Minas, em 2010.
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Cobra. André Gustavo foi quem cobrou os R$ 3 milhões da Odebrecht e combinou a entrega em um apartamento, em São Paulo. O imóvel era alugado por Antonio Carlos, que foi quem ordenou que um taxista de sua confiança fosse ao local receber a propina da empresa.
Foram três visitas. Em cada uma delas, os entregadores de dinheiro da Odebrecht levaram R$ 1 milhão em dinheiro vivo, dentro de sacos plásticos, que eram recebidos e deixados dentro do apartamento.
COM A PALAVRA, IVAN GUIMARÃES
- Os dois depósitos assinalados ocorreram em 2010,cinco anos após eu ter deixado o Governo. os quais referem-se a empréstimos, e não há qualquer relação com supostos pagamentos realizados pela CNO.
- Não há qualquer irregularidade nas transações, que por sinal, foram depositadas em minhas contas correntes, sinal claro de que eu não ocultei tais recursos.
- Fui para o Banco do Brasil em março de 2002, como assessor especial do presidente, com a função de criar uma unidade de microcrédito. Anteriormente já havia criado um programa de microcrédito no governo do DF, gestão Cristóvan Buarque, e também conduzido pesquisas sobre o tema para o OIT. Em 2000 estive em BANGLADESH conhecendo o GRAMMEN BANK.
- Sob minha gestão o Banco Popular nunca celebrou qualquer contrato com qualquer agencia de publicidade.
- As atividades do Banco Popular, durante minha gestão, foram intensamente checadas por todos os órgãos de controle, CPI dos Correios e Polícia Federal. Nada de irregular foi encontrado,
- Não fui ouvido antes da publicação desta matéria, o que me impediu de dar os esclarecimentos devidos. E me sinto lesado em ver meus dados pessoais, como numero de contas e cpf publicados sem qualquer restrição, embora legalmente protegidos pelo sigilo bancário.
- Esclareço por fim que, ao contrário do que foi publicado pela reportagem, nunca fui presidente do Banco Rural, instituição na qual sequer trabalhei.
- Por último me coloco ao seu dispor para quaisquer esclarecimentos que forem necessários sobre este ou outros assuntos.
Cordialmente
Ivan Ribeiro Guimarães