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Relatório da PF identificou Allan dos Santos e Filipe Barros como 'influenciadores' de divulgação de ofensas contra o Supremo


Blogueiro bolsonarista foi alvo de busca e parlamentar deverá prestar depoimento no inquérito que apura organização criminosa responsável por disseminar 'fake news' contra a Corte

Por Pepita Ortega, Rafael Moraes Moura, Rayssa Motta e Paulo Roberto Netto

Relatório técnico da Polícia Federal identificou o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) como 'influenciadores' de divulgação de publicações com ofensas e ameaças ao Supremo Tribunal Federal. Em decisão, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito na Corte, caracterizou o 'gabinete do ódio' como associação criminosa dedicada a ataques ofensivos, subversão da ordem e quebra da normalidade democrática.

Parte das diligências realizadas pela PF foram transcritas na decisão de Moraes e descrevem que, ao realizar buscas por palavras-chave no Twitter, os investigadores identificaram 'a existência de um mecanismo coordenado de criação e divulgação das referidas mensagens entre os investigados'.

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Os perfis utilizavam seus seguidores para criar hashtags que atacassem os ministros para então reproduzi-las em suas contas. Dessa forma, ficariam seguros de que não foram eles os responsáveis pela criação da hashtag. A PF também identificou indícios que as publicações sejam disseminadas por meio de robôs com objetivo de atingir números expressivos de leitores. A estrutura seria financiada por empresários que forneciam recursos 'de maneira velada'.

A busca identificou, entre 7 a 11 de novembro do ano passado, publicações que utilizaram uma ou mais das seguintes palavras-chave: #impeachmentgilmarmendes, #STFVergonhaNacional, #STFEscritoriodocrime, #hienasdetoga, #forastf, #lavatoga, STF, SUPREMO, IMPEACHMENT, toffoli ou gilmar.

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Em comum, ao menos onze perfis 'influenciadores' que se seguem e se compartilham nas redes foram identificados, incluindo o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Filipe Barros. Santos foi alvo de buscas e apreensões enquanto o parlamentar foi intimado a depor em até dez dias perante a Polícia Federal. As contas foram alvo de ordem de bloqueio por parte do ministro.

Diagrama com as contas 'influenciadoras' em relação aos perfis de Allan dos Santos e Filipe Barros. Foto: Reprodução
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Para explicar a atuação do grupo, a PF utilizou como exemplo o período em que as contas cobraram impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, em novembro do ano passado. De acordo com as diligências, os onze perfis 'influenciadores' não necessariamente utilizaram uma hashtag para direcionar o ataque escolhido, 'valendo-se muitas vezes de seus seguidores para criar uma hashtag e impulsionar o ataque'.

"Assim, os perfis influenciadores não apareciam como criadores da hashtag que simboliza o ataque", aponta a PF.

No caso do impeachment de ministros do Supremo, os perfis 'influenciadores' iniciaram os ataques no dia 07 de novembro, declarando que o STF 'é uma vergonha' e clamando por pedidos de impeachment contra os ministros, mas sem usar a hashtag #ImpeachmentGilmarMendes.

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Em seguida, os seguidores das contas criaram e passaram a comentar as publicações dos perfis 'influenciadores' com a hashtag. Somente no dia 11 de novembro, dez dos onze perfis 'influenciadores' passaram a utilizar a hashtag para impulsionar o ataque de forma para alcançar o 'trend topics' (assuntos mais comentados) do Twitter.

"Uma vez que uma hashtag alcança o "Trend Topics", sua visualização é ampliada significativamente para fora da 'bolha', alcançando muitos outros usuários, que não são seguidores dos influenciadores iniciais", aponta a PF.

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O deputado federal Filipe Barros durante audiência na Câmara dos Deputados. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Gabinete do ódio. Na avaliação de Alexandre de Moraes, as provas colhidas na investigação apontam "sérios indícios" de que o grupo praticou os crimes de calúnia, difamação, injúria, associação criminosa e contra a segurança nacional.

"Essas tratativas ocorreriam em grupos fechados no aplicativo de mensagens Whatsapp, permitido somente a seus integrantes. O acesso a essas informações é de vital importância para as investigações, notadamente para identificar, de maneira precisa, qual o alcance da atuação desses empresários nessa intrincada estrutura de disseminação de notícias fraudulentas", apontou Alexandre de Moraes.

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A decisão do ministro também destaca os depoimentos prestados pelos deputados federais Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP), que contaram detalhes sobre o funcionamento do "Gabinete do Ódio".

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, à esquerda, durante buscas da Polícia Federal. Foto: Gabriela Biló / Estadão

Financiamento. O inquérito das fake news foi instaurado por determinação do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, para apurar ameaças, ofensas e notícias falsas disseminadas contra integrantes da Corte e seus familiares. O processo é acompanhado com apreensão pelo presidente Jair Bolsonaro, que teme que as provas colhidas cheguem ao Palácio do Planalto.

Em março, o Estadão revelou que as investigações já havia identificado empresários bolsonaristas que estariam financiando ataques contra ministros da Corte nas redes sociais. A apuração ganhou um novo fôlego depois de o STF abrir um novo inquérito, para investigar atos antidemocráticos realizados no mês passado - em Brasília, Bolsonaro participou de um deles, diante do quartel general do Exército.

Entre os empresários que estariam financiando o grupo criminoso estão o dono da rede de lojas de departamento Havan, Luciano Hang; o dono da Smart Fit, Edgard Gomes Corona; Otavio Fakhouryfinanciador do site Crítica Nacional; o humorista Reynaldo Bianchi Júnior; o coordenador do Bloco Movimento Brasil Winston, Rodrigues Lima.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO FEDERAL FILIPE BARROSAfirmo ainda que tenho o direito de me manifestar livremente contra posturas equivocadas e autoritárias de ministros do STF. Prosseguirei fazendo críticas contra essas pessoas sempre que julgar necessário. Tenho consciência de que represento parte da população que também não concorda com tais abusos, e os eleitores que confiaram o voto a mim esperam que eu faça exatamente aquilo que tenho feito. Por isso, reafirmo, não me calarei.

Aparentemente, o que o STF está querendo com essas hostilidades aos apoiadores do presidente Bolsonaro nas redes sociais, a deputados federais e às Forças Armadas, é provocar uma ruptura institucional para, depois, acusar a direita de antidemocrática, abrindo caminho para o retorno ao poder de PT e PSDB, os partidos responsáveis pela indicação da maior parte dos atuais integrantes do STF. Esse novo abuso do STF precisa ser insistentemente exposto e severamente criticado. Farei minha parte.

COM A PALAVRA, O BLOGUEIRO ALLAN DOS SANTOSA reportagem busca contato com o blogueiro Allan dos Santos. O espaço está aberto a manifestações (paulo.netto@estadao. com e pepita.ortega@estadao.com)

Relatório técnico da Polícia Federal identificou o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) como 'influenciadores' de divulgação de publicações com ofensas e ameaças ao Supremo Tribunal Federal. Em decisão, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito na Corte, caracterizou o 'gabinete do ódio' como associação criminosa dedicada a ataques ofensivos, subversão da ordem e quebra da normalidade democrática.

Parte das diligências realizadas pela PF foram transcritas na decisão de Moraes e descrevem que, ao realizar buscas por palavras-chave no Twitter, os investigadores identificaram 'a existência de um mecanismo coordenado de criação e divulgação das referidas mensagens entre os investigados'.

Os perfis utilizavam seus seguidores para criar hashtags que atacassem os ministros para então reproduzi-las em suas contas. Dessa forma, ficariam seguros de que não foram eles os responsáveis pela criação da hashtag. A PF também identificou indícios que as publicações sejam disseminadas por meio de robôs com objetivo de atingir números expressivos de leitores. A estrutura seria financiada por empresários que forneciam recursos 'de maneira velada'.

A busca identificou, entre 7 a 11 de novembro do ano passado, publicações que utilizaram uma ou mais das seguintes palavras-chave: #impeachmentgilmarmendes, #STFVergonhaNacional, #STFEscritoriodocrime, #hienasdetoga, #forastf, #lavatoga, STF, SUPREMO, IMPEACHMENT, toffoli ou gilmar.

Em comum, ao menos onze perfis 'influenciadores' que se seguem e se compartilham nas redes foram identificados, incluindo o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Filipe Barros. Santos foi alvo de buscas e apreensões enquanto o parlamentar foi intimado a depor em até dez dias perante a Polícia Federal. As contas foram alvo de ordem de bloqueio por parte do ministro.

Diagrama com as contas 'influenciadoras' em relação aos perfis de Allan dos Santos e Filipe Barros. Foto: Reprodução

Para explicar a atuação do grupo, a PF utilizou como exemplo o período em que as contas cobraram impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, em novembro do ano passado. De acordo com as diligências, os onze perfis 'influenciadores' não necessariamente utilizaram uma hashtag para direcionar o ataque escolhido, 'valendo-se muitas vezes de seus seguidores para criar uma hashtag e impulsionar o ataque'.

"Assim, os perfis influenciadores não apareciam como criadores da hashtag que simboliza o ataque", aponta a PF.

No caso do impeachment de ministros do Supremo, os perfis 'influenciadores' iniciaram os ataques no dia 07 de novembro, declarando que o STF 'é uma vergonha' e clamando por pedidos de impeachment contra os ministros, mas sem usar a hashtag #ImpeachmentGilmarMendes.

Em seguida, os seguidores das contas criaram e passaram a comentar as publicações dos perfis 'influenciadores' com a hashtag. Somente no dia 11 de novembro, dez dos onze perfis 'influenciadores' passaram a utilizar a hashtag para impulsionar o ataque de forma para alcançar o 'trend topics' (assuntos mais comentados) do Twitter.

"Uma vez que uma hashtag alcança o "Trend Topics", sua visualização é ampliada significativamente para fora da 'bolha', alcançando muitos outros usuários, que não são seguidores dos influenciadores iniciais", aponta a PF.

O deputado federal Filipe Barros durante audiência na Câmara dos Deputados. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Gabinete do ódio. Na avaliação de Alexandre de Moraes, as provas colhidas na investigação apontam "sérios indícios" de que o grupo praticou os crimes de calúnia, difamação, injúria, associação criminosa e contra a segurança nacional.

"Essas tratativas ocorreriam em grupos fechados no aplicativo de mensagens Whatsapp, permitido somente a seus integrantes. O acesso a essas informações é de vital importância para as investigações, notadamente para identificar, de maneira precisa, qual o alcance da atuação desses empresários nessa intrincada estrutura de disseminação de notícias fraudulentas", apontou Alexandre de Moraes.

A decisão do ministro também destaca os depoimentos prestados pelos deputados federais Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP), que contaram detalhes sobre o funcionamento do "Gabinete do Ódio".

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, à esquerda, durante buscas da Polícia Federal. Foto: Gabriela Biló / Estadão

Financiamento. O inquérito das fake news foi instaurado por determinação do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, para apurar ameaças, ofensas e notícias falsas disseminadas contra integrantes da Corte e seus familiares. O processo é acompanhado com apreensão pelo presidente Jair Bolsonaro, que teme que as provas colhidas cheguem ao Palácio do Planalto.

Em março, o Estadão revelou que as investigações já havia identificado empresários bolsonaristas que estariam financiando ataques contra ministros da Corte nas redes sociais. A apuração ganhou um novo fôlego depois de o STF abrir um novo inquérito, para investigar atos antidemocráticos realizados no mês passado - em Brasília, Bolsonaro participou de um deles, diante do quartel general do Exército.

Entre os empresários que estariam financiando o grupo criminoso estão o dono da rede de lojas de departamento Havan, Luciano Hang; o dono da Smart Fit, Edgard Gomes Corona; Otavio Fakhouryfinanciador do site Crítica Nacional; o humorista Reynaldo Bianchi Júnior; o coordenador do Bloco Movimento Brasil Winston, Rodrigues Lima.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO FEDERAL FILIPE BARROSAfirmo ainda que tenho o direito de me manifestar livremente contra posturas equivocadas e autoritárias de ministros do STF. Prosseguirei fazendo críticas contra essas pessoas sempre que julgar necessário. Tenho consciência de que represento parte da população que também não concorda com tais abusos, e os eleitores que confiaram o voto a mim esperam que eu faça exatamente aquilo que tenho feito. Por isso, reafirmo, não me calarei.

Aparentemente, o que o STF está querendo com essas hostilidades aos apoiadores do presidente Bolsonaro nas redes sociais, a deputados federais e às Forças Armadas, é provocar uma ruptura institucional para, depois, acusar a direita de antidemocrática, abrindo caminho para o retorno ao poder de PT e PSDB, os partidos responsáveis pela indicação da maior parte dos atuais integrantes do STF. Esse novo abuso do STF precisa ser insistentemente exposto e severamente criticado. Farei minha parte.

COM A PALAVRA, O BLOGUEIRO ALLAN DOS SANTOSA reportagem busca contato com o blogueiro Allan dos Santos. O espaço está aberto a manifestações (paulo.netto@estadao. com e pepita.ortega@estadao.com)

Relatório técnico da Polícia Federal identificou o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) como 'influenciadores' de divulgação de publicações com ofensas e ameaças ao Supremo Tribunal Federal. Em decisão, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito na Corte, caracterizou o 'gabinete do ódio' como associação criminosa dedicada a ataques ofensivos, subversão da ordem e quebra da normalidade democrática.

Parte das diligências realizadas pela PF foram transcritas na decisão de Moraes e descrevem que, ao realizar buscas por palavras-chave no Twitter, os investigadores identificaram 'a existência de um mecanismo coordenado de criação e divulgação das referidas mensagens entre os investigados'.

Os perfis utilizavam seus seguidores para criar hashtags que atacassem os ministros para então reproduzi-las em suas contas. Dessa forma, ficariam seguros de que não foram eles os responsáveis pela criação da hashtag. A PF também identificou indícios que as publicações sejam disseminadas por meio de robôs com objetivo de atingir números expressivos de leitores. A estrutura seria financiada por empresários que forneciam recursos 'de maneira velada'.

A busca identificou, entre 7 a 11 de novembro do ano passado, publicações que utilizaram uma ou mais das seguintes palavras-chave: #impeachmentgilmarmendes, #STFVergonhaNacional, #STFEscritoriodocrime, #hienasdetoga, #forastf, #lavatoga, STF, SUPREMO, IMPEACHMENT, toffoli ou gilmar.

Em comum, ao menos onze perfis 'influenciadores' que se seguem e se compartilham nas redes foram identificados, incluindo o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Filipe Barros. Santos foi alvo de buscas e apreensões enquanto o parlamentar foi intimado a depor em até dez dias perante a Polícia Federal. As contas foram alvo de ordem de bloqueio por parte do ministro.

Diagrama com as contas 'influenciadoras' em relação aos perfis de Allan dos Santos e Filipe Barros. Foto: Reprodução

Para explicar a atuação do grupo, a PF utilizou como exemplo o período em que as contas cobraram impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, em novembro do ano passado. De acordo com as diligências, os onze perfis 'influenciadores' não necessariamente utilizaram uma hashtag para direcionar o ataque escolhido, 'valendo-se muitas vezes de seus seguidores para criar uma hashtag e impulsionar o ataque'.

"Assim, os perfis influenciadores não apareciam como criadores da hashtag que simboliza o ataque", aponta a PF.

No caso do impeachment de ministros do Supremo, os perfis 'influenciadores' iniciaram os ataques no dia 07 de novembro, declarando que o STF 'é uma vergonha' e clamando por pedidos de impeachment contra os ministros, mas sem usar a hashtag #ImpeachmentGilmarMendes.

Em seguida, os seguidores das contas criaram e passaram a comentar as publicações dos perfis 'influenciadores' com a hashtag. Somente no dia 11 de novembro, dez dos onze perfis 'influenciadores' passaram a utilizar a hashtag para impulsionar o ataque de forma para alcançar o 'trend topics' (assuntos mais comentados) do Twitter.

"Uma vez que uma hashtag alcança o "Trend Topics", sua visualização é ampliada significativamente para fora da 'bolha', alcançando muitos outros usuários, que não são seguidores dos influenciadores iniciais", aponta a PF.

O deputado federal Filipe Barros durante audiência na Câmara dos Deputados. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Gabinete do ódio. Na avaliação de Alexandre de Moraes, as provas colhidas na investigação apontam "sérios indícios" de que o grupo praticou os crimes de calúnia, difamação, injúria, associação criminosa e contra a segurança nacional.

"Essas tratativas ocorreriam em grupos fechados no aplicativo de mensagens Whatsapp, permitido somente a seus integrantes. O acesso a essas informações é de vital importância para as investigações, notadamente para identificar, de maneira precisa, qual o alcance da atuação desses empresários nessa intrincada estrutura de disseminação de notícias fraudulentas", apontou Alexandre de Moraes.

A decisão do ministro também destaca os depoimentos prestados pelos deputados federais Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP), que contaram detalhes sobre o funcionamento do "Gabinete do Ódio".

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, à esquerda, durante buscas da Polícia Federal. Foto: Gabriela Biló / Estadão

Financiamento. O inquérito das fake news foi instaurado por determinação do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, para apurar ameaças, ofensas e notícias falsas disseminadas contra integrantes da Corte e seus familiares. O processo é acompanhado com apreensão pelo presidente Jair Bolsonaro, que teme que as provas colhidas cheguem ao Palácio do Planalto.

Em março, o Estadão revelou que as investigações já havia identificado empresários bolsonaristas que estariam financiando ataques contra ministros da Corte nas redes sociais. A apuração ganhou um novo fôlego depois de o STF abrir um novo inquérito, para investigar atos antidemocráticos realizados no mês passado - em Brasília, Bolsonaro participou de um deles, diante do quartel general do Exército.

Entre os empresários que estariam financiando o grupo criminoso estão o dono da rede de lojas de departamento Havan, Luciano Hang; o dono da Smart Fit, Edgard Gomes Corona; Otavio Fakhouryfinanciador do site Crítica Nacional; o humorista Reynaldo Bianchi Júnior; o coordenador do Bloco Movimento Brasil Winston, Rodrigues Lima.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO FEDERAL FILIPE BARROSAfirmo ainda que tenho o direito de me manifestar livremente contra posturas equivocadas e autoritárias de ministros do STF. Prosseguirei fazendo críticas contra essas pessoas sempre que julgar necessário. Tenho consciência de que represento parte da população que também não concorda com tais abusos, e os eleitores que confiaram o voto a mim esperam que eu faça exatamente aquilo que tenho feito. Por isso, reafirmo, não me calarei.

Aparentemente, o que o STF está querendo com essas hostilidades aos apoiadores do presidente Bolsonaro nas redes sociais, a deputados federais e às Forças Armadas, é provocar uma ruptura institucional para, depois, acusar a direita de antidemocrática, abrindo caminho para o retorno ao poder de PT e PSDB, os partidos responsáveis pela indicação da maior parte dos atuais integrantes do STF. Esse novo abuso do STF precisa ser insistentemente exposto e severamente criticado. Farei minha parte.

COM A PALAVRA, O BLOGUEIRO ALLAN DOS SANTOSA reportagem busca contato com o blogueiro Allan dos Santos. O espaço está aberto a manifestações (paulo.netto@estadao. com e pepita.ortega@estadao.com)

Relatório técnico da Polícia Federal identificou o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) como 'influenciadores' de divulgação de publicações com ofensas e ameaças ao Supremo Tribunal Federal. Em decisão, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito na Corte, caracterizou o 'gabinete do ódio' como associação criminosa dedicada a ataques ofensivos, subversão da ordem e quebra da normalidade democrática.

Parte das diligências realizadas pela PF foram transcritas na decisão de Moraes e descrevem que, ao realizar buscas por palavras-chave no Twitter, os investigadores identificaram 'a existência de um mecanismo coordenado de criação e divulgação das referidas mensagens entre os investigados'.

Os perfis utilizavam seus seguidores para criar hashtags que atacassem os ministros para então reproduzi-las em suas contas. Dessa forma, ficariam seguros de que não foram eles os responsáveis pela criação da hashtag. A PF também identificou indícios que as publicações sejam disseminadas por meio de robôs com objetivo de atingir números expressivos de leitores. A estrutura seria financiada por empresários que forneciam recursos 'de maneira velada'.

A busca identificou, entre 7 a 11 de novembro do ano passado, publicações que utilizaram uma ou mais das seguintes palavras-chave: #impeachmentgilmarmendes, #STFVergonhaNacional, #STFEscritoriodocrime, #hienasdetoga, #forastf, #lavatoga, STF, SUPREMO, IMPEACHMENT, toffoli ou gilmar.

Em comum, ao menos onze perfis 'influenciadores' que se seguem e se compartilham nas redes foram identificados, incluindo o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Filipe Barros. Santos foi alvo de buscas e apreensões enquanto o parlamentar foi intimado a depor em até dez dias perante a Polícia Federal. As contas foram alvo de ordem de bloqueio por parte do ministro.

Diagrama com as contas 'influenciadoras' em relação aos perfis de Allan dos Santos e Filipe Barros. Foto: Reprodução

Para explicar a atuação do grupo, a PF utilizou como exemplo o período em que as contas cobraram impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, em novembro do ano passado. De acordo com as diligências, os onze perfis 'influenciadores' não necessariamente utilizaram uma hashtag para direcionar o ataque escolhido, 'valendo-se muitas vezes de seus seguidores para criar uma hashtag e impulsionar o ataque'.

"Assim, os perfis influenciadores não apareciam como criadores da hashtag que simboliza o ataque", aponta a PF.

No caso do impeachment de ministros do Supremo, os perfis 'influenciadores' iniciaram os ataques no dia 07 de novembro, declarando que o STF 'é uma vergonha' e clamando por pedidos de impeachment contra os ministros, mas sem usar a hashtag #ImpeachmentGilmarMendes.

Em seguida, os seguidores das contas criaram e passaram a comentar as publicações dos perfis 'influenciadores' com a hashtag. Somente no dia 11 de novembro, dez dos onze perfis 'influenciadores' passaram a utilizar a hashtag para impulsionar o ataque de forma para alcançar o 'trend topics' (assuntos mais comentados) do Twitter.

"Uma vez que uma hashtag alcança o "Trend Topics", sua visualização é ampliada significativamente para fora da 'bolha', alcançando muitos outros usuários, que não são seguidores dos influenciadores iniciais", aponta a PF.

O deputado federal Filipe Barros durante audiência na Câmara dos Deputados. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Gabinete do ódio. Na avaliação de Alexandre de Moraes, as provas colhidas na investigação apontam "sérios indícios" de que o grupo praticou os crimes de calúnia, difamação, injúria, associação criminosa e contra a segurança nacional.

"Essas tratativas ocorreriam em grupos fechados no aplicativo de mensagens Whatsapp, permitido somente a seus integrantes. O acesso a essas informações é de vital importância para as investigações, notadamente para identificar, de maneira precisa, qual o alcance da atuação desses empresários nessa intrincada estrutura de disseminação de notícias fraudulentas", apontou Alexandre de Moraes.

A decisão do ministro também destaca os depoimentos prestados pelos deputados federais Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP), que contaram detalhes sobre o funcionamento do "Gabinete do Ódio".

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, à esquerda, durante buscas da Polícia Federal. Foto: Gabriela Biló / Estadão

Financiamento. O inquérito das fake news foi instaurado por determinação do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, para apurar ameaças, ofensas e notícias falsas disseminadas contra integrantes da Corte e seus familiares. O processo é acompanhado com apreensão pelo presidente Jair Bolsonaro, que teme que as provas colhidas cheguem ao Palácio do Planalto.

Em março, o Estadão revelou que as investigações já havia identificado empresários bolsonaristas que estariam financiando ataques contra ministros da Corte nas redes sociais. A apuração ganhou um novo fôlego depois de o STF abrir um novo inquérito, para investigar atos antidemocráticos realizados no mês passado - em Brasília, Bolsonaro participou de um deles, diante do quartel general do Exército.

Entre os empresários que estariam financiando o grupo criminoso estão o dono da rede de lojas de departamento Havan, Luciano Hang; o dono da Smart Fit, Edgard Gomes Corona; Otavio Fakhouryfinanciador do site Crítica Nacional; o humorista Reynaldo Bianchi Júnior; o coordenador do Bloco Movimento Brasil Winston, Rodrigues Lima.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO FEDERAL FILIPE BARROSAfirmo ainda que tenho o direito de me manifestar livremente contra posturas equivocadas e autoritárias de ministros do STF. Prosseguirei fazendo críticas contra essas pessoas sempre que julgar necessário. Tenho consciência de que represento parte da população que também não concorda com tais abusos, e os eleitores que confiaram o voto a mim esperam que eu faça exatamente aquilo que tenho feito. Por isso, reafirmo, não me calarei.

Aparentemente, o que o STF está querendo com essas hostilidades aos apoiadores do presidente Bolsonaro nas redes sociais, a deputados federais e às Forças Armadas, é provocar uma ruptura institucional para, depois, acusar a direita de antidemocrática, abrindo caminho para o retorno ao poder de PT e PSDB, os partidos responsáveis pela indicação da maior parte dos atuais integrantes do STF. Esse novo abuso do STF precisa ser insistentemente exposto e severamente criticado. Farei minha parte.

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