Transformando a gestão pública brasileira e fortalecendo a democracia

Serenidade e esperança para o Brasil


Por Cézar Rogelio Vasquez é ex-Diretor Superintendente do Sebrae/RJ, atua como consultor em Empreendedorismo, Políticas de Desenvolvimento. Ele é engenheiro de produção pela UFRJ e mestre em engenharia d

Em artigo reproduzido no Jornal O Valor, de 12 de julho último, Dan Rodrick (Professor de Política Internacional Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade de Harvard) formula a frase que eu queria ter escrito. "Será a cultura ou a economia? Essa pergunta molda boa parte da discussão sobre o populismo contemporâneo". E da mesma forma que eu faria, ele contesta as duas visões, mostrando que pode haver entre elas mais complementariedade do que contradições.

Do ponto de vista cultural haveria uma reação com a valorização de conceitos mais conservadores de família, de nação, comunidade, gênero e religião, em contraponto a uma visão mais secularista, individualista, desenraizada e adepta da diversidade. É como se, sentindo-se desorientada com o rumo da vida e dos costumes, uma parcela da população se voltasse para valores tradicionais e buscasse uma inserção social pela via do nacionalismo exacerbado e da religião. Os já famosos bordões "menino veste azul e menina veste rosa", "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", "Terrivelmente evangélicos" ou posições mais militantes contra "doutrinação nas escolas", são exemplos disso.

Do ponto de vista econômico a questão central seria o empobrecimento da chamada classe média tradicional, identificada com postos de trabalho em extinção ou transformação, e a perda relativa de competitividade de setores de determinadas economias nacionais (maior competitividade da China em áreas industriais e nas importações dos EEUU, por exemplo). Fenômenos decorrentes dos impactos da transição para a economia do conhecimento que traria consigo o aumento da desigualdade nos países desenvolvidos, o aumento do custo devida nas cidades polo da nova economia, expressa numa contradição entre grandes centros e pequenas cidades; os requisitos educacionais cada vez mais intensos no mundo do trabalho. No Brasil essas questões se colocariam de outra forma. Um resultado imediato da crise a partir de 2014, do desemprego e da frustração de enormes segmentos da população que haviam ascendido socialmente. Sem falar na crise do setor público com enormes impactos para a qualidade de vida da maioria da população e para o ambiente de negócios.

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O que não faltam são estudos interessantes e fortes argumentos. Desde o possível afastamento dos "progressistas", ao exagerar na política de identidades, de uma política capaz de representar os interesses da cidadania como um todo ("O Progressista de Ontem e o do Amanhã" de Mark Lilla), a ênfase a falência da representação política tradicional na era da comunicação instantânea, das redes sociais e das "fake news" ("Como as Democracias Morrem", de Steven Levinsky e Daniel Ziblatt). O ressentimento e a raiva no livro de Pankaj Mishra, "Age of Anger". Para o autor "O ressentimento pode parecer uma consequência natural da busca mundial de riqueza, poder, status e da excitação estéril imposta pelo capitalismo global. ... A mídia digital aumentou inquestionavelmente a tendência humana de comparar constantemente a sua vida com as vidas dos aparentemente afortunados. .... Mas o palpável o extremismo no desejo, discurso e ação no mundo de hoje também deriva de algo mais insidioso do que a desigualdade econômica e desajustes na sociabilidade ... o descompasso entre expectativas pessoais, intensificado por uma ruptura traumática com o passado, e a cruel indiferença das lentas mudanças da realidade... a maioria das pessoas descobre que as noções de individualismo e mobilidade social são irrealizáveis na prática."

>> Conheça boas práticas no Setor Público

Numa outra, linha Torben Iversen e David Soskice em "Democracia e Prosperidade" argumentam que existe uma simbiose nos países altamente desenvolvidos. "A democracia reforça positivamente o capitalismo avançado, e o bom funcionamento do capitalismo avançado reforça o apoio democrático." E dessa visão derivam três ideias:

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1) O papel central do estado;

2) A preocupação de significativa parte do eleitorado de com a competência na gestão econômica dos governos;

3) A imersão geográfica do capitalismo avançado nos estados nação mais desenvolvidos.

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Mesmo reconhecendo as dificuldades do presente, que para eles são desajustes temporais oriundos da transição para a economia do conhecimento, os autores acreditam numa perspectiva positiva. Apesar de toda a turbulenta história do século XX o capitalismo promoveu uma enorme prosperidade. A economia do conhecimento, a despeito dos desequilíbrios gerados, permitiu avanços impensáveis na sociedade em menos de 50 anos. A reinvenção democrática do capitalismo, ao contrário da ênfase nas disfunções, deve ser o alvo do debate atual. Desta forma eles estão focados na busca de alternativas de desenvolvimento que voltem a proporcionar esperança à classe média e seja capaz de trazer o eleitorado para o lado de uma política distante de extremismos e com eficiente gestão econômica.

Enquanto isso por aqui. As turbulências que têm sido geradas pelas declarações mal postas e iniciativas sem bom senso que emanam da Presidência da República, se misturam com o esforço para dar curso a uma agenda mínima de reformas. Pouco a pouco surge o sentimento de que o país precisa mesmo é de serenidade. Na prática vamos aprendendo que a estabilidade democrática é quem comanda o caminho do desenvolvimento sustentável. E que para isso é necessário construir opções longe dos populismos.

Opções que precisam ir além das necessárias reformas, do imprescindível equilíbrio fiscal, e do receituário econômico liberal. Que incorpore também novos caminhos para a retomada do desenvolvimento e da redução da desigualdade. Que renove a esperança no futuro. E transmita a certeza de que o esforço pessoal será recompensado com melhoria de vida para cada cidadão ou cidadã, e sobretudo para seus filhos.

Em artigo reproduzido no Jornal O Valor, de 12 de julho último, Dan Rodrick (Professor de Política Internacional Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade de Harvard) formula a frase que eu queria ter escrito. "Será a cultura ou a economia? Essa pergunta molda boa parte da discussão sobre o populismo contemporâneo". E da mesma forma que eu faria, ele contesta as duas visões, mostrando que pode haver entre elas mais complementariedade do que contradições.

Do ponto de vista cultural haveria uma reação com a valorização de conceitos mais conservadores de família, de nação, comunidade, gênero e religião, em contraponto a uma visão mais secularista, individualista, desenraizada e adepta da diversidade. É como se, sentindo-se desorientada com o rumo da vida e dos costumes, uma parcela da população se voltasse para valores tradicionais e buscasse uma inserção social pela via do nacionalismo exacerbado e da religião. Os já famosos bordões "menino veste azul e menina veste rosa", "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", "Terrivelmente evangélicos" ou posições mais militantes contra "doutrinação nas escolas", são exemplos disso.

Do ponto de vista econômico a questão central seria o empobrecimento da chamada classe média tradicional, identificada com postos de trabalho em extinção ou transformação, e a perda relativa de competitividade de setores de determinadas economias nacionais (maior competitividade da China em áreas industriais e nas importações dos EEUU, por exemplo). Fenômenos decorrentes dos impactos da transição para a economia do conhecimento que traria consigo o aumento da desigualdade nos países desenvolvidos, o aumento do custo devida nas cidades polo da nova economia, expressa numa contradição entre grandes centros e pequenas cidades; os requisitos educacionais cada vez mais intensos no mundo do trabalho. No Brasil essas questões se colocariam de outra forma. Um resultado imediato da crise a partir de 2014, do desemprego e da frustração de enormes segmentos da população que haviam ascendido socialmente. Sem falar na crise do setor público com enormes impactos para a qualidade de vida da maioria da população e para o ambiente de negócios.

O que não faltam são estudos interessantes e fortes argumentos. Desde o possível afastamento dos "progressistas", ao exagerar na política de identidades, de uma política capaz de representar os interesses da cidadania como um todo ("O Progressista de Ontem e o do Amanhã" de Mark Lilla), a ênfase a falência da representação política tradicional na era da comunicação instantânea, das redes sociais e das "fake news" ("Como as Democracias Morrem", de Steven Levinsky e Daniel Ziblatt). O ressentimento e a raiva no livro de Pankaj Mishra, "Age of Anger". Para o autor "O ressentimento pode parecer uma consequência natural da busca mundial de riqueza, poder, status e da excitação estéril imposta pelo capitalismo global. ... A mídia digital aumentou inquestionavelmente a tendência humana de comparar constantemente a sua vida com as vidas dos aparentemente afortunados. .... Mas o palpável o extremismo no desejo, discurso e ação no mundo de hoje também deriva de algo mais insidioso do que a desigualdade econômica e desajustes na sociabilidade ... o descompasso entre expectativas pessoais, intensificado por uma ruptura traumática com o passado, e a cruel indiferença das lentas mudanças da realidade... a maioria das pessoas descobre que as noções de individualismo e mobilidade social são irrealizáveis na prática."

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Numa outra, linha Torben Iversen e David Soskice em "Democracia e Prosperidade" argumentam que existe uma simbiose nos países altamente desenvolvidos. "A democracia reforça positivamente o capitalismo avançado, e o bom funcionamento do capitalismo avançado reforça o apoio democrático." E dessa visão derivam três ideias:

1) O papel central do estado;

2) A preocupação de significativa parte do eleitorado de com a competência na gestão econômica dos governos;

3) A imersão geográfica do capitalismo avançado nos estados nação mais desenvolvidos.

Mesmo reconhecendo as dificuldades do presente, que para eles são desajustes temporais oriundos da transição para a economia do conhecimento, os autores acreditam numa perspectiva positiva. Apesar de toda a turbulenta história do século XX o capitalismo promoveu uma enorme prosperidade. A economia do conhecimento, a despeito dos desequilíbrios gerados, permitiu avanços impensáveis na sociedade em menos de 50 anos. A reinvenção democrática do capitalismo, ao contrário da ênfase nas disfunções, deve ser o alvo do debate atual. Desta forma eles estão focados na busca de alternativas de desenvolvimento que voltem a proporcionar esperança à classe média e seja capaz de trazer o eleitorado para o lado de uma política distante de extremismos e com eficiente gestão econômica.

Enquanto isso por aqui. As turbulências que têm sido geradas pelas declarações mal postas e iniciativas sem bom senso que emanam da Presidência da República, se misturam com o esforço para dar curso a uma agenda mínima de reformas. Pouco a pouco surge o sentimento de que o país precisa mesmo é de serenidade. Na prática vamos aprendendo que a estabilidade democrática é quem comanda o caminho do desenvolvimento sustentável. E que para isso é necessário construir opções longe dos populismos.

Opções que precisam ir além das necessárias reformas, do imprescindível equilíbrio fiscal, e do receituário econômico liberal. Que incorpore também novos caminhos para a retomada do desenvolvimento e da redução da desigualdade. Que renove a esperança no futuro. E transmita a certeza de que o esforço pessoal será recompensado com melhoria de vida para cada cidadão ou cidadã, e sobretudo para seus filhos.

Em artigo reproduzido no Jornal O Valor, de 12 de julho último, Dan Rodrick (Professor de Política Internacional Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade de Harvard) formula a frase que eu queria ter escrito. "Será a cultura ou a economia? Essa pergunta molda boa parte da discussão sobre o populismo contemporâneo". E da mesma forma que eu faria, ele contesta as duas visões, mostrando que pode haver entre elas mais complementariedade do que contradições.

Do ponto de vista cultural haveria uma reação com a valorização de conceitos mais conservadores de família, de nação, comunidade, gênero e religião, em contraponto a uma visão mais secularista, individualista, desenraizada e adepta da diversidade. É como se, sentindo-se desorientada com o rumo da vida e dos costumes, uma parcela da população se voltasse para valores tradicionais e buscasse uma inserção social pela via do nacionalismo exacerbado e da religião. Os já famosos bordões "menino veste azul e menina veste rosa", "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", "Terrivelmente evangélicos" ou posições mais militantes contra "doutrinação nas escolas", são exemplos disso.

Do ponto de vista econômico a questão central seria o empobrecimento da chamada classe média tradicional, identificada com postos de trabalho em extinção ou transformação, e a perda relativa de competitividade de setores de determinadas economias nacionais (maior competitividade da China em áreas industriais e nas importações dos EEUU, por exemplo). Fenômenos decorrentes dos impactos da transição para a economia do conhecimento que traria consigo o aumento da desigualdade nos países desenvolvidos, o aumento do custo devida nas cidades polo da nova economia, expressa numa contradição entre grandes centros e pequenas cidades; os requisitos educacionais cada vez mais intensos no mundo do trabalho. No Brasil essas questões se colocariam de outra forma. Um resultado imediato da crise a partir de 2014, do desemprego e da frustração de enormes segmentos da população que haviam ascendido socialmente. Sem falar na crise do setor público com enormes impactos para a qualidade de vida da maioria da população e para o ambiente de negócios.

O que não faltam são estudos interessantes e fortes argumentos. Desde o possível afastamento dos "progressistas", ao exagerar na política de identidades, de uma política capaz de representar os interesses da cidadania como um todo ("O Progressista de Ontem e o do Amanhã" de Mark Lilla), a ênfase a falência da representação política tradicional na era da comunicação instantânea, das redes sociais e das "fake news" ("Como as Democracias Morrem", de Steven Levinsky e Daniel Ziblatt). O ressentimento e a raiva no livro de Pankaj Mishra, "Age of Anger". Para o autor "O ressentimento pode parecer uma consequência natural da busca mundial de riqueza, poder, status e da excitação estéril imposta pelo capitalismo global. ... A mídia digital aumentou inquestionavelmente a tendência humana de comparar constantemente a sua vida com as vidas dos aparentemente afortunados. .... Mas o palpável o extremismo no desejo, discurso e ação no mundo de hoje também deriva de algo mais insidioso do que a desigualdade econômica e desajustes na sociabilidade ... o descompasso entre expectativas pessoais, intensificado por uma ruptura traumática com o passado, e a cruel indiferença das lentas mudanças da realidade... a maioria das pessoas descobre que as noções de individualismo e mobilidade social são irrealizáveis na prática."

>> Conheça boas práticas no Setor Público

Numa outra, linha Torben Iversen e David Soskice em "Democracia e Prosperidade" argumentam que existe uma simbiose nos países altamente desenvolvidos. "A democracia reforça positivamente o capitalismo avançado, e o bom funcionamento do capitalismo avançado reforça o apoio democrático." E dessa visão derivam três ideias:

1) O papel central do estado;

2) A preocupação de significativa parte do eleitorado de com a competência na gestão econômica dos governos;

3) A imersão geográfica do capitalismo avançado nos estados nação mais desenvolvidos.

Mesmo reconhecendo as dificuldades do presente, que para eles são desajustes temporais oriundos da transição para a economia do conhecimento, os autores acreditam numa perspectiva positiva. Apesar de toda a turbulenta história do século XX o capitalismo promoveu uma enorme prosperidade. A economia do conhecimento, a despeito dos desequilíbrios gerados, permitiu avanços impensáveis na sociedade em menos de 50 anos. A reinvenção democrática do capitalismo, ao contrário da ênfase nas disfunções, deve ser o alvo do debate atual. Desta forma eles estão focados na busca de alternativas de desenvolvimento que voltem a proporcionar esperança à classe média e seja capaz de trazer o eleitorado para o lado de uma política distante de extremismos e com eficiente gestão econômica.

Enquanto isso por aqui. As turbulências que têm sido geradas pelas declarações mal postas e iniciativas sem bom senso que emanam da Presidência da República, se misturam com o esforço para dar curso a uma agenda mínima de reformas. Pouco a pouco surge o sentimento de que o país precisa mesmo é de serenidade. Na prática vamos aprendendo que a estabilidade democrática é quem comanda o caminho do desenvolvimento sustentável. E que para isso é necessário construir opções longe dos populismos.

Opções que precisam ir além das necessárias reformas, do imprescindível equilíbrio fiscal, e do receituário econômico liberal. Que incorpore também novos caminhos para a retomada do desenvolvimento e da redução da desigualdade. Que renove a esperança no futuro. E transmita a certeza de que o esforço pessoal será recompensado com melhoria de vida para cada cidadão ou cidadã, e sobretudo para seus filhos.

Em artigo reproduzido no Jornal O Valor, de 12 de julho último, Dan Rodrick (Professor de Política Internacional Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade de Harvard) formula a frase que eu queria ter escrito. "Será a cultura ou a economia? Essa pergunta molda boa parte da discussão sobre o populismo contemporâneo". E da mesma forma que eu faria, ele contesta as duas visões, mostrando que pode haver entre elas mais complementariedade do que contradições.

Do ponto de vista cultural haveria uma reação com a valorização de conceitos mais conservadores de família, de nação, comunidade, gênero e religião, em contraponto a uma visão mais secularista, individualista, desenraizada e adepta da diversidade. É como se, sentindo-se desorientada com o rumo da vida e dos costumes, uma parcela da população se voltasse para valores tradicionais e buscasse uma inserção social pela via do nacionalismo exacerbado e da religião. Os já famosos bordões "menino veste azul e menina veste rosa", "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", "Terrivelmente evangélicos" ou posições mais militantes contra "doutrinação nas escolas", são exemplos disso.

Do ponto de vista econômico a questão central seria o empobrecimento da chamada classe média tradicional, identificada com postos de trabalho em extinção ou transformação, e a perda relativa de competitividade de setores de determinadas economias nacionais (maior competitividade da China em áreas industriais e nas importações dos EEUU, por exemplo). Fenômenos decorrentes dos impactos da transição para a economia do conhecimento que traria consigo o aumento da desigualdade nos países desenvolvidos, o aumento do custo devida nas cidades polo da nova economia, expressa numa contradição entre grandes centros e pequenas cidades; os requisitos educacionais cada vez mais intensos no mundo do trabalho. No Brasil essas questões se colocariam de outra forma. Um resultado imediato da crise a partir de 2014, do desemprego e da frustração de enormes segmentos da população que haviam ascendido socialmente. Sem falar na crise do setor público com enormes impactos para a qualidade de vida da maioria da população e para o ambiente de negócios.

O que não faltam são estudos interessantes e fortes argumentos. Desde o possível afastamento dos "progressistas", ao exagerar na política de identidades, de uma política capaz de representar os interesses da cidadania como um todo ("O Progressista de Ontem e o do Amanhã" de Mark Lilla), a ênfase a falência da representação política tradicional na era da comunicação instantânea, das redes sociais e das "fake news" ("Como as Democracias Morrem", de Steven Levinsky e Daniel Ziblatt). O ressentimento e a raiva no livro de Pankaj Mishra, "Age of Anger". Para o autor "O ressentimento pode parecer uma consequência natural da busca mundial de riqueza, poder, status e da excitação estéril imposta pelo capitalismo global. ... A mídia digital aumentou inquestionavelmente a tendência humana de comparar constantemente a sua vida com as vidas dos aparentemente afortunados. .... Mas o palpável o extremismo no desejo, discurso e ação no mundo de hoje também deriva de algo mais insidioso do que a desigualdade econômica e desajustes na sociabilidade ... o descompasso entre expectativas pessoais, intensificado por uma ruptura traumática com o passado, e a cruel indiferença das lentas mudanças da realidade... a maioria das pessoas descobre que as noções de individualismo e mobilidade social são irrealizáveis na prática."

>> Conheça boas práticas no Setor Público

Numa outra, linha Torben Iversen e David Soskice em "Democracia e Prosperidade" argumentam que existe uma simbiose nos países altamente desenvolvidos. "A democracia reforça positivamente o capitalismo avançado, e o bom funcionamento do capitalismo avançado reforça o apoio democrático." E dessa visão derivam três ideias:

1) O papel central do estado;

2) A preocupação de significativa parte do eleitorado de com a competência na gestão econômica dos governos;

3) A imersão geográfica do capitalismo avançado nos estados nação mais desenvolvidos.

Mesmo reconhecendo as dificuldades do presente, que para eles são desajustes temporais oriundos da transição para a economia do conhecimento, os autores acreditam numa perspectiva positiva. Apesar de toda a turbulenta história do século XX o capitalismo promoveu uma enorme prosperidade. A economia do conhecimento, a despeito dos desequilíbrios gerados, permitiu avanços impensáveis na sociedade em menos de 50 anos. A reinvenção democrática do capitalismo, ao contrário da ênfase nas disfunções, deve ser o alvo do debate atual. Desta forma eles estão focados na busca de alternativas de desenvolvimento que voltem a proporcionar esperança à classe média e seja capaz de trazer o eleitorado para o lado de uma política distante de extremismos e com eficiente gestão econômica.

Enquanto isso por aqui. As turbulências que têm sido geradas pelas declarações mal postas e iniciativas sem bom senso que emanam da Presidência da República, se misturam com o esforço para dar curso a uma agenda mínima de reformas. Pouco a pouco surge o sentimento de que o país precisa mesmo é de serenidade. Na prática vamos aprendendo que a estabilidade democrática é quem comanda o caminho do desenvolvimento sustentável. E que para isso é necessário construir opções longe dos populismos.

Opções que precisam ir além das necessárias reformas, do imprescindível equilíbrio fiscal, e do receituário econômico liberal. Que incorpore também novos caminhos para a retomada do desenvolvimento e da redução da desigualdade. Que renove a esperança no futuro. E transmita a certeza de que o esforço pessoal será recompensado com melhoria de vida para cada cidadão ou cidadã, e sobretudo para seus filhos.

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