O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já avisou aos partidos interessados em novas vagas na Esplanada que descarta fazer uma reforma ministerial por ora. Se houver mudança, será pontual, de quem quiser disputar as eleições deste ano. Mas a “trapalhada” do Ministério da Saúde nesta semana, com a publicação e posterior suspensão da nota técnica sobre procedimentos permitidos pela lei para o aborto legal nos serviços de saúde em qualquer período da gestação, resgatou no Centrão o desejo pelo comando da pasta.
Integrantes do grupo ressaltam que o Brasil é conservador e avaliam que a ministra Nísia Trindade “entregará o cargo de bandeja” se houver novos episódios que possam afetar a popularidade do governo e repercutam negativamente, como ocorreu no caso da dança sensual em evento da pasta, no ano passado.
A nova ocorrência na gestão de Nísia dificulta a aproximação de Lula com os evangélicos. Como revelou a Coluna do Estadão, a Frente Parlamentar Evangélica monitora notas, portarias e decretos do governo que atingem a pauta de costumes, e a cada ato se distancia mais.
Lula protegeu Nísia Trindade de ofensiva do Centrão
Em julho do ano passado, em meio à ofensiva do Centrão pelo Ministério da Saúde, o presidente Lula afirmou que Nísia continuaria no comando da pasta. Ele disse que a ministra poderia “dormir e acordar tranquila” porque faz um bom trabalho.
Nessa ocasião, parlamentares pressionavam pela queda de Nísia pela demora na liberação de emendas do governo federal. A reclamação era com as travas para empenhar verbas na Saúde, que tem um dos maiores orçamentos da Esplanada.
O problema persistiu até este ano, quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se queixou de divergência na liberação de emendas da pasta e cobrou explicações.
Para contornar o embate, equipes técnicas do Ministério da Saúde e da Câmara precisaram marcar um encontro reunir para identificar onde há divergência. Antes, Lula reiterou a Nísia que a orientação de que acordos selados pela articulação política devem ser cumpridos.