Dirceu retoma articulação política para tentar recuperar poderes dentro do PT


Cumprindo prisão domiciliar, ex-ministro condenado por corrupção no julgamento do mensalão já recebeu cerca de 30 pessoas, entre parlamentares e dirigentes da legenda, em sua casa em Brasília; conversas são repletas de críticas à gestão Dilma Rousseff

Por VERA ROSA E WILSON TOSTA

Atualizado às 20h10

Disposto a medir forças dentro do PT e a escancarar críticas à política econômica do governo Dilma Rousseff, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu tenta reaglutinar o seu grupo no partido. Dois anos após ser condenado no processo do mensalão e cumprindo pena em casa desde novembro, Dirceu recebe com frequência deputados, senadores e dirigentes que se queixam do governo e pregam mudanças na legenda. Os movimentos do petista têm o objetivo de articular a formação de um novo campo político no PT, que pode culminar em seu afastamento da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no partido.

Ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu Foto: Dida Sampaio/Estadão - 04.11.2014
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Embora tenha sido condenado em 2012 a 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, Dirceu ainda se considera forte no PT e quer reunir, após o carnaval, militantes de diferentes tendências. Até agora, ele já conversou com cerca de 30 deputados, sete senadores e correligionários de vários Estados em sua casa no Lago Sul de Brasília, onde cumpre a prisão domiciliar. Até mesmo parlamentares da corrente Mensagem ao Partido - integrada pelo titular da Justiça, José Eduardo Cardozo, seu desafeto - e de grupos do PT mais à esquerda no espectro ideológico, já se reuniram com o ex-ministro. Nas conversas reservadas, às vésperas da comemoração de 35 anos do PT, que serão completados em fevereiro, Dirceu diz que sua intenção é discutir os rumos do partido antes de seu 5.º Congresso. O encontro de Salvador, em junho, vai nortear as ações do petismo nos próximos anos e deve fazer uma autocrítica sobre a sucessão de escândalos que se abateram sobre a legenda. Padrinho de Renato Duque, ex-diretor da Petrobrás que teve o nome envolvido na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Dirceu tem afirmado aos interlocutores que o PT e o governo Dilma estão na defensiva e não sabem reagir à oposição. Critica abertamente a direção do PT, a presidente Dilma, a equipe econômica e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência) e Pepe Vargas (Secretaria de Relações Institucionais), encarregados da articulação política com o Congresso. Na terça-feira, Dirceu publicou em seu blog um texto criticando as recentes medidas econômicas do governo. "O aumento de impostos e dos juros são apenas consequências, desdobramentos da busca de um superávit de 1,2% do PIB este ano", escreveu. "A elevação dos juros visa derrubar a demanda e vem casada com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para os empréstimos às pessoas físicas. Aí, também, refreando o consumo. Caminhamos assim - conscientemente, espero, por parte do governo - para uma recessão com todas as suas implicações sociais e políticas." Dirceu está ressentido com a cúpula do PT, porque se sentiu abandonado durante o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). A portas fechadas, a posição do ex-todo poderoso chefe da Casa Civil é parecida com a da senadora Marta Suplicy (PT-SP). Em entrevista ao Estado, Marta foi enfática: "Ou o PT muda ou acaba". Um amigo que esteve com Dirceu recentemente diz que o ex-ministro de Lula tem "energia para brigar" e quer se "reinventar". Segundo esse interlocutor, Dirceu tem uma posição crítica em relação ao atual processo político e à cúpula do governo. Restrições. O cumprimento da sentença do mensalão em regime de prisão domiciliar impõe restrições à atuação de Dirceu. Ele não pode, por exemplo, sair de Brasília sem autorização do Supremo. Deve ficar em casa das 21 às 5 horas, é proibido de frequentar bares e de realizar encontros com outros condenados que estejam cumprindo pena. O pedido de prisão domiciliar foi mais um ponto de atrito de Dirceu com o comando do PT. Dirigentes do partido e até emissários de Lula chegaram a pedir a ele que só apresentasse esse pedido após a campanha da reeleição de Dilma, para não dar discurso ao PSDB, reavivando o mensalão. Dirceu não aceitou. Agora, ele escreve o livro Tempos de Papuda, sobre sua passagem pelo presídio do Distrito Federal.

Após a divulgação da reportagem do Estado nesta quinta-feira, 22, a assessoria de José Dirceu encaminhou a seguinte carta:

"Em relação à reportagem "Dirceu retoma articulação política para tentar recuperar poderes dentro do PT", (22/1), o ex-ministro José Dirceu esclarece que não está exercendo nenhuma atividade político-partidária, não participa da direção e nem da vida política interna do PT.

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O ex-ministro, que não foi procurado pela reportagem, reitera que está totalmente dedicado a cumprir a sentença a ele imposta pelo STF e a refazer sua vida familiar e profissional. Em prisão domiciliar, ele recebe visitas de solidariedade e apoio de amigos e companheiros de décadas de militância e luta.

José Dirceu diz ainda que não tem razão para ter qualquer tipo de ressentimento contra o PT e seus dirigentes. Afirma também, como já dito anteriormente, que não tem qualquer relação com a indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras.

Ednilson Machado

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Assessor de imprensa do ex-ministro José Dirceu"

Atualizado às 20h10

Disposto a medir forças dentro do PT e a escancarar críticas à política econômica do governo Dilma Rousseff, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu tenta reaglutinar o seu grupo no partido. Dois anos após ser condenado no processo do mensalão e cumprindo pena em casa desde novembro, Dirceu recebe com frequência deputados, senadores e dirigentes que se queixam do governo e pregam mudanças na legenda. Os movimentos do petista têm o objetivo de articular a formação de um novo campo político no PT, que pode culminar em seu afastamento da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no partido.

Ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu Foto: Dida Sampaio/Estadão - 04.11.2014

Embora tenha sido condenado em 2012 a 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, Dirceu ainda se considera forte no PT e quer reunir, após o carnaval, militantes de diferentes tendências. Até agora, ele já conversou com cerca de 30 deputados, sete senadores e correligionários de vários Estados em sua casa no Lago Sul de Brasília, onde cumpre a prisão domiciliar. Até mesmo parlamentares da corrente Mensagem ao Partido - integrada pelo titular da Justiça, José Eduardo Cardozo, seu desafeto - e de grupos do PT mais à esquerda no espectro ideológico, já se reuniram com o ex-ministro. Nas conversas reservadas, às vésperas da comemoração de 35 anos do PT, que serão completados em fevereiro, Dirceu diz que sua intenção é discutir os rumos do partido antes de seu 5.º Congresso. O encontro de Salvador, em junho, vai nortear as ações do petismo nos próximos anos e deve fazer uma autocrítica sobre a sucessão de escândalos que se abateram sobre a legenda. Padrinho de Renato Duque, ex-diretor da Petrobrás que teve o nome envolvido na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Dirceu tem afirmado aos interlocutores que o PT e o governo Dilma estão na defensiva e não sabem reagir à oposição. Critica abertamente a direção do PT, a presidente Dilma, a equipe econômica e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência) e Pepe Vargas (Secretaria de Relações Institucionais), encarregados da articulação política com o Congresso. Na terça-feira, Dirceu publicou em seu blog um texto criticando as recentes medidas econômicas do governo. "O aumento de impostos e dos juros são apenas consequências, desdobramentos da busca de um superávit de 1,2% do PIB este ano", escreveu. "A elevação dos juros visa derrubar a demanda e vem casada com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para os empréstimos às pessoas físicas. Aí, também, refreando o consumo. Caminhamos assim - conscientemente, espero, por parte do governo - para uma recessão com todas as suas implicações sociais e políticas." Dirceu está ressentido com a cúpula do PT, porque se sentiu abandonado durante o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). A portas fechadas, a posição do ex-todo poderoso chefe da Casa Civil é parecida com a da senadora Marta Suplicy (PT-SP). Em entrevista ao Estado, Marta foi enfática: "Ou o PT muda ou acaba". Um amigo que esteve com Dirceu recentemente diz que o ex-ministro de Lula tem "energia para brigar" e quer se "reinventar". Segundo esse interlocutor, Dirceu tem uma posição crítica em relação ao atual processo político e à cúpula do governo. Restrições. O cumprimento da sentença do mensalão em regime de prisão domiciliar impõe restrições à atuação de Dirceu. Ele não pode, por exemplo, sair de Brasília sem autorização do Supremo. Deve ficar em casa das 21 às 5 horas, é proibido de frequentar bares e de realizar encontros com outros condenados que estejam cumprindo pena. O pedido de prisão domiciliar foi mais um ponto de atrito de Dirceu com o comando do PT. Dirigentes do partido e até emissários de Lula chegaram a pedir a ele que só apresentasse esse pedido após a campanha da reeleição de Dilma, para não dar discurso ao PSDB, reavivando o mensalão. Dirceu não aceitou. Agora, ele escreve o livro Tempos de Papuda, sobre sua passagem pelo presídio do Distrito Federal.

Após a divulgação da reportagem do Estado nesta quinta-feira, 22, a assessoria de José Dirceu encaminhou a seguinte carta:

"Em relação à reportagem "Dirceu retoma articulação política para tentar recuperar poderes dentro do PT", (22/1), o ex-ministro José Dirceu esclarece que não está exercendo nenhuma atividade político-partidária, não participa da direção e nem da vida política interna do PT.

O ex-ministro, que não foi procurado pela reportagem, reitera que está totalmente dedicado a cumprir a sentença a ele imposta pelo STF e a refazer sua vida familiar e profissional. Em prisão domiciliar, ele recebe visitas de solidariedade e apoio de amigos e companheiros de décadas de militância e luta.

José Dirceu diz ainda que não tem razão para ter qualquer tipo de ressentimento contra o PT e seus dirigentes. Afirma também, como já dito anteriormente, que não tem qualquer relação com a indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras.

Ednilson Machado

Assessor de imprensa do ex-ministro José Dirceu"

Atualizado às 20h10

Disposto a medir forças dentro do PT e a escancarar críticas à política econômica do governo Dilma Rousseff, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu tenta reaglutinar o seu grupo no partido. Dois anos após ser condenado no processo do mensalão e cumprindo pena em casa desde novembro, Dirceu recebe com frequência deputados, senadores e dirigentes que se queixam do governo e pregam mudanças na legenda. Os movimentos do petista têm o objetivo de articular a formação de um novo campo político no PT, que pode culminar em seu afastamento da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no partido.

Ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu Foto: Dida Sampaio/Estadão - 04.11.2014

Embora tenha sido condenado em 2012 a 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, Dirceu ainda se considera forte no PT e quer reunir, após o carnaval, militantes de diferentes tendências. Até agora, ele já conversou com cerca de 30 deputados, sete senadores e correligionários de vários Estados em sua casa no Lago Sul de Brasília, onde cumpre a prisão domiciliar. Até mesmo parlamentares da corrente Mensagem ao Partido - integrada pelo titular da Justiça, José Eduardo Cardozo, seu desafeto - e de grupos do PT mais à esquerda no espectro ideológico, já se reuniram com o ex-ministro. Nas conversas reservadas, às vésperas da comemoração de 35 anos do PT, que serão completados em fevereiro, Dirceu diz que sua intenção é discutir os rumos do partido antes de seu 5.º Congresso. O encontro de Salvador, em junho, vai nortear as ações do petismo nos próximos anos e deve fazer uma autocrítica sobre a sucessão de escândalos que se abateram sobre a legenda. Padrinho de Renato Duque, ex-diretor da Petrobrás que teve o nome envolvido na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Dirceu tem afirmado aos interlocutores que o PT e o governo Dilma estão na defensiva e não sabem reagir à oposição. Critica abertamente a direção do PT, a presidente Dilma, a equipe econômica e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência) e Pepe Vargas (Secretaria de Relações Institucionais), encarregados da articulação política com o Congresso. Na terça-feira, Dirceu publicou em seu blog um texto criticando as recentes medidas econômicas do governo. "O aumento de impostos e dos juros são apenas consequências, desdobramentos da busca de um superávit de 1,2% do PIB este ano", escreveu. "A elevação dos juros visa derrubar a demanda e vem casada com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para os empréstimos às pessoas físicas. Aí, também, refreando o consumo. Caminhamos assim - conscientemente, espero, por parte do governo - para uma recessão com todas as suas implicações sociais e políticas." Dirceu está ressentido com a cúpula do PT, porque se sentiu abandonado durante o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). A portas fechadas, a posição do ex-todo poderoso chefe da Casa Civil é parecida com a da senadora Marta Suplicy (PT-SP). Em entrevista ao Estado, Marta foi enfática: "Ou o PT muda ou acaba". Um amigo que esteve com Dirceu recentemente diz que o ex-ministro de Lula tem "energia para brigar" e quer se "reinventar". Segundo esse interlocutor, Dirceu tem uma posição crítica em relação ao atual processo político e à cúpula do governo. Restrições. O cumprimento da sentença do mensalão em regime de prisão domiciliar impõe restrições à atuação de Dirceu. Ele não pode, por exemplo, sair de Brasília sem autorização do Supremo. Deve ficar em casa das 21 às 5 horas, é proibido de frequentar bares e de realizar encontros com outros condenados que estejam cumprindo pena. O pedido de prisão domiciliar foi mais um ponto de atrito de Dirceu com o comando do PT. Dirigentes do partido e até emissários de Lula chegaram a pedir a ele que só apresentasse esse pedido após a campanha da reeleição de Dilma, para não dar discurso ao PSDB, reavivando o mensalão. Dirceu não aceitou. Agora, ele escreve o livro Tempos de Papuda, sobre sua passagem pelo presídio do Distrito Federal.

Após a divulgação da reportagem do Estado nesta quinta-feira, 22, a assessoria de José Dirceu encaminhou a seguinte carta:

"Em relação à reportagem "Dirceu retoma articulação política para tentar recuperar poderes dentro do PT", (22/1), o ex-ministro José Dirceu esclarece que não está exercendo nenhuma atividade político-partidária, não participa da direção e nem da vida política interna do PT.

O ex-ministro, que não foi procurado pela reportagem, reitera que está totalmente dedicado a cumprir a sentença a ele imposta pelo STF e a refazer sua vida familiar e profissional. Em prisão domiciliar, ele recebe visitas de solidariedade e apoio de amigos e companheiros de décadas de militância e luta.

José Dirceu diz ainda que não tem razão para ter qualquer tipo de ressentimento contra o PT e seus dirigentes. Afirma também, como já dito anteriormente, que não tem qualquer relação com a indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras.

Ednilson Machado

Assessor de imprensa do ex-ministro José Dirceu"

Atualizado às 20h10

Disposto a medir forças dentro do PT e a escancarar críticas à política econômica do governo Dilma Rousseff, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu tenta reaglutinar o seu grupo no partido. Dois anos após ser condenado no processo do mensalão e cumprindo pena em casa desde novembro, Dirceu recebe com frequência deputados, senadores e dirigentes que se queixam do governo e pregam mudanças na legenda. Os movimentos do petista têm o objetivo de articular a formação de um novo campo político no PT, que pode culminar em seu afastamento da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no partido.

Ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu Foto: Dida Sampaio/Estadão - 04.11.2014

Embora tenha sido condenado em 2012 a 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, Dirceu ainda se considera forte no PT e quer reunir, após o carnaval, militantes de diferentes tendências. Até agora, ele já conversou com cerca de 30 deputados, sete senadores e correligionários de vários Estados em sua casa no Lago Sul de Brasília, onde cumpre a prisão domiciliar. Até mesmo parlamentares da corrente Mensagem ao Partido - integrada pelo titular da Justiça, José Eduardo Cardozo, seu desafeto - e de grupos do PT mais à esquerda no espectro ideológico, já se reuniram com o ex-ministro. Nas conversas reservadas, às vésperas da comemoração de 35 anos do PT, que serão completados em fevereiro, Dirceu diz que sua intenção é discutir os rumos do partido antes de seu 5.º Congresso. O encontro de Salvador, em junho, vai nortear as ações do petismo nos próximos anos e deve fazer uma autocrítica sobre a sucessão de escândalos que se abateram sobre a legenda. Padrinho de Renato Duque, ex-diretor da Petrobrás que teve o nome envolvido na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Dirceu tem afirmado aos interlocutores que o PT e o governo Dilma estão na defensiva e não sabem reagir à oposição. Critica abertamente a direção do PT, a presidente Dilma, a equipe econômica e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência) e Pepe Vargas (Secretaria de Relações Institucionais), encarregados da articulação política com o Congresso. Na terça-feira, Dirceu publicou em seu blog um texto criticando as recentes medidas econômicas do governo. "O aumento de impostos e dos juros são apenas consequências, desdobramentos da busca de um superávit de 1,2% do PIB este ano", escreveu. "A elevação dos juros visa derrubar a demanda e vem casada com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para os empréstimos às pessoas físicas. Aí, também, refreando o consumo. Caminhamos assim - conscientemente, espero, por parte do governo - para uma recessão com todas as suas implicações sociais e políticas." Dirceu está ressentido com a cúpula do PT, porque se sentiu abandonado durante o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). A portas fechadas, a posição do ex-todo poderoso chefe da Casa Civil é parecida com a da senadora Marta Suplicy (PT-SP). Em entrevista ao Estado, Marta foi enfática: "Ou o PT muda ou acaba". Um amigo que esteve com Dirceu recentemente diz que o ex-ministro de Lula tem "energia para brigar" e quer se "reinventar". Segundo esse interlocutor, Dirceu tem uma posição crítica em relação ao atual processo político e à cúpula do governo. Restrições. O cumprimento da sentença do mensalão em regime de prisão domiciliar impõe restrições à atuação de Dirceu. Ele não pode, por exemplo, sair de Brasília sem autorização do Supremo. Deve ficar em casa das 21 às 5 horas, é proibido de frequentar bares e de realizar encontros com outros condenados que estejam cumprindo pena. O pedido de prisão domiciliar foi mais um ponto de atrito de Dirceu com o comando do PT. Dirigentes do partido e até emissários de Lula chegaram a pedir a ele que só apresentasse esse pedido após a campanha da reeleição de Dilma, para não dar discurso ao PSDB, reavivando o mensalão. Dirceu não aceitou. Agora, ele escreve o livro Tempos de Papuda, sobre sua passagem pelo presídio do Distrito Federal.

Após a divulgação da reportagem do Estado nesta quinta-feira, 22, a assessoria de José Dirceu encaminhou a seguinte carta:

"Em relação à reportagem "Dirceu retoma articulação política para tentar recuperar poderes dentro do PT", (22/1), o ex-ministro José Dirceu esclarece que não está exercendo nenhuma atividade político-partidária, não participa da direção e nem da vida política interna do PT.

O ex-ministro, que não foi procurado pela reportagem, reitera que está totalmente dedicado a cumprir a sentença a ele imposta pelo STF e a refazer sua vida familiar e profissional. Em prisão domiciliar, ele recebe visitas de solidariedade e apoio de amigos e companheiros de décadas de militância e luta.

José Dirceu diz ainda que não tem razão para ter qualquer tipo de ressentimento contra o PT e seus dirigentes. Afirma também, como já dito anteriormente, que não tem qualquer relação com a indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras.

Ednilson Machado

Assessor de imprensa do ex-ministro José Dirceu"

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