'Disse a Lula que estou debaixo de pancada', diz Minc


'Alguém do governo solapar a própria posição do governo é a casa da mãe joana', ataca ministro

Por Fabiana Cimieri

Apesar de dizer que não colocou "a faca no pescoço" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na conversa de anteontem sobre as sucessivas derrotas de sua pasta, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que não vai liberar a obra da BR-319 (Manaus-Porto Velho) sem o cumprimento de normas para evitar o desmatamento ao redor da estrada. "Licenciar sem os 10 pontos que eu próprio defini é pegar a cabeça, botar lá e esperar alguém cortar."

 

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Minc desabafa com Lula e critica 'machadinhas' de ministros

 

Outra questão que preocupa o ministro é a pressão de "um grupo de empresários ligados a políticos" que comprou terras na Bacia do Alto Paraguai para o plantio de cana-de-açúcar. "Se um pedacinho estiver contaminando o Pantanal, vão dizer que todo o etanol brasileiro é antiecológico e colocar uma barreira comercial com esse pretexto", disse Minc. "Expliquei a Lula e ele disse que ia decidir brevemente, mas que não podia colocar em risco o etanol brasileiro." Esses dois pontos são considerados essenciais pelo ministro, que, em entrevista ao Estado, disse que estava se sentindo enfraquecido até o encontro a sós com o presidente.

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A seguir, trechos da entrevista.

 

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Como foi e qual a avaliação de sua conversa com o presidente Lula?

 

No início do governo eu ganhava e perdia. Ganhei o Fundo da Amazônia, as metas do clima, o decreto do crime ambiental e licenciei Angra 3 sem concordar. Agora desequilibrou. Dei vários exemplos, como a questão das cavernas, o decreto da compensação ambiental, pessoas do governo indo ao Congresso e modificando a medidas já acordadas. Disse ao presidente que estou debaixo de pancada. Se ficar fraco, não vou conseguir combater o desmatamento e dar boas licenças. O Lula disse que fui razoável em seis dos oito pontos que coloquei. Saí 30 quilos mais leve, cheio de garra para enfrentar os poluidores.

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Diante das dificuldades, o sr. cogita colocar o cargo à disposição?

 

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Em nenhum momento disse que ia sair, ameacei ou insinuei. Apenas usei a seguinte expressão: "Como posso defender o País se cada vez menos o ministério mantém sustentabilidade política?" Qual é a ameaça ambiental mais preocupante hoje? O licenciamento da BR-319, uma estrada que atravessa o coração da Amazônia. Parei o licenciamento e criei um grupo de trabalho que elaborou 10 normas prévias. O ministro (dos Transportes) Alfredo Nascimento, que vai concorrer ao governo do Amazonas e tem um prazo por causa da chuva e da empreiteira, quer que essas dez condições sejam cumpridas depois da licença. Falei para o Lula que sou contra a BR-319. Estou ética e moralmente impedido de licenciar sem o prévio cumprimento dos 10 pontos. Se isso afetar o tempo da licitação, do governador, da chuva, só lamento. Se não cumprir, não assino. O presidente disse que respeita e ia comunicar ao ministro.

 

E a questão do plantio de cana no Pantanal?

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A área em questão não é no Pantanal, mas na bacia hidrográfica do Pantanal. Descobri que empresários de Mato Grosso, ligados a políticos, compraram terras e já têm uma infraestrutura ali. Não é preocupação nacional, é interesse particular. Vai acontecer que outros países criarão barreiras contra o etanol brasileiro usando o argumento ambiental.

 

O sr. reclamou com o presidente que outros ministros estavam fazendo lobby no Congresso para modificar acordos realizados durante as reuniões ministeriais. Como ele reagiu?

 

Ele disse: "Você está coberto de razão". Alguém do governo solapar a própria posição do governo é a casa da mãe joana. Não tem sentido a gente acordar alguma coisa, alguém dar uma de joão sem braço e tirar aquilo que não lhe agrade.

 

Como foi o tom da conversa?

 

Recheada de humor. Quando o presidente ficou com as sobrancelhas circunflexas eu brinquei dizendo para ele relaxar ou os cartunistas iriam se aproveitar. Mas, como não sou ingênuo, tenho de ficar de olho no cumpra-se disso tudo. Relatei o que o presidente combinou comigo, mas agora vão chegar todos os outros dizendo que não é bem assim.

Apesar de dizer que não colocou "a faca no pescoço" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na conversa de anteontem sobre as sucessivas derrotas de sua pasta, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que não vai liberar a obra da BR-319 (Manaus-Porto Velho) sem o cumprimento de normas para evitar o desmatamento ao redor da estrada. "Licenciar sem os 10 pontos que eu próprio defini é pegar a cabeça, botar lá e esperar alguém cortar."

 

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Outra questão que preocupa o ministro é a pressão de "um grupo de empresários ligados a políticos" que comprou terras na Bacia do Alto Paraguai para o plantio de cana-de-açúcar. "Se um pedacinho estiver contaminando o Pantanal, vão dizer que todo o etanol brasileiro é antiecológico e colocar uma barreira comercial com esse pretexto", disse Minc. "Expliquei a Lula e ele disse que ia decidir brevemente, mas que não podia colocar em risco o etanol brasileiro." Esses dois pontos são considerados essenciais pelo ministro, que, em entrevista ao Estado, disse que estava se sentindo enfraquecido até o encontro a sós com o presidente.

 

A seguir, trechos da entrevista.

 

Como foi e qual a avaliação de sua conversa com o presidente Lula?

 

No início do governo eu ganhava e perdia. Ganhei o Fundo da Amazônia, as metas do clima, o decreto do crime ambiental e licenciei Angra 3 sem concordar. Agora desequilibrou. Dei vários exemplos, como a questão das cavernas, o decreto da compensação ambiental, pessoas do governo indo ao Congresso e modificando a medidas já acordadas. Disse ao presidente que estou debaixo de pancada. Se ficar fraco, não vou conseguir combater o desmatamento e dar boas licenças. O Lula disse que fui razoável em seis dos oito pontos que coloquei. Saí 30 quilos mais leve, cheio de garra para enfrentar os poluidores.

 

Diante das dificuldades, o sr. cogita colocar o cargo à disposição?

 

Em nenhum momento disse que ia sair, ameacei ou insinuei. Apenas usei a seguinte expressão: "Como posso defender o País se cada vez menos o ministério mantém sustentabilidade política?" Qual é a ameaça ambiental mais preocupante hoje? O licenciamento da BR-319, uma estrada que atravessa o coração da Amazônia. Parei o licenciamento e criei um grupo de trabalho que elaborou 10 normas prévias. O ministro (dos Transportes) Alfredo Nascimento, que vai concorrer ao governo do Amazonas e tem um prazo por causa da chuva e da empreiteira, quer que essas dez condições sejam cumpridas depois da licença. Falei para o Lula que sou contra a BR-319. Estou ética e moralmente impedido de licenciar sem o prévio cumprimento dos 10 pontos. Se isso afetar o tempo da licitação, do governador, da chuva, só lamento. Se não cumprir, não assino. O presidente disse que respeita e ia comunicar ao ministro.

 

E a questão do plantio de cana no Pantanal?

 

A área em questão não é no Pantanal, mas na bacia hidrográfica do Pantanal. Descobri que empresários de Mato Grosso, ligados a políticos, compraram terras e já têm uma infraestrutura ali. Não é preocupação nacional, é interesse particular. Vai acontecer que outros países criarão barreiras contra o etanol brasileiro usando o argumento ambiental.

 

O sr. reclamou com o presidente que outros ministros estavam fazendo lobby no Congresso para modificar acordos realizados durante as reuniões ministeriais. Como ele reagiu?

 

Ele disse: "Você está coberto de razão". Alguém do governo solapar a própria posição do governo é a casa da mãe joana. Não tem sentido a gente acordar alguma coisa, alguém dar uma de joão sem braço e tirar aquilo que não lhe agrade.

 

Como foi o tom da conversa?

 

Recheada de humor. Quando o presidente ficou com as sobrancelhas circunflexas eu brinquei dizendo para ele relaxar ou os cartunistas iriam se aproveitar. Mas, como não sou ingênuo, tenho de ficar de olho no cumpra-se disso tudo. Relatei o que o presidente combinou comigo, mas agora vão chegar todos os outros dizendo que não é bem assim.

Apesar de dizer que não colocou "a faca no pescoço" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na conversa de anteontem sobre as sucessivas derrotas de sua pasta, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que não vai liberar a obra da BR-319 (Manaus-Porto Velho) sem o cumprimento de normas para evitar o desmatamento ao redor da estrada. "Licenciar sem os 10 pontos que eu próprio defini é pegar a cabeça, botar lá e esperar alguém cortar."

 

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Minc desabafa com Lula e critica 'machadinhas' de ministros

 

Outra questão que preocupa o ministro é a pressão de "um grupo de empresários ligados a políticos" que comprou terras na Bacia do Alto Paraguai para o plantio de cana-de-açúcar. "Se um pedacinho estiver contaminando o Pantanal, vão dizer que todo o etanol brasileiro é antiecológico e colocar uma barreira comercial com esse pretexto", disse Minc. "Expliquei a Lula e ele disse que ia decidir brevemente, mas que não podia colocar em risco o etanol brasileiro." Esses dois pontos são considerados essenciais pelo ministro, que, em entrevista ao Estado, disse que estava se sentindo enfraquecido até o encontro a sós com o presidente.

 

A seguir, trechos da entrevista.

 

Como foi e qual a avaliação de sua conversa com o presidente Lula?

 

No início do governo eu ganhava e perdia. Ganhei o Fundo da Amazônia, as metas do clima, o decreto do crime ambiental e licenciei Angra 3 sem concordar. Agora desequilibrou. Dei vários exemplos, como a questão das cavernas, o decreto da compensação ambiental, pessoas do governo indo ao Congresso e modificando a medidas já acordadas. Disse ao presidente que estou debaixo de pancada. Se ficar fraco, não vou conseguir combater o desmatamento e dar boas licenças. O Lula disse que fui razoável em seis dos oito pontos que coloquei. Saí 30 quilos mais leve, cheio de garra para enfrentar os poluidores.

 

Diante das dificuldades, o sr. cogita colocar o cargo à disposição?

 

Em nenhum momento disse que ia sair, ameacei ou insinuei. Apenas usei a seguinte expressão: "Como posso defender o País se cada vez menos o ministério mantém sustentabilidade política?" Qual é a ameaça ambiental mais preocupante hoje? O licenciamento da BR-319, uma estrada que atravessa o coração da Amazônia. Parei o licenciamento e criei um grupo de trabalho que elaborou 10 normas prévias. O ministro (dos Transportes) Alfredo Nascimento, que vai concorrer ao governo do Amazonas e tem um prazo por causa da chuva e da empreiteira, quer que essas dez condições sejam cumpridas depois da licença. Falei para o Lula que sou contra a BR-319. Estou ética e moralmente impedido de licenciar sem o prévio cumprimento dos 10 pontos. Se isso afetar o tempo da licitação, do governador, da chuva, só lamento. Se não cumprir, não assino. O presidente disse que respeita e ia comunicar ao ministro.

 

E a questão do plantio de cana no Pantanal?

 

A área em questão não é no Pantanal, mas na bacia hidrográfica do Pantanal. Descobri que empresários de Mato Grosso, ligados a políticos, compraram terras e já têm uma infraestrutura ali. Não é preocupação nacional, é interesse particular. Vai acontecer que outros países criarão barreiras contra o etanol brasileiro usando o argumento ambiental.

 

O sr. reclamou com o presidente que outros ministros estavam fazendo lobby no Congresso para modificar acordos realizados durante as reuniões ministeriais. Como ele reagiu?

 

Ele disse: "Você está coberto de razão". Alguém do governo solapar a própria posição do governo é a casa da mãe joana. Não tem sentido a gente acordar alguma coisa, alguém dar uma de joão sem braço e tirar aquilo que não lhe agrade.

 

Como foi o tom da conversa?

 

Recheada de humor. Quando o presidente ficou com as sobrancelhas circunflexas eu brinquei dizendo para ele relaxar ou os cartunistas iriam se aproveitar. Mas, como não sou ingênuo, tenho de ficar de olho no cumpra-se disso tudo. Relatei o que o presidente combinou comigo, mas agora vão chegar todos os outros dizendo que não é bem assim.

Apesar de dizer que não colocou "a faca no pescoço" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na conversa de anteontem sobre as sucessivas derrotas de sua pasta, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que não vai liberar a obra da BR-319 (Manaus-Porto Velho) sem o cumprimento de normas para evitar o desmatamento ao redor da estrada. "Licenciar sem os 10 pontos que eu próprio defini é pegar a cabeça, botar lá e esperar alguém cortar."

 

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Minc desabafa com Lula e critica 'machadinhas' de ministros

 

Outra questão que preocupa o ministro é a pressão de "um grupo de empresários ligados a políticos" que comprou terras na Bacia do Alto Paraguai para o plantio de cana-de-açúcar. "Se um pedacinho estiver contaminando o Pantanal, vão dizer que todo o etanol brasileiro é antiecológico e colocar uma barreira comercial com esse pretexto", disse Minc. "Expliquei a Lula e ele disse que ia decidir brevemente, mas que não podia colocar em risco o etanol brasileiro." Esses dois pontos são considerados essenciais pelo ministro, que, em entrevista ao Estado, disse que estava se sentindo enfraquecido até o encontro a sós com o presidente.

 

A seguir, trechos da entrevista.

 

Como foi e qual a avaliação de sua conversa com o presidente Lula?

 

No início do governo eu ganhava e perdia. Ganhei o Fundo da Amazônia, as metas do clima, o decreto do crime ambiental e licenciei Angra 3 sem concordar. Agora desequilibrou. Dei vários exemplos, como a questão das cavernas, o decreto da compensação ambiental, pessoas do governo indo ao Congresso e modificando a medidas já acordadas. Disse ao presidente que estou debaixo de pancada. Se ficar fraco, não vou conseguir combater o desmatamento e dar boas licenças. O Lula disse que fui razoável em seis dos oito pontos que coloquei. Saí 30 quilos mais leve, cheio de garra para enfrentar os poluidores.

 

Diante das dificuldades, o sr. cogita colocar o cargo à disposição?

 

Em nenhum momento disse que ia sair, ameacei ou insinuei. Apenas usei a seguinte expressão: "Como posso defender o País se cada vez menos o ministério mantém sustentabilidade política?" Qual é a ameaça ambiental mais preocupante hoje? O licenciamento da BR-319, uma estrada que atravessa o coração da Amazônia. Parei o licenciamento e criei um grupo de trabalho que elaborou 10 normas prévias. O ministro (dos Transportes) Alfredo Nascimento, que vai concorrer ao governo do Amazonas e tem um prazo por causa da chuva e da empreiteira, quer que essas dez condições sejam cumpridas depois da licença. Falei para o Lula que sou contra a BR-319. Estou ética e moralmente impedido de licenciar sem o prévio cumprimento dos 10 pontos. Se isso afetar o tempo da licitação, do governador, da chuva, só lamento. Se não cumprir, não assino. O presidente disse que respeita e ia comunicar ao ministro.

 

E a questão do plantio de cana no Pantanal?

 

A área em questão não é no Pantanal, mas na bacia hidrográfica do Pantanal. Descobri que empresários de Mato Grosso, ligados a políticos, compraram terras e já têm uma infraestrutura ali. Não é preocupação nacional, é interesse particular. Vai acontecer que outros países criarão barreiras contra o etanol brasileiro usando o argumento ambiental.

 

O sr. reclamou com o presidente que outros ministros estavam fazendo lobby no Congresso para modificar acordos realizados durante as reuniões ministeriais. Como ele reagiu?

 

Ele disse: "Você está coberto de razão". Alguém do governo solapar a própria posição do governo é a casa da mãe joana. Não tem sentido a gente acordar alguma coisa, alguém dar uma de joão sem braço e tirar aquilo que não lhe agrade.

 

Como foi o tom da conversa?

 

Recheada de humor. Quando o presidente ficou com as sobrancelhas circunflexas eu brinquei dizendo para ele relaxar ou os cartunistas iriam se aproveitar. Mas, como não sou ingênuo, tenho de ficar de olho no cumpra-se disso tudo. Relatei o que o presidente combinou comigo, mas agora vão chegar todos os outros dizendo que não é bem assim.

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