Análise: Emoção rebaixa o debate sobre escolha do novo presidente


Por José Álvaro Moisés

O ponto de partida para qualquer reflexão sobre o atentado contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) é o repúdio ao ato que pôs em risco sua vida. O segundo ponto importante é que esse ataque é mais um fato que indica a reintrodução da violência na política brasileira. Neste ano, tivemos o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e os ataques à caravana de Lula no Sul do País – em 2016, candidatos a vereador e a prefeito haviam sido assassinados.

O atentado a Bolsonaro fez com que mais um ator importante na atual disputa seja visto como vítima – e ele o foi de um atentado –, a exemplo de Lula, que se apresentava como perseguido pela Justiça. Isso traz à disputa um novo ingrediente emocional – não pelo lado mais virtuoso –, mas por meio da piedade e de outras emoções que não são boas conselheiras para o eleitor que deve escolher quem governará o País. Isso pode fazê-lo perder a racionalidade de seu voto, que se manifestaria por meio do exame de programas e propostas para verificar quais são os mais adequados para tirar o País desta crise, a mais grave do período republicano. 

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

1 | 21

Jair Bolsonaro

Foto: Fábio Motta/Estadão
2 | 21

Bolsonaro

Foto: Fabio Motta/Estadão
3 | 21

Bolsonaro em caminhada antes do atentado em Juiz de Fora

Foto: Fabio Motta/Estadão
4 | 21

Momento em que Bolsonaro sente a dor da facada

Foto: Raysa Leite/AFP
5 | 21

Bolsonaro é carregado por apoiadores em Juiz de Fora, Minas Gerais

Foto: Fabio Motta/Estadão
6 | 21

Jair Bolsonaro

Foto: Fabio Motta/Estadão
7 | 21

Bolsonaro hospital

Foto: @allantercalivre
8 | 21

Bolsonaro faca

Foto: Reprodução/Redes sociais
9 | 21

Suspeito de esfaquear Bolsonaro

Foto: EFE
10 | 21

Suspeito de esfaquear

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO
11 | 21

Suspeito foi detido

Foto: Guilherme Leite / Parceiro / Agência O Globo
12 | 21

Foto em hospital

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO
13 | 21

Vigília no hospital

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Paulo Whitaker/Reuters
21 | 21

Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Andre Penner/AP

O caso traz outro risco neste momento. Candidatos como Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB) corretamente chamavam a atenção para aspectos do discurso de Bolsonaro, que desconsiderava direitos das mulheres, para gestos como o de armar crianças e para o incentivo ao confronto entre setores sociais. Ficam agora prejudicados, pois quem fizer esse tipo de crítica estará na difícil posição de atacar alguém internado em hospital em estado grave. Ficam assim seus adversários desprovidos da possibilidade de questionar aspectos do discurso de Bolsonaro que incitam a violência, como em um retorno ao estado de natureza, em que há a guerra de todos contra todos.

O sistema democrático é a alternativa para enfrentar os conflitos de sociedades desiguais, como a nossa, de forma pacífica. Isso tem de ser construído por todos que querem liderar a Nação, mas isso não prospera diante da incitação à violência. É preciso que haja diálogo, tolerância e reconhecimento da legitimidade dos adversários. A emoção em torno do atentado retira a racionalidade do debate e alimenta a condescendência em relação ao candidato. Ela rebaixa o debate para o terreno das emoções, o que não é a melhor forma de se fazer a escolha do novo presidente, uma escolha que pode comprometer nosso futuro pelos próximos 20 anos. 

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* CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DA USP

O ponto de partida para qualquer reflexão sobre o atentado contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) é o repúdio ao ato que pôs em risco sua vida. O segundo ponto importante é que esse ataque é mais um fato que indica a reintrodução da violência na política brasileira. Neste ano, tivemos o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e os ataques à caravana de Lula no Sul do País – em 2016, candidatos a vereador e a prefeito haviam sido assassinados.

O atentado a Bolsonaro fez com que mais um ator importante na atual disputa seja visto como vítima – e ele o foi de um atentado –, a exemplo de Lula, que se apresentava como perseguido pela Justiça. Isso traz à disputa um novo ingrediente emocional – não pelo lado mais virtuoso –, mas por meio da piedade e de outras emoções que não são boas conselheiras para o eleitor que deve escolher quem governará o País. Isso pode fazê-lo perder a racionalidade de seu voto, que se manifestaria por meio do exame de programas e propostas para verificar quais são os mais adequados para tirar o País desta crise, a mais grave do período republicano. 

Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro

Foto: Fábio Motta/Estadão
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Bolsonaro

Foto: Fabio Motta/Estadão
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Bolsonaro em caminhada antes do atentado em Juiz de Fora

Foto: Fabio Motta/Estadão
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Momento em que Bolsonaro sente a dor da facada

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Jair Bolsonaro

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Bolsonaro hospital

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Bolsonaro faca

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Suspeito de esfaquear Bolsonaro

Foto: EFE
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Suspeito de esfaquear

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO
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Suspeito foi detido

Foto: Guilherme Leite / Parceiro / Agência O Globo
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Foto em hospital

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO
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Vigília no hospital

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Paulo Whitaker/Reuters
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Andre Penner/AP

O caso traz outro risco neste momento. Candidatos como Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB) corretamente chamavam a atenção para aspectos do discurso de Bolsonaro, que desconsiderava direitos das mulheres, para gestos como o de armar crianças e para o incentivo ao confronto entre setores sociais. Ficam agora prejudicados, pois quem fizer esse tipo de crítica estará na difícil posição de atacar alguém internado em hospital em estado grave. Ficam assim seus adversários desprovidos da possibilidade de questionar aspectos do discurso de Bolsonaro que incitam a violência, como em um retorno ao estado de natureza, em que há a guerra de todos contra todos.

O sistema democrático é a alternativa para enfrentar os conflitos de sociedades desiguais, como a nossa, de forma pacífica. Isso tem de ser construído por todos que querem liderar a Nação, mas isso não prospera diante da incitação à violência. É preciso que haja diálogo, tolerância e reconhecimento da legitimidade dos adversários. A emoção em torno do atentado retira a racionalidade do debate e alimenta a condescendência em relação ao candidato. Ela rebaixa o debate para o terreno das emoções, o que não é a melhor forma de se fazer a escolha do novo presidente, uma escolha que pode comprometer nosso futuro pelos próximos 20 anos. 

* CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DA USP

O ponto de partida para qualquer reflexão sobre o atentado contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) é o repúdio ao ato que pôs em risco sua vida. O segundo ponto importante é que esse ataque é mais um fato que indica a reintrodução da violência na política brasileira. Neste ano, tivemos o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e os ataques à caravana de Lula no Sul do País – em 2016, candidatos a vereador e a prefeito haviam sido assassinados.

O atentado a Bolsonaro fez com que mais um ator importante na atual disputa seja visto como vítima – e ele o foi de um atentado –, a exemplo de Lula, que se apresentava como perseguido pela Justiça. Isso traz à disputa um novo ingrediente emocional – não pelo lado mais virtuoso –, mas por meio da piedade e de outras emoções que não são boas conselheiras para o eleitor que deve escolher quem governará o País. Isso pode fazê-lo perder a racionalidade de seu voto, que se manifestaria por meio do exame de programas e propostas para verificar quais são os mais adequados para tirar o País desta crise, a mais grave do período republicano. 

Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro

Foto: Fábio Motta/Estadão
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Bolsonaro

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Bolsonaro em caminhada antes do atentado em Juiz de Fora

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Momento em que Bolsonaro sente a dor da facada

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Jair Bolsonaro

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Bolsonaro hospital

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Suspeito de esfaquear Bolsonaro

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Suspeito de esfaquear

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Suspeito foi detido

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Vigília no hospital

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Paulo Whitaker/Reuters
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Andre Penner/AP

O caso traz outro risco neste momento. Candidatos como Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB) corretamente chamavam a atenção para aspectos do discurso de Bolsonaro, que desconsiderava direitos das mulheres, para gestos como o de armar crianças e para o incentivo ao confronto entre setores sociais. Ficam agora prejudicados, pois quem fizer esse tipo de crítica estará na difícil posição de atacar alguém internado em hospital em estado grave. Ficam assim seus adversários desprovidos da possibilidade de questionar aspectos do discurso de Bolsonaro que incitam a violência, como em um retorno ao estado de natureza, em que há a guerra de todos contra todos.

O sistema democrático é a alternativa para enfrentar os conflitos de sociedades desiguais, como a nossa, de forma pacífica. Isso tem de ser construído por todos que querem liderar a Nação, mas isso não prospera diante da incitação à violência. É preciso que haja diálogo, tolerância e reconhecimento da legitimidade dos adversários. A emoção em torno do atentado retira a racionalidade do debate e alimenta a condescendência em relação ao candidato. Ela rebaixa o debate para o terreno das emoções, o que não é a melhor forma de se fazer a escolha do novo presidente, uma escolha que pode comprometer nosso futuro pelos próximos 20 anos. 

* CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DA USP

O ponto de partida para qualquer reflexão sobre o atentado contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) é o repúdio ao ato que pôs em risco sua vida. O segundo ponto importante é que esse ataque é mais um fato que indica a reintrodução da violência na política brasileira. Neste ano, tivemos o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e os ataques à caravana de Lula no Sul do País – em 2016, candidatos a vereador e a prefeito haviam sido assassinados.

O atentado a Bolsonaro fez com que mais um ator importante na atual disputa seja visto como vítima – e ele o foi de um atentado –, a exemplo de Lula, que se apresentava como perseguido pela Justiça. Isso traz à disputa um novo ingrediente emocional – não pelo lado mais virtuoso –, mas por meio da piedade e de outras emoções que não são boas conselheiras para o eleitor que deve escolher quem governará o País. Isso pode fazê-lo perder a racionalidade de seu voto, que se manifestaria por meio do exame de programas e propostas para verificar quais são os mais adequados para tirar o País desta crise, a mais grave do período republicano. 

Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro

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Suspeito foi detido

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Foto em hospital

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Vigília no hospital

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

Foto: Leo Correa/AP
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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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Jair Bolsonaro é esfaqueado em Juiz de Fora

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O caso traz outro risco neste momento. Candidatos como Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB) corretamente chamavam a atenção para aspectos do discurso de Bolsonaro, que desconsiderava direitos das mulheres, para gestos como o de armar crianças e para o incentivo ao confronto entre setores sociais. Ficam agora prejudicados, pois quem fizer esse tipo de crítica estará na difícil posição de atacar alguém internado em hospital em estado grave. Ficam assim seus adversários desprovidos da possibilidade de questionar aspectos do discurso de Bolsonaro que incitam a violência, como em um retorno ao estado de natureza, em que há a guerra de todos contra todos.

O sistema democrático é a alternativa para enfrentar os conflitos de sociedades desiguais, como a nossa, de forma pacífica. Isso tem de ser construído por todos que querem liderar a Nação, mas isso não prospera diante da incitação à violência. É preciso que haja diálogo, tolerância e reconhecimento da legitimidade dos adversários. A emoção em torno do atentado retira a racionalidade do debate e alimenta a condescendência em relação ao candidato. Ela rebaixa o debate para o terreno das emoções, o que não é a melhor forma de se fazer a escolha do novo presidente, uma escolha que pode comprometer nosso futuro pelos próximos 20 anos. 

* CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DA USP

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