A relação do empresário Ronan Maria Pinto com o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), "sempre foi estritamente profissional", de acordo com o depoimento dele hoje ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). "Ronan veio na condição de testemunha referida - ou seja, foi convidado a depor apenas porque Gomes o citou em seus depoimentos anteriores", informou o advogado do empresário, Adriano Salles Vanni. "A polícia queria saber se ele conhecia o prefeito assassinado e ele, claro, respondeu que sim, mas que a relação entre os dois sempre foi estritamente profissional." Pinto falou também da ligação com o empresário Sérgio Gomes da Silva, principal testemunha do assassinato, e não entrou em detalhes sobre os contratos firmados entre as empresas dele a prefeitura. Pinto é sócio de Gomes em empresas de transporte urbano em vários Estados e proprietário da Rotedali, que têm contratos de coleta de lixo com a prefeitura de Santo André. Alguns dos documentos têm suspeita de irregularidades, de acordo com a oposição a Daniel. "Mas eles já foram suficientemente investigados pelo Ministério Público (MP), que nada encontrou de irregular", afirmou Vanni. "Em nenhum momento, esta questão chegou a ser mencionada no depoimento de hoje." De acordo com ele, o empresário acredita na tese de que o homicídio foi um crime comum. "Uma corrente dentro da polícia acredita, inclusive, que a autoria do crime já tenha sido estabelecida: o grupo que atuava na favela Pantanal", afirmou o advogado. "Mas os depoimentos, como o de Ronan hoje, têm de ter continuidade para a conclusão formal do inquérito." Vanni disse que Pinto soube ontem pelos jornais que deveria depor. "Mas ele não recebeu nenhum convite ou nenhuma intimação para comparecer. A pedido dele, eu vim até o DHPP ontem e soube que havia interesse da polícia em colher seu depoimento; por isso, marcamos para hoje", disse. Ontem, a assessoria a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado, informara que o advogado do empresário havia procurado o DHPP e pedido o adiamento do testemunho. No fim do depoimento, o empresário entrou rapidamente no carro em frente ao DHPP e saiu sem falar. "Ele defende a tese de que este inquérito deve ser mantido em segredo de Justiça; por isso prefere não se pronunciar", afirmou o Vanni. Também hoje mais duas testemunhas depuseram no DHPP. A polícia não revelou quem eram nem a ligação delas com o caso. Fontes da polícia informaram que as testemunhas são moradoras da favela Pantanal, onde, supostamente, Daniel teria sido mantido em cativeiro, antes de ser executado.
COM 92% OFF