1.
Quem é - Funcionário de carreira da Petrobrás desde 1975, assumiu a Diretoria Internacional da estatal em 2003 e deixou o cargo em março de 2008, quando foi realocado para a BR Distribuidora. Deixou a subsidiária da companhia petrolífera em março de 2014 após a polêmica sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.
2.
Caso Pasadena -
Nestor Cerveró foi levado ao centro do debate da Petrobrás quando a presidente Dilma Rousseff afirmou ao
Estado
, em março de 2014, que só aprovou a primeira metade da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho". Em 2006, época da aquisição da refinaria, Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobrás. Esse parecer sobre Pasadena foi elaborado em 2006 pela diretoria Internacional, comandada por Cerveró. Segundo cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU), a operação resultou em um prejuízo de US$ 792,3 milhões para a Petrobrás. Há suspeitas de desvios para pagamento de propina no negócio.
3. Citado na Lava Jato - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o doleiro Aberto Youssef afirmaram em depoimentos à Justiça Federal que, no esquema de loteamento político em diretorias da Petrobrás para desvio de recursos, a diretoria de Internacional, comandada por Cerveró, era controlada pelo PMDB. Costa e Youssef revelaram que Cerveró - indicado pelo PMDB para o cargo - recebia propina. Do valor de cada contrato superfaturado, segundo os delatores da Lava Jato, 1% era destinado a "comissões".
4.
Papel no esquema - Cerveró e outros ex-diretores da Petrobrás são suspeitos de facilitar a atuação de operadores em contratos da estatal, em troca de comissões. Essas comissões eram divididas conforme a diretoria a que pertencia o contrato superfaturado. Operadores intermediavam a relação entre empreiteiras e diretores da Petrobrás em troca de comissões - recebidas via empresas de fachada - que depois eram distribuídas para os executivos da estatal e partidos políticos. Segundo investigações, o PMDB, que detinha o controle da área de Internacional, tinha uma rede de operadores na Petrobrás. Um deles, o empresário Fernando Baiano, está preso.
5. Réu - Cerveró já é alvo de uma ação criminal no âmbito da Lava Jato. Em dezembro no ano passado a Justiça Federal aceitou denúncia contra o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás e mais três pessoas - entre elas Alberto Youssef e Fernando Baiano - por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobrás. Cerveró responderá por dois atos de corrupção passiva e 64 de lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia da Procuradoria, Cerveró e o empresário Fernando Baiano, apontado como um dos operadores do PMDB no esquema de desvios na Petrobrás, agiram em conluio para receber US$ 30 milhões em propina para facilitar a contratação de dois navios-sonda em 2006 e 2007.
6.
Ex-diretoria - Dos ex-diretores da Petrobrás sob suspeita de envolvimento no esquema de corrupção e desvios na Petrobrás investigado pela Lava Jato, Nestor Cerveró é o único que está na cadeia. O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, que também é réu da Lava Jato, foi preso, fez acordo de delação premiada e atualmente cumpre pena em prisão domiciliar. O ex-diretor de Serviços Renato Duque, preso em novembro do ano passado, foi solto em dezembro por decisão do Supremo Tribunal Federal.
7.
O que ele diz - Em sessão da CPI da Petrobrás que teve a presença do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, que delatou esquema de corrupção na estatal, Nestor Cerveró afirmou desconhecer qualquer tipo de irregularidade na companhia. Sobre Pasadena, o ex-diretor de Internacional disse que o Conselho de Administração da Petrobrás que aprovou a compra da refinaria deve ser responsabilizado pelo mau negócio.