O que os mapas eleitorais nos contam

Como a polarização entre Lula e Bolsonaro aparece no mapa de votação


Desde de 2006, o voto caracterizado à esquerda tem o sertão nordestino como base, enquanto o voto marcadamente à direita encontra no interior de São Paulo seu centro de carga

Por Luiz Ugeda

Nos últimos 20 anos, a divisão eleitoral do Brasil ganhou uma marcada característica geográfica. A ferramenta Geografia do Voto, parceria entre o Estadão e a agência Geocracia, mostra que desde a eleição presidencial de 2006 pode-se afirmar que há dois centros de gravidade de onde sua expansão, ou contração, tem determinado o resultado das eleições (acesse a ferramenta). O voto caracterizado à esquerda tem o sertão nordestino como base, enquanto o voto marcadamente à direita encontra no interior de São Paulo seu centro de carga.

O voto nordestino mostra o pulsar do polígono das secas. Quando ele expande, alcançando as capitais nordestinas, Tocantins, subindo o rio Amazonas e descendo para o norte de Minas podendo chegar até a região de Juiz de Fora, os candidatos da esquerda vencem. Lula alcançou mais de 90% de votos em municípios específicos, como ocorreu na região da Serra da Capivara (PI), no 1º turno de 2022.

continua após a publicidade
Votação de Lula e Alckmin no 1º turno da eleição presidencial de 2006;  voto caracterizado à esquerda tem o sertão nordestino como base Foto: Estadão

O voto caipira mostra a expansão da opção conservadora como se fluísse pelas vias de transporte a partir do interior paulista, em sentido parecido com os das antigas bandeiras. Ele alcança, por eixos distintos, o sul do País, Vitória, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Campo Grande e Cuiabá, de onde bifurca pela BR-163 até Santarém e pela BR-364, passando por Rondônia e Acre, até a fronteira do Peru. Bolsonaro alcançou em torno de 65% de votos na região de Campinas (SP) e 70% em Roraima, no 1º turno de 2022.

Há exceções a este modelo, representados principalmente por Luís Eduardo Magalhães (BA) e por Maceió, que tem reiterado sua posição de capital mais conservadora do Nordeste, e da região de Palmas (PR) e a do Pontal do Paranapanema (SP), que sistematicamente votam à esquerda.

continua após a publicidade
Votação de Lula e Bolsonaro no 1º turno da eleição presidencial de 2022; voto marcadamente à direita encontra no interior de São Paulo seu centro Foto: Estadão

E temos ainda as áreas equivalentes aos "swing states" norte americanos, que oscilam seu apoio dependendo da eleição. É o caso do Pampa Gaúcho, do Pantanal e de duas regiões mineiras, o Triângulo e o Oeste (Juiz de Fora, Governador Valadares e Teófilo Otoni). Essa característica de Minas - se acompanha o sertão nordestino ou o interior paulista - faz com que muitos analistas afirmem que Minas é o estado que define eleições.

continua após a publicidade

É altamente provável que o 2º turno de 2022 seja decidido com base em três perguntas: (i) Zema ajuda Bolsonaro a virar os votos no interior mineiro?; (ii) Cláudio Castro ajuda Bolsonaro a aumentar a diferença no Estado do Rio de Janeiro, uma vez que teve quase 300 mil votos a menos em relação ao 1º turno de 2018?; (iii) O interior de São Paulo confirmará a vitória de Tarcísio de Freitas e ajudará a Bolsonaro virar na Grande São Paulo?

As causas deste pulsar da cristalização territorial são perceptíveis, mas ainda de difícil afirmação. Infelizmente, o Censo mais recente que temos para analisar o país é o de 2010. Estima-se que o Censo 2022 trará mudanças significativas, tais como o aparecimento de um país eminentemente evangélico, o registro de nosso auge demográfico, a melhora significativa do IDH no Centro-Oeste, as mudanças de eixo econômicos no sul e nordeste, com a consolidação de Curitiba e Fortaleza como seus principais pólos econômicos, entre outros.

Com a ascensão do agro como grande força econômica motriz do país, parece inevitável que a ruralidade se imponha progressivamente aos grandes centros urbanos. Independentemente de quem ganhe, há uma nova elite, forjada nos rincões do Brasil, que chegou para ficar e pouco se relaciona com os valores das elites ditas urbanas, das grandes capitais. Se o país teve de se acostumar com a onda dos valores das comunidades perante as cidades nas décadas anteriores, precisará igualmente se acostumar com o protagonismo caipira nos rumos do País.

Nos últimos 20 anos, a divisão eleitoral do Brasil ganhou uma marcada característica geográfica. A ferramenta Geografia do Voto, parceria entre o Estadão e a agência Geocracia, mostra que desde a eleição presidencial de 2006 pode-se afirmar que há dois centros de gravidade de onde sua expansão, ou contração, tem determinado o resultado das eleições (acesse a ferramenta). O voto caracterizado à esquerda tem o sertão nordestino como base, enquanto o voto marcadamente à direita encontra no interior de São Paulo seu centro de carga.

O voto nordestino mostra o pulsar do polígono das secas. Quando ele expande, alcançando as capitais nordestinas, Tocantins, subindo o rio Amazonas e descendo para o norte de Minas podendo chegar até a região de Juiz de Fora, os candidatos da esquerda vencem. Lula alcançou mais de 90% de votos em municípios específicos, como ocorreu na região da Serra da Capivara (PI), no 1º turno de 2022.

Votação de Lula e Alckmin no 1º turno da eleição presidencial de 2006;  voto caracterizado à esquerda tem o sertão nordestino como base Foto: Estadão

O voto caipira mostra a expansão da opção conservadora como se fluísse pelas vias de transporte a partir do interior paulista, em sentido parecido com os das antigas bandeiras. Ele alcança, por eixos distintos, o sul do País, Vitória, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Campo Grande e Cuiabá, de onde bifurca pela BR-163 até Santarém e pela BR-364, passando por Rondônia e Acre, até a fronteira do Peru. Bolsonaro alcançou em torno de 65% de votos na região de Campinas (SP) e 70% em Roraima, no 1º turno de 2022.

Há exceções a este modelo, representados principalmente por Luís Eduardo Magalhães (BA) e por Maceió, que tem reiterado sua posição de capital mais conservadora do Nordeste, e da região de Palmas (PR) e a do Pontal do Paranapanema (SP), que sistematicamente votam à esquerda.

Votação de Lula e Bolsonaro no 1º turno da eleição presidencial de 2022; voto marcadamente à direita encontra no interior de São Paulo seu centro Foto: Estadão

E temos ainda as áreas equivalentes aos "swing states" norte americanos, que oscilam seu apoio dependendo da eleição. É o caso do Pampa Gaúcho, do Pantanal e de duas regiões mineiras, o Triângulo e o Oeste (Juiz de Fora, Governador Valadares e Teófilo Otoni). Essa característica de Minas - se acompanha o sertão nordestino ou o interior paulista - faz com que muitos analistas afirmem que Minas é o estado que define eleições.

É altamente provável que o 2º turno de 2022 seja decidido com base em três perguntas: (i) Zema ajuda Bolsonaro a virar os votos no interior mineiro?; (ii) Cláudio Castro ajuda Bolsonaro a aumentar a diferença no Estado do Rio de Janeiro, uma vez que teve quase 300 mil votos a menos em relação ao 1º turno de 2018?; (iii) O interior de São Paulo confirmará a vitória de Tarcísio de Freitas e ajudará a Bolsonaro virar na Grande São Paulo?

As causas deste pulsar da cristalização territorial são perceptíveis, mas ainda de difícil afirmação. Infelizmente, o Censo mais recente que temos para analisar o país é o de 2010. Estima-se que o Censo 2022 trará mudanças significativas, tais como o aparecimento de um país eminentemente evangélico, o registro de nosso auge demográfico, a melhora significativa do IDH no Centro-Oeste, as mudanças de eixo econômicos no sul e nordeste, com a consolidação de Curitiba e Fortaleza como seus principais pólos econômicos, entre outros.

Com a ascensão do agro como grande força econômica motriz do país, parece inevitável que a ruralidade se imponha progressivamente aos grandes centros urbanos. Independentemente de quem ganhe, há uma nova elite, forjada nos rincões do Brasil, que chegou para ficar e pouco se relaciona com os valores das elites ditas urbanas, das grandes capitais. Se o país teve de se acostumar com a onda dos valores das comunidades perante as cidades nas décadas anteriores, precisará igualmente se acostumar com o protagonismo caipira nos rumos do País.

Nos últimos 20 anos, a divisão eleitoral do Brasil ganhou uma marcada característica geográfica. A ferramenta Geografia do Voto, parceria entre o Estadão e a agência Geocracia, mostra que desde a eleição presidencial de 2006 pode-se afirmar que há dois centros de gravidade de onde sua expansão, ou contração, tem determinado o resultado das eleições (acesse a ferramenta). O voto caracterizado à esquerda tem o sertão nordestino como base, enquanto o voto marcadamente à direita encontra no interior de São Paulo seu centro de carga.

O voto nordestino mostra o pulsar do polígono das secas. Quando ele expande, alcançando as capitais nordestinas, Tocantins, subindo o rio Amazonas e descendo para o norte de Minas podendo chegar até a região de Juiz de Fora, os candidatos da esquerda vencem. Lula alcançou mais de 90% de votos em municípios específicos, como ocorreu na região da Serra da Capivara (PI), no 1º turno de 2022.

Votação de Lula e Alckmin no 1º turno da eleição presidencial de 2006;  voto caracterizado à esquerda tem o sertão nordestino como base Foto: Estadão

O voto caipira mostra a expansão da opção conservadora como se fluísse pelas vias de transporte a partir do interior paulista, em sentido parecido com os das antigas bandeiras. Ele alcança, por eixos distintos, o sul do País, Vitória, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Campo Grande e Cuiabá, de onde bifurca pela BR-163 até Santarém e pela BR-364, passando por Rondônia e Acre, até a fronteira do Peru. Bolsonaro alcançou em torno de 65% de votos na região de Campinas (SP) e 70% em Roraima, no 1º turno de 2022.

Há exceções a este modelo, representados principalmente por Luís Eduardo Magalhães (BA) e por Maceió, que tem reiterado sua posição de capital mais conservadora do Nordeste, e da região de Palmas (PR) e a do Pontal do Paranapanema (SP), que sistematicamente votam à esquerda.

Votação de Lula e Bolsonaro no 1º turno da eleição presidencial de 2022; voto marcadamente à direita encontra no interior de São Paulo seu centro Foto: Estadão

E temos ainda as áreas equivalentes aos "swing states" norte americanos, que oscilam seu apoio dependendo da eleição. É o caso do Pampa Gaúcho, do Pantanal e de duas regiões mineiras, o Triângulo e o Oeste (Juiz de Fora, Governador Valadares e Teófilo Otoni). Essa característica de Minas - se acompanha o sertão nordestino ou o interior paulista - faz com que muitos analistas afirmem que Minas é o estado que define eleições.

É altamente provável que o 2º turno de 2022 seja decidido com base em três perguntas: (i) Zema ajuda Bolsonaro a virar os votos no interior mineiro?; (ii) Cláudio Castro ajuda Bolsonaro a aumentar a diferença no Estado do Rio de Janeiro, uma vez que teve quase 300 mil votos a menos em relação ao 1º turno de 2018?; (iii) O interior de São Paulo confirmará a vitória de Tarcísio de Freitas e ajudará a Bolsonaro virar na Grande São Paulo?

As causas deste pulsar da cristalização territorial são perceptíveis, mas ainda de difícil afirmação. Infelizmente, o Censo mais recente que temos para analisar o país é o de 2010. Estima-se que o Censo 2022 trará mudanças significativas, tais como o aparecimento de um país eminentemente evangélico, o registro de nosso auge demográfico, a melhora significativa do IDH no Centro-Oeste, as mudanças de eixo econômicos no sul e nordeste, com a consolidação de Curitiba e Fortaleza como seus principais pólos econômicos, entre outros.

Com a ascensão do agro como grande força econômica motriz do país, parece inevitável que a ruralidade se imponha progressivamente aos grandes centros urbanos. Independentemente de quem ganhe, há uma nova elite, forjada nos rincões do Brasil, que chegou para ficar e pouco se relaciona com os valores das elites ditas urbanas, das grandes capitais. Se o país teve de se acostumar com a onda dos valores das comunidades perante as cidades nas décadas anteriores, precisará igualmente se acostumar com o protagonismo caipira nos rumos do País.

Nos últimos 20 anos, a divisão eleitoral do Brasil ganhou uma marcada característica geográfica. A ferramenta Geografia do Voto, parceria entre o Estadão e a agência Geocracia, mostra que desde a eleição presidencial de 2006 pode-se afirmar que há dois centros de gravidade de onde sua expansão, ou contração, tem determinado o resultado das eleições (acesse a ferramenta). O voto caracterizado à esquerda tem o sertão nordestino como base, enquanto o voto marcadamente à direita encontra no interior de São Paulo seu centro de carga.

O voto nordestino mostra o pulsar do polígono das secas. Quando ele expande, alcançando as capitais nordestinas, Tocantins, subindo o rio Amazonas e descendo para o norte de Minas podendo chegar até a região de Juiz de Fora, os candidatos da esquerda vencem. Lula alcançou mais de 90% de votos em municípios específicos, como ocorreu na região da Serra da Capivara (PI), no 1º turno de 2022.

Votação de Lula e Alckmin no 1º turno da eleição presidencial de 2006;  voto caracterizado à esquerda tem o sertão nordestino como base Foto: Estadão

O voto caipira mostra a expansão da opção conservadora como se fluísse pelas vias de transporte a partir do interior paulista, em sentido parecido com os das antigas bandeiras. Ele alcança, por eixos distintos, o sul do País, Vitória, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Campo Grande e Cuiabá, de onde bifurca pela BR-163 até Santarém e pela BR-364, passando por Rondônia e Acre, até a fronteira do Peru. Bolsonaro alcançou em torno de 65% de votos na região de Campinas (SP) e 70% em Roraima, no 1º turno de 2022.

Há exceções a este modelo, representados principalmente por Luís Eduardo Magalhães (BA) e por Maceió, que tem reiterado sua posição de capital mais conservadora do Nordeste, e da região de Palmas (PR) e a do Pontal do Paranapanema (SP), que sistematicamente votam à esquerda.

Votação de Lula e Bolsonaro no 1º turno da eleição presidencial de 2022; voto marcadamente à direita encontra no interior de São Paulo seu centro Foto: Estadão

E temos ainda as áreas equivalentes aos "swing states" norte americanos, que oscilam seu apoio dependendo da eleição. É o caso do Pampa Gaúcho, do Pantanal e de duas regiões mineiras, o Triângulo e o Oeste (Juiz de Fora, Governador Valadares e Teófilo Otoni). Essa característica de Minas - se acompanha o sertão nordestino ou o interior paulista - faz com que muitos analistas afirmem que Minas é o estado que define eleições.

É altamente provável que o 2º turno de 2022 seja decidido com base em três perguntas: (i) Zema ajuda Bolsonaro a virar os votos no interior mineiro?; (ii) Cláudio Castro ajuda Bolsonaro a aumentar a diferença no Estado do Rio de Janeiro, uma vez que teve quase 300 mil votos a menos em relação ao 1º turno de 2018?; (iii) O interior de São Paulo confirmará a vitória de Tarcísio de Freitas e ajudará a Bolsonaro virar na Grande São Paulo?

As causas deste pulsar da cristalização territorial são perceptíveis, mas ainda de difícil afirmação. Infelizmente, o Censo mais recente que temos para analisar o país é o de 2010. Estima-se que o Censo 2022 trará mudanças significativas, tais como o aparecimento de um país eminentemente evangélico, o registro de nosso auge demográfico, a melhora significativa do IDH no Centro-Oeste, as mudanças de eixo econômicos no sul e nordeste, com a consolidação de Curitiba e Fortaleza como seus principais pólos econômicos, entre outros.

Com a ascensão do agro como grande força econômica motriz do país, parece inevitável que a ruralidade se imponha progressivamente aos grandes centros urbanos. Independentemente de quem ganhe, há uma nova elite, forjada nos rincões do Brasil, que chegou para ficar e pouco se relaciona com os valores das elites ditas urbanas, das grandes capitais. Se o país teve de se acostumar com a onda dos valores das comunidades perante as cidades nas décadas anteriores, precisará igualmente se acostumar com o protagonismo caipira nos rumos do País.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.