Como a conjuntura do País afeta o ambiente público e o empresarial

Um mês de CPI da pandemia no Senado


Por Redação

André Luis Carneiro Buna, Mestre me Ciência Política pela Universidade Federal do Pará (UFPA)

Bruno de Castro Rubiatti, Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA)

Um terço do prazo legal e estipulado para o funcionamento da CPI da pandemia no Senado já se passou. Quase 76[i] mil pessoas perderam a batalha contra a covid-19 desde a instalação no dia 27 de abril até o dia 4 de junho, data que marcou os 30 primeiros dias a contar da primeira reunião com oitiva.

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O primeiro grande ato da CPI da Pandemia foi o depoimento de Luiz Henrique Mandetta, primeiro ministro da saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).Neste primeiro mês foram ouvidos 11 depoentes, 10 convocados e 1 convidado. Todos os ex-ministros da saúde que enfrentaram a pandemia foram convocados, incluindo o atual ministro Marcelo Queiroga, ou seja, todos os quatro ministros da saúde já foram convocados a prestarem esclarecimentos sobre a conduta do governo federal durante a pandemia.

Também, prestaram depoimentos importantes membros do governo federal, tais como Fabio Wajngarten (Ex-Secretário Especial de Comunicação Social da Presidência), Ernesto Araújo (Ex-Ministro das Relações Exteriores) e Mayra Pinheiro (Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde). Além destes, também compareceram Gerente Geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, o diretor-Presidente da ANVISA, Antônio Barra Torres e o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. A única a comparecer a CPI na qualidade de convidada foi a médica Nise Yamaguchi, defensora do tratamento precoce.

Todos os depoimentos tiveram ampla repercussão na mídia tradicional e nas redes sociais, cabendo destaque ao depoimento da convidada Nise Yamaguchi que foi inquirida de forma firme por alguns senadores.

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Os depoimentos são frutos dos requerimentos apresentados pelos Senadores à presidência da Comissão Especial. Durante o primeiro mês de funcionamento da CPI da Pandemia, foram protocolados 427 requerimentos. Destes, 327 foram aprovados e deverão ser atendidos ao longo do funcionamento da Comissão, 67 não apreciados e 3 não possuem indicação de informações nos relatórios prestados pela secretaria da CPI.

Acerca dos requerimentos, destacamos os Senadores Randolfe Rodrigues (REDE/AP), que apresentou 83 requerimentos, Alessandro Vieira (CIDADANIA/SE), suplente, 77 requerimentos, Humberto Costa (PT/PE), 63 requerimentos e Renan Calheiros (MDB/AL), que protocolou 60 requerimentos à CPI da qual é relator. Esses 4 senadores juntos, que se notabilizam pela oposição ao governo e seu modo de condução ao combate a Pandemia no Brasil, corresponderam a 67% dos requerimentos apresentados. Esse destaque de atividade no interior da CPI notabiliza esta ferramenta como importante instrumento de controle por parte da oposição e minorias parlamentares.

Cabe destacar três tipos mais frequentes de requerimentos: informação, documentos e depoimento. No primeiro mês, 244 requerimentos solicitaram envio de informação e de documentos por parte de Ministérios do Governo Federal, órgãos da área da saúde, Universidades, empresas da área da saúde e de vacinação e, também, pedidos à Estados e Municípios. Estas informações e documentos cedidos à CPI estão guardados em sala-cofre, já contendo 81 volumes de arquivos físicos e digitais, em sua grande maioria arquivos sigilosos.

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Os requerimentos que solicitam o comparecimento para depoimentos à CPI da Pandemia também foram destaque. Ao todo foram 171 requerimentos com interesses em depoimentos. Segundo o Vice-presidente da comissão parlamentar de inquérito, o Senador Randolfe Rodrigues, as informações e documentos fornecidos a CPI representam apenas 10% de tudo aquilo que foi solicitado[ii].

De certo é que a CPI da Pandemia está longe do seu fim. Os 90 dias iniciais para seu funcionamento não serão nem o começo. Isso se considerarmos que as últimas CPIs instaladas e concluídas no Senado durante o período de estabilidade democrática (1995 a 2015) tiveram em média 539 dias[iii] de atividade, sendo que a CPI mais breve funcionou por 226 dias (CPI do Apagão Aéreo durante o segundo governo do Presidente Lula). Isto posto, a prorrogação da CPI é mais do que provável.

Mesmo que alguns depoimentos já prestados à CPI sejam contundentes sobre a responsabilização do governo central, acerca da má gestão da pandemia e atrasos sobre o programa nacional de vacinação, a Comissão de Inquérito não possui todos os dados solicitados inicialmente pelos requerimentos. Neste sentido, também faltam dois terços das oitivas a serem realizadas, isso se contarmos os requerimentos de depoimentos protocolados até o dia 4 de junho. Faltam definições sobre o comparecimento dos governadores e depoimentos de convocados ligados a um suposto gabinete paralelo no Ministério da Saúde.

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Ademais, não podemos deixar de destacar o "engajamento" que a CPI gera. Segundo pesquisa recente da XP Investimento, 76% dos entrevistados já tomaram conhecimento sobre a CPI da Pandemia, onde 62%[iv] aprovam a sua instalação e funcionamento. A CPI da Pandemia deverá continuar a gerar interesse pelos próximos meses, principalmente enquanto permanecer o número de mortes diários no país.

A pandemia da COVID-19 se aproxima das 500 mil mortes, ao passo que a vacinação não avança conforme desejado, o que seria necessário para frear óbitos diários e uma possível terceira onda. Deste modo, ao que tudo indica, não haverá brevidade nos debates sobre o tema da CPI, podendo ser prorrogada sua existência para uma maior discussão e aprofundamento dos debates.

[i] 75.769 entre os dias 27 de abril a 04 de junho de 2021.

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[ii] Entrevista concedida 28/05/2021, 20h40. Fonte: Agência Senado

[iii] Somadas, 18 CPIs instaladas e concluídas nos 3 grandes períodos de governo de 1995 a 2015, no Senado, foram 9.699 dias de atividades de CPI nesta casa

[iv] https://conteudos.xpi.com.br/politica/pesquisa-xp-junho-2021-avaliacao-negativa-do-governo-jair-bolsonaro-atinge-maior-indice-desde-maio-de-2020/

André Luis Carneiro Buna, Mestre me Ciência Política pela Universidade Federal do Pará (UFPA)

Bruno de Castro Rubiatti, Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA)

Um terço do prazo legal e estipulado para o funcionamento da CPI da pandemia no Senado já se passou. Quase 76[i] mil pessoas perderam a batalha contra a covid-19 desde a instalação no dia 27 de abril até o dia 4 de junho, data que marcou os 30 primeiros dias a contar da primeira reunião com oitiva.

O primeiro grande ato da CPI da Pandemia foi o depoimento de Luiz Henrique Mandetta, primeiro ministro da saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).Neste primeiro mês foram ouvidos 11 depoentes, 10 convocados e 1 convidado. Todos os ex-ministros da saúde que enfrentaram a pandemia foram convocados, incluindo o atual ministro Marcelo Queiroga, ou seja, todos os quatro ministros da saúde já foram convocados a prestarem esclarecimentos sobre a conduta do governo federal durante a pandemia.

Também, prestaram depoimentos importantes membros do governo federal, tais como Fabio Wajngarten (Ex-Secretário Especial de Comunicação Social da Presidência), Ernesto Araújo (Ex-Ministro das Relações Exteriores) e Mayra Pinheiro (Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde). Além destes, também compareceram Gerente Geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, o diretor-Presidente da ANVISA, Antônio Barra Torres e o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. A única a comparecer a CPI na qualidade de convidada foi a médica Nise Yamaguchi, defensora do tratamento precoce.

Todos os depoimentos tiveram ampla repercussão na mídia tradicional e nas redes sociais, cabendo destaque ao depoimento da convidada Nise Yamaguchi que foi inquirida de forma firme por alguns senadores.

Os depoimentos são frutos dos requerimentos apresentados pelos Senadores à presidência da Comissão Especial. Durante o primeiro mês de funcionamento da CPI da Pandemia, foram protocolados 427 requerimentos. Destes, 327 foram aprovados e deverão ser atendidos ao longo do funcionamento da Comissão, 67 não apreciados e 3 não possuem indicação de informações nos relatórios prestados pela secretaria da CPI.

Acerca dos requerimentos, destacamos os Senadores Randolfe Rodrigues (REDE/AP), que apresentou 83 requerimentos, Alessandro Vieira (CIDADANIA/SE), suplente, 77 requerimentos, Humberto Costa (PT/PE), 63 requerimentos e Renan Calheiros (MDB/AL), que protocolou 60 requerimentos à CPI da qual é relator. Esses 4 senadores juntos, que se notabilizam pela oposição ao governo e seu modo de condução ao combate a Pandemia no Brasil, corresponderam a 67% dos requerimentos apresentados. Esse destaque de atividade no interior da CPI notabiliza esta ferramenta como importante instrumento de controle por parte da oposição e minorias parlamentares.

Cabe destacar três tipos mais frequentes de requerimentos: informação, documentos e depoimento. No primeiro mês, 244 requerimentos solicitaram envio de informação e de documentos por parte de Ministérios do Governo Federal, órgãos da área da saúde, Universidades, empresas da área da saúde e de vacinação e, também, pedidos à Estados e Municípios. Estas informações e documentos cedidos à CPI estão guardados em sala-cofre, já contendo 81 volumes de arquivos físicos e digitais, em sua grande maioria arquivos sigilosos.

Os requerimentos que solicitam o comparecimento para depoimentos à CPI da Pandemia também foram destaque. Ao todo foram 171 requerimentos com interesses em depoimentos. Segundo o Vice-presidente da comissão parlamentar de inquérito, o Senador Randolfe Rodrigues, as informações e documentos fornecidos a CPI representam apenas 10% de tudo aquilo que foi solicitado[ii].

De certo é que a CPI da Pandemia está longe do seu fim. Os 90 dias iniciais para seu funcionamento não serão nem o começo. Isso se considerarmos que as últimas CPIs instaladas e concluídas no Senado durante o período de estabilidade democrática (1995 a 2015) tiveram em média 539 dias[iii] de atividade, sendo que a CPI mais breve funcionou por 226 dias (CPI do Apagão Aéreo durante o segundo governo do Presidente Lula). Isto posto, a prorrogação da CPI é mais do que provável.

Mesmo que alguns depoimentos já prestados à CPI sejam contundentes sobre a responsabilização do governo central, acerca da má gestão da pandemia e atrasos sobre o programa nacional de vacinação, a Comissão de Inquérito não possui todos os dados solicitados inicialmente pelos requerimentos. Neste sentido, também faltam dois terços das oitivas a serem realizadas, isso se contarmos os requerimentos de depoimentos protocolados até o dia 4 de junho. Faltam definições sobre o comparecimento dos governadores e depoimentos de convocados ligados a um suposto gabinete paralelo no Ministério da Saúde.

Ademais, não podemos deixar de destacar o "engajamento" que a CPI gera. Segundo pesquisa recente da XP Investimento, 76% dos entrevistados já tomaram conhecimento sobre a CPI da Pandemia, onde 62%[iv] aprovam a sua instalação e funcionamento. A CPI da Pandemia deverá continuar a gerar interesse pelos próximos meses, principalmente enquanto permanecer o número de mortes diários no país.

A pandemia da COVID-19 se aproxima das 500 mil mortes, ao passo que a vacinação não avança conforme desejado, o que seria necessário para frear óbitos diários e uma possível terceira onda. Deste modo, ao que tudo indica, não haverá brevidade nos debates sobre o tema da CPI, podendo ser prorrogada sua existência para uma maior discussão e aprofundamento dos debates.

[i] 75.769 entre os dias 27 de abril a 04 de junho de 2021.

[ii] Entrevista concedida 28/05/2021, 20h40. Fonte: Agência Senado

[iii] Somadas, 18 CPIs instaladas e concluídas nos 3 grandes períodos de governo de 1995 a 2015, no Senado, foram 9.699 dias de atividades de CPI nesta casa

[iv] https://conteudos.xpi.com.br/politica/pesquisa-xp-junho-2021-avaliacao-negativa-do-governo-jair-bolsonaro-atinge-maior-indice-desde-maio-de-2020/

André Luis Carneiro Buna, Mestre me Ciência Política pela Universidade Federal do Pará (UFPA)

Bruno de Castro Rubiatti, Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA)

Um terço do prazo legal e estipulado para o funcionamento da CPI da pandemia no Senado já se passou. Quase 76[i] mil pessoas perderam a batalha contra a covid-19 desde a instalação no dia 27 de abril até o dia 4 de junho, data que marcou os 30 primeiros dias a contar da primeira reunião com oitiva.

O primeiro grande ato da CPI da Pandemia foi o depoimento de Luiz Henrique Mandetta, primeiro ministro da saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).Neste primeiro mês foram ouvidos 11 depoentes, 10 convocados e 1 convidado. Todos os ex-ministros da saúde que enfrentaram a pandemia foram convocados, incluindo o atual ministro Marcelo Queiroga, ou seja, todos os quatro ministros da saúde já foram convocados a prestarem esclarecimentos sobre a conduta do governo federal durante a pandemia.

Também, prestaram depoimentos importantes membros do governo federal, tais como Fabio Wajngarten (Ex-Secretário Especial de Comunicação Social da Presidência), Ernesto Araújo (Ex-Ministro das Relações Exteriores) e Mayra Pinheiro (Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde). Além destes, também compareceram Gerente Geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, o diretor-Presidente da ANVISA, Antônio Barra Torres e o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. A única a comparecer a CPI na qualidade de convidada foi a médica Nise Yamaguchi, defensora do tratamento precoce.

Todos os depoimentos tiveram ampla repercussão na mídia tradicional e nas redes sociais, cabendo destaque ao depoimento da convidada Nise Yamaguchi que foi inquirida de forma firme por alguns senadores.

Os depoimentos são frutos dos requerimentos apresentados pelos Senadores à presidência da Comissão Especial. Durante o primeiro mês de funcionamento da CPI da Pandemia, foram protocolados 427 requerimentos. Destes, 327 foram aprovados e deverão ser atendidos ao longo do funcionamento da Comissão, 67 não apreciados e 3 não possuem indicação de informações nos relatórios prestados pela secretaria da CPI.

Acerca dos requerimentos, destacamos os Senadores Randolfe Rodrigues (REDE/AP), que apresentou 83 requerimentos, Alessandro Vieira (CIDADANIA/SE), suplente, 77 requerimentos, Humberto Costa (PT/PE), 63 requerimentos e Renan Calheiros (MDB/AL), que protocolou 60 requerimentos à CPI da qual é relator. Esses 4 senadores juntos, que se notabilizam pela oposição ao governo e seu modo de condução ao combate a Pandemia no Brasil, corresponderam a 67% dos requerimentos apresentados. Esse destaque de atividade no interior da CPI notabiliza esta ferramenta como importante instrumento de controle por parte da oposição e minorias parlamentares.

Cabe destacar três tipos mais frequentes de requerimentos: informação, documentos e depoimento. No primeiro mês, 244 requerimentos solicitaram envio de informação e de documentos por parte de Ministérios do Governo Federal, órgãos da área da saúde, Universidades, empresas da área da saúde e de vacinação e, também, pedidos à Estados e Municípios. Estas informações e documentos cedidos à CPI estão guardados em sala-cofre, já contendo 81 volumes de arquivos físicos e digitais, em sua grande maioria arquivos sigilosos.

Os requerimentos que solicitam o comparecimento para depoimentos à CPI da Pandemia também foram destaque. Ao todo foram 171 requerimentos com interesses em depoimentos. Segundo o Vice-presidente da comissão parlamentar de inquérito, o Senador Randolfe Rodrigues, as informações e documentos fornecidos a CPI representam apenas 10% de tudo aquilo que foi solicitado[ii].

De certo é que a CPI da Pandemia está longe do seu fim. Os 90 dias iniciais para seu funcionamento não serão nem o começo. Isso se considerarmos que as últimas CPIs instaladas e concluídas no Senado durante o período de estabilidade democrática (1995 a 2015) tiveram em média 539 dias[iii] de atividade, sendo que a CPI mais breve funcionou por 226 dias (CPI do Apagão Aéreo durante o segundo governo do Presidente Lula). Isto posto, a prorrogação da CPI é mais do que provável.

Mesmo que alguns depoimentos já prestados à CPI sejam contundentes sobre a responsabilização do governo central, acerca da má gestão da pandemia e atrasos sobre o programa nacional de vacinação, a Comissão de Inquérito não possui todos os dados solicitados inicialmente pelos requerimentos. Neste sentido, também faltam dois terços das oitivas a serem realizadas, isso se contarmos os requerimentos de depoimentos protocolados até o dia 4 de junho. Faltam definições sobre o comparecimento dos governadores e depoimentos de convocados ligados a um suposto gabinete paralelo no Ministério da Saúde.

Ademais, não podemos deixar de destacar o "engajamento" que a CPI gera. Segundo pesquisa recente da XP Investimento, 76% dos entrevistados já tomaram conhecimento sobre a CPI da Pandemia, onde 62%[iv] aprovam a sua instalação e funcionamento. A CPI da Pandemia deverá continuar a gerar interesse pelos próximos meses, principalmente enquanto permanecer o número de mortes diários no país.

A pandemia da COVID-19 se aproxima das 500 mil mortes, ao passo que a vacinação não avança conforme desejado, o que seria necessário para frear óbitos diários e uma possível terceira onda. Deste modo, ao que tudo indica, não haverá brevidade nos debates sobre o tema da CPI, podendo ser prorrogada sua existência para uma maior discussão e aprofundamento dos debates.

[i] 75.769 entre os dias 27 de abril a 04 de junho de 2021.

[ii] Entrevista concedida 28/05/2021, 20h40. Fonte: Agência Senado

[iii] Somadas, 18 CPIs instaladas e concluídas nos 3 grandes períodos de governo de 1995 a 2015, no Senado, foram 9.699 dias de atividades de CPI nesta casa

[iv] https://conteudos.xpi.com.br/politica/pesquisa-xp-junho-2021-avaliacao-negativa-do-governo-jair-bolsonaro-atinge-maior-indice-desde-maio-de-2020/

André Luis Carneiro Buna, Mestre me Ciência Política pela Universidade Federal do Pará (UFPA)

Bruno de Castro Rubiatti, Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA)

Um terço do prazo legal e estipulado para o funcionamento da CPI da pandemia no Senado já se passou. Quase 76[i] mil pessoas perderam a batalha contra a covid-19 desde a instalação no dia 27 de abril até o dia 4 de junho, data que marcou os 30 primeiros dias a contar da primeira reunião com oitiva.

O primeiro grande ato da CPI da Pandemia foi o depoimento de Luiz Henrique Mandetta, primeiro ministro da saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).Neste primeiro mês foram ouvidos 11 depoentes, 10 convocados e 1 convidado. Todos os ex-ministros da saúde que enfrentaram a pandemia foram convocados, incluindo o atual ministro Marcelo Queiroga, ou seja, todos os quatro ministros da saúde já foram convocados a prestarem esclarecimentos sobre a conduta do governo federal durante a pandemia.

Também, prestaram depoimentos importantes membros do governo federal, tais como Fabio Wajngarten (Ex-Secretário Especial de Comunicação Social da Presidência), Ernesto Araújo (Ex-Ministro das Relações Exteriores) e Mayra Pinheiro (Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde). Além destes, também compareceram Gerente Geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, o diretor-Presidente da ANVISA, Antônio Barra Torres e o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. A única a comparecer a CPI na qualidade de convidada foi a médica Nise Yamaguchi, defensora do tratamento precoce.

Todos os depoimentos tiveram ampla repercussão na mídia tradicional e nas redes sociais, cabendo destaque ao depoimento da convidada Nise Yamaguchi que foi inquirida de forma firme por alguns senadores.

Os depoimentos são frutos dos requerimentos apresentados pelos Senadores à presidência da Comissão Especial. Durante o primeiro mês de funcionamento da CPI da Pandemia, foram protocolados 427 requerimentos. Destes, 327 foram aprovados e deverão ser atendidos ao longo do funcionamento da Comissão, 67 não apreciados e 3 não possuem indicação de informações nos relatórios prestados pela secretaria da CPI.

Acerca dos requerimentos, destacamos os Senadores Randolfe Rodrigues (REDE/AP), que apresentou 83 requerimentos, Alessandro Vieira (CIDADANIA/SE), suplente, 77 requerimentos, Humberto Costa (PT/PE), 63 requerimentos e Renan Calheiros (MDB/AL), que protocolou 60 requerimentos à CPI da qual é relator. Esses 4 senadores juntos, que se notabilizam pela oposição ao governo e seu modo de condução ao combate a Pandemia no Brasil, corresponderam a 67% dos requerimentos apresentados. Esse destaque de atividade no interior da CPI notabiliza esta ferramenta como importante instrumento de controle por parte da oposição e minorias parlamentares.

Cabe destacar três tipos mais frequentes de requerimentos: informação, documentos e depoimento. No primeiro mês, 244 requerimentos solicitaram envio de informação e de documentos por parte de Ministérios do Governo Federal, órgãos da área da saúde, Universidades, empresas da área da saúde e de vacinação e, também, pedidos à Estados e Municípios. Estas informações e documentos cedidos à CPI estão guardados em sala-cofre, já contendo 81 volumes de arquivos físicos e digitais, em sua grande maioria arquivos sigilosos.

Os requerimentos que solicitam o comparecimento para depoimentos à CPI da Pandemia também foram destaque. Ao todo foram 171 requerimentos com interesses em depoimentos. Segundo o Vice-presidente da comissão parlamentar de inquérito, o Senador Randolfe Rodrigues, as informações e documentos fornecidos a CPI representam apenas 10% de tudo aquilo que foi solicitado[ii].

De certo é que a CPI da Pandemia está longe do seu fim. Os 90 dias iniciais para seu funcionamento não serão nem o começo. Isso se considerarmos que as últimas CPIs instaladas e concluídas no Senado durante o período de estabilidade democrática (1995 a 2015) tiveram em média 539 dias[iii] de atividade, sendo que a CPI mais breve funcionou por 226 dias (CPI do Apagão Aéreo durante o segundo governo do Presidente Lula). Isto posto, a prorrogação da CPI é mais do que provável.

Mesmo que alguns depoimentos já prestados à CPI sejam contundentes sobre a responsabilização do governo central, acerca da má gestão da pandemia e atrasos sobre o programa nacional de vacinação, a Comissão de Inquérito não possui todos os dados solicitados inicialmente pelos requerimentos. Neste sentido, também faltam dois terços das oitivas a serem realizadas, isso se contarmos os requerimentos de depoimentos protocolados até o dia 4 de junho. Faltam definições sobre o comparecimento dos governadores e depoimentos de convocados ligados a um suposto gabinete paralelo no Ministério da Saúde.

Ademais, não podemos deixar de destacar o "engajamento" que a CPI gera. Segundo pesquisa recente da XP Investimento, 76% dos entrevistados já tomaram conhecimento sobre a CPI da Pandemia, onde 62%[iv] aprovam a sua instalação e funcionamento. A CPI da Pandemia deverá continuar a gerar interesse pelos próximos meses, principalmente enquanto permanecer o número de mortes diários no país.

A pandemia da COVID-19 se aproxima das 500 mil mortes, ao passo que a vacinação não avança conforme desejado, o que seria necessário para frear óbitos diários e uma possível terceira onda. Deste modo, ao que tudo indica, não haverá brevidade nos debates sobre o tema da CPI, podendo ser prorrogada sua existência para uma maior discussão e aprofundamento dos debates.

[i] 75.769 entre os dias 27 de abril a 04 de junho de 2021.

[ii] Entrevista concedida 28/05/2021, 20h40. Fonte: Agência Senado

[iii] Somadas, 18 CPIs instaladas e concluídas nos 3 grandes períodos de governo de 1995 a 2015, no Senado, foram 9.699 dias de atividades de CPI nesta casa

[iv] https://conteudos.xpi.com.br/politica/pesquisa-xp-junho-2021-avaliacao-negativa-do-governo-jair-bolsonaro-atinge-maior-indice-desde-maio-de-2020/

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