Crônicas sobre política municipal. Cultura brasileira local sob olhar provocativo | Colaboradores: Eder Brito, Camila Tuchlinski, Marcos Silveira e Patricia Tavares.

O povo quer o Liso, ninguém quer o comprador


Não espere desse blog uma análise acerca dos 57 eleitos de ontem. Nosso foco é outro. Assim, quero voltar pro primeiro turno, especificamente para Jucurutú, interior do Rio Grande do Norte. Por lá, pelo que andam contando na capital do estado, venceu a tentativa de tirar do poder aquela família eterna, velha conhecida dos enredos políticos brasileiros. Falamos especificamente dos Queiroz, que tem no deputado estadual Nelter Queiroz (PMDB) o grande símbolo de força - o herdeiro de um legado descrito orgulhosamente na página da Assembleia, onde o fato de o pai ter sido prefeito chama a atenção. Detalhe: ele também foi, e o filho é.

Por Humberto Dantas

Em 2014, eleito para o seu sétimo mandato seguido na ALERN - aquela mesma de escândalos recentes apresentados aqui - ele ficou com cerca de 60% dos votos da cidade. Poderoso? Oxente! Bota poder nisso. Claro que o parlamentar pode dizer que é reconhecimento, mas pelo conjunto de lei aprovadas desde a década de 90 fica difícil acreditar. A quantidade de distribuição de reconhecimento de título de utilidade pública pra entidades faz entender que se trata daquela política tradicional. E se é tradicional no legislar, suponho que possa ser na forma de comandar.

Ao menos é o que sugere áudio que circulou fortemente pelas redes sociais. A questão é saber de quando é a fala, pois o filho foi eleito em 2012 e buscava a reeleição em 2016. Nele, o deputado diz: "pode ficar certo que quem votou contra George não me procure mais, não me procure mais, não preciso do seu voto, vá pra lá". Tava fácil. O então menino de 27 anos fora escolhido com quase 80% dos votos. Descrito nos arquivos do TSE à época como estudante, com escolaridade atrelada ao superior incompleto, parece que a função "estagiário" do prefeito não deu certo. Com toda a força política, com a potência da máquina e a liderança paterna, George tinha tudo pra se manter no poder. Mas perdeu. Obteve 49% dos votos válidos contra 51% de seu adversário. A diferença, num eleitorado pequeno, foi de pouco mais de 200 votos. A história pode ter sido impactada pela novela Velho Chico, pois a galera eterna tem forte semblante de Coronel Saruê, o personagem de Antônio Fagundes. Em outro áudio que circulou na internet, Nelter teria jurado abandonar o mandato de deputado se o filho não fosse reconduzido. De acordo com o Blog do Primo, há quem esteja cobrando a fatura - que qualquer um duvida que de fato será paga.

Mas o fato é: perdeu. Por pouco, mas perdeu. E quem chega ao poder? Como na novela: supostamente o povo. A despeito de detalhes mais profundos o candidato do PROS venceu. Trata-se de Valdir Medeiros, superior completo, igualmente jovem, com pouco menos de 35 anos. Mas não procure por Medeiros na cidade. Busque o motorista da ambulância, e seu vice, José Pedro, que é gari na cidade. Localmente Medeiros é o Liso, palavra associada no nordeste a quem não tem um gato pra puxar pelo rabo, ou seja, não tem dinheiro, grana, tutu. Liso, que de acordo com informações do TSE tem um Gol 2000, uma moto e um terreno de R$ 2.000,00, se associou com Gari da Prefeitura, e juntos levaram a eleição. O jingle da campanha é fantástico: "ele acha que vai comprar todo mundo, só que está enganado" exclama a frase inicial. E aí entra o forro eletrônico alucinante repetindo centenas de vezes: "o povo quer o liso, o povo quer o liso, o povo quer o liso, o povo quer o liso". E completa, mais uma centena de vezes: "ninguém quer o barãozinho, ninguém quer o comprador, ninguém quer o barãozinho, ninguém quer o comprador". A coisa atormenta, azucrina, estonteia. E o povo elegeu o Liso, a despeito do Barãozinho, termo que localmente se destina ao Playboy, ter um Hyundai Santa Fé, R$ 40 mil em dinheiro e sociedade em duas empresas.

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Resta saber, nesse caso, o peso da novela, da consciência, da troca do estagiário pelo formado, do Barão pelo Liso, da tradição pela nova tentativa. Vejamos o que vai ocorrer, e se não se trata apenas de mais um capítulo de novela, ou da história das trocas que não dão em nada...

Em 2014, eleito para o seu sétimo mandato seguido na ALERN - aquela mesma de escândalos recentes apresentados aqui - ele ficou com cerca de 60% dos votos da cidade. Poderoso? Oxente! Bota poder nisso. Claro que o parlamentar pode dizer que é reconhecimento, mas pelo conjunto de lei aprovadas desde a década de 90 fica difícil acreditar. A quantidade de distribuição de reconhecimento de título de utilidade pública pra entidades faz entender que se trata daquela política tradicional. E se é tradicional no legislar, suponho que possa ser na forma de comandar.

Ao menos é o que sugere áudio que circulou fortemente pelas redes sociais. A questão é saber de quando é a fala, pois o filho foi eleito em 2012 e buscava a reeleição em 2016. Nele, o deputado diz: "pode ficar certo que quem votou contra George não me procure mais, não me procure mais, não preciso do seu voto, vá pra lá". Tava fácil. O então menino de 27 anos fora escolhido com quase 80% dos votos. Descrito nos arquivos do TSE à época como estudante, com escolaridade atrelada ao superior incompleto, parece que a função "estagiário" do prefeito não deu certo. Com toda a força política, com a potência da máquina e a liderança paterna, George tinha tudo pra se manter no poder. Mas perdeu. Obteve 49% dos votos válidos contra 51% de seu adversário. A diferença, num eleitorado pequeno, foi de pouco mais de 200 votos. A história pode ter sido impactada pela novela Velho Chico, pois a galera eterna tem forte semblante de Coronel Saruê, o personagem de Antônio Fagundes. Em outro áudio que circulou na internet, Nelter teria jurado abandonar o mandato de deputado se o filho não fosse reconduzido. De acordo com o Blog do Primo, há quem esteja cobrando a fatura - que qualquer um duvida que de fato será paga.

Mas o fato é: perdeu. Por pouco, mas perdeu. E quem chega ao poder? Como na novela: supostamente o povo. A despeito de detalhes mais profundos o candidato do PROS venceu. Trata-se de Valdir Medeiros, superior completo, igualmente jovem, com pouco menos de 35 anos. Mas não procure por Medeiros na cidade. Busque o motorista da ambulância, e seu vice, José Pedro, que é gari na cidade. Localmente Medeiros é o Liso, palavra associada no nordeste a quem não tem um gato pra puxar pelo rabo, ou seja, não tem dinheiro, grana, tutu. Liso, que de acordo com informações do TSE tem um Gol 2000, uma moto e um terreno de R$ 2.000,00, se associou com Gari da Prefeitura, e juntos levaram a eleição. O jingle da campanha é fantástico: "ele acha que vai comprar todo mundo, só que está enganado" exclama a frase inicial. E aí entra o forro eletrônico alucinante repetindo centenas de vezes: "o povo quer o liso, o povo quer o liso, o povo quer o liso, o povo quer o liso". E completa, mais uma centena de vezes: "ninguém quer o barãozinho, ninguém quer o comprador, ninguém quer o barãozinho, ninguém quer o comprador". A coisa atormenta, azucrina, estonteia. E o povo elegeu o Liso, a despeito do Barãozinho, termo que localmente se destina ao Playboy, ter um Hyundai Santa Fé, R$ 40 mil em dinheiro e sociedade em duas empresas.

Resta saber, nesse caso, o peso da novela, da consciência, da troca do estagiário pelo formado, do Barão pelo Liso, da tradição pela nova tentativa. Vejamos o que vai ocorrer, e se não se trata apenas de mais um capítulo de novela, ou da história das trocas que não dão em nada...

Em 2014, eleito para o seu sétimo mandato seguido na ALERN - aquela mesma de escândalos recentes apresentados aqui - ele ficou com cerca de 60% dos votos da cidade. Poderoso? Oxente! Bota poder nisso. Claro que o parlamentar pode dizer que é reconhecimento, mas pelo conjunto de lei aprovadas desde a década de 90 fica difícil acreditar. A quantidade de distribuição de reconhecimento de título de utilidade pública pra entidades faz entender que se trata daquela política tradicional. E se é tradicional no legislar, suponho que possa ser na forma de comandar.

Ao menos é o que sugere áudio que circulou fortemente pelas redes sociais. A questão é saber de quando é a fala, pois o filho foi eleito em 2012 e buscava a reeleição em 2016. Nele, o deputado diz: "pode ficar certo que quem votou contra George não me procure mais, não me procure mais, não preciso do seu voto, vá pra lá". Tava fácil. O então menino de 27 anos fora escolhido com quase 80% dos votos. Descrito nos arquivos do TSE à época como estudante, com escolaridade atrelada ao superior incompleto, parece que a função "estagiário" do prefeito não deu certo. Com toda a força política, com a potência da máquina e a liderança paterna, George tinha tudo pra se manter no poder. Mas perdeu. Obteve 49% dos votos válidos contra 51% de seu adversário. A diferença, num eleitorado pequeno, foi de pouco mais de 200 votos. A história pode ter sido impactada pela novela Velho Chico, pois a galera eterna tem forte semblante de Coronel Saruê, o personagem de Antônio Fagundes. Em outro áudio que circulou na internet, Nelter teria jurado abandonar o mandato de deputado se o filho não fosse reconduzido. De acordo com o Blog do Primo, há quem esteja cobrando a fatura - que qualquer um duvida que de fato será paga.

Mas o fato é: perdeu. Por pouco, mas perdeu. E quem chega ao poder? Como na novela: supostamente o povo. A despeito de detalhes mais profundos o candidato do PROS venceu. Trata-se de Valdir Medeiros, superior completo, igualmente jovem, com pouco menos de 35 anos. Mas não procure por Medeiros na cidade. Busque o motorista da ambulância, e seu vice, José Pedro, que é gari na cidade. Localmente Medeiros é o Liso, palavra associada no nordeste a quem não tem um gato pra puxar pelo rabo, ou seja, não tem dinheiro, grana, tutu. Liso, que de acordo com informações do TSE tem um Gol 2000, uma moto e um terreno de R$ 2.000,00, se associou com Gari da Prefeitura, e juntos levaram a eleição. O jingle da campanha é fantástico: "ele acha que vai comprar todo mundo, só que está enganado" exclama a frase inicial. E aí entra o forro eletrônico alucinante repetindo centenas de vezes: "o povo quer o liso, o povo quer o liso, o povo quer o liso, o povo quer o liso". E completa, mais uma centena de vezes: "ninguém quer o barãozinho, ninguém quer o comprador, ninguém quer o barãozinho, ninguém quer o comprador". A coisa atormenta, azucrina, estonteia. E o povo elegeu o Liso, a despeito do Barãozinho, termo que localmente se destina ao Playboy, ter um Hyundai Santa Fé, R$ 40 mil em dinheiro e sociedade em duas empresas.

Resta saber, nesse caso, o peso da novela, da consciência, da troca do estagiário pelo formado, do Barão pelo Liso, da tradição pela nova tentativa. Vejamos o que vai ocorrer, e se não se trata apenas de mais um capítulo de novela, ou da história das trocas que não dão em nada...

Em 2014, eleito para o seu sétimo mandato seguido na ALERN - aquela mesma de escândalos recentes apresentados aqui - ele ficou com cerca de 60% dos votos da cidade. Poderoso? Oxente! Bota poder nisso. Claro que o parlamentar pode dizer que é reconhecimento, mas pelo conjunto de lei aprovadas desde a década de 90 fica difícil acreditar. A quantidade de distribuição de reconhecimento de título de utilidade pública pra entidades faz entender que se trata daquela política tradicional. E se é tradicional no legislar, suponho que possa ser na forma de comandar.

Ao menos é o que sugere áudio que circulou fortemente pelas redes sociais. A questão é saber de quando é a fala, pois o filho foi eleito em 2012 e buscava a reeleição em 2016. Nele, o deputado diz: "pode ficar certo que quem votou contra George não me procure mais, não me procure mais, não preciso do seu voto, vá pra lá". Tava fácil. O então menino de 27 anos fora escolhido com quase 80% dos votos. Descrito nos arquivos do TSE à época como estudante, com escolaridade atrelada ao superior incompleto, parece que a função "estagiário" do prefeito não deu certo. Com toda a força política, com a potência da máquina e a liderança paterna, George tinha tudo pra se manter no poder. Mas perdeu. Obteve 49% dos votos válidos contra 51% de seu adversário. A diferença, num eleitorado pequeno, foi de pouco mais de 200 votos. A história pode ter sido impactada pela novela Velho Chico, pois a galera eterna tem forte semblante de Coronel Saruê, o personagem de Antônio Fagundes. Em outro áudio que circulou na internet, Nelter teria jurado abandonar o mandato de deputado se o filho não fosse reconduzido. De acordo com o Blog do Primo, há quem esteja cobrando a fatura - que qualquer um duvida que de fato será paga.

Mas o fato é: perdeu. Por pouco, mas perdeu. E quem chega ao poder? Como na novela: supostamente o povo. A despeito de detalhes mais profundos o candidato do PROS venceu. Trata-se de Valdir Medeiros, superior completo, igualmente jovem, com pouco menos de 35 anos. Mas não procure por Medeiros na cidade. Busque o motorista da ambulância, e seu vice, José Pedro, que é gari na cidade. Localmente Medeiros é o Liso, palavra associada no nordeste a quem não tem um gato pra puxar pelo rabo, ou seja, não tem dinheiro, grana, tutu. Liso, que de acordo com informações do TSE tem um Gol 2000, uma moto e um terreno de R$ 2.000,00, se associou com Gari da Prefeitura, e juntos levaram a eleição. O jingle da campanha é fantástico: "ele acha que vai comprar todo mundo, só que está enganado" exclama a frase inicial. E aí entra o forro eletrônico alucinante repetindo centenas de vezes: "o povo quer o liso, o povo quer o liso, o povo quer o liso, o povo quer o liso". E completa, mais uma centena de vezes: "ninguém quer o barãozinho, ninguém quer o comprador, ninguém quer o barãozinho, ninguém quer o comprador". A coisa atormenta, azucrina, estonteia. E o povo elegeu o Liso, a despeito do Barãozinho, termo que localmente se destina ao Playboy, ter um Hyundai Santa Fé, R$ 40 mil em dinheiro e sociedade em duas empresas.

Resta saber, nesse caso, o peso da novela, da consciência, da troca do estagiário pelo formado, do Barão pelo Liso, da tradição pela nova tentativa. Vejamos o que vai ocorrer, e se não se trata apenas de mais um capítulo de novela, ou da história das trocas que não dão em nada...

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