O jogo da democracia no Brasil e no mundo

Precisamos trazer os ‘russos’ para o jogo


Multinacionais devem adotar cada vez mais práticas sustentáveis para salvar o planeta

Por João Gabriel de Lima

Pense num pequeno país africano que acaba de descobrir petróleo em seu mar territorial. Pense, agora, numa grande empresa multinacional de móveis e equipamentos de decoração. Pergunta: quem tem mais a contribuir na mitigação das mudanças climáticas?

A provocação é do economista Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina. Ele esteve na COP de Glasgow, onde circulou entre CEOs do setor privado. De lá saiu com um diagnóstico: “Se as grandes empresas multinacionais abraçarem a causa da economia de baixo carbono, sua contribuição pode ser maior que a de muitas nações individualmente”. Arbache é o entrevistado do minipodcast da semana.

Loja da Ikea em Nova York; multinacional sueca de móveis e decoração, patrocinou um pedaço do pavilhão do The New York Times na COP para anunciar, entre outras coisas, que só comercializa móveis de madeira certificada. Foto: Jeenah Moon/Bloomberg Photo
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Enquanto um pequeno país (Gana, no caso acima) tem jurisdição apenas sobre suas próprias fronteiras, uma multinacional influencia cadeias produtivas no mundo inteiro. Se tais cadeias forem obrigadas a adotar boas práticas, isso gerará um imenso círculo virtuoso. Além disso, só grandes multinacionais teriam como bancar o investimento que a transição para o baixo carbono exige – empresas médias correriam o risco de ficar fora do jogo.

Para que planos assim funcionem, é essencial combinar com os “russos”, os CEOs das multinacionais – o que é algo complexo. “Por mais que alguns sejam idealistas ou vejam oportunidades de ganhos futuros, eles respondem a acionistas que não necessariamente abririam mão de lucros de curto prazo”, diz Arbache. Ele acha, no entanto, que é possível trazer os “russos” para o jogo.

Um jeito é a pressão dos consumidores. A Ikea, multinacional sueca de móveis e decoração, patrocinou um pedaço do pavilhão do The New York Times na COP para anunciar, entre outras coisas, que só comercializa móveis de madeira certificada – e que várias fábricas europeias ajustaram padrões para seguir em seu time de fornecedores. Outro jeito é a cobrança de impostos sobre atividades intensas em carbono. Quanto mais países criarem punições fiscais, maior o risco para os investidores – e adotar práticas sustentáveis pode ser a melhor maneira de minimizar os riscos.

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O Acordo de Paris, cujo “livro de regras” foi finalmente concluído em Glasgow, baseia-se na contribuição individual de países – que deverá sofrer ajustes e cobranças nas próximas COPs. Na situação de emergência em que o planeta se encontra, no entanto, será necessária a contribuição de diferentes atores. Quanto mais poderosos os atores, maior a contribuição. As multinacionais estão neste caso. Precisamos não apenas combinar com os “russos”, mas também incentivá-los a entrar no jogo – e cobrar resultados. 

Para saber mais

Mini-podcast com Jorge Arbache 

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Artigos de Jorge Arbache sobre economia verde:

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/a-nova-fronteira-do-desenvolvimento.ghtml

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/em-busca-do-tempo-perdido.ghtml

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https://valor.globo.com/opiniao/coluna/a-politica-industrial-do-seculo-xxi-1.ghtml

Pense num pequeno país africano que acaba de descobrir petróleo em seu mar territorial. Pense, agora, numa grande empresa multinacional de móveis e equipamentos de decoração. Pergunta: quem tem mais a contribuir na mitigação das mudanças climáticas?

A provocação é do economista Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina. Ele esteve na COP de Glasgow, onde circulou entre CEOs do setor privado. De lá saiu com um diagnóstico: “Se as grandes empresas multinacionais abraçarem a causa da economia de baixo carbono, sua contribuição pode ser maior que a de muitas nações individualmente”. Arbache é o entrevistado do minipodcast da semana.

Loja da Ikea em Nova York; multinacional sueca de móveis e decoração, patrocinou um pedaço do pavilhão do The New York Times na COP para anunciar, entre outras coisas, que só comercializa móveis de madeira certificada. Foto: Jeenah Moon/Bloomberg Photo

Enquanto um pequeno país (Gana, no caso acima) tem jurisdição apenas sobre suas próprias fronteiras, uma multinacional influencia cadeias produtivas no mundo inteiro. Se tais cadeias forem obrigadas a adotar boas práticas, isso gerará um imenso círculo virtuoso. Além disso, só grandes multinacionais teriam como bancar o investimento que a transição para o baixo carbono exige – empresas médias correriam o risco de ficar fora do jogo.

Para que planos assim funcionem, é essencial combinar com os “russos”, os CEOs das multinacionais – o que é algo complexo. “Por mais que alguns sejam idealistas ou vejam oportunidades de ganhos futuros, eles respondem a acionistas que não necessariamente abririam mão de lucros de curto prazo”, diz Arbache. Ele acha, no entanto, que é possível trazer os “russos” para o jogo.

Um jeito é a pressão dos consumidores. A Ikea, multinacional sueca de móveis e decoração, patrocinou um pedaço do pavilhão do The New York Times na COP para anunciar, entre outras coisas, que só comercializa móveis de madeira certificada – e que várias fábricas europeias ajustaram padrões para seguir em seu time de fornecedores. Outro jeito é a cobrança de impostos sobre atividades intensas em carbono. Quanto mais países criarem punições fiscais, maior o risco para os investidores – e adotar práticas sustentáveis pode ser a melhor maneira de minimizar os riscos.

O Acordo de Paris, cujo “livro de regras” foi finalmente concluído em Glasgow, baseia-se na contribuição individual de países – que deverá sofrer ajustes e cobranças nas próximas COPs. Na situação de emergência em que o planeta se encontra, no entanto, será necessária a contribuição de diferentes atores. Quanto mais poderosos os atores, maior a contribuição. As multinacionais estão neste caso. Precisamos não apenas combinar com os “russos”, mas também incentivá-los a entrar no jogo – e cobrar resultados. 

Para saber mais

Mini-podcast com Jorge Arbache 

Artigos de Jorge Arbache sobre economia verde:

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https://valor.globo.com/opiniao/coluna/a-politica-industrial-do-seculo-xxi-1.ghtml

Pense num pequeno país africano que acaba de descobrir petróleo em seu mar territorial. Pense, agora, numa grande empresa multinacional de móveis e equipamentos de decoração. Pergunta: quem tem mais a contribuir na mitigação das mudanças climáticas?

A provocação é do economista Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina. Ele esteve na COP de Glasgow, onde circulou entre CEOs do setor privado. De lá saiu com um diagnóstico: “Se as grandes empresas multinacionais abraçarem a causa da economia de baixo carbono, sua contribuição pode ser maior que a de muitas nações individualmente”. Arbache é o entrevistado do minipodcast da semana.

Loja da Ikea em Nova York; multinacional sueca de móveis e decoração, patrocinou um pedaço do pavilhão do The New York Times na COP para anunciar, entre outras coisas, que só comercializa móveis de madeira certificada. Foto: Jeenah Moon/Bloomberg Photo

Enquanto um pequeno país (Gana, no caso acima) tem jurisdição apenas sobre suas próprias fronteiras, uma multinacional influencia cadeias produtivas no mundo inteiro. Se tais cadeias forem obrigadas a adotar boas práticas, isso gerará um imenso círculo virtuoso. Além disso, só grandes multinacionais teriam como bancar o investimento que a transição para o baixo carbono exige – empresas médias correriam o risco de ficar fora do jogo.

Para que planos assim funcionem, é essencial combinar com os “russos”, os CEOs das multinacionais – o que é algo complexo. “Por mais que alguns sejam idealistas ou vejam oportunidades de ganhos futuros, eles respondem a acionistas que não necessariamente abririam mão de lucros de curto prazo”, diz Arbache. Ele acha, no entanto, que é possível trazer os “russos” para o jogo.

Um jeito é a pressão dos consumidores. A Ikea, multinacional sueca de móveis e decoração, patrocinou um pedaço do pavilhão do The New York Times na COP para anunciar, entre outras coisas, que só comercializa móveis de madeira certificada – e que várias fábricas europeias ajustaram padrões para seguir em seu time de fornecedores. Outro jeito é a cobrança de impostos sobre atividades intensas em carbono. Quanto mais países criarem punições fiscais, maior o risco para os investidores – e adotar práticas sustentáveis pode ser a melhor maneira de minimizar os riscos.

O Acordo de Paris, cujo “livro de regras” foi finalmente concluído em Glasgow, baseia-se na contribuição individual de países – que deverá sofrer ajustes e cobranças nas próximas COPs. Na situação de emergência em que o planeta se encontra, no entanto, será necessária a contribuição de diferentes atores. Quanto mais poderosos os atores, maior a contribuição. As multinacionais estão neste caso. Precisamos não apenas combinar com os “russos”, mas também incentivá-los a entrar no jogo – e cobrar resultados. 

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Pense num pequeno país africano que acaba de descobrir petróleo em seu mar territorial. Pense, agora, numa grande empresa multinacional de móveis e equipamentos de decoração. Pergunta: quem tem mais a contribuir na mitigação das mudanças climáticas?

A provocação é do economista Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina. Ele esteve na COP de Glasgow, onde circulou entre CEOs do setor privado. De lá saiu com um diagnóstico: “Se as grandes empresas multinacionais abraçarem a causa da economia de baixo carbono, sua contribuição pode ser maior que a de muitas nações individualmente”. Arbache é o entrevistado do minipodcast da semana.

Loja da Ikea em Nova York; multinacional sueca de móveis e decoração, patrocinou um pedaço do pavilhão do The New York Times na COP para anunciar, entre outras coisas, que só comercializa móveis de madeira certificada. Foto: Jeenah Moon/Bloomberg Photo

Enquanto um pequeno país (Gana, no caso acima) tem jurisdição apenas sobre suas próprias fronteiras, uma multinacional influencia cadeias produtivas no mundo inteiro. Se tais cadeias forem obrigadas a adotar boas práticas, isso gerará um imenso círculo virtuoso. Além disso, só grandes multinacionais teriam como bancar o investimento que a transição para o baixo carbono exige – empresas médias correriam o risco de ficar fora do jogo.

Para que planos assim funcionem, é essencial combinar com os “russos”, os CEOs das multinacionais – o que é algo complexo. “Por mais que alguns sejam idealistas ou vejam oportunidades de ganhos futuros, eles respondem a acionistas que não necessariamente abririam mão de lucros de curto prazo”, diz Arbache. Ele acha, no entanto, que é possível trazer os “russos” para o jogo.

Um jeito é a pressão dos consumidores. A Ikea, multinacional sueca de móveis e decoração, patrocinou um pedaço do pavilhão do The New York Times na COP para anunciar, entre outras coisas, que só comercializa móveis de madeira certificada – e que várias fábricas europeias ajustaram padrões para seguir em seu time de fornecedores. Outro jeito é a cobrança de impostos sobre atividades intensas em carbono. Quanto mais países criarem punições fiscais, maior o risco para os investidores – e adotar práticas sustentáveis pode ser a melhor maneira de minimizar os riscos.

O Acordo de Paris, cujo “livro de regras” foi finalmente concluído em Glasgow, baseia-se na contribuição individual de países – que deverá sofrer ajustes e cobranças nas próximas COPs. Na situação de emergência em que o planeta se encontra, no entanto, será necessária a contribuição de diferentes atores. Quanto mais poderosos os atores, maior a contribuição. As multinacionais estão neste caso. Precisamos não apenas combinar com os “russos”, mas também incentivá-los a entrar no jogo – e cobrar resultados. 

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