As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

Ainda podemos viver juntos? Cerimônia do dia 8 revive a questão do desafio do ‘nós’ contra ‘eles’


Autoridades de Brasília deviam ler uma das últimas advertências do livro a Democracia Desafiada, de Marco Aurélio Nogueira

Por Marcelo Godoy
Atualização:

No dia 8, os chefes dos Três Poderes vão se reunir em Brasília para lembrar o maior ataque à democracia durante a Nova República. Governadores identificados com a direita estarão ausentes do evento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o último a falar antes do descerramento de uma placa alusiva aos fatos e da entrega simbólica do exemplar da Constituição roubado do Supremo. Ou seja: passado um ano, a desunião e a polarização permanecem.

Em seu livro A Democracia Desafiada, o professor Marco Aurélio Nogueira relembra a pergunta originalmente feita por Alain Touraine: afinal, poderemos viver juntos? “A possibilidade de convivência nas sociedades em que vivemos depende essencialmente da existência de um pacto mínimo sobre o que significa viver juntos”, escreve Nogueira.

Atos do dia 8 de janeiro completam um ano na próxima semana com país ainda fraturado Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Os anos que antecederam o 8 de Janeiro e o que o sucedeu mostraram – com a crise climática, a pandemia, a desigualdade galopante e os desequilíbrios econômicos, além das guerras – que o País e o mundo estão, como disse Nogueira, carentes de um novo contrato social. Nogueira é desses pensadores que sabem que qualquer indivíduo que prescinde de uma vontade coletiva e não procura criá-la, reforçá-la e organizá-la é só um pretensioso “profeta desarmado”, um fogo-fátuo. Os indivíduos precisarão chegar a acordos sobre várias questões sem as soluções autoritárias do cesarismo ou do salvacionismo, que destroem as liberdades ao cultivarem a cizânia e o medo. Deve-se reconstruir o consenso majoritário e, periodicamente, renegociá-lo nas sociedades.

Para explicar o nosso tempo, Nogueira relembra uma velha imagem da política: a das patologias que aparecem durante as crises. “O fato é que o mal-estar está presente no ar.” A angústia se expõe em uma pergunta: será que meus filhos terão uma vida melhor do que a minha?

A velha promessa da democracia do pós-guerra se vê ameaçada quando pequenos empresários sofrem para manter negócios e trabalhadores, empregos e direitos. Nogueira mostra que se “agarrar ao passado distorce o próprio passado, como se ele tivesse sido perfeito e estivesse suspenso no ar, desistoricizado, sem conter o germe da mudança que nos trouxe até o momento atual; embaça o futuro impedindo que se vislumbre para onde estamos indo”. E conclui ser preciso descomprimir a sociedade com mais democracia, reduzir as polarizações artificiais e ir além da reiteração discursiva que separa os democratas. Muitos dos atores em Brasília deveriam ler uma das últimas advertência de seu livro: “Não podemos nos entregar aos reptos identitários. Se continuarmos insistindo na lógica ‘nós’ contra ‘eles’, iremos retroceder”.

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No dia 8, os chefes dos Três Poderes vão se reunir em Brasília para lembrar o maior ataque à democracia durante a Nova República. Governadores identificados com a direita estarão ausentes do evento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o último a falar antes do descerramento de uma placa alusiva aos fatos e da entrega simbólica do exemplar da Constituição roubado do Supremo. Ou seja: passado um ano, a desunião e a polarização permanecem.

Em seu livro A Democracia Desafiada, o professor Marco Aurélio Nogueira relembra a pergunta originalmente feita por Alain Touraine: afinal, poderemos viver juntos? “A possibilidade de convivência nas sociedades em que vivemos depende essencialmente da existência de um pacto mínimo sobre o que significa viver juntos”, escreve Nogueira.

Atos do dia 8 de janeiro completam um ano na próxima semana com país ainda fraturado Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os anos que antecederam o 8 de Janeiro e o que o sucedeu mostraram – com a crise climática, a pandemia, a desigualdade galopante e os desequilíbrios econômicos, além das guerras – que o País e o mundo estão, como disse Nogueira, carentes de um novo contrato social. Nogueira é desses pensadores que sabem que qualquer indivíduo que prescinde de uma vontade coletiva e não procura criá-la, reforçá-la e organizá-la é só um pretensioso “profeta desarmado”, um fogo-fátuo. Os indivíduos precisarão chegar a acordos sobre várias questões sem as soluções autoritárias do cesarismo ou do salvacionismo, que destroem as liberdades ao cultivarem a cizânia e o medo. Deve-se reconstruir o consenso majoritário e, periodicamente, renegociá-lo nas sociedades.

Para explicar o nosso tempo, Nogueira relembra uma velha imagem da política: a das patologias que aparecem durante as crises. “O fato é que o mal-estar está presente no ar.” A angústia se expõe em uma pergunta: será que meus filhos terão uma vida melhor do que a minha?

A velha promessa da democracia do pós-guerra se vê ameaçada quando pequenos empresários sofrem para manter negócios e trabalhadores, empregos e direitos. Nogueira mostra que se “agarrar ao passado distorce o próprio passado, como se ele tivesse sido perfeito e estivesse suspenso no ar, desistoricizado, sem conter o germe da mudança que nos trouxe até o momento atual; embaça o futuro impedindo que se vislumbre para onde estamos indo”. E conclui ser preciso descomprimir a sociedade com mais democracia, reduzir as polarizações artificiais e ir além da reiteração discursiva que separa os democratas. Muitos dos atores em Brasília deveriam ler uma das últimas advertência de seu livro: “Não podemos nos entregar aos reptos identitários. Se continuarmos insistindo na lógica ‘nós’ contra ‘eles’, iremos retroceder”.

No dia 8, os chefes dos Três Poderes vão se reunir em Brasília para lembrar o maior ataque à democracia durante a Nova República. Governadores identificados com a direita estarão ausentes do evento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o último a falar antes do descerramento de uma placa alusiva aos fatos e da entrega simbólica do exemplar da Constituição roubado do Supremo. Ou seja: passado um ano, a desunião e a polarização permanecem.

Em seu livro A Democracia Desafiada, o professor Marco Aurélio Nogueira relembra a pergunta originalmente feita por Alain Touraine: afinal, poderemos viver juntos? “A possibilidade de convivência nas sociedades em que vivemos depende essencialmente da existência de um pacto mínimo sobre o que significa viver juntos”, escreve Nogueira.

Atos do dia 8 de janeiro completam um ano na próxima semana com país ainda fraturado Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os anos que antecederam o 8 de Janeiro e o que o sucedeu mostraram – com a crise climática, a pandemia, a desigualdade galopante e os desequilíbrios econômicos, além das guerras – que o País e o mundo estão, como disse Nogueira, carentes de um novo contrato social. Nogueira é desses pensadores que sabem que qualquer indivíduo que prescinde de uma vontade coletiva e não procura criá-la, reforçá-la e organizá-la é só um pretensioso “profeta desarmado”, um fogo-fátuo. Os indivíduos precisarão chegar a acordos sobre várias questões sem as soluções autoritárias do cesarismo ou do salvacionismo, que destroem as liberdades ao cultivarem a cizânia e o medo. Deve-se reconstruir o consenso majoritário e, periodicamente, renegociá-lo nas sociedades.

Para explicar o nosso tempo, Nogueira relembra uma velha imagem da política: a das patologias que aparecem durante as crises. “O fato é que o mal-estar está presente no ar.” A angústia se expõe em uma pergunta: será que meus filhos terão uma vida melhor do que a minha?

A velha promessa da democracia do pós-guerra se vê ameaçada quando pequenos empresários sofrem para manter negócios e trabalhadores, empregos e direitos. Nogueira mostra que se “agarrar ao passado distorce o próprio passado, como se ele tivesse sido perfeito e estivesse suspenso no ar, desistoricizado, sem conter o germe da mudança que nos trouxe até o momento atual; embaça o futuro impedindo que se vislumbre para onde estamos indo”. E conclui ser preciso descomprimir a sociedade com mais democracia, reduzir as polarizações artificiais e ir além da reiteração discursiva que separa os democratas. Muitos dos atores em Brasília deveriam ler uma das últimas advertência de seu livro: “Não podemos nos entregar aos reptos identitários. Se continuarmos insistindo na lógica ‘nós’ contra ‘eles’, iremos retroceder”.

No dia 8, os chefes dos Três Poderes vão se reunir em Brasília para lembrar o maior ataque à democracia durante a Nova República. Governadores identificados com a direita estarão ausentes do evento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o último a falar antes do descerramento de uma placa alusiva aos fatos e da entrega simbólica do exemplar da Constituição roubado do Supremo. Ou seja: passado um ano, a desunião e a polarização permanecem.

Em seu livro A Democracia Desafiada, o professor Marco Aurélio Nogueira relembra a pergunta originalmente feita por Alain Touraine: afinal, poderemos viver juntos? “A possibilidade de convivência nas sociedades em que vivemos depende essencialmente da existência de um pacto mínimo sobre o que significa viver juntos”, escreve Nogueira.

Atos do dia 8 de janeiro completam um ano na próxima semana com país ainda fraturado Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os anos que antecederam o 8 de Janeiro e o que o sucedeu mostraram – com a crise climática, a pandemia, a desigualdade galopante e os desequilíbrios econômicos, além das guerras – que o País e o mundo estão, como disse Nogueira, carentes de um novo contrato social. Nogueira é desses pensadores que sabem que qualquer indivíduo que prescinde de uma vontade coletiva e não procura criá-la, reforçá-la e organizá-la é só um pretensioso “profeta desarmado”, um fogo-fátuo. Os indivíduos precisarão chegar a acordos sobre várias questões sem as soluções autoritárias do cesarismo ou do salvacionismo, que destroem as liberdades ao cultivarem a cizânia e o medo. Deve-se reconstruir o consenso majoritário e, periodicamente, renegociá-lo nas sociedades.

Para explicar o nosso tempo, Nogueira relembra uma velha imagem da política: a das patologias que aparecem durante as crises. “O fato é que o mal-estar está presente no ar.” A angústia se expõe em uma pergunta: será que meus filhos terão uma vida melhor do que a minha?

A velha promessa da democracia do pós-guerra se vê ameaçada quando pequenos empresários sofrem para manter negócios e trabalhadores, empregos e direitos. Nogueira mostra que se “agarrar ao passado distorce o próprio passado, como se ele tivesse sido perfeito e estivesse suspenso no ar, desistoricizado, sem conter o germe da mudança que nos trouxe até o momento atual; embaça o futuro impedindo que se vislumbre para onde estamos indo”. E conclui ser preciso descomprimir a sociedade com mais democracia, reduzir as polarizações artificiais e ir além da reiteração discursiva que separa os democratas. Muitos dos atores em Brasília deveriam ler uma das últimas advertência de seu livro: “Não podemos nos entregar aos reptos identitários. Se continuarmos insistindo na lógica ‘nós’ contra ‘eles’, iremos retroceder”.

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