"Se você tem a impressão de que não precisamos mais das organizações noticiosas, dos editores e dos repórteres com mais de dez minutos de experiência, então pense de novo. A noção de que a internet pode substituir o tradicional trabalho de garimpagem de notícias acaba de se revelar um mito", escreve Applebaum.
Para provar o que diz, ela mostra um dos milhares de documentos publicados:
"At 1850Z, TF 2-2 using PREDATOR (UAV) PID insurgents emplacing IEDs at 41R PR 9243 0202, 2.7km NW of FOB Hutal, Kandahar. TF 2-2 using PREDATOR engaged with 1x Hellfire missile resulting in 1x INS KIA and 1x INS WIA. ISAF tracking #12-374".
Segundo o New York Times, esse documento descreve o ataque de um avião não-tripulado contra um suspeito de ter colocado uma bomba numa estrada. Se não fosse o trabalho dos jornalistas, em consulta com especialistas e conscientes do contexto em que os documentos foram produzidos, não seria possível compreender seu conteúdo e sua dimensão, diz Applebaum.
Além disso, os documentos, sozinhos, não representam nada; o melhor seria que repórteres tivessem testemunhado o que está lá relatado. Somente uma lista de documentos sobre acontecimentos esparsos não diz o que é uma guerra. Como escreve Applebaum: "Afirmar que esses papéis são significativos porque eles vão informar um público ignorante é risível: se você não sabia que o serviço secreto paquistanês ajudou o Taleban, ou que a morte de civis geralmente é um problema para a Otan, ou que as Forças Especiais estão caçando combatentes da Al-Qaeda, significa que você não leu a grande imprensa. E isso significa que você não quer realmente saber".