A escritora americana KJ Dell'Antonia, mãe adotiva de uma menina chinesa, escreveu na Slate um interessante artigo em que defende Torry Hansen - a enfermeira do Tennessee que colocou num avião o menino russo que havia adotado e o mandou de volta à Rússia. Para KJ, a decisão de Torry é compreensível, a despeito de parecer uma crueldade.
Há casos, diz a escritora, em que a criança simplesmente não aceita sua nova situação. E ela confessa que, assim como Torry, não consegue amar sua filha chinesa: "Eu não amo aquela criança. Aquela criança não me ama. Eu não quero ser mãe daquela criança, e acho que eu nunca pude ser".
KJ conta que passou por todo o longo processo de adoção, com entrevistas, assistentes sociais e exigências burocráticas. Ou seja: não é uma aventureira e, diz, realmente acreditava que pudesse dar certo. Mas não deu.
"Nem todo caso termina em tragédia ou rejeição", escreveu KJ, "mas muitos pais adotivos começam a pensar num 'plano B' quando passam os primeiros meses em casa com uma pessoa que é essencialmente um estranho - um raivoso e problemático estranho, que você prometeu amar incondicionalmente pelo resto da vida."
Ao comentar o caso do menino russo no New York Times, Diane Kunz, advogada especialista em adoções, foi dura: "Amor é necessário, mas não basta para o sucesso de uma adoção internacional".