Apenas sete dos 29 integrantes da comissão que avalia a admissibilidade do pedido de impeachment da governadora Yeda Crusius (PSDB) participaram de uma reunião extra-oficial promovida pela bancada da oposição para ouvir representantes dos sindicatos que fizeram a proposta, nesta quinta-feira, 1º, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Durante as duas horas os sindicalistas e deputados presentes reiteraram que há evidências para o parlamento investigar se a tucana sabia, encobriu e se aproveitou da fraude que desviou R$ 44 milhões do Detran entre 2003 e 2007, sobretudo por depoimentos e conversas gravadas pela Polícia Federal que mostram aliados identificados como participantes das irregularidades citando a governadora em linguagem cifrada ou ameaçando delatá-la.
Tanto o presidente da comissão especial, Pedro Westphalen (PP), líder do governo na Assembleia, e a relatora Zilá Breitenbach, presidente do PSDB no Estado, já indicaram que vão usar a interpretação da procuradoria da Casa para não fazer reuniões. O parecer pela rejeição pode ser apresentado ainda antes do prazo, previsto para 9 de outubro, para evitar desgastes ao governo. Westphalen e Zilá acreditam que não há provas suficientes para admitir um processo contra Yeda.
Diante da derrota certa, os autores da proposta seguiram provocando a base governista a investigar o caso tanto para responsabilizar, em caso de culpa, quanto para absolver a governadora, em caso de inocência, e acabar com as suspeitas que vem sendo levantadas desde a CPI do Detran, no ano passado.
"Se o pedido for rejeitado sem debate e sem investigação ficará para a história que os atuais deputados não cumpriram seu papel de fiscalizar", afirmou a presidente do Sindicato dos Professores, Rejane Oliveira. Nenhum deputado da situação estava na reunião. Zilá e Westphalen, em reuniões e viagem, não retornaram as ligações feitas pelo Estado.
Agressão
A presidente do Sindicato dos Professores também contou, durante a reunião, que foi vítima de uma estranha agressão quando se aproximava da sede da entidade, na noite de quarta-feira, 29. Segundo Rejane Oliveira, um passageiro de um carro branco, sem placas, tentou laçá-la enquanto ela caminhava na calçada da avenida Alberto Bins, no centro de Porto Alegre. A corda chegou a acertar o abdome e uma perna da sindicalista, além de jogar sua bolsa ao chão. Segundo Rejane, que iria a uma delegacia registrar ocorrência, há um clima de perseguição e intimidação aos sindicalistas no estado.