PRTB troca candidatura de Padre Kelmon por Pablo Marçal em SP e religioso fala em ‘maracutaia’


Coach goiano, que perdeu vaga de deputado federal no TSE há dois anos, deve voltar a disputar uma eleição, dessa vez para prefeito da capital paulista; presidente do PRTB diz que acordo do padre era com gestão anterior

Por Samuel Lima
Atualização:

O PRTB resolveu trocar a pré-candidatura de Padre Kelmon pela do coach Pablo Marçal na disputa pela Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024. Os dois se filiaram na semana passada, no limite do prazo definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Contrariado, o religioso se diz, agora, vítima de uma “maracutaia” envolvendo o presidente do partido, Leonardo Avalanche. O dirigente diz, contudo, que o acordo de Kelmon era com a gestão anterior da legenda (veja abaixo).

Kelmon chegou a ser anunciado oficialmente pelo PRTB como cabeça de chapa, tendo como vice o pastor Manoel Lopes Ferreira Junior. É a segunda vez que ele é rifado da disputa na capital paulista. A primeira foi com o PRD, partido derivado do antigo PTB, onde tentou “cavar” uma vaga sem combinar com o comando da sigla, que logo descartou essa possibilidade.

continua após a publicidade

O padre conservador, que ganhou notoriedade ao atacar a esquerda e fazer “dobradinhas” com Jair Bolsonaro (PL) nos debates da campanha presidencial passada, não pode mais mudar de partido se quiser ser candidato em outubro. Ele diz que não foi comunicado previamente da decisão e que os dirigentes do PRTB foram “irresponsáveis” ao quebrar acordo.

“Devem ter feito uma maracutaia contra nós, sem nos avisar”, reclama. “Isso é desonesto. Querem que o povo não tenha opção e fique entre o pior e o menos pior.”

Pablo Marçal (PRTB), anunciado como pré-candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024. Foto: Enzo Beckham/Divulgação Blog Pablo Marçal
continua após a publicidade

Segundo Kelmon, o presidente do PRTB teria garantido a vaga para a dupla no dia 3 de abril, antes de eles trocarem o PRD pela sigla. “Ele disse que mesmo que fosse Bolsonaro ou Lula pedindo para colocar outro no lugar do padre, ele não faria, porque é um homem de palavra”, relata o padre. “Que seriedade é essa desses políticos? Quer dizer que é assim que eles querem começar a ganhar o coração do povo, com mentira e falta de caráter?”.

Presidente do PRTB desconversa sobre acordo

Em entrevista ao Estadão nesta quinta-feira, 11, o presidente do PRTB confirmou que o candidato a prefeito é Pablo Marçal, e não Padre Kelmon. O coach, dono de um patrimônio milionário, tentou ser candidato a presidente na eleição passada, mas acabou disputando uma vaga de deputado federal depois que o seu antigo partido, o PROS, hoje incorporado ao Solidariedade, decidiu apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

continua após a publicidade

Marçal declarou apoio a Bolsonaro, atuou na campanha digital do ex-presidente e obteve votos suficientes para conquistar uma cadeira, mas não assumiu o cargo ao ter a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral ainda naquele ano. A disputa também rendeu ao influenciador uma investigação da Polícia Federal, que suspeitava do direcionamento de verba eleitoral para empresas próprias. Ele nega qualquer ato ilícito.

Devem ter feito uma maracutaia contra nós, sem nos avisar. Isso é desonesto. Querem que o povo não tenha opção e fique entre o pior e o menos pior.

Padre Kelmon (PRTB)

Avalanche argumenta que a negociação com padre Kelmon teria ocorrido antes da sua posse como presidente do partido. Ele foi eleito para o cargo no dia 23 de fevereiro, após intervenção do TSE no partido em meio a uma disputa pelo comando que se arrastava na Justiça desde a morte de seu fundador, Levy Fidelix, em 2021.

continua após a publicidade
Padre Kelmon (PRTB), ex-candidato a presidente, ficou famoso por suas 'dobradinhas' com Jair Bolsonaro. Foto: ALEX SILVA / ESTADAO

“Quando ele se filiou, acho que ele fez com o pessoal da gestão anterior. Eu não participei dessa filiação dele, mas depois conversei por telefone. Ele falou que tinha a intenção de disputar, e eu falei que estaríamos abertos para ouvi-lo”, declara o dirigente. Kelmon anunciou publicamente a filiação ao PRTB no dia 8 de março, mas só oficializou a troca no dia 4 de abril.

O dirigente não explicou, no entanto, o motivo de existir um vídeo em circulação nas redes sociais em que anuncia “oficialmente” a antiga chapa na disputa pela prefeitura de São Paulo, formada pelos dois “homens de Deus”. O material foi divulgado pelo próprio Kelmon nesta quarta-feira, 10.

continua após a publicidade

Para Avalanche, Pablo Marçal é “um cara jovem, do empreendedorismo, que fala com um público não só de São Paulo, mas de todo o Brasil” e será um candidato mais competitivo nas urnas. Ele acrescenta que os dois são conterrâneos de Goiânia (GO) e que possuem uma amizade “de longa data”.

Coach driblou partido ‘nanico’ e transferiu o título

continua após a publicidade

Pablo Marçal não atendeu a pedidos de entrevista. Em nota divulgada pelo PRTB, fala em ser candidato caso ninguém atenda a um “desafio” lançado por ele de se apresentar como “candidato à altura” até o dia 15 de maio. O Estadão apurou que a data se refere a um evento de campanha.

O influencer disse ao SBT, nesta quinta, 11, que precisou transferir o título eleitoral para a capital paulista e comprou um apartamento próximo do aeroporto de Congonhas. “Já estou residente”, declarou ele.

A filiação ao PRTB ocorreu no dia 5 de abril. Duas semanas antes, o coach havia ingressado no Democracia Cristã (DC), outro partido “nanico” que não tem direito a propaganda eleitoral em rádio e TV, nem conta com participação garantida em debates este ano. As duas siglas, PRTB e DC, devem receber a mesma quantia de fundo eleitoral este ano, cerca de R$ 3,4 milhões cada, para bancar as suas campanhas em todo o Brasil.

O DC celebrou a chegada Marçal em seu site oficial, junto a uma foto do presidente da sigla, José Maria Eymael. O dirigente também foi procurado pela reportagem para esclarecer o ocorrido, mas não respondeu às tentativas de contato.

O PRTB resolveu trocar a pré-candidatura de Padre Kelmon pela do coach Pablo Marçal na disputa pela Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024. Os dois se filiaram na semana passada, no limite do prazo definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Contrariado, o religioso se diz, agora, vítima de uma “maracutaia” envolvendo o presidente do partido, Leonardo Avalanche. O dirigente diz, contudo, que o acordo de Kelmon era com a gestão anterior da legenda (veja abaixo).

Kelmon chegou a ser anunciado oficialmente pelo PRTB como cabeça de chapa, tendo como vice o pastor Manoel Lopes Ferreira Junior. É a segunda vez que ele é rifado da disputa na capital paulista. A primeira foi com o PRD, partido derivado do antigo PTB, onde tentou “cavar” uma vaga sem combinar com o comando da sigla, que logo descartou essa possibilidade.

O padre conservador, que ganhou notoriedade ao atacar a esquerda e fazer “dobradinhas” com Jair Bolsonaro (PL) nos debates da campanha presidencial passada, não pode mais mudar de partido se quiser ser candidato em outubro. Ele diz que não foi comunicado previamente da decisão e que os dirigentes do PRTB foram “irresponsáveis” ao quebrar acordo.

“Devem ter feito uma maracutaia contra nós, sem nos avisar”, reclama. “Isso é desonesto. Querem que o povo não tenha opção e fique entre o pior e o menos pior.”

Pablo Marçal (PRTB), anunciado como pré-candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024. Foto: Enzo Beckham/Divulgação Blog Pablo Marçal

Segundo Kelmon, o presidente do PRTB teria garantido a vaga para a dupla no dia 3 de abril, antes de eles trocarem o PRD pela sigla. “Ele disse que mesmo que fosse Bolsonaro ou Lula pedindo para colocar outro no lugar do padre, ele não faria, porque é um homem de palavra”, relata o padre. “Que seriedade é essa desses políticos? Quer dizer que é assim que eles querem começar a ganhar o coração do povo, com mentira e falta de caráter?”.

Presidente do PRTB desconversa sobre acordo

Em entrevista ao Estadão nesta quinta-feira, 11, o presidente do PRTB confirmou que o candidato a prefeito é Pablo Marçal, e não Padre Kelmon. O coach, dono de um patrimônio milionário, tentou ser candidato a presidente na eleição passada, mas acabou disputando uma vaga de deputado federal depois que o seu antigo partido, o PROS, hoje incorporado ao Solidariedade, decidiu apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Marçal declarou apoio a Bolsonaro, atuou na campanha digital do ex-presidente e obteve votos suficientes para conquistar uma cadeira, mas não assumiu o cargo ao ter a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral ainda naquele ano. A disputa também rendeu ao influenciador uma investigação da Polícia Federal, que suspeitava do direcionamento de verba eleitoral para empresas próprias. Ele nega qualquer ato ilícito.

Devem ter feito uma maracutaia contra nós, sem nos avisar. Isso é desonesto. Querem que o povo não tenha opção e fique entre o pior e o menos pior.

Padre Kelmon (PRTB)

Avalanche argumenta que a negociação com padre Kelmon teria ocorrido antes da sua posse como presidente do partido. Ele foi eleito para o cargo no dia 23 de fevereiro, após intervenção do TSE no partido em meio a uma disputa pelo comando que se arrastava na Justiça desde a morte de seu fundador, Levy Fidelix, em 2021.

Padre Kelmon (PRTB), ex-candidato a presidente, ficou famoso por suas 'dobradinhas' com Jair Bolsonaro. Foto: ALEX SILVA / ESTADAO

“Quando ele se filiou, acho que ele fez com o pessoal da gestão anterior. Eu não participei dessa filiação dele, mas depois conversei por telefone. Ele falou que tinha a intenção de disputar, e eu falei que estaríamos abertos para ouvi-lo”, declara o dirigente. Kelmon anunciou publicamente a filiação ao PRTB no dia 8 de março, mas só oficializou a troca no dia 4 de abril.

O dirigente não explicou, no entanto, o motivo de existir um vídeo em circulação nas redes sociais em que anuncia “oficialmente” a antiga chapa na disputa pela prefeitura de São Paulo, formada pelos dois “homens de Deus”. O material foi divulgado pelo próprio Kelmon nesta quarta-feira, 10.

Para Avalanche, Pablo Marçal é “um cara jovem, do empreendedorismo, que fala com um público não só de São Paulo, mas de todo o Brasil” e será um candidato mais competitivo nas urnas. Ele acrescenta que os dois são conterrâneos de Goiânia (GO) e que possuem uma amizade “de longa data”.

Coach driblou partido ‘nanico’ e transferiu o título

Pablo Marçal não atendeu a pedidos de entrevista. Em nota divulgada pelo PRTB, fala em ser candidato caso ninguém atenda a um “desafio” lançado por ele de se apresentar como “candidato à altura” até o dia 15 de maio. O Estadão apurou que a data se refere a um evento de campanha.

O influencer disse ao SBT, nesta quinta, 11, que precisou transferir o título eleitoral para a capital paulista e comprou um apartamento próximo do aeroporto de Congonhas. “Já estou residente”, declarou ele.

A filiação ao PRTB ocorreu no dia 5 de abril. Duas semanas antes, o coach havia ingressado no Democracia Cristã (DC), outro partido “nanico” que não tem direito a propaganda eleitoral em rádio e TV, nem conta com participação garantida em debates este ano. As duas siglas, PRTB e DC, devem receber a mesma quantia de fundo eleitoral este ano, cerca de R$ 3,4 milhões cada, para bancar as suas campanhas em todo o Brasil.

O DC celebrou a chegada Marçal em seu site oficial, junto a uma foto do presidente da sigla, José Maria Eymael. O dirigente também foi procurado pela reportagem para esclarecer o ocorrido, mas não respondeu às tentativas de contato.

O PRTB resolveu trocar a pré-candidatura de Padre Kelmon pela do coach Pablo Marçal na disputa pela Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024. Os dois se filiaram na semana passada, no limite do prazo definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Contrariado, o religioso se diz, agora, vítima de uma “maracutaia” envolvendo o presidente do partido, Leonardo Avalanche. O dirigente diz, contudo, que o acordo de Kelmon era com a gestão anterior da legenda (veja abaixo).

Kelmon chegou a ser anunciado oficialmente pelo PRTB como cabeça de chapa, tendo como vice o pastor Manoel Lopes Ferreira Junior. É a segunda vez que ele é rifado da disputa na capital paulista. A primeira foi com o PRD, partido derivado do antigo PTB, onde tentou “cavar” uma vaga sem combinar com o comando da sigla, que logo descartou essa possibilidade.

O padre conservador, que ganhou notoriedade ao atacar a esquerda e fazer “dobradinhas” com Jair Bolsonaro (PL) nos debates da campanha presidencial passada, não pode mais mudar de partido se quiser ser candidato em outubro. Ele diz que não foi comunicado previamente da decisão e que os dirigentes do PRTB foram “irresponsáveis” ao quebrar acordo.

“Devem ter feito uma maracutaia contra nós, sem nos avisar”, reclama. “Isso é desonesto. Querem que o povo não tenha opção e fique entre o pior e o menos pior.”

Pablo Marçal (PRTB), anunciado como pré-candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024. Foto: Enzo Beckham/Divulgação Blog Pablo Marçal

Segundo Kelmon, o presidente do PRTB teria garantido a vaga para a dupla no dia 3 de abril, antes de eles trocarem o PRD pela sigla. “Ele disse que mesmo que fosse Bolsonaro ou Lula pedindo para colocar outro no lugar do padre, ele não faria, porque é um homem de palavra”, relata o padre. “Que seriedade é essa desses políticos? Quer dizer que é assim que eles querem começar a ganhar o coração do povo, com mentira e falta de caráter?”.

Presidente do PRTB desconversa sobre acordo

Em entrevista ao Estadão nesta quinta-feira, 11, o presidente do PRTB confirmou que o candidato a prefeito é Pablo Marçal, e não Padre Kelmon. O coach, dono de um patrimônio milionário, tentou ser candidato a presidente na eleição passada, mas acabou disputando uma vaga de deputado federal depois que o seu antigo partido, o PROS, hoje incorporado ao Solidariedade, decidiu apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Marçal declarou apoio a Bolsonaro, atuou na campanha digital do ex-presidente e obteve votos suficientes para conquistar uma cadeira, mas não assumiu o cargo ao ter a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral ainda naquele ano. A disputa também rendeu ao influenciador uma investigação da Polícia Federal, que suspeitava do direcionamento de verba eleitoral para empresas próprias. Ele nega qualquer ato ilícito.

Devem ter feito uma maracutaia contra nós, sem nos avisar. Isso é desonesto. Querem que o povo não tenha opção e fique entre o pior e o menos pior.

Padre Kelmon (PRTB)

Avalanche argumenta que a negociação com padre Kelmon teria ocorrido antes da sua posse como presidente do partido. Ele foi eleito para o cargo no dia 23 de fevereiro, após intervenção do TSE no partido em meio a uma disputa pelo comando que se arrastava na Justiça desde a morte de seu fundador, Levy Fidelix, em 2021.

Padre Kelmon (PRTB), ex-candidato a presidente, ficou famoso por suas 'dobradinhas' com Jair Bolsonaro. Foto: ALEX SILVA / ESTADAO

“Quando ele se filiou, acho que ele fez com o pessoal da gestão anterior. Eu não participei dessa filiação dele, mas depois conversei por telefone. Ele falou que tinha a intenção de disputar, e eu falei que estaríamos abertos para ouvi-lo”, declara o dirigente. Kelmon anunciou publicamente a filiação ao PRTB no dia 8 de março, mas só oficializou a troca no dia 4 de abril.

O dirigente não explicou, no entanto, o motivo de existir um vídeo em circulação nas redes sociais em que anuncia “oficialmente” a antiga chapa na disputa pela prefeitura de São Paulo, formada pelos dois “homens de Deus”. O material foi divulgado pelo próprio Kelmon nesta quarta-feira, 10.

Para Avalanche, Pablo Marçal é “um cara jovem, do empreendedorismo, que fala com um público não só de São Paulo, mas de todo o Brasil” e será um candidato mais competitivo nas urnas. Ele acrescenta que os dois são conterrâneos de Goiânia (GO) e que possuem uma amizade “de longa data”.

Coach driblou partido ‘nanico’ e transferiu o título

Pablo Marçal não atendeu a pedidos de entrevista. Em nota divulgada pelo PRTB, fala em ser candidato caso ninguém atenda a um “desafio” lançado por ele de se apresentar como “candidato à altura” até o dia 15 de maio. O Estadão apurou que a data se refere a um evento de campanha.

O influencer disse ao SBT, nesta quinta, 11, que precisou transferir o título eleitoral para a capital paulista e comprou um apartamento próximo do aeroporto de Congonhas. “Já estou residente”, declarou ele.

A filiação ao PRTB ocorreu no dia 5 de abril. Duas semanas antes, o coach havia ingressado no Democracia Cristã (DC), outro partido “nanico” que não tem direito a propaganda eleitoral em rádio e TV, nem conta com participação garantida em debates este ano. As duas siglas, PRTB e DC, devem receber a mesma quantia de fundo eleitoral este ano, cerca de R$ 3,4 milhões cada, para bancar as suas campanhas em todo o Brasil.

O DC celebrou a chegada Marçal em seu site oficial, junto a uma foto do presidente da sigla, José Maria Eymael. O dirigente também foi procurado pela reportagem para esclarecer o ocorrido, mas não respondeu às tentativas de contato.

O PRTB resolveu trocar a pré-candidatura de Padre Kelmon pela do coach Pablo Marçal na disputa pela Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024. Os dois se filiaram na semana passada, no limite do prazo definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Contrariado, o religioso se diz, agora, vítima de uma “maracutaia” envolvendo o presidente do partido, Leonardo Avalanche. O dirigente diz, contudo, que o acordo de Kelmon era com a gestão anterior da legenda (veja abaixo).

Kelmon chegou a ser anunciado oficialmente pelo PRTB como cabeça de chapa, tendo como vice o pastor Manoel Lopes Ferreira Junior. É a segunda vez que ele é rifado da disputa na capital paulista. A primeira foi com o PRD, partido derivado do antigo PTB, onde tentou “cavar” uma vaga sem combinar com o comando da sigla, que logo descartou essa possibilidade.

O padre conservador, que ganhou notoriedade ao atacar a esquerda e fazer “dobradinhas” com Jair Bolsonaro (PL) nos debates da campanha presidencial passada, não pode mais mudar de partido se quiser ser candidato em outubro. Ele diz que não foi comunicado previamente da decisão e que os dirigentes do PRTB foram “irresponsáveis” ao quebrar acordo.

“Devem ter feito uma maracutaia contra nós, sem nos avisar”, reclama. “Isso é desonesto. Querem que o povo não tenha opção e fique entre o pior e o menos pior.”

Pablo Marçal (PRTB), anunciado como pré-candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024. Foto: Enzo Beckham/Divulgação Blog Pablo Marçal

Segundo Kelmon, o presidente do PRTB teria garantido a vaga para a dupla no dia 3 de abril, antes de eles trocarem o PRD pela sigla. “Ele disse que mesmo que fosse Bolsonaro ou Lula pedindo para colocar outro no lugar do padre, ele não faria, porque é um homem de palavra”, relata o padre. “Que seriedade é essa desses políticos? Quer dizer que é assim que eles querem começar a ganhar o coração do povo, com mentira e falta de caráter?”.

Presidente do PRTB desconversa sobre acordo

Em entrevista ao Estadão nesta quinta-feira, 11, o presidente do PRTB confirmou que o candidato a prefeito é Pablo Marçal, e não Padre Kelmon. O coach, dono de um patrimônio milionário, tentou ser candidato a presidente na eleição passada, mas acabou disputando uma vaga de deputado federal depois que o seu antigo partido, o PROS, hoje incorporado ao Solidariedade, decidiu apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Marçal declarou apoio a Bolsonaro, atuou na campanha digital do ex-presidente e obteve votos suficientes para conquistar uma cadeira, mas não assumiu o cargo ao ter a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral ainda naquele ano. A disputa também rendeu ao influenciador uma investigação da Polícia Federal, que suspeitava do direcionamento de verba eleitoral para empresas próprias. Ele nega qualquer ato ilícito.

Devem ter feito uma maracutaia contra nós, sem nos avisar. Isso é desonesto. Querem que o povo não tenha opção e fique entre o pior e o menos pior.

Padre Kelmon (PRTB)

Avalanche argumenta que a negociação com padre Kelmon teria ocorrido antes da sua posse como presidente do partido. Ele foi eleito para o cargo no dia 23 de fevereiro, após intervenção do TSE no partido em meio a uma disputa pelo comando que se arrastava na Justiça desde a morte de seu fundador, Levy Fidelix, em 2021.

Padre Kelmon (PRTB), ex-candidato a presidente, ficou famoso por suas 'dobradinhas' com Jair Bolsonaro. Foto: ALEX SILVA / ESTADAO

“Quando ele se filiou, acho que ele fez com o pessoal da gestão anterior. Eu não participei dessa filiação dele, mas depois conversei por telefone. Ele falou que tinha a intenção de disputar, e eu falei que estaríamos abertos para ouvi-lo”, declara o dirigente. Kelmon anunciou publicamente a filiação ao PRTB no dia 8 de março, mas só oficializou a troca no dia 4 de abril.

O dirigente não explicou, no entanto, o motivo de existir um vídeo em circulação nas redes sociais em que anuncia “oficialmente” a antiga chapa na disputa pela prefeitura de São Paulo, formada pelos dois “homens de Deus”. O material foi divulgado pelo próprio Kelmon nesta quarta-feira, 10.

Para Avalanche, Pablo Marçal é “um cara jovem, do empreendedorismo, que fala com um público não só de São Paulo, mas de todo o Brasil” e será um candidato mais competitivo nas urnas. Ele acrescenta que os dois são conterrâneos de Goiânia (GO) e que possuem uma amizade “de longa data”.

Coach driblou partido ‘nanico’ e transferiu o título

Pablo Marçal não atendeu a pedidos de entrevista. Em nota divulgada pelo PRTB, fala em ser candidato caso ninguém atenda a um “desafio” lançado por ele de se apresentar como “candidato à altura” até o dia 15 de maio. O Estadão apurou que a data se refere a um evento de campanha.

O influencer disse ao SBT, nesta quinta, 11, que precisou transferir o título eleitoral para a capital paulista e comprou um apartamento próximo do aeroporto de Congonhas. “Já estou residente”, declarou ele.

A filiação ao PRTB ocorreu no dia 5 de abril. Duas semanas antes, o coach havia ingressado no Democracia Cristã (DC), outro partido “nanico” que não tem direito a propaganda eleitoral em rádio e TV, nem conta com participação garantida em debates este ano. As duas siglas, PRTB e DC, devem receber a mesma quantia de fundo eleitoral este ano, cerca de R$ 3,4 milhões cada, para bancar as suas campanhas em todo o Brasil.

O DC celebrou a chegada Marçal em seu site oficial, junto a uma foto do presidente da sigla, José Maria Eymael. O dirigente também foi procurado pela reportagem para esclarecer o ocorrido, mas não respondeu às tentativas de contato.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.