Texto atualizado às 16h51
SÃO PAULO - O promotor de Justiça Silvio Antonio Marques, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social (Ministério Público do Estado de São Paulo), afirmou que o Deutsche Bank, na Ilha de Jersey, está "resistindo e dificultando a venda das ações da Eucatex, da família Maluf, naquele paraíso fiscal".
"Essa resistência do Deutsche Bank pode criar problemas para a instituição financeira no Brasil porque o dinheiro desviado por Paulo Maluf dos cofres públicos municipais de São Paulo passou pelo Deutsche do Brasil", declarou Marques.
O promotor disse que tomará medidas judiciais, mas não adiantou detalhes de como pretende agir.
Por seu lado, o do Deutsche Bank informou, oficialmente. "O Deutsche Bank esclarece que tem cooperado -e continuará cooperando- com as autoridades competentes em todas as etapas da investigação deste caso."
A Corte da Ilha de Jersey já liberou 1,467 milhão de libras (cerca de R$ 4,5 milhões) de empresas offshores ligadas à família do deputado Paulo Maluf (PP-SP) para os cofres do município de São Paulo.
A liberação ocorreu na sexta feira, 24, para uma conta dos advogados da Prefeitura, em Londres. Cerca de 450 mil libras permaneceram retidos em Jersey como caução. O restante, 1.057.582,33 libras, chegaram na última sexta feira a uma conta da Prefeitura de São Paulo.
A quantia faz parte do montante global de US$ 28,3 milhões - cifra atualizada com juros e correções, além de multas - que a Corte de Jersey mandou as empresas Kildare e Durant, controladas pelos Maluf, devolverem atéo final de junho aos cofres públicos municipais.
O dinheiro das offshores está bloqueado em uma instituição financeira e será todo transferido para São Paulo.
O montante total a ser restituído ao Tesouro paulistano será obtido por meio da venda de ações da Eucatex.
Em abril, a 4.ª Vara da Fazenda Pública da Capital decidiu tornar indisponível o patrimônio da empresa da família Maluf, a Eucatex S.A. Indústria e Comércio. Aliminar concedida ao Ministério Público Estadual atinge bens até o limite de R$ 519,7 milhões.
O bloqueio dos bens da Eucatex foi decidido depois de o promotor Silvio Marques ter encontrado indícios de que a empresa estaria vendendo imóveis e transferindo parte de seus ativos para outra companhia da família para "salvar ou blindar" o patrimônio em razão das ações do Ministério Público Estadual.
Quando sofreu o bloqueio, a Eucatex informou, em nota, que o patrimônio da empresa cresceu mesmo após a transferência de parte dele para uma nova companhia. "Hoje ele seria de R$ 1,067 bilhão, conforme balanço publicado no Diário Oficial do Estado em 21 de março. Vale ressaltar que a Eucatex é uma empresa S/A de capital aberto, com centenas de acionistas, dentre eles o deputado Paulo Maluf, que não é diretor e nem mesmo membro do seu Conselho de Administração."
O deputado Paulo Maluf, por meio de sua assessoria, declarou taxativamente. "Paulo Maluf não é réu no processo em Jersey, não tem ligação com as empresas citadas (Kildare e Durant) e não tem conta bancária no exterior."