Resultado das eleições torna menos plausível política externa assertiva do Brasil


Triunfos de bolsonaristas no Legislativo limitam espaço para País se destacar nos debates globais sobre mudanças climáticas, saúde global e multilateralismo

Por Oliver Stuenkel

As numerosas vitórias de candidaturas bolsonaristas nas corridas para Senado, Câmara Federal e governos estaduais terão um profundo impacto na política externa brasileira ao longo dos próximos anos. Quem acreditava que a possível eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permitiria que o Brasil pudesse simplesmente retomar uma agenda externa ambiciosa verá suas expectativas frustradas.

O ativismo externo do Brasil entre 1995 e 2013 só foi possível devido a um raro período de estabilidade política doméstica e consolidação democrática que começou com o Plano Real e terminou com a onda de manifestações de junho de 2013. A atuação internacional da época, que viu o Brasil liderar uma negociação de paz entre Peru e Equador em 1995, evitar um golpe no Paraguai em 1996, chefiar uma missão de paz no Haiti em 2004 e virar membro fundador do grupo Brics nos anos seguintes, só foi possível porque os presidentes podiam dar-se ao luxo de não se preocupar permanentemente com as tensões políticas internas que viraram regra ao longo da última década. Sem estabilidade política doméstica, nenhum presidente brasileiro tem como assumir a liderança no plano internacional.

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Se Lula for eleito em 30 de outubro, é provável que enfrente uma resistência política enorme do Legislativo desde seu primeiro dia de mandato, demandando atenção redobrada ao cenário político interno. Liderar grandes iniciativas globais – seja no âmbito da saúde global, seja da crise de refúgio na Venezuela, seja qualquer outra área que requeira diplomacia presidencial – será bem mais difícil.

Em imagem de arquivo, sessão Conjunta do Congresso Nacional, presidida pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) Foto: Wilton Júnior/Estadão

Da mesma forma, o forte desempenho de candidatos como Ricardo Salles, um dos deputados mais votados no Estado de São Paulo, dificultará as tentativas de um possível governo Lula de tornar o Brasil em um dos atores globais no combate ao desmatamento. Não passou despercebido no exterior que Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, persona non grata em Washington, Berlim e Oslo, ganhou muitos mais votos do que Marina Silva, ícone mundial no combate às mudanças climáticas, e que outros candidatos ambientalistas, como a deputada Joenia Wapichana, primeira mulher indígena eleita para a Câmara, não conseguiram se reeleger. Ricardo Galvão, ambientalista conhecido no exterior, também não se elegeu.

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Se Bolsonaro conseguir a reeleição, mesmo um cenário político interno estável não levará a grandes iniciativas internacionais: tanto como o trumpismo, o bolsonarismo não vê nos fóruns multilaterais uma oportunidade para defender o interesse nacional brasileiro. Pelo contrário: na leitura do presidente, instituições como a ONU representam uma ameaça à soberania brasileira, o que explica o Brasil ter abraçado uma posição antimultilateral, levando a uma perda inédita da influência brasileira no âmbito externo.

As numerosas vitórias de candidaturas bolsonaristas nas corridas para Senado, Câmara Federal e governos estaduais terão um profundo impacto na política externa brasileira ao longo dos próximos anos. Quem acreditava que a possível eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permitiria que o Brasil pudesse simplesmente retomar uma agenda externa ambiciosa verá suas expectativas frustradas.

O ativismo externo do Brasil entre 1995 e 2013 só foi possível devido a um raro período de estabilidade política doméstica e consolidação democrática que começou com o Plano Real e terminou com a onda de manifestações de junho de 2013. A atuação internacional da época, que viu o Brasil liderar uma negociação de paz entre Peru e Equador em 1995, evitar um golpe no Paraguai em 1996, chefiar uma missão de paz no Haiti em 2004 e virar membro fundador do grupo Brics nos anos seguintes, só foi possível porque os presidentes podiam dar-se ao luxo de não se preocupar permanentemente com as tensões políticas internas que viraram regra ao longo da última década. Sem estabilidade política doméstica, nenhum presidente brasileiro tem como assumir a liderança no plano internacional.

Se Lula for eleito em 30 de outubro, é provável que enfrente uma resistência política enorme do Legislativo desde seu primeiro dia de mandato, demandando atenção redobrada ao cenário político interno. Liderar grandes iniciativas globais – seja no âmbito da saúde global, seja da crise de refúgio na Venezuela, seja qualquer outra área que requeira diplomacia presidencial – será bem mais difícil.

Em imagem de arquivo, sessão Conjunta do Congresso Nacional, presidida pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) Foto: Wilton Júnior/Estadão

Da mesma forma, o forte desempenho de candidatos como Ricardo Salles, um dos deputados mais votados no Estado de São Paulo, dificultará as tentativas de um possível governo Lula de tornar o Brasil em um dos atores globais no combate ao desmatamento. Não passou despercebido no exterior que Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, persona non grata em Washington, Berlim e Oslo, ganhou muitos mais votos do que Marina Silva, ícone mundial no combate às mudanças climáticas, e que outros candidatos ambientalistas, como a deputada Joenia Wapichana, primeira mulher indígena eleita para a Câmara, não conseguiram se reeleger. Ricardo Galvão, ambientalista conhecido no exterior, também não se elegeu.

Se Bolsonaro conseguir a reeleição, mesmo um cenário político interno estável não levará a grandes iniciativas internacionais: tanto como o trumpismo, o bolsonarismo não vê nos fóruns multilaterais uma oportunidade para defender o interesse nacional brasileiro. Pelo contrário: na leitura do presidente, instituições como a ONU representam uma ameaça à soberania brasileira, o que explica o Brasil ter abraçado uma posição antimultilateral, levando a uma perda inédita da influência brasileira no âmbito externo.

As numerosas vitórias de candidaturas bolsonaristas nas corridas para Senado, Câmara Federal e governos estaduais terão um profundo impacto na política externa brasileira ao longo dos próximos anos. Quem acreditava que a possível eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permitiria que o Brasil pudesse simplesmente retomar uma agenda externa ambiciosa verá suas expectativas frustradas.

O ativismo externo do Brasil entre 1995 e 2013 só foi possível devido a um raro período de estabilidade política doméstica e consolidação democrática que começou com o Plano Real e terminou com a onda de manifestações de junho de 2013. A atuação internacional da época, que viu o Brasil liderar uma negociação de paz entre Peru e Equador em 1995, evitar um golpe no Paraguai em 1996, chefiar uma missão de paz no Haiti em 2004 e virar membro fundador do grupo Brics nos anos seguintes, só foi possível porque os presidentes podiam dar-se ao luxo de não se preocupar permanentemente com as tensões políticas internas que viraram regra ao longo da última década. Sem estabilidade política doméstica, nenhum presidente brasileiro tem como assumir a liderança no plano internacional.

Se Lula for eleito em 30 de outubro, é provável que enfrente uma resistência política enorme do Legislativo desde seu primeiro dia de mandato, demandando atenção redobrada ao cenário político interno. Liderar grandes iniciativas globais – seja no âmbito da saúde global, seja da crise de refúgio na Venezuela, seja qualquer outra área que requeira diplomacia presidencial – será bem mais difícil.

Em imagem de arquivo, sessão Conjunta do Congresso Nacional, presidida pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) Foto: Wilton Júnior/Estadão

Da mesma forma, o forte desempenho de candidatos como Ricardo Salles, um dos deputados mais votados no Estado de São Paulo, dificultará as tentativas de um possível governo Lula de tornar o Brasil em um dos atores globais no combate ao desmatamento. Não passou despercebido no exterior que Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, persona non grata em Washington, Berlim e Oslo, ganhou muitos mais votos do que Marina Silva, ícone mundial no combate às mudanças climáticas, e que outros candidatos ambientalistas, como a deputada Joenia Wapichana, primeira mulher indígena eleita para a Câmara, não conseguiram se reeleger. Ricardo Galvão, ambientalista conhecido no exterior, também não se elegeu.

Se Bolsonaro conseguir a reeleição, mesmo um cenário político interno estável não levará a grandes iniciativas internacionais: tanto como o trumpismo, o bolsonarismo não vê nos fóruns multilaterais uma oportunidade para defender o interesse nacional brasileiro. Pelo contrário: na leitura do presidente, instituições como a ONU representam uma ameaça à soberania brasileira, o que explica o Brasil ter abraçado uma posição antimultilateral, levando a uma perda inédita da influência brasileira no âmbito externo.

As numerosas vitórias de candidaturas bolsonaristas nas corridas para Senado, Câmara Federal e governos estaduais terão um profundo impacto na política externa brasileira ao longo dos próximos anos. Quem acreditava que a possível eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permitiria que o Brasil pudesse simplesmente retomar uma agenda externa ambiciosa verá suas expectativas frustradas.

O ativismo externo do Brasil entre 1995 e 2013 só foi possível devido a um raro período de estabilidade política doméstica e consolidação democrática que começou com o Plano Real e terminou com a onda de manifestações de junho de 2013. A atuação internacional da época, que viu o Brasil liderar uma negociação de paz entre Peru e Equador em 1995, evitar um golpe no Paraguai em 1996, chefiar uma missão de paz no Haiti em 2004 e virar membro fundador do grupo Brics nos anos seguintes, só foi possível porque os presidentes podiam dar-se ao luxo de não se preocupar permanentemente com as tensões políticas internas que viraram regra ao longo da última década. Sem estabilidade política doméstica, nenhum presidente brasileiro tem como assumir a liderança no plano internacional.

Se Lula for eleito em 30 de outubro, é provável que enfrente uma resistência política enorme do Legislativo desde seu primeiro dia de mandato, demandando atenção redobrada ao cenário político interno. Liderar grandes iniciativas globais – seja no âmbito da saúde global, seja da crise de refúgio na Venezuela, seja qualquer outra área que requeira diplomacia presidencial – será bem mais difícil.

Em imagem de arquivo, sessão Conjunta do Congresso Nacional, presidida pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) Foto: Wilton Júnior/Estadão

Da mesma forma, o forte desempenho de candidatos como Ricardo Salles, um dos deputados mais votados no Estado de São Paulo, dificultará as tentativas de um possível governo Lula de tornar o Brasil em um dos atores globais no combate ao desmatamento. Não passou despercebido no exterior que Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, persona non grata em Washington, Berlim e Oslo, ganhou muitos mais votos do que Marina Silva, ícone mundial no combate às mudanças climáticas, e que outros candidatos ambientalistas, como a deputada Joenia Wapichana, primeira mulher indígena eleita para a Câmara, não conseguiram se reeleger. Ricardo Galvão, ambientalista conhecido no exterior, também não se elegeu.

Se Bolsonaro conseguir a reeleição, mesmo um cenário político interno estável não levará a grandes iniciativas internacionais: tanto como o trumpismo, o bolsonarismo não vê nos fóruns multilaterais uma oportunidade para defender o interesse nacional brasileiro. Pelo contrário: na leitura do presidente, instituições como a ONU representam uma ameaça à soberania brasileira, o que explica o Brasil ter abraçado uma posição antimultilateral, levando a uma perda inédita da influência brasileira no âmbito externo.

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