Segundo o padre, que coordena a Pastoral de Rua da Arquidiocese de São Paulo e atua há 35 anos ao lado dessa população, trata-se um fato inédito na Igreja Católica. "Quem fazia isso era São Francisco. Quando ia a Roma para se encontrar com o papa, ele ficava entre os moradores de rua", afirmou.
"O papa poderia ter convidado cientistas, intelectuais, políticos, cardeais, embaixadores, teólogos... Qualquer um desses grupos estaria disposto tomar café com o papa e comemorar o seu aniversário", disse. "Mas ele preferiu se aproximar dos que mais sofrem. Foi um gesto humano, simbólico e que deveria servir de exemplo para todos nós. Esse papa é o líder da compaixão."
Para o padre, o exemplo de Francisco deveria inspirar particularmente as autoridades de São Paulo: "O ato de receber um dos moradores com o seu cachorro foi um grande exemplo de disposição para a proximidade. Quando vi isso, lembrei que as pessoas que vivem em condição de rua na nossa cidade estão sendo muito maltratadas."
O coordenador da pastoral fez críticas ao prefeito Fernando Haddad (PT), que estaria sucateando os serviços de atendimento a essa população. Também criticou o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que não teria conseguido ainda definir uma política adequada para os usuários de crack que vivem nas ruas.
"Eles não estão conseguindo achar o caminho", afirmou. "Sei que é um grande desafio. Mas também sei que o primeiro passo, a primeira medida no rumo da superação do problema, é a aproximação, o diálogo."
No Natal, o padre Júlio deve celebrar missa na Cracolândia, região central da cidade que reúne usuários de crack. Na ocasião também será montado um presépio vivo, com a participação de pessoas do local.
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