Diante das novas revelações vindas da delação de executivo da Odebrecht, de que a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer recebeu R$ 30 milhões por meio de caixa 2 da empreiteira em 2014, a ordem no governo é esticar ao máximo o julgamento de ação de cassação que corre no Tribunal Superior Eleitoral.
O governo conta com o cronograma que será fixado pelo presidente do TSE, Gilmar Mendes, para que o julgamento fique para o segundo semestre de 2017.
Temer vai nomear dois novos ministros do TSE até maio. Em abril vence o mandato de Henrique Neves e, em maio, de Luciana Lóssio, que foi advogada de Dilma em 2010.
O Planalto conta com a escolha dos dois substitutos para compor uma maioria na corte que permita evitar a cassação, ainda que o voto do relator, Herman Benjamin, seja pela perda do mandato.
Com as novas revelações da Odebrecht, que devem ser solicitadas para integrar o processo, a expectativa do governo -- confirmada por declarações dadas pelo próprio Gilmar Mendes ontem -- é que o desfecho do caso seja postergado, provavelmente apenas para o segundo semestre.
Até lá, o governo espera que a economia tenha retomado algum vigor e a pressão por novas eleições tenha arrefecido tanto nas ruas quanto no Congresso. Diante desse cenário e com pouco tempo hábil para novas eleições, haveria uma acomodação para conduzir o governo até o fim.
O risco não calculado nessa estratégia é Temer ser atingido de forma cabal pelas delações -- além da Odebrecht, uma eventual colaboração de Eduardo Cunha pode comprometer o presidente.
*Análise publicada originalmente pelo Broadcast.