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O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, afirmou que "o voto de confiança" dado a integrantes do poder político não foi honrado, embora não tenha citado nomes. A entidade foi uma das que assinou manifesto de organizações representativas de subsetores do agronegócio pedindo pacificação entre os Poderes, e a favor da democracia, nesta segunda-feira, 30.
"O voto de confiança foi dado, e a confiança não foi retribuída", disse Brito durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. O presidente da Abag afirmou ainda que, neste momento, as entidades não podem se omitir. "Talvez a gente tenha sido condescendente por um tempo longo demais. A omissão não se admite em tempos de pressão como agora."
A Abag havia confirmado que assinaria um manifesto pela pacificação do País que, entre outras entidades, conta com adesões da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Este manifesto, que levou os bancos públicos Banco do Brasil e Caixa a manifestarem a intenção de deixar a Febraban, teve a publicação adiada. As entidades do agro, porém, divulgaram um texto próprio.
Brito afirmou que as discussões precisam ser centradas no agravamento da desigualdade social, que tem levado milhões de brasileiros à pobreza e à fome.
O presidente da Abag reduziu a importância de divergências entre entidades do setor com relação ao governo. Segundo Brito, as entidades que assinaram o manifesto a favor da democracia - a Abag entre elas - olham o Brasil para "além de 2022", mas evitou fazer críticas a órgãos que se manifestaram a favor do presidente Jair Bolsonaro.
"Eu tenho grandes amigos sojicultores, e a gente senta e conversa. Uns se sentem representados de uma forma, outros de outra", afirmou ele. No começo do mês, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Antônio Galvan, manifestou apoio aos atos de 7 de Setembro, de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Ele foi alvo de operação da Polícia Federal no último dia 20, que investigou suspeitos de envolvimento com a organização dos protestos, que nas primeiras convocações, pediam o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).