A política partidária é muito frágil no Brasil. Em São Paulo, como em outros lugares, essa frouxidão é muito comum. Difícil é encontrar um vereador que se mantenha por diversos mandatos no mesmo partido, com exceção, talvez, dos petistas, que mantêm de fato uma ideologia mais firme.
Mas a característica mais presente por aqui é mesmo a relação entre o político e seu reduto eleitoral. Neste caso, o partido exerce menos relevância. As pessoas votam no vereador do bairro, independentemente do partido que ele ocupa.
É por isso que os políticos nessa hora fazem as contas para saber onde terão mais chances. E não se pode ignorar que a crise política atual colabora para esse processo. Aos poucos, todos os partidos estão sendo atingidos pela Operação Lava Jato.
A movimentação entre legendas que podem compor diversas alianças é uma estratégia, de olho no futuro. Ela serve tanto para a fase eleitoral como para depois da eleição, na acomodação dos aliados dentro do governo. Aí vai depender de quem ganhar a eleição.
Todo esse processo acaba ocorrendo de forma natural porque os partidos não cobram praticamente nada de seus filiados. Não se vê uma identificação. Nessa linha, é cômodo que se tenha mais opções para serem lançadas nas eleições. Além disso, vale lembrar que muitas legendas cobram taxas para lançar candidaturas, o que torna essa movimentação ainda lucrativa.
Mas, mesmo dentro desse contexto, é alto o número de trocas na Câmara Municipal. E vale lembrar que a janela ainda não foi fechada, o que quer dizer que outras mudanças podem ocorrer até o dia 2 de abril.
RUI TAVARES MALUF É CIENTISTA POLÍTICO