Depois de ter sido negado pelo órgão municipal de preservação do patrimônio, o tombamento do Cine Belas Artes tem agora a chance de sair pela esfera estadual. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado (Condephaat) abriu ontem processo de tombamento e "congelou" o cinema para obras por pelo menos mais um mês. A votação definitiva foi marcada para novembro.
Há uma semana, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico (Conpresp) decidiu que o tombamento pelo uso do cinema é inconstitucional e o prédio - na Rua da Consolação, quase esquina com a Avenida Paulista, no centro - não tem relevância arquitetônica para ser preservado. O órgão adotou integralmente parecer da Procuradoria Geral do Município (PGM) que foi desfavorável ao tombamento. Um outro estudo, do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), era favorável.
A Via Cultural, mesma entidade que pleiteou o tombamento do Belas Artes no Conpresp, em janeiro deste ano, também entrou com pedido no Condephaat no mesmo mês. Mas só ontem ele foi para votação preliminar dos conselheiros.
A presidente do Condephaat, Fernanda Bandeira de Mello, estipulou prazo até novembro para que os técnicos do conselho apresentem parecer sobre o cinema. "Não foi uma reunião fácil, o assunto é controverso. Existe uma dúvida sobre o que exatamente se pretende tombar e qual o instrumento adequado para responder a esse anseio", disse Fernanda.
Para o secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo, é possível que se decida por uma outra forma de tombamento. "Pode ser que caiba o registro de prática cultural, do cinema como um bem imaterial de São Paulo. Mas fazê-lo funcionar naquele local novamente é mais difícil", afirmou. "O perfil do cinema na cidade contemporânea tem mudado, ele está saindo da rua mesmo."
Festa. O Movimento pelo Cine Belas Artes (MBA) vai promover amanhã uma festa na frente do prédio do cinema. "Foi uma luta imensa para levar mais documentos e pesquisas ao Condephaat e demonstrar o perigo de eles demorarem ainda mais com a análise da abertura do processo", contou Beto Gonçalves, coordenador do movimento.