Concessionária quer deque no lago do Ibirapuera e novo Museu do Folclore


Empresa detalha propostas, como uma ‘vacina’ a boatos sobre o futuro do parque nas redes sociais; obras em marquise e situação de ambulantes continuam em aberto. Grupos da sociedade civil, porém, mantêm críticas ao modelo adotado

Por Bruno Ribeiro
Os grandes eventos temporários, como shows, não fazem parte dos planos. Executivo da Construcap afirma temer o efeito de multidões na área Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

SÃO PAULO - Um espaço mais conservado e sinalizado, mas sem perder a essência. É o que promete a Construcap, empresa que venceu a licitação para concessão do Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital paulista. Em um processo cercado de dúvidas, questionamentos – e boatos –, a empresa promete melhoras em algumas estruturas, como um deque no lago, e uma atração repaginada: o Museu do Folclore, no Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pacubra), que hoje está fechado. Ela também poderá explorar lojas e quiosques nesse espaço.

A empresa detalhou ao Estado parte das propostas, como “vacina” a informações falsas das redes sociais (dando conta até de shoppings e de restaurantes fast-food no Ibirapuera). Organizações de defesa do parque e membros do conselho gestor do local, porém, questionam a forma como o processo tem sido conduzido pela gestão Bruno Covas (PSDB). 

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Foto: Construcap
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Segundo o presidente da empresa, Roberto Capobianco, o destaque será um aplicativo de celular. Ele apresentará o parque aos usuários e passará a agenda de eventos do mês. Imóveis e árvores serão sinalizados com placas com QR Code, para apresentar digitalmente informações de cada bem. “O que queremos é manter a identidade do parque”, diz.

Nesse sentido, segundo ele, não há segredo sobre como a empresa fará dinheiro. “O Ibirapuera recebe 15 milhões de visitantes por ano”, diz. “Se 10 milhões deles consumirem R$ 5 no parque, teremos uma receita de R$ 50 milhões”, afirma. 

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O novo Museu do Folclore será instalado no Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pacubra), prédio anexo à marquise que, hoje, está fechado. O acervo é da Prefeitura e esteve até o fim dos anos 1990 na Oca. Grandes eventos temporários, como shows, não fazem parte dos planos. Capobianco diz temer o efeito de multidões. “Faremos atrações pequenas, em locais pouco frequentados, com os músicos do auditório”, diz.

O ponto em aberto é a marquise. A cobertura que interliga os prédios desenhados por Oscar Niemeyer tem problemas estruturais e precisa de obras que não estavam prevista no edital. Há trechos que estão interditados. Capobianco diz que a empresa está aberta a negociar termos do contrato de concessão para assumir a obra – mas nega a possibilidade de ampliação do tempo, de 35 anos. 

Quando a proposta de concessão passou a tomar corpo, ainda na gestão João Doria (PSDB), outro dos temores foi com relação à permanência ou não dos vendedores ambulantes que trabalham ali. A empresa não dá garantias de que vão continuar.

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O responsável por concessões de parques da Construcap, Samuel Loyd, afirma que ele serão procurados e convidados a continuar no Ibirapuera após capacitação e mudanças nos negócios, “recolhendo impostos” – e cita ação parecida que a Construcap fez no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

A Construcap venceu a licitação ao oferecer à gestão Covas uma outorga de R$ 70,5 milhões. São previstos ainda R$ 180 milhões em investimentos. A licitação previu que quem levasse o Ibirapuera teria de gerenciar outros cinco parques, nas zonas leste, norte e oeste. 

Resistência

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Grupos organizados apontam problemas no modelo adotado. O diretor-presidente da organização Parque Ibirapuera Conservação, Thobias Furtado, cita, por exemplo, a criação de uma única concessão para o parque todo, “como uma concessão rodoviária” e defende a opção, a partir de um plano diretor bem elaborado, de fazer concessões de áreas específicas, como o Planetário ou outro equipamento, e não uma transferência da área verde como um todo. 

A arquiteta Fernanda Araujo Curi, que estudou a história do parque para sua tese de doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), aponta que a concessão não prevê nenhuma ampliação. “Do parque original, de 1954, o Ibirapuera já perdeu a área da Assembleia, do Círculo Militar, de uma série de residências”, diz. “Um milhão e quinhentos mil metros quadrados não é muito para uma cidade como São Paulo.”

A Construcap foi relacionada a pagamentos ilegais feitos por obras da Petrobrás no Rio na Operação Lava Jato. Capobianco chegou a ser preso em 2016 durante uma das fases da investigação, a Operação Abismo, e foi condenado pelo então juiz Sérgio Moro a 12 anos de prisão.

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A empresa, entretanto, foi absolvida das acusações, em 1.ª instância, em 2017. Capobianco aguarda em liberdade o julgamento em 2.ª instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF 4), em Porto Alegre.

Formato de novo plano diretor é entrave à concessão

Depois de questionamentos na Justiça por parte do Ministério Público e do vereador Gilberto Natalini (PV), a Prefeitura teve de elaborar um plano diretor para o Ibirapuera com as normas de conservação para o parque, antes de finalizar a concessão. Integrantes do conselho gestor do Ibirapuera criticam a “pressa” da gestão Bruno Covas (PSDB) em fazer uma proposta. 

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O geógrafo Giuliano Cossolin, um dos membros, destaca que o plano deveria vir antecedido de pesquisas com usuários sobre o que a população quer para o parque. “Não temos prazo. Queremos o melhor”, diz.

A Prefeitura chegou a marcar em junho duas audiências públicas para apresentar o plano - um conjunto de diretrizes que, segundo Cossolin, tinha textos idênticos aos do edital de concessão. O Ministério Público negociou o adiamento das reuniões. “Aguardo a resposta para uma série de questionamentos que fizemos”, diz o promotor público Carlos Henrique Prestes de Camargo. A Prefeitura informou que o material apresentado originalmente está sendo “revisto”.

Os grandes eventos temporários, como shows, não fazem parte dos planos. Executivo da Construcap afirma temer o efeito de multidões na área Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

SÃO PAULO - Um espaço mais conservado e sinalizado, mas sem perder a essência. É o que promete a Construcap, empresa que venceu a licitação para concessão do Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital paulista. Em um processo cercado de dúvidas, questionamentos – e boatos –, a empresa promete melhoras em algumas estruturas, como um deque no lago, e uma atração repaginada: o Museu do Folclore, no Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pacubra), que hoje está fechado. Ela também poderá explorar lojas e quiosques nesse espaço.

A empresa detalhou ao Estado parte das propostas, como “vacina” a informações falsas das redes sociais (dando conta até de shoppings e de restaurantes fast-food no Ibirapuera). Organizações de defesa do parque e membros do conselho gestor do local, porém, questionam a forma como o processo tem sido conduzido pela gestão Bruno Covas (PSDB). 

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Foto: Construcap
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Segundo o presidente da empresa, Roberto Capobianco, o destaque será um aplicativo de celular. Ele apresentará o parque aos usuários e passará a agenda de eventos do mês. Imóveis e árvores serão sinalizados com placas com QR Code, para apresentar digitalmente informações de cada bem. “O que queremos é manter a identidade do parque”, diz.

Nesse sentido, segundo ele, não há segredo sobre como a empresa fará dinheiro. “O Ibirapuera recebe 15 milhões de visitantes por ano”, diz. “Se 10 milhões deles consumirem R$ 5 no parque, teremos uma receita de R$ 50 milhões”, afirma. 

O novo Museu do Folclore será instalado no Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pacubra), prédio anexo à marquise que, hoje, está fechado. O acervo é da Prefeitura e esteve até o fim dos anos 1990 na Oca. Grandes eventos temporários, como shows, não fazem parte dos planos. Capobianco diz temer o efeito de multidões. “Faremos atrações pequenas, em locais pouco frequentados, com os músicos do auditório”, diz.

O ponto em aberto é a marquise. A cobertura que interliga os prédios desenhados por Oscar Niemeyer tem problemas estruturais e precisa de obras que não estavam prevista no edital. Há trechos que estão interditados. Capobianco diz que a empresa está aberta a negociar termos do contrato de concessão para assumir a obra – mas nega a possibilidade de ampliação do tempo, de 35 anos. 

Quando a proposta de concessão passou a tomar corpo, ainda na gestão João Doria (PSDB), outro dos temores foi com relação à permanência ou não dos vendedores ambulantes que trabalham ali. A empresa não dá garantias de que vão continuar.

O responsável por concessões de parques da Construcap, Samuel Loyd, afirma que ele serão procurados e convidados a continuar no Ibirapuera após capacitação e mudanças nos negócios, “recolhendo impostos” – e cita ação parecida que a Construcap fez no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

A Construcap venceu a licitação ao oferecer à gestão Covas uma outorga de R$ 70,5 milhões. São previstos ainda R$ 180 milhões em investimentos. A licitação previu que quem levasse o Ibirapuera teria de gerenciar outros cinco parques, nas zonas leste, norte e oeste. 

Resistência

Grupos organizados apontam problemas no modelo adotado. O diretor-presidente da organização Parque Ibirapuera Conservação, Thobias Furtado, cita, por exemplo, a criação de uma única concessão para o parque todo, “como uma concessão rodoviária” e defende a opção, a partir de um plano diretor bem elaborado, de fazer concessões de áreas específicas, como o Planetário ou outro equipamento, e não uma transferência da área verde como um todo. 

A arquiteta Fernanda Araujo Curi, que estudou a história do parque para sua tese de doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), aponta que a concessão não prevê nenhuma ampliação. “Do parque original, de 1954, o Ibirapuera já perdeu a área da Assembleia, do Círculo Militar, de uma série de residências”, diz. “Um milhão e quinhentos mil metros quadrados não é muito para uma cidade como São Paulo.”

A Construcap foi relacionada a pagamentos ilegais feitos por obras da Petrobrás no Rio na Operação Lava Jato. Capobianco chegou a ser preso em 2016 durante uma das fases da investigação, a Operação Abismo, e foi condenado pelo então juiz Sérgio Moro a 12 anos de prisão.

A empresa, entretanto, foi absolvida das acusações, em 1.ª instância, em 2017. Capobianco aguarda em liberdade o julgamento em 2.ª instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF 4), em Porto Alegre.

Formato de novo plano diretor é entrave à concessão

Depois de questionamentos na Justiça por parte do Ministério Público e do vereador Gilberto Natalini (PV), a Prefeitura teve de elaborar um plano diretor para o Ibirapuera com as normas de conservação para o parque, antes de finalizar a concessão. Integrantes do conselho gestor do Ibirapuera criticam a “pressa” da gestão Bruno Covas (PSDB) em fazer uma proposta. 

O geógrafo Giuliano Cossolin, um dos membros, destaca que o plano deveria vir antecedido de pesquisas com usuários sobre o que a população quer para o parque. “Não temos prazo. Queremos o melhor”, diz.

A Prefeitura chegou a marcar em junho duas audiências públicas para apresentar o plano - um conjunto de diretrizes que, segundo Cossolin, tinha textos idênticos aos do edital de concessão. O Ministério Público negociou o adiamento das reuniões. “Aguardo a resposta para uma série de questionamentos que fizemos”, diz o promotor público Carlos Henrique Prestes de Camargo. A Prefeitura informou que o material apresentado originalmente está sendo “revisto”.

Os grandes eventos temporários, como shows, não fazem parte dos planos. Executivo da Construcap afirma temer o efeito de multidões na área Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

SÃO PAULO - Um espaço mais conservado e sinalizado, mas sem perder a essência. É o que promete a Construcap, empresa que venceu a licitação para concessão do Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital paulista. Em um processo cercado de dúvidas, questionamentos – e boatos –, a empresa promete melhoras em algumas estruturas, como um deque no lago, e uma atração repaginada: o Museu do Folclore, no Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pacubra), que hoje está fechado. Ela também poderá explorar lojas e quiosques nesse espaço.

A empresa detalhou ao Estado parte das propostas, como “vacina” a informações falsas das redes sociais (dando conta até de shoppings e de restaurantes fast-food no Ibirapuera). Organizações de defesa do parque e membros do conselho gestor do local, porém, questionam a forma como o processo tem sido conduzido pela gestão Bruno Covas (PSDB). 

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Segundo o presidente da empresa, Roberto Capobianco, o destaque será um aplicativo de celular. Ele apresentará o parque aos usuários e passará a agenda de eventos do mês. Imóveis e árvores serão sinalizados com placas com QR Code, para apresentar digitalmente informações de cada bem. “O que queremos é manter a identidade do parque”, diz.

Nesse sentido, segundo ele, não há segredo sobre como a empresa fará dinheiro. “O Ibirapuera recebe 15 milhões de visitantes por ano”, diz. “Se 10 milhões deles consumirem R$ 5 no parque, teremos uma receita de R$ 50 milhões”, afirma. 

O novo Museu do Folclore será instalado no Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pacubra), prédio anexo à marquise que, hoje, está fechado. O acervo é da Prefeitura e esteve até o fim dos anos 1990 na Oca. Grandes eventos temporários, como shows, não fazem parte dos planos. Capobianco diz temer o efeito de multidões. “Faremos atrações pequenas, em locais pouco frequentados, com os músicos do auditório”, diz.

O ponto em aberto é a marquise. A cobertura que interliga os prédios desenhados por Oscar Niemeyer tem problemas estruturais e precisa de obras que não estavam prevista no edital. Há trechos que estão interditados. Capobianco diz que a empresa está aberta a negociar termos do contrato de concessão para assumir a obra – mas nega a possibilidade de ampliação do tempo, de 35 anos. 

Quando a proposta de concessão passou a tomar corpo, ainda na gestão João Doria (PSDB), outro dos temores foi com relação à permanência ou não dos vendedores ambulantes que trabalham ali. A empresa não dá garantias de que vão continuar.

O responsável por concessões de parques da Construcap, Samuel Loyd, afirma que ele serão procurados e convidados a continuar no Ibirapuera após capacitação e mudanças nos negócios, “recolhendo impostos” – e cita ação parecida que a Construcap fez no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

A Construcap venceu a licitação ao oferecer à gestão Covas uma outorga de R$ 70,5 milhões. São previstos ainda R$ 180 milhões em investimentos. A licitação previu que quem levasse o Ibirapuera teria de gerenciar outros cinco parques, nas zonas leste, norte e oeste. 

Resistência

Grupos organizados apontam problemas no modelo adotado. O diretor-presidente da organização Parque Ibirapuera Conservação, Thobias Furtado, cita, por exemplo, a criação de uma única concessão para o parque todo, “como uma concessão rodoviária” e defende a opção, a partir de um plano diretor bem elaborado, de fazer concessões de áreas específicas, como o Planetário ou outro equipamento, e não uma transferência da área verde como um todo. 

A arquiteta Fernanda Araujo Curi, que estudou a história do parque para sua tese de doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), aponta que a concessão não prevê nenhuma ampliação. “Do parque original, de 1954, o Ibirapuera já perdeu a área da Assembleia, do Círculo Militar, de uma série de residências”, diz. “Um milhão e quinhentos mil metros quadrados não é muito para uma cidade como São Paulo.”

A Construcap foi relacionada a pagamentos ilegais feitos por obras da Petrobrás no Rio na Operação Lava Jato. Capobianco chegou a ser preso em 2016 durante uma das fases da investigação, a Operação Abismo, e foi condenado pelo então juiz Sérgio Moro a 12 anos de prisão.

A empresa, entretanto, foi absolvida das acusações, em 1.ª instância, em 2017. Capobianco aguarda em liberdade o julgamento em 2.ª instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF 4), em Porto Alegre.

Formato de novo plano diretor é entrave à concessão

Depois de questionamentos na Justiça por parte do Ministério Público e do vereador Gilberto Natalini (PV), a Prefeitura teve de elaborar um plano diretor para o Ibirapuera com as normas de conservação para o parque, antes de finalizar a concessão. Integrantes do conselho gestor do Ibirapuera criticam a “pressa” da gestão Bruno Covas (PSDB) em fazer uma proposta. 

O geógrafo Giuliano Cossolin, um dos membros, destaca que o plano deveria vir antecedido de pesquisas com usuários sobre o que a população quer para o parque. “Não temos prazo. Queremos o melhor”, diz.

A Prefeitura chegou a marcar em junho duas audiências públicas para apresentar o plano - um conjunto de diretrizes que, segundo Cossolin, tinha textos idênticos aos do edital de concessão. O Ministério Público negociou o adiamento das reuniões. “Aguardo a resposta para uma série de questionamentos que fizemos”, diz o promotor público Carlos Henrique Prestes de Camargo. A Prefeitura informou que o material apresentado originalmente está sendo “revisto”.

Os grandes eventos temporários, como shows, não fazem parte dos planos. Executivo da Construcap afirma temer o efeito de multidões na área Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

SÃO PAULO - Um espaço mais conservado e sinalizado, mas sem perder a essência. É o que promete a Construcap, empresa que venceu a licitação para concessão do Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital paulista. Em um processo cercado de dúvidas, questionamentos – e boatos –, a empresa promete melhoras em algumas estruturas, como um deque no lago, e uma atração repaginada: o Museu do Folclore, no Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pacubra), que hoje está fechado. Ela também poderá explorar lojas e quiosques nesse espaço.

A empresa detalhou ao Estado parte das propostas, como “vacina” a informações falsas das redes sociais (dando conta até de shoppings e de restaurantes fast-food no Ibirapuera). Organizações de defesa do parque e membros do conselho gestor do local, porém, questionam a forma como o processo tem sido conduzido pela gestão Bruno Covas (PSDB). 

Concessionária quer deque no lago do Ibirapuera e novo Museu do Folclore

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Foto: Construcap
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Segundo o presidente da empresa, Roberto Capobianco, o destaque será um aplicativo de celular. Ele apresentará o parque aos usuários e passará a agenda de eventos do mês. Imóveis e árvores serão sinalizados com placas com QR Code, para apresentar digitalmente informações de cada bem. “O que queremos é manter a identidade do parque”, diz.

Nesse sentido, segundo ele, não há segredo sobre como a empresa fará dinheiro. “O Ibirapuera recebe 15 milhões de visitantes por ano”, diz. “Se 10 milhões deles consumirem R$ 5 no parque, teremos uma receita de R$ 50 milhões”, afirma. 

O novo Museu do Folclore será instalado no Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pacubra), prédio anexo à marquise que, hoje, está fechado. O acervo é da Prefeitura e esteve até o fim dos anos 1990 na Oca. Grandes eventos temporários, como shows, não fazem parte dos planos. Capobianco diz temer o efeito de multidões. “Faremos atrações pequenas, em locais pouco frequentados, com os músicos do auditório”, diz.

O ponto em aberto é a marquise. A cobertura que interliga os prédios desenhados por Oscar Niemeyer tem problemas estruturais e precisa de obras que não estavam prevista no edital. Há trechos que estão interditados. Capobianco diz que a empresa está aberta a negociar termos do contrato de concessão para assumir a obra – mas nega a possibilidade de ampliação do tempo, de 35 anos. 

Quando a proposta de concessão passou a tomar corpo, ainda na gestão João Doria (PSDB), outro dos temores foi com relação à permanência ou não dos vendedores ambulantes que trabalham ali. A empresa não dá garantias de que vão continuar.

O responsável por concessões de parques da Construcap, Samuel Loyd, afirma que ele serão procurados e convidados a continuar no Ibirapuera após capacitação e mudanças nos negócios, “recolhendo impostos” – e cita ação parecida que a Construcap fez no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

A Construcap venceu a licitação ao oferecer à gestão Covas uma outorga de R$ 70,5 milhões. São previstos ainda R$ 180 milhões em investimentos. A licitação previu que quem levasse o Ibirapuera teria de gerenciar outros cinco parques, nas zonas leste, norte e oeste. 

Resistência

Grupos organizados apontam problemas no modelo adotado. O diretor-presidente da organização Parque Ibirapuera Conservação, Thobias Furtado, cita, por exemplo, a criação de uma única concessão para o parque todo, “como uma concessão rodoviária” e defende a opção, a partir de um plano diretor bem elaborado, de fazer concessões de áreas específicas, como o Planetário ou outro equipamento, e não uma transferência da área verde como um todo. 

A arquiteta Fernanda Araujo Curi, que estudou a história do parque para sua tese de doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), aponta que a concessão não prevê nenhuma ampliação. “Do parque original, de 1954, o Ibirapuera já perdeu a área da Assembleia, do Círculo Militar, de uma série de residências”, diz. “Um milhão e quinhentos mil metros quadrados não é muito para uma cidade como São Paulo.”

A Construcap foi relacionada a pagamentos ilegais feitos por obras da Petrobrás no Rio na Operação Lava Jato. Capobianco chegou a ser preso em 2016 durante uma das fases da investigação, a Operação Abismo, e foi condenado pelo então juiz Sérgio Moro a 12 anos de prisão.

A empresa, entretanto, foi absolvida das acusações, em 1.ª instância, em 2017. Capobianco aguarda em liberdade o julgamento em 2.ª instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF 4), em Porto Alegre.

Formato de novo plano diretor é entrave à concessão

Depois de questionamentos na Justiça por parte do Ministério Público e do vereador Gilberto Natalini (PV), a Prefeitura teve de elaborar um plano diretor para o Ibirapuera com as normas de conservação para o parque, antes de finalizar a concessão. Integrantes do conselho gestor do Ibirapuera criticam a “pressa” da gestão Bruno Covas (PSDB) em fazer uma proposta. 

O geógrafo Giuliano Cossolin, um dos membros, destaca que o plano deveria vir antecedido de pesquisas com usuários sobre o que a população quer para o parque. “Não temos prazo. Queremos o melhor”, diz.

A Prefeitura chegou a marcar em junho duas audiências públicas para apresentar o plano - um conjunto de diretrizes que, segundo Cossolin, tinha textos idênticos aos do edital de concessão. O Ministério Público negociou o adiamento das reuniões. “Aguardo a resposta para uma série de questionamentos que fizemos”, diz o promotor público Carlos Henrique Prestes de Camargo. A Prefeitura informou que o material apresentado originalmente está sendo “revisto”.

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