Visões crônicas do dia a dia

Tão somente só


Por Haisem Abaki

Era um fim de manhã de domingo no parque. Já tinha corrido quase 12 quilômetros e estava sentado de frente para o lago, como costumo fazer. Momento de contemplação mesmo, de esvaziar a cabeça e não pensar em nada. Ou às vezes de pensar em tudo ao mesmo tempo. Hora também de tomar sol em obediência à cardiologista que descobriu uma deficiência de Vitamina D e em desobediência à dermatologista que proibiu exageros depois da minha última visita em estado de vermelhidão.

Apesar da habitual distração, percebi alguém me observando como se estivesse em dúvida e aos poucos se aproximando. Ela chegou de mansinho, pediu licença educadamente e se apresentou como ouvinte. Foi muito gentil e simpática, mas não vou repetir suas palavras aqui pra não piorar ainda mais a cor de pimenta da branquela pele em que habito.

- Fiquei olhando e pensando se era você mesmo, sozinho aqui...

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Sim, era eu mesmo, sozinho ali. Foi a frase que ficou na cabeça depois de alguns minutos de papo gostoso e da despedida em que ela me disse um "até amanhã", marcando um novo encontro pelo Rádio. E segui com o meu estado espiritual de entrega ao ócio torrando sob o sol do meio-dia ao lado de patos, cisnes e marrecos.

Dias depois, fui ao shopping para dar uma circulada e não fazer absolutamente nada. E o nada começou quando comprei um pacote de balas de goma de frutas ácidas. Alimento essencial, de primeira necessidade. Andei mais um pouco e parei na frente de uma vitrine para outra contemplação diante de pares de tênis de corrida e de uns sapatênis que pareciam muito oferecidos.

E um novo flagrante estava a caminho. Notei um casal me olhando e vindo na minha direção. O homem pediu licença e perguntou, falando baixinho enquanto a mulher sorria, se eu era eu, o sujeito que ele ouvia de manhã no Rádio.

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- Fiquei em dúvida... Você, sozinho, por aqui?

Foi mais uma conversa muito agradável e ao se despedir aquele senhor já falava um pouco mais alto e disse "até amanhã cedo". Fui embora achando engraçado as pessoas acharem engraçado me ver sozinho.

Engraçado também é ver como pessoas distantes e que não conhecemos podem estar próximas da gente. E como pessoas próximas e que conhecemos bem podem ficar distantes.

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A corrida e a contemplação ensinam que é preciso se cuidar e se amar em primeiro lugar. Ensinam também que alguns momentos de solidão não fazem tão mal quanto se pensa. Ajudam na "convivência" consigo mesmo e a ficar longe de situações tóxicas, de atitudes tóxicas e de pessoas tóxicas. Desintoxicar é preciso.

Amarrar o cadarço do tênis e sair correndo por aí é uma estrada cujo destino final é a libertação. Porque tem hora que o melhor de tudo é ficar só. Com a cabeça bem vazia. E com a boca cheia de balas de goma de frutas ácidas. Que elas nunca me deixem sozinho na acidez da existência!

Era um fim de manhã de domingo no parque. Já tinha corrido quase 12 quilômetros e estava sentado de frente para o lago, como costumo fazer. Momento de contemplação mesmo, de esvaziar a cabeça e não pensar em nada. Ou às vezes de pensar em tudo ao mesmo tempo. Hora também de tomar sol em obediência à cardiologista que descobriu uma deficiência de Vitamina D e em desobediência à dermatologista que proibiu exageros depois da minha última visita em estado de vermelhidão.

Apesar da habitual distração, percebi alguém me observando como se estivesse em dúvida e aos poucos se aproximando. Ela chegou de mansinho, pediu licença educadamente e se apresentou como ouvinte. Foi muito gentil e simpática, mas não vou repetir suas palavras aqui pra não piorar ainda mais a cor de pimenta da branquela pele em que habito.

- Fiquei olhando e pensando se era você mesmo, sozinho aqui...

Sim, era eu mesmo, sozinho ali. Foi a frase que ficou na cabeça depois de alguns minutos de papo gostoso e da despedida em que ela me disse um "até amanhã", marcando um novo encontro pelo Rádio. E segui com o meu estado espiritual de entrega ao ócio torrando sob o sol do meio-dia ao lado de patos, cisnes e marrecos.

Dias depois, fui ao shopping para dar uma circulada e não fazer absolutamente nada. E o nada começou quando comprei um pacote de balas de goma de frutas ácidas. Alimento essencial, de primeira necessidade. Andei mais um pouco e parei na frente de uma vitrine para outra contemplação diante de pares de tênis de corrida e de uns sapatênis que pareciam muito oferecidos.

E um novo flagrante estava a caminho. Notei um casal me olhando e vindo na minha direção. O homem pediu licença e perguntou, falando baixinho enquanto a mulher sorria, se eu era eu, o sujeito que ele ouvia de manhã no Rádio.

- Fiquei em dúvida... Você, sozinho, por aqui?

Foi mais uma conversa muito agradável e ao se despedir aquele senhor já falava um pouco mais alto e disse "até amanhã cedo". Fui embora achando engraçado as pessoas acharem engraçado me ver sozinho.

Engraçado também é ver como pessoas distantes e que não conhecemos podem estar próximas da gente. E como pessoas próximas e que conhecemos bem podem ficar distantes.

A corrida e a contemplação ensinam que é preciso se cuidar e se amar em primeiro lugar. Ensinam também que alguns momentos de solidão não fazem tão mal quanto se pensa. Ajudam na "convivência" consigo mesmo e a ficar longe de situações tóxicas, de atitudes tóxicas e de pessoas tóxicas. Desintoxicar é preciso.

Amarrar o cadarço do tênis e sair correndo por aí é uma estrada cujo destino final é a libertação. Porque tem hora que o melhor de tudo é ficar só. Com a cabeça bem vazia. E com a boca cheia de balas de goma de frutas ácidas. Que elas nunca me deixem sozinho na acidez da existência!

Era um fim de manhã de domingo no parque. Já tinha corrido quase 12 quilômetros e estava sentado de frente para o lago, como costumo fazer. Momento de contemplação mesmo, de esvaziar a cabeça e não pensar em nada. Ou às vezes de pensar em tudo ao mesmo tempo. Hora também de tomar sol em obediência à cardiologista que descobriu uma deficiência de Vitamina D e em desobediência à dermatologista que proibiu exageros depois da minha última visita em estado de vermelhidão.

Apesar da habitual distração, percebi alguém me observando como se estivesse em dúvida e aos poucos se aproximando. Ela chegou de mansinho, pediu licença educadamente e se apresentou como ouvinte. Foi muito gentil e simpática, mas não vou repetir suas palavras aqui pra não piorar ainda mais a cor de pimenta da branquela pele em que habito.

- Fiquei olhando e pensando se era você mesmo, sozinho aqui...

Sim, era eu mesmo, sozinho ali. Foi a frase que ficou na cabeça depois de alguns minutos de papo gostoso e da despedida em que ela me disse um "até amanhã", marcando um novo encontro pelo Rádio. E segui com o meu estado espiritual de entrega ao ócio torrando sob o sol do meio-dia ao lado de patos, cisnes e marrecos.

Dias depois, fui ao shopping para dar uma circulada e não fazer absolutamente nada. E o nada começou quando comprei um pacote de balas de goma de frutas ácidas. Alimento essencial, de primeira necessidade. Andei mais um pouco e parei na frente de uma vitrine para outra contemplação diante de pares de tênis de corrida e de uns sapatênis que pareciam muito oferecidos.

E um novo flagrante estava a caminho. Notei um casal me olhando e vindo na minha direção. O homem pediu licença e perguntou, falando baixinho enquanto a mulher sorria, se eu era eu, o sujeito que ele ouvia de manhã no Rádio.

- Fiquei em dúvida... Você, sozinho, por aqui?

Foi mais uma conversa muito agradável e ao se despedir aquele senhor já falava um pouco mais alto e disse "até amanhã cedo". Fui embora achando engraçado as pessoas acharem engraçado me ver sozinho.

Engraçado também é ver como pessoas distantes e que não conhecemos podem estar próximas da gente. E como pessoas próximas e que conhecemos bem podem ficar distantes.

A corrida e a contemplação ensinam que é preciso se cuidar e se amar em primeiro lugar. Ensinam também que alguns momentos de solidão não fazem tão mal quanto se pensa. Ajudam na "convivência" consigo mesmo e a ficar longe de situações tóxicas, de atitudes tóxicas e de pessoas tóxicas. Desintoxicar é preciso.

Amarrar o cadarço do tênis e sair correndo por aí é uma estrada cujo destino final é a libertação. Porque tem hora que o melhor de tudo é ficar só. Com a cabeça bem vazia. E com a boca cheia de balas de goma de frutas ácidas. Que elas nunca me deixem sozinho na acidez da existência!

Era um fim de manhã de domingo no parque. Já tinha corrido quase 12 quilômetros e estava sentado de frente para o lago, como costumo fazer. Momento de contemplação mesmo, de esvaziar a cabeça e não pensar em nada. Ou às vezes de pensar em tudo ao mesmo tempo. Hora também de tomar sol em obediência à cardiologista que descobriu uma deficiência de Vitamina D e em desobediência à dermatologista que proibiu exageros depois da minha última visita em estado de vermelhidão.

Apesar da habitual distração, percebi alguém me observando como se estivesse em dúvida e aos poucos se aproximando. Ela chegou de mansinho, pediu licença educadamente e se apresentou como ouvinte. Foi muito gentil e simpática, mas não vou repetir suas palavras aqui pra não piorar ainda mais a cor de pimenta da branquela pele em que habito.

- Fiquei olhando e pensando se era você mesmo, sozinho aqui...

Sim, era eu mesmo, sozinho ali. Foi a frase que ficou na cabeça depois de alguns minutos de papo gostoso e da despedida em que ela me disse um "até amanhã", marcando um novo encontro pelo Rádio. E segui com o meu estado espiritual de entrega ao ócio torrando sob o sol do meio-dia ao lado de patos, cisnes e marrecos.

Dias depois, fui ao shopping para dar uma circulada e não fazer absolutamente nada. E o nada começou quando comprei um pacote de balas de goma de frutas ácidas. Alimento essencial, de primeira necessidade. Andei mais um pouco e parei na frente de uma vitrine para outra contemplação diante de pares de tênis de corrida e de uns sapatênis que pareciam muito oferecidos.

E um novo flagrante estava a caminho. Notei um casal me olhando e vindo na minha direção. O homem pediu licença e perguntou, falando baixinho enquanto a mulher sorria, se eu era eu, o sujeito que ele ouvia de manhã no Rádio.

- Fiquei em dúvida... Você, sozinho, por aqui?

Foi mais uma conversa muito agradável e ao se despedir aquele senhor já falava um pouco mais alto e disse "até amanhã cedo". Fui embora achando engraçado as pessoas acharem engraçado me ver sozinho.

Engraçado também é ver como pessoas distantes e que não conhecemos podem estar próximas da gente. E como pessoas próximas e que conhecemos bem podem ficar distantes.

A corrida e a contemplação ensinam que é preciso se cuidar e se amar em primeiro lugar. Ensinam também que alguns momentos de solidão não fazem tão mal quanto se pensa. Ajudam na "convivência" consigo mesmo e a ficar longe de situações tóxicas, de atitudes tóxicas e de pessoas tóxicas. Desintoxicar é preciso.

Amarrar o cadarço do tênis e sair correndo por aí é uma estrada cujo destino final é a libertação. Porque tem hora que o melhor de tudo é ficar só. Com a cabeça bem vazia. E com a boca cheia de balas de goma de frutas ácidas. Que elas nunca me deixem sozinho na acidez da existência!

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