Moradores da periferia de São Paulo relatam trajeto de até 3h30 para o trabalho


População vive nos extremos da cidade pelo custo de vida menor, mas precisa se deslocar até para serviços básicos

Por Priscila Mengue

São Paulo é uma cidade que cresceu de forma espraiada, em que grande parte da população de menor renda se estabeleceu nas periferias pelo custo de vida menos elevado. Essa ampliação não foi acompanhada de uma oferta suficiente de serviços essenciais e emprego, ampliando a demanda de uma rede de mobilidade bem menos diversificada do que nas regiões centrais.

“Nas zonas de infraestrutura muito bem resolvida, eu tenho ônibus, trólebus, ciclovia, bicicleta para aluguel, trem, metrô, corredor de ônibus, toda a infraestrutura que nos aproxima de cidades globais. Na periferia, não tem ciclovia, as calçadas são precárias, o sistema sobre trilhas é insuficiente”, aponta Celso Aparecido Sampaio, professor de Urbanismo da Mackenzie. “Tem uma distinção muito clara de distribuição de renda e moradia na cidade.”

Metrô de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A balconista de farmácia Elaine Guimarães, de 31 anos, por exemplo, chega a levar duas horas para ir do Grajaú até Interlagos, ambos na zona sul. A situação é pior quando volta do trabalho à noite, quando chega a esperar pelo segundo ônibus por até uma hora. “Não tem ônibus suficiente na linha."

Ela descreve essa rotina como “bem desgastante”. “Tanto fisicamente quanto mentalmente. Às vezes, chego já sem disposição”, explica. Porém, se tivesse condições financeiras, diz que moraria mais perto do trabalho. “Ganharia mais tempo do dia, qualidade de vida.”

O auxiliar de limpeza José Pereira dos Santos, de 68 anos, faz um trajeto ainda maior: há sete anos, sai do distrito de Parelheiros, no extremo sul, até Jaraguá, na ponta norte. “Não compensa (a possibilidade de se mudar). Moro longe do trabalho, mas moro no que é meu, não fico preocupado com aluguel”, comenta ele, que viaja por até 3h30 entre a casa e o trabalho.

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Essa desigualdade potencializa também os efeitos da pandemia, em que a população periférica, das classes D e E e de menor renda é a mais atingida. É aquela que tem menor acesso à saúde e a remédios e, por vezes, vive em condições que dificultam o isolamento social, em residências de poucos cômodos.

“Com a pandemia, o problema se tornou mais evidente”, destaca o geógrafo Ricardo Barbosa da Silva, coordenador da Rede Mobilidade Periferias, na Unifesp. Na pandemia, ele lançou o app Sufoco para mapear denúncias de superlotação nos ônibus, das quais a maioria até o momento é da periferia

Um dos aspectos a se levar em conta , afirma o professor, é que os deslocamentos desses moradores vão além do trabalho, mas também atrás de serviços indisponíveis nos locais onde vivem. “Milton Santos (geógrafo de renome internacional) já falava que uma das características de São Paulo é a imobilidade pela condição da renda. Resolver o problema de mobilidade passa por trazer emprego, escola de qualidade, lazer, posto de saúde que funciona bem. Mobilidade também é pensar o território.”

São Paulo é uma cidade que cresceu de forma espraiada, em que grande parte da população de menor renda se estabeleceu nas periferias pelo custo de vida menos elevado. Essa ampliação não foi acompanhada de uma oferta suficiente de serviços essenciais e emprego, ampliando a demanda de uma rede de mobilidade bem menos diversificada do que nas regiões centrais.

“Nas zonas de infraestrutura muito bem resolvida, eu tenho ônibus, trólebus, ciclovia, bicicleta para aluguel, trem, metrô, corredor de ônibus, toda a infraestrutura que nos aproxima de cidades globais. Na periferia, não tem ciclovia, as calçadas são precárias, o sistema sobre trilhas é insuficiente”, aponta Celso Aparecido Sampaio, professor de Urbanismo da Mackenzie. “Tem uma distinção muito clara de distribuição de renda e moradia na cidade.”

Metrô de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A balconista de farmácia Elaine Guimarães, de 31 anos, por exemplo, chega a levar duas horas para ir do Grajaú até Interlagos, ambos na zona sul. A situação é pior quando volta do trabalho à noite, quando chega a esperar pelo segundo ônibus por até uma hora. “Não tem ônibus suficiente na linha."

Ela descreve essa rotina como “bem desgastante”. “Tanto fisicamente quanto mentalmente. Às vezes, chego já sem disposição”, explica. Porém, se tivesse condições financeiras, diz que moraria mais perto do trabalho. “Ganharia mais tempo do dia, qualidade de vida.”

O auxiliar de limpeza José Pereira dos Santos, de 68 anos, faz um trajeto ainda maior: há sete anos, sai do distrito de Parelheiros, no extremo sul, até Jaraguá, na ponta norte. “Não compensa (a possibilidade de se mudar). Moro longe do trabalho, mas moro no que é meu, não fico preocupado com aluguel”, comenta ele, que viaja por até 3h30 entre a casa e o trabalho.

Essa desigualdade potencializa também os efeitos da pandemia, em que a população periférica, das classes D e E e de menor renda é a mais atingida. É aquela que tem menor acesso à saúde e a remédios e, por vezes, vive em condições que dificultam o isolamento social, em residências de poucos cômodos.

“Com a pandemia, o problema se tornou mais evidente”, destaca o geógrafo Ricardo Barbosa da Silva, coordenador da Rede Mobilidade Periferias, na Unifesp. Na pandemia, ele lançou o app Sufoco para mapear denúncias de superlotação nos ônibus, das quais a maioria até o momento é da periferia

Um dos aspectos a se levar em conta , afirma o professor, é que os deslocamentos desses moradores vão além do trabalho, mas também atrás de serviços indisponíveis nos locais onde vivem. “Milton Santos (geógrafo de renome internacional) já falava que uma das características de São Paulo é a imobilidade pela condição da renda. Resolver o problema de mobilidade passa por trazer emprego, escola de qualidade, lazer, posto de saúde que funciona bem. Mobilidade também é pensar o território.”

São Paulo é uma cidade que cresceu de forma espraiada, em que grande parte da população de menor renda se estabeleceu nas periferias pelo custo de vida menos elevado. Essa ampliação não foi acompanhada de uma oferta suficiente de serviços essenciais e emprego, ampliando a demanda de uma rede de mobilidade bem menos diversificada do que nas regiões centrais.

“Nas zonas de infraestrutura muito bem resolvida, eu tenho ônibus, trólebus, ciclovia, bicicleta para aluguel, trem, metrô, corredor de ônibus, toda a infraestrutura que nos aproxima de cidades globais. Na periferia, não tem ciclovia, as calçadas são precárias, o sistema sobre trilhas é insuficiente”, aponta Celso Aparecido Sampaio, professor de Urbanismo da Mackenzie. “Tem uma distinção muito clara de distribuição de renda e moradia na cidade.”

Metrô de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A balconista de farmácia Elaine Guimarães, de 31 anos, por exemplo, chega a levar duas horas para ir do Grajaú até Interlagos, ambos na zona sul. A situação é pior quando volta do trabalho à noite, quando chega a esperar pelo segundo ônibus por até uma hora. “Não tem ônibus suficiente na linha."

Ela descreve essa rotina como “bem desgastante”. “Tanto fisicamente quanto mentalmente. Às vezes, chego já sem disposição”, explica. Porém, se tivesse condições financeiras, diz que moraria mais perto do trabalho. “Ganharia mais tempo do dia, qualidade de vida.”

O auxiliar de limpeza José Pereira dos Santos, de 68 anos, faz um trajeto ainda maior: há sete anos, sai do distrito de Parelheiros, no extremo sul, até Jaraguá, na ponta norte. “Não compensa (a possibilidade de se mudar). Moro longe do trabalho, mas moro no que é meu, não fico preocupado com aluguel”, comenta ele, que viaja por até 3h30 entre a casa e o trabalho.

Essa desigualdade potencializa também os efeitos da pandemia, em que a população periférica, das classes D e E e de menor renda é a mais atingida. É aquela que tem menor acesso à saúde e a remédios e, por vezes, vive em condições que dificultam o isolamento social, em residências de poucos cômodos.

“Com a pandemia, o problema se tornou mais evidente”, destaca o geógrafo Ricardo Barbosa da Silva, coordenador da Rede Mobilidade Periferias, na Unifesp. Na pandemia, ele lançou o app Sufoco para mapear denúncias de superlotação nos ônibus, das quais a maioria até o momento é da periferia

Um dos aspectos a se levar em conta , afirma o professor, é que os deslocamentos desses moradores vão além do trabalho, mas também atrás de serviços indisponíveis nos locais onde vivem. “Milton Santos (geógrafo de renome internacional) já falava que uma das características de São Paulo é a imobilidade pela condição da renda. Resolver o problema de mobilidade passa por trazer emprego, escola de qualidade, lazer, posto de saúde que funciona bem. Mobilidade também é pensar o território.”

São Paulo é uma cidade que cresceu de forma espraiada, em que grande parte da população de menor renda se estabeleceu nas periferias pelo custo de vida menos elevado. Essa ampliação não foi acompanhada de uma oferta suficiente de serviços essenciais e emprego, ampliando a demanda de uma rede de mobilidade bem menos diversificada do que nas regiões centrais.

“Nas zonas de infraestrutura muito bem resolvida, eu tenho ônibus, trólebus, ciclovia, bicicleta para aluguel, trem, metrô, corredor de ônibus, toda a infraestrutura que nos aproxima de cidades globais. Na periferia, não tem ciclovia, as calçadas são precárias, o sistema sobre trilhas é insuficiente”, aponta Celso Aparecido Sampaio, professor de Urbanismo da Mackenzie. “Tem uma distinção muito clara de distribuição de renda e moradia na cidade.”

Metrô de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A balconista de farmácia Elaine Guimarães, de 31 anos, por exemplo, chega a levar duas horas para ir do Grajaú até Interlagos, ambos na zona sul. A situação é pior quando volta do trabalho à noite, quando chega a esperar pelo segundo ônibus por até uma hora. “Não tem ônibus suficiente na linha."

Ela descreve essa rotina como “bem desgastante”. “Tanto fisicamente quanto mentalmente. Às vezes, chego já sem disposição”, explica. Porém, se tivesse condições financeiras, diz que moraria mais perto do trabalho. “Ganharia mais tempo do dia, qualidade de vida.”

O auxiliar de limpeza José Pereira dos Santos, de 68 anos, faz um trajeto ainda maior: há sete anos, sai do distrito de Parelheiros, no extremo sul, até Jaraguá, na ponta norte. “Não compensa (a possibilidade de se mudar). Moro longe do trabalho, mas moro no que é meu, não fico preocupado com aluguel”, comenta ele, que viaja por até 3h30 entre a casa e o trabalho.

Essa desigualdade potencializa também os efeitos da pandemia, em que a população periférica, das classes D e E e de menor renda é a mais atingida. É aquela que tem menor acesso à saúde e a remédios e, por vezes, vive em condições que dificultam o isolamento social, em residências de poucos cômodos.

“Com a pandemia, o problema se tornou mais evidente”, destaca o geógrafo Ricardo Barbosa da Silva, coordenador da Rede Mobilidade Periferias, na Unifesp. Na pandemia, ele lançou o app Sufoco para mapear denúncias de superlotação nos ônibus, das quais a maioria até o momento é da periferia

Um dos aspectos a se levar em conta , afirma o professor, é que os deslocamentos desses moradores vão além do trabalho, mas também atrás de serviços indisponíveis nos locais onde vivem. “Milton Santos (geógrafo de renome internacional) já falava que uma das características de São Paulo é a imobilidade pela condição da renda. Resolver o problema de mobilidade passa por trazer emprego, escola de qualidade, lazer, posto de saúde que funciona bem. Mobilidade também é pensar o território.”

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