Feridos na Cracolândia entraram no prédio clandestinamente, diz Prefeitura
Pessoas teriam entrado por uma porta em um estacionamento vizinho, que não foi completamente vistoriado antes da demolição; secretário classificou como 'inusitado' o acidente que deixou três pessoas feridas
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Por Priscila Mengue
SÃO PAULO - Em entrevista concedida na sede Prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá, o secretário municipal de Serviços e Obras, Marcos Rodrigues Penido, chamou de “inusitado” o incidente que resultou em três feridos durante uma demolição na região da Cracolândia no início da tarde desta terça-feira, 23. Segundo ele, um pensionato foi atingido acidentalmente pela retroescavadeira que iria derrubar o muro vizinho, causando ferimentos em pessoas que estavam no seu interior.
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Penido reitera, contudo, que os feridos teriam entrado no local “clandestinamente”, pois as duas entradas principais estavam lacradas. De acordo com o secretário, elas adentraram o local por uma abertura localizada no muro do estacionamento vizinho. Ele afirma ter, inclusive, “vistoriado” o estacionamento junto com seu chefe de gabinete e o encarregado da retroescavadeira em dois momentos, por volta das 11h e das 12h, mas admite não ter olhado todo o terreno, no qual, ao fundo, havia a entrada. “Perguntamos para moradores e todos diziam que o prédio estava vazio. As pessoas deveriam ter avisado que estavam lá”, disse.
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De acordo com a Prefeitura, demolições na área são permitidas por meio de um dispositivo jurídico oficializado no decreto nº 57.697, publicado no Diário Oficial Cidade de São Paulo de sábado, 20. O texto desapropria e declara como de “utilidade pública” três áreas da Cracolândia, que, somadas, totalizam 14.115 m². Segundo o secretário municipal de Justiça, Anderson Pomini, o decreto é um “instrumento jurídico” que pode ser aplicado em regiões em que está comprovado “iminente perigo”, de modo que as áreas agora passam a servir aos “interesses do Estado”, que agora detêm a posse. A princípio, no início da tarde desta terça-feira, 23, seria realizada a derrubada de ao menos dois imóveis, incluindo o muro da Alameda Bueno, no qual ocorreu o incidente, e outro no Largo Coração de Jesus, no qual seria mantida apenas a fachada, que é tombada. Segundo Pomini, ao menos dois quarteirões da Cracolândia serão completamente demolidos, com a indenização de seus proprietários em um prazo ainda indefinido.
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O secretário de Serviços e Obras negou ter havido resistência de moradores em deixar a região, mas afirmou que novas medidas de segurança serão tomadas para evitar que o incidente desta terça-feira se repita. “De agora em diante, vamos triplicar os cuidados. Assim que a pá tocou no muro, ouviu-se os gritos e o serviço foi paralisado", reitera. O prefeito João Doria não participou da coletiva de imprensa.
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