Bebês com microcefalia têm lesão ocular


Problemas foram relatados em 13 crianças nascidas em Salvador, na Bahia; aparência normal dos olhos dificulta diagnóstico

Por Giovana Girardi

Pelo menos 13 crianças nascidas com microcefalia em Salvador e Recife em casos suspeitos de relação com o vírus zika apresentam também lesões oculares que podem levar à cegueira. A descoberta acrescenta novas evidências à hipótese de que a infecção pode ter impactos em outros órgãos, além do cérebro.

Os resultados, obtidos por equipe liderada pelo oftalmologista Rubens Belfort Jr, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foram divulgados em dois estudos: um na terça, na revista Jama Ophthalmology, e outro em janeiro, na Lancet.

As causas clássicas são infecções da mãe durante a gestação por herpes, sífilis, toxoplasmose e citomegalovírus. A explosão nos indicadores é atribuída a um outro fator: infecções por zika vírus na gestante. Traços do vírus foram identificados no líquido amniótico de dois fetos que tiveram a má-formação e em um bebê que faleceu logo depois do nascimento. Foi identificada a presença do vírus em amostras de sangue e nos tecidos do bebê. Foto: Percio Campos/EFE
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Em ambos, os pesquisadores observaram importantes lesões na retina dos bebês. “Em enormes áreas não existe tecido nervoso. É como se fosse uma tela de televisão com uma parte esburacada, preta, sem condições de enxergar mais”, disse ao Estado Belfort Jr.

Ele iniciou a investigação com três bebês do Recife - cujo resultado saiu em janeiro - e depois analisou mais 31 crianças nascidas em Salvador no hospital Roberto Santos com suspeita de microcefalia. Delas, 29 tiveram a lesão cerebral confirmada, dos quais 27 mães haviam apresentado sintomas de zika durante a gravidez. 

Em 10 bebês foram observados variados problemas oculares, e 7 deles tinham dois olhos com anormalidades. “Não tem como reverter essas lesões. As crianças não só terão o cérebro funcionando mal, como a visão não adequada. Pela minha experiência, acredito que várias delas ficarão cegas”, diz.

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O pesquisador alerta que a aparência dos olhos dos bebês analisados é normal, o que torna difícil para os pais ou médicos imaginarem que há um problema interno. Por isso, ele recomenda que toda criança nascida de mãe que teve sintoma de zika tenha os olhos examinados, assim como também orienta o Ministério da Saúde. 

7 perguntas e respostas sobre a microcefalia

1 | 7

O que é microcefalia?

Foto: REUTERS / Ueslei Marcelino
2 | 7

O que a microcefalia pode causar ao recém-nascido?

Foto: EFE/Percio Campos
3 | 7

Como é feito o diagnóstico?

Foto: AP Photo / Felipe Dana
4 | 7

É possível detectar a microcefalia no pré-natal?

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
5 | 7

O que provoca o problema?

Foto: Percio Campos/EFE
6 | 7

Existe tratamento para a microcefalia?

Foto: Estadão
7 | 7

Há um período de maior risco para a microcefalia?

Foto: REUTERS / Ueslei Marcelino

Sem microcefalia. Belfort Jr. afirma ainda que é possível que bebês que nasçam com o cérebro normal de mães que tiveram zika também possam apresentar o problema ocular. Para checar isso, a investigação continua com outros bebês no Nordeste. Nas duas investigações, foi descartada a ocorrência dessas moléstias nas mães. 

Pelo menos 13 crianças nascidas com microcefalia em Salvador e Recife em casos suspeitos de relação com o vírus zika apresentam também lesões oculares que podem levar à cegueira. A descoberta acrescenta novas evidências à hipótese de que a infecção pode ter impactos em outros órgãos, além do cérebro.

Os resultados, obtidos por equipe liderada pelo oftalmologista Rubens Belfort Jr, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foram divulgados em dois estudos: um na terça, na revista Jama Ophthalmology, e outro em janeiro, na Lancet.

As causas clássicas são infecções da mãe durante a gestação por herpes, sífilis, toxoplasmose e citomegalovírus. A explosão nos indicadores é atribuída a um outro fator: infecções por zika vírus na gestante. Traços do vírus foram identificados no líquido amniótico de dois fetos que tiveram a má-formação e em um bebê que faleceu logo depois do nascimento. Foi identificada a presença do vírus em amostras de sangue e nos tecidos do bebê. Foto: Percio Campos/EFE

Em ambos, os pesquisadores observaram importantes lesões na retina dos bebês. “Em enormes áreas não existe tecido nervoso. É como se fosse uma tela de televisão com uma parte esburacada, preta, sem condições de enxergar mais”, disse ao Estado Belfort Jr.

Ele iniciou a investigação com três bebês do Recife - cujo resultado saiu em janeiro - e depois analisou mais 31 crianças nascidas em Salvador no hospital Roberto Santos com suspeita de microcefalia. Delas, 29 tiveram a lesão cerebral confirmada, dos quais 27 mães haviam apresentado sintomas de zika durante a gravidez. 

Em 10 bebês foram observados variados problemas oculares, e 7 deles tinham dois olhos com anormalidades. “Não tem como reverter essas lesões. As crianças não só terão o cérebro funcionando mal, como a visão não adequada. Pela minha experiência, acredito que várias delas ficarão cegas”, diz.

O pesquisador alerta que a aparência dos olhos dos bebês analisados é normal, o que torna difícil para os pais ou médicos imaginarem que há um problema interno. Por isso, ele recomenda que toda criança nascida de mãe que teve sintoma de zika tenha os olhos examinados, assim como também orienta o Ministério da Saúde. 

7 perguntas e respostas sobre a microcefalia

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O que é microcefalia?

Foto: REUTERS / Ueslei Marcelino
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O que a microcefalia pode causar ao recém-nascido?

Foto: EFE/Percio Campos
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Como é feito o diagnóstico?

Foto: AP Photo / Felipe Dana
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É possível detectar a microcefalia no pré-natal?

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
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O que provoca o problema?

Foto: Percio Campos/EFE
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Existe tratamento para a microcefalia?

Foto: Estadão
7 | 7

Há um período de maior risco para a microcefalia?

Foto: REUTERS / Ueslei Marcelino

Sem microcefalia. Belfort Jr. afirma ainda que é possível que bebês que nasçam com o cérebro normal de mães que tiveram zika também possam apresentar o problema ocular. Para checar isso, a investigação continua com outros bebês no Nordeste. Nas duas investigações, foi descartada a ocorrência dessas moléstias nas mães. 

Pelo menos 13 crianças nascidas com microcefalia em Salvador e Recife em casos suspeitos de relação com o vírus zika apresentam também lesões oculares que podem levar à cegueira. A descoberta acrescenta novas evidências à hipótese de que a infecção pode ter impactos em outros órgãos, além do cérebro.

Os resultados, obtidos por equipe liderada pelo oftalmologista Rubens Belfort Jr, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foram divulgados em dois estudos: um na terça, na revista Jama Ophthalmology, e outro em janeiro, na Lancet.

As causas clássicas são infecções da mãe durante a gestação por herpes, sífilis, toxoplasmose e citomegalovírus. A explosão nos indicadores é atribuída a um outro fator: infecções por zika vírus na gestante. Traços do vírus foram identificados no líquido amniótico de dois fetos que tiveram a má-formação e em um bebê que faleceu logo depois do nascimento. Foi identificada a presença do vírus em amostras de sangue e nos tecidos do bebê. Foto: Percio Campos/EFE

Em ambos, os pesquisadores observaram importantes lesões na retina dos bebês. “Em enormes áreas não existe tecido nervoso. É como se fosse uma tela de televisão com uma parte esburacada, preta, sem condições de enxergar mais”, disse ao Estado Belfort Jr.

Ele iniciou a investigação com três bebês do Recife - cujo resultado saiu em janeiro - e depois analisou mais 31 crianças nascidas em Salvador no hospital Roberto Santos com suspeita de microcefalia. Delas, 29 tiveram a lesão cerebral confirmada, dos quais 27 mães haviam apresentado sintomas de zika durante a gravidez. 

Em 10 bebês foram observados variados problemas oculares, e 7 deles tinham dois olhos com anormalidades. “Não tem como reverter essas lesões. As crianças não só terão o cérebro funcionando mal, como a visão não adequada. Pela minha experiência, acredito que várias delas ficarão cegas”, diz.

O pesquisador alerta que a aparência dos olhos dos bebês analisados é normal, o que torna difícil para os pais ou médicos imaginarem que há um problema interno. Por isso, ele recomenda que toda criança nascida de mãe que teve sintoma de zika tenha os olhos examinados, assim como também orienta o Ministério da Saúde. 

7 perguntas e respostas sobre a microcefalia

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O que é microcefalia?

Foto: REUTERS / Ueslei Marcelino
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O que a microcefalia pode causar ao recém-nascido?

Foto: EFE/Percio Campos
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Como é feito o diagnóstico?

Foto: AP Photo / Felipe Dana
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É possível detectar a microcefalia no pré-natal?

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
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O que provoca o problema?

Foto: Percio Campos/EFE
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Existe tratamento para a microcefalia?

Foto: Estadão
7 | 7

Há um período de maior risco para a microcefalia?

Foto: REUTERS / Ueslei Marcelino

Sem microcefalia. Belfort Jr. afirma ainda que é possível que bebês que nasçam com o cérebro normal de mães que tiveram zika também possam apresentar o problema ocular. Para checar isso, a investigação continua com outros bebês no Nordeste. Nas duas investigações, foi descartada a ocorrência dessas moléstias nas mães. 

Pelo menos 13 crianças nascidas com microcefalia em Salvador e Recife em casos suspeitos de relação com o vírus zika apresentam também lesões oculares que podem levar à cegueira. A descoberta acrescenta novas evidências à hipótese de que a infecção pode ter impactos em outros órgãos, além do cérebro.

Os resultados, obtidos por equipe liderada pelo oftalmologista Rubens Belfort Jr, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foram divulgados em dois estudos: um na terça, na revista Jama Ophthalmology, e outro em janeiro, na Lancet.

As causas clássicas são infecções da mãe durante a gestação por herpes, sífilis, toxoplasmose e citomegalovírus. A explosão nos indicadores é atribuída a um outro fator: infecções por zika vírus na gestante. Traços do vírus foram identificados no líquido amniótico de dois fetos que tiveram a má-formação e em um bebê que faleceu logo depois do nascimento. Foi identificada a presença do vírus em amostras de sangue e nos tecidos do bebê. Foto: Percio Campos/EFE

Em ambos, os pesquisadores observaram importantes lesões na retina dos bebês. “Em enormes áreas não existe tecido nervoso. É como se fosse uma tela de televisão com uma parte esburacada, preta, sem condições de enxergar mais”, disse ao Estado Belfort Jr.

Ele iniciou a investigação com três bebês do Recife - cujo resultado saiu em janeiro - e depois analisou mais 31 crianças nascidas em Salvador no hospital Roberto Santos com suspeita de microcefalia. Delas, 29 tiveram a lesão cerebral confirmada, dos quais 27 mães haviam apresentado sintomas de zika durante a gravidez. 

Em 10 bebês foram observados variados problemas oculares, e 7 deles tinham dois olhos com anormalidades. “Não tem como reverter essas lesões. As crianças não só terão o cérebro funcionando mal, como a visão não adequada. Pela minha experiência, acredito que várias delas ficarão cegas”, diz.

O pesquisador alerta que a aparência dos olhos dos bebês analisados é normal, o que torna difícil para os pais ou médicos imaginarem que há um problema interno. Por isso, ele recomenda que toda criança nascida de mãe que teve sintoma de zika tenha os olhos examinados, assim como também orienta o Ministério da Saúde. 

7 perguntas e respostas sobre a microcefalia

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O que é microcefalia?

Foto: REUTERS / Ueslei Marcelino
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O que a microcefalia pode causar ao recém-nascido?

Foto: EFE/Percio Campos
3 | 7

Como é feito o diagnóstico?

Foto: AP Photo / Felipe Dana
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É possível detectar a microcefalia no pré-natal?

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
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O que provoca o problema?

Foto: Percio Campos/EFE
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Existe tratamento para a microcefalia?

Foto: Estadão
7 | 7

Há um período de maior risco para a microcefalia?

Foto: REUTERS / Ueslei Marcelino

Sem microcefalia. Belfort Jr. afirma ainda que é possível que bebês que nasçam com o cérebro normal de mães que tiveram zika também possam apresentar o problema ocular. Para checar isso, a investigação continua com outros bebês no Nordeste. Nas duas investigações, foi descartada a ocorrência dessas moléstias nas mães. 

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