Contra coronavírus, igreja faz missa na rua e com muito álcool gel


Paróquia Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins, mudou rotina para se adaptar a pandemia; orientação é para que idosos assistam as celebrações em casa

Por Priscila Mengue

SÃO PAULO - Uma família se aproximava da Igreja Nossa Senhora do Brasil quando foi abordada por um funcionário da paróquia, que perguntou: "Álcool gel?". O grupo estendeu as mãos e fez a mesma higienização padrão que outras dezenas de católicos repetiram durante as celebrações deste domingo, 15, no espaço, localizado nos Jardins.

Paróquia Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins, mudou rotina para se adaptar ao coronavírus Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Com a pandemia do novo coronavírus, algumas igrejas estão começando a mudar a rotina. No caso do templo dos Jardins, as missas passaram a ser celebradas ao ar livre, com cadeiras distribuídas em uma área livre frontal e no acesso para carros. 

Funcionários da paróquia, coroinhas e auxiliares do padre utilizavam luvas descartáveis para manipular objetos litúrgicos e o álcool gel, frequentemente oferecido aos presentes. "Hoje é dia de álcool gel", respondeu um fiel ao aceitar a oferta do item. O "abraço da paz" foi temporariamente suspenso. 

O folheto da missa, com os cânticos e outros ritos da celebração, também deixou de ser distribuído. "O pessoal deixa (o folheto) de uma missa para a outra", explica o pároco local, padre Michelino Roberto. 

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Mesmo após orientação contrária, vários fiéis preferiram receber a hóstia diretamente na boca Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A igreja segue as orientações anunciadas pela Arquidiocese de São Paulo na sexta-feira, 13, como manter os ambientes arejados. Outra indicação é fazer até maior número de missas para evitar aglomerações.

O pároco defende a permanência da realização de eventos religiosos por enquanto. "É nessas situações que as pessoas mais precisam de Deus, em que ele pode prover um conforto espiritual", justifica.

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"Ao ar livre, as pessoas mantêm certa distância uma das outras, em vez de ficar dentro da igreja superlotada. Vamos fazer assim enquanto durar o período de risco de contágio", justifica. Ele diz que os fiéis idosos e de grupos de risco também estão sendo orientados a assistir às missas pela televisão e internet e, se quiserem, receber a visita de um sacerdote em casa durante a semana.

Antes de distribuir a hóstia, o padre lembrou de orientação da arquidiocese de entregá-la preferencialmente na mão do fiel e ressaltou que "pequenas partículas" podem transmitir o vírus. Além disso, explicou que aqueles que desejassem receber a hóstia na boca deveriam comungar diretamente com ele - e, não, com os outros dois ministros.

Coroinhas e outros auxiliares do padre utilizaram luvas durante a missa Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Mesmo com a orientação, a maior fila foi a dos que preferiram comungar com o padre. Um a um, os fiéis se ajoelhavam diante do pároco e abriam bem a boca para receber a comunhão. O religioso pegava, então, a hóstia dentro do cálice, colocava na boca da pessoa e repetia o gesto sucessivamente até atender a todos que aguardavam.

'Pedindo, na intercessão da Nossa Senhora, que nos livre dessa provação presente, do coronavírus'

As missas das 11h15 e 12h30 tiveram apenas cinco pessoas com máscaras de proteção, quatro da mesma família. "A gente estava na Suíça, fez conexão em Paris. Tivemos contato com muitos italianos", explica o empresário Tom Paneguine, de 48 anos, que voltou de uma viagem a trabalho para a Europa há seis dias com a esposa, Ana Paneguine, de 52 anos. O casal vestia máscara, assim como o filho, Gabriel, de 25 anos, e o sobrinho Antônio, de 23. 

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Família foi com máscara na missa após voltar de viagem à Europa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

"Estamos sem sintomas, usando como prevenção para as pessoas", explica Ana. "A gente vem todo domingo na missa. Se fosse fechado (dentro da igreja), talvez fosse evitar. Viemos com álcool gel na bolsa e acabamos de passar de novo o que a igreja ofereceu", comenta. "(A religião) é um consolo para as pessoas neste momento, que a gente sabe do perigo. A fé é um conforto, uma forma de esperança também."

Ao fundo, o som da missa se misturava com o barulho dos veículos que passavam pela Avenida Brasil e a Rua Colômbia. Alguns ciclistas, motociclistas e pessoas que se exercitavam paravam para observar a cena e tirar fotos. 

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Na homilia, o padre Michelino Roberto citou o surto de coronavírus. "A igreja, desde o início, sempre combateu as pestes com oração", disse. "São nessas situações que mais precisamos da eucaristia."

Fiel tirou a máscara para comungar durante a missa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mais ao final da celebração, ele lembrou que o bingo de jovens que ocorreria nesta semana foi transferido para 17 de maio - "se, até lá, tudo estiver bem". "Novas alterações podem ocorrer dependendo de como evoluirá essa questão de saúde pública."

O padre encerrou a missa ao fazer menção a uma oração proferida no dia anterior pelo papa Francisco, em que pediu que "Nossa Senhora interceda pelos doentes". "Pedindo, na intercessão da Nossa Senhora, que nos livre dessa provação presente, do coronavírus", disse. Ele leu, então, a oração e repetiu três Aves Marias

As dezenas de fiéis se protegeram do sol com chapéus, bonés, óculos escuros, lenços e guarda-chuvas. A tesoureira Karina Teixeira, de 33 anos, foi à missa com o marido, o gerente de projetos Eric Teixeira, de 31 anos. Eles utilizaram um guarda-chuva preto e passaram protetor solar.

"A gente trouxe álcool gel e passamos de novo para comungar", diz Karina. "A gente sabe que está no meio de um 'caos público', mas não vou abrir mão de comungar. Tem sol, não é tão confortável (ao ar livre), mas é uma hora só e vamos vamos continuar a fazer."

Missas foram realizadas ao ar livre para dificultar proliferação do coronavírus Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A professora Mariana Escobar, de 47 anos, e a advogada Maria Beatriz Macedo, de 43, disseram não ter notado diferença na experiência, só acharam mais curta. "Vim com a roupa mais leve", comenta Mariana. "E foi a primeira vez que o padre pediu para não abraçar. Acho que tem um pouco menos (de gente) também", completou Maria Beatriz.

Embora idoso, o casal Maria Teresa e Pedro Ricciardi não cogitou deixar de ir à missa. Eles escolheram um lugar à sombra e não tão próximo de outras pessoas. "Vamos continuar todo domingo. Na missa (dentro da igreja), o pessoal fica apertado, poderia ser perigoso. Tiveram uma ótima ideia."

Já o vendedor de pipocas Antônio Domingues, de 53 anos, que trabalha em frente à igreja há 30 dias, conta que o movimento está menor. "Caiu muito. O pessoal está meio com medo."

Pequenas igrejas evangélicas e templos budistas também têm restrições

A doença também tem afetado as atividades de templos de outras religiões. A Igreja Batista da Água Branca, na zona oeste paulistana, por exemplo, cancelou toda a programação presencial até a quinta-feira, 19. A Igreja Batista do Morumbi, na zona sul, realizará culto apenas por streaming neste domingo, suspendendo também a celebração de aniversário.

A Igreja Nova Cidade, na Vila Leopoldina, também na zona oeste, e a Igreja Presbiteriana em Alphaville, na Grande São Paulo, também cancelaram todas as atividades presenciais a partir deste domingo, 15. Ao fiéis, foi indicado que assistam à transmissão online.

Já os templos budistas Fo Guang Shan-Liberdade e Zu Lai, respectivamente no centro de São Paulo e na região metropolitana, estão com visitação para o público em geral e excursões suspensas por "tempo indeterminado", com o "objetivo de evitar aglomerações e riscos de contágio". O local continuará transmitindo as cerimônias dominicais pela internet. 

SÃO PAULO - Uma família se aproximava da Igreja Nossa Senhora do Brasil quando foi abordada por um funcionário da paróquia, que perguntou: "Álcool gel?". O grupo estendeu as mãos e fez a mesma higienização padrão que outras dezenas de católicos repetiram durante as celebrações deste domingo, 15, no espaço, localizado nos Jardins.

Paróquia Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins, mudou rotina para se adaptar ao coronavírus Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Com a pandemia do novo coronavírus, algumas igrejas estão começando a mudar a rotina. No caso do templo dos Jardins, as missas passaram a ser celebradas ao ar livre, com cadeiras distribuídas em uma área livre frontal e no acesso para carros. 

Funcionários da paróquia, coroinhas e auxiliares do padre utilizavam luvas descartáveis para manipular objetos litúrgicos e o álcool gel, frequentemente oferecido aos presentes. "Hoje é dia de álcool gel", respondeu um fiel ao aceitar a oferta do item. O "abraço da paz" foi temporariamente suspenso. 

O folheto da missa, com os cânticos e outros ritos da celebração, também deixou de ser distribuído. "O pessoal deixa (o folheto) de uma missa para a outra", explica o pároco local, padre Michelino Roberto. 

Mesmo após orientação contrária, vários fiéis preferiram receber a hóstia diretamente na boca Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A igreja segue as orientações anunciadas pela Arquidiocese de São Paulo na sexta-feira, 13, como manter os ambientes arejados. Outra indicação é fazer até maior número de missas para evitar aglomerações.

O pároco defende a permanência da realização de eventos religiosos por enquanto. "É nessas situações que as pessoas mais precisam de Deus, em que ele pode prover um conforto espiritual", justifica.

"Ao ar livre, as pessoas mantêm certa distância uma das outras, em vez de ficar dentro da igreja superlotada. Vamos fazer assim enquanto durar o período de risco de contágio", justifica. Ele diz que os fiéis idosos e de grupos de risco também estão sendo orientados a assistir às missas pela televisão e internet e, se quiserem, receber a visita de um sacerdote em casa durante a semana.

Antes de distribuir a hóstia, o padre lembrou de orientação da arquidiocese de entregá-la preferencialmente na mão do fiel e ressaltou que "pequenas partículas" podem transmitir o vírus. Além disso, explicou que aqueles que desejassem receber a hóstia na boca deveriam comungar diretamente com ele - e, não, com os outros dois ministros.

Coroinhas e outros auxiliares do padre utilizaram luvas durante a missa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mesmo com a orientação, a maior fila foi a dos que preferiram comungar com o padre. Um a um, os fiéis se ajoelhavam diante do pároco e abriam bem a boca para receber a comunhão. O religioso pegava, então, a hóstia dentro do cálice, colocava na boca da pessoa e repetia o gesto sucessivamente até atender a todos que aguardavam.

'Pedindo, na intercessão da Nossa Senhora, que nos livre dessa provação presente, do coronavírus'

As missas das 11h15 e 12h30 tiveram apenas cinco pessoas com máscaras de proteção, quatro da mesma família. "A gente estava na Suíça, fez conexão em Paris. Tivemos contato com muitos italianos", explica o empresário Tom Paneguine, de 48 anos, que voltou de uma viagem a trabalho para a Europa há seis dias com a esposa, Ana Paneguine, de 52 anos. O casal vestia máscara, assim como o filho, Gabriel, de 25 anos, e o sobrinho Antônio, de 23. 

Família foi com máscara na missa após voltar de viagem à Europa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

"Estamos sem sintomas, usando como prevenção para as pessoas", explica Ana. "A gente vem todo domingo na missa. Se fosse fechado (dentro da igreja), talvez fosse evitar. Viemos com álcool gel na bolsa e acabamos de passar de novo o que a igreja ofereceu", comenta. "(A religião) é um consolo para as pessoas neste momento, que a gente sabe do perigo. A fé é um conforto, uma forma de esperança também."

Ao fundo, o som da missa se misturava com o barulho dos veículos que passavam pela Avenida Brasil e a Rua Colômbia. Alguns ciclistas, motociclistas e pessoas que se exercitavam paravam para observar a cena e tirar fotos. 

Na homilia, o padre Michelino Roberto citou o surto de coronavírus. "A igreja, desde o início, sempre combateu as pestes com oração", disse. "São nessas situações que mais precisamos da eucaristia."

Fiel tirou a máscara para comungar durante a missa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mais ao final da celebração, ele lembrou que o bingo de jovens que ocorreria nesta semana foi transferido para 17 de maio - "se, até lá, tudo estiver bem". "Novas alterações podem ocorrer dependendo de como evoluirá essa questão de saúde pública."

O padre encerrou a missa ao fazer menção a uma oração proferida no dia anterior pelo papa Francisco, em que pediu que "Nossa Senhora interceda pelos doentes". "Pedindo, na intercessão da Nossa Senhora, que nos livre dessa provação presente, do coronavírus", disse. Ele leu, então, a oração e repetiu três Aves Marias

As dezenas de fiéis se protegeram do sol com chapéus, bonés, óculos escuros, lenços e guarda-chuvas. A tesoureira Karina Teixeira, de 33 anos, foi à missa com o marido, o gerente de projetos Eric Teixeira, de 31 anos. Eles utilizaram um guarda-chuva preto e passaram protetor solar.

"A gente trouxe álcool gel e passamos de novo para comungar", diz Karina. "A gente sabe que está no meio de um 'caos público', mas não vou abrir mão de comungar. Tem sol, não é tão confortável (ao ar livre), mas é uma hora só e vamos vamos continuar a fazer."

Missas foram realizadas ao ar livre para dificultar proliferação do coronavírus Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A professora Mariana Escobar, de 47 anos, e a advogada Maria Beatriz Macedo, de 43, disseram não ter notado diferença na experiência, só acharam mais curta. "Vim com a roupa mais leve", comenta Mariana. "E foi a primeira vez que o padre pediu para não abraçar. Acho que tem um pouco menos (de gente) também", completou Maria Beatriz.

Embora idoso, o casal Maria Teresa e Pedro Ricciardi não cogitou deixar de ir à missa. Eles escolheram um lugar à sombra e não tão próximo de outras pessoas. "Vamos continuar todo domingo. Na missa (dentro da igreja), o pessoal fica apertado, poderia ser perigoso. Tiveram uma ótima ideia."

Já o vendedor de pipocas Antônio Domingues, de 53 anos, que trabalha em frente à igreja há 30 dias, conta que o movimento está menor. "Caiu muito. O pessoal está meio com medo."

Pequenas igrejas evangélicas e templos budistas também têm restrições

A doença também tem afetado as atividades de templos de outras religiões. A Igreja Batista da Água Branca, na zona oeste paulistana, por exemplo, cancelou toda a programação presencial até a quinta-feira, 19. A Igreja Batista do Morumbi, na zona sul, realizará culto apenas por streaming neste domingo, suspendendo também a celebração de aniversário.

A Igreja Nova Cidade, na Vila Leopoldina, também na zona oeste, e a Igreja Presbiteriana em Alphaville, na Grande São Paulo, também cancelaram todas as atividades presenciais a partir deste domingo, 15. Ao fiéis, foi indicado que assistam à transmissão online.

Já os templos budistas Fo Guang Shan-Liberdade e Zu Lai, respectivamente no centro de São Paulo e na região metropolitana, estão com visitação para o público em geral e excursões suspensas por "tempo indeterminado", com o "objetivo de evitar aglomerações e riscos de contágio". O local continuará transmitindo as cerimônias dominicais pela internet. 

SÃO PAULO - Uma família se aproximava da Igreja Nossa Senhora do Brasil quando foi abordada por um funcionário da paróquia, que perguntou: "Álcool gel?". O grupo estendeu as mãos e fez a mesma higienização padrão que outras dezenas de católicos repetiram durante as celebrações deste domingo, 15, no espaço, localizado nos Jardins.

Paróquia Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins, mudou rotina para se adaptar ao coronavírus Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Com a pandemia do novo coronavírus, algumas igrejas estão começando a mudar a rotina. No caso do templo dos Jardins, as missas passaram a ser celebradas ao ar livre, com cadeiras distribuídas em uma área livre frontal e no acesso para carros. 

Funcionários da paróquia, coroinhas e auxiliares do padre utilizavam luvas descartáveis para manipular objetos litúrgicos e o álcool gel, frequentemente oferecido aos presentes. "Hoje é dia de álcool gel", respondeu um fiel ao aceitar a oferta do item. O "abraço da paz" foi temporariamente suspenso. 

O folheto da missa, com os cânticos e outros ritos da celebração, também deixou de ser distribuído. "O pessoal deixa (o folheto) de uma missa para a outra", explica o pároco local, padre Michelino Roberto. 

Mesmo após orientação contrária, vários fiéis preferiram receber a hóstia diretamente na boca Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A igreja segue as orientações anunciadas pela Arquidiocese de São Paulo na sexta-feira, 13, como manter os ambientes arejados. Outra indicação é fazer até maior número de missas para evitar aglomerações.

O pároco defende a permanência da realização de eventos religiosos por enquanto. "É nessas situações que as pessoas mais precisam de Deus, em que ele pode prover um conforto espiritual", justifica.

"Ao ar livre, as pessoas mantêm certa distância uma das outras, em vez de ficar dentro da igreja superlotada. Vamos fazer assim enquanto durar o período de risco de contágio", justifica. Ele diz que os fiéis idosos e de grupos de risco também estão sendo orientados a assistir às missas pela televisão e internet e, se quiserem, receber a visita de um sacerdote em casa durante a semana.

Antes de distribuir a hóstia, o padre lembrou de orientação da arquidiocese de entregá-la preferencialmente na mão do fiel e ressaltou que "pequenas partículas" podem transmitir o vírus. Além disso, explicou que aqueles que desejassem receber a hóstia na boca deveriam comungar diretamente com ele - e, não, com os outros dois ministros.

Coroinhas e outros auxiliares do padre utilizaram luvas durante a missa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mesmo com a orientação, a maior fila foi a dos que preferiram comungar com o padre. Um a um, os fiéis se ajoelhavam diante do pároco e abriam bem a boca para receber a comunhão. O religioso pegava, então, a hóstia dentro do cálice, colocava na boca da pessoa e repetia o gesto sucessivamente até atender a todos que aguardavam.

'Pedindo, na intercessão da Nossa Senhora, que nos livre dessa provação presente, do coronavírus'

As missas das 11h15 e 12h30 tiveram apenas cinco pessoas com máscaras de proteção, quatro da mesma família. "A gente estava na Suíça, fez conexão em Paris. Tivemos contato com muitos italianos", explica o empresário Tom Paneguine, de 48 anos, que voltou de uma viagem a trabalho para a Europa há seis dias com a esposa, Ana Paneguine, de 52 anos. O casal vestia máscara, assim como o filho, Gabriel, de 25 anos, e o sobrinho Antônio, de 23. 

Família foi com máscara na missa após voltar de viagem à Europa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

"Estamos sem sintomas, usando como prevenção para as pessoas", explica Ana. "A gente vem todo domingo na missa. Se fosse fechado (dentro da igreja), talvez fosse evitar. Viemos com álcool gel na bolsa e acabamos de passar de novo o que a igreja ofereceu", comenta. "(A religião) é um consolo para as pessoas neste momento, que a gente sabe do perigo. A fé é um conforto, uma forma de esperança também."

Ao fundo, o som da missa se misturava com o barulho dos veículos que passavam pela Avenida Brasil e a Rua Colômbia. Alguns ciclistas, motociclistas e pessoas que se exercitavam paravam para observar a cena e tirar fotos. 

Na homilia, o padre Michelino Roberto citou o surto de coronavírus. "A igreja, desde o início, sempre combateu as pestes com oração", disse. "São nessas situações que mais precisamos da eucaristia."

Fiel tirou a máscara para comungar durante a missa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mais ao final da celebração, ele lembrou que o bingo de jovens que ocorreria nesta semana foi transferido para 17 de maio - "se, até lá, tudo estiver bem". "Novas alterações podem ocorrer dependendo de como evoluirá essa questão de saúde pública."

O padre encerrou a missa ao fazer menção a uma oração proferida no dia anterior pelo papa Francisco, em que pediu que "Nossa Senhora interceda pelos doentes". "Pedindo, na intercessão da Nossa Senhora, que nos livre dessa provação presente, do coronavírus", disse. Ele leu, então, a oração e repetiu três Aves Marias

As dezenas de fiéis se protegeram do sol com chapéus, bonés, óculos escuros, lenços e guarda-chuvas. A tesoureira Karina Teixeira, de 33 anos, foi à missa com o marido, o gerente de projetos Eric Teixeira, de 31 anos. Eles utilizaram um guarda-chuva preto e passaram protetor solar.

"A gente trouxe álcool gel e passamos de novo para comungar", diz Karina. "A gente sabe que está no meio de um 'caos público', mas não vou abrir mão de comungar. Tem sol, não é tão confortável (ao ar livre), mas é uma hora só e vamos vamos continuar a fazer."

Missas foram realizadas ao ar livre para dificultar proliferação do coronavírus Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A professora Mariana Escobar, de 47 anos, e a advogada Maria Beatriz Macedo, de 43, disseram não ter notado diferença na experiência, só acharam mais curta. "Vim com a roupa mais leve", comenta Mariana. "E foi a primeira vez que o padre pediu para não abraçar. Acho que tem um pouco menos (de gente) também", completou Maria Beatriz.

Embora idoso, o casal Maria Teresa e Pedro Ricciardi não cogitou deixar de ir à missa. Eles escolheram um lugar à sombra e não tão próximo de outras pessoas. "Vamos continuar todo domingo. Na missa (dentro da igreja), o pessoal fica apertado, poderia ser perigoso. Tiveram uma ótima ideia."

Já o vendedor de pipocas Antônio Domingues, de 53 anos, que trabalha em frente à igreja há 30 dias, conta que o movimento está menor. "Caiu muito. O pessoal está meio com medo."

Pequenas igrejas evangélicas e templos budistas também têm restrições

A doença também tem afetado as atividades de templos de outras religiões. A Igreja Batista da Água Branca, na zona oeste paulistana, por exemplo, cancelou toda a programação presencial até a quinta-feira, 19. A Igreja Batista do Morumbi, na zona sul, realizará culto apenas por streaming neste domingo, suspendendo também a celebração de aniversário.

A Igreja Nova Cidade, na Vila Leopoldina, também na zona oeste, e a Igreja Presbiteriana em Alphaville, na Grande São Paulo, também cancelaram todas as atividades presenciais a partir deste domingo, 15. Ao fiéis, foi indicado que assistam à transmissão online.

Já os templos budistas Fo Guang Shan-Liberdade e Zu Lai, respectivamente no centro de São Paulo e na região metropolitana, estão com visitação para o público em geral e excursões suspensas por "tempo indeterminado", com o "objetivo de evitar aglomerações e riscos de contágio". O local continuará transmitindo as cerimônias dominicais pela internet. 

SÃO PAULO - Uma família se aproximava da Igreja Nossa Senhora do Brasil quando foi abordada por um funcionário da paróquia, que perguntou: "Álcool gel?". O grupo estendeu as mãos e fez a mesma higienização padrão que outras dezenas de católicos repetiram durante as celebrações deste domingo, 15, no espaço, localizado nos Jardins.

Paróquia Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins, mudou rotina para se adaptar ao coronavírus Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Com a pandemia do novo coronavírus, algumas igrejas estão começando a mudar a rotina. No caso do templo dos Jardins, as missas passaram a ser celebradas ao ar livre, com cadeiras distribuídas em uma área livre frontal e no acesso para carros. 

Funcionários da paróquia, coroinhas e auxiliares do padre utilizavam luvas descartáveis para manipular objetos litúrgicos e o álcool gel, frequentemente oferecido aos presentes. "Hoje é dia de álcool gel", respondeu um fiel ao aceitar a oferta do item. O "abraço da paz" foi temporariamente suspenso. 

O folheto da missa, com os cânticos e outros ritos da celebração, também deixou de ser distribuído. "O pessoal deixa (o folheto) de uma missa para a outra", explica o pároco local, padre Michelino Roberto. 

Mesmo após orientação contrária, vários fiéis preferiram receber a hóstia diretamente na boca Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A igreja segue as orientações anunciadas pela Arquidiocese de São Paulo na sexta-feira, 13, como manter os ambientes arejados. Outra indicação é fazer até maior número de missas para evitar aglomerações.

O pároco defende a permanência da realização de eventos religiosos por enquanto. "É nessas situações que as pessoas mais precisam de Deus, em que ele pode prover um conforto espiritual", justifica.

"Ao ar livre, as pessoas mantêm certa distância uma das outras, em vez de ficar dentro da igreja superlotada. Vamos fazer assim enquanto durar o período de risco de contágio", justifica. Ele diz que os fiéis idosos e de grupos de risco também estão sendo orientados a assistir às missas pela televisão e internet e, se quiserem, receber a visita de um sacerdote em casa durante a semana.

Antes de distribuir a hóstia, o padre lembrou de orientação da arquidiocese de entregá-la preferencialmente na mão do fiel e ressaltou que "pequenas partículas" podem transmitir o vírus. Além disso, explicou que aqueles que desejassem receber a hóstia na boca deveriam comungar diretamente com ele - e, não, com os outros dois ministros.

Coroinhas e outros auxiliares do padre utilizaram luvas durante a missa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mesmo com a orientação, a maior fila foi a dos que preferiram comungar com o padre. Um a um, os fiéis se ajoelhavam diante do pároco e abriam bem a boca para receber a comunhão. O religioso pegava, então, a hóstia dentro do cálice, colocava na boca da pessoa e repetia o gesto sucessivamente até atender a todos que aguardavam.

'Pedindo, na intercessão da Nossa Senhora, que nos livre dessa provação presente, do coronavírus'

As missas das 11h15 e 12h30 tiveram apenas cinco pessoas com máscaras de proteção, quatro da mesma família. "A gente estava na Suíça, fez conexão em Paris. Tivemos contato com muitos italianos", explica o empresário Tom Paneguine, de 48 anos, que voltou de uma viagem a trabalho para a Europa há seis dias com a esposa, Ana Paneguine, de 52 anos. O casal vestia máscara, assim como o filho, Gabriel, de 25 anos, e o sobrinho Antônio, de 23. 

Família foi com máscara na missa após voltar de viagem à Europa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

"Estamos sem sintomas, usando como prevenção para as pessoas", explica Ana. "A gente vem todo domingo na missa. Se fosse fechado (dentro da igreja), talvez fosse evitar. Viemos com álcool gel na bolsa e acabamos de passar de novo o que a igreja ofereceu", comenta. "(A religião) é um consolo para as pessoas neste momento, que a gente sabe do perigo. A fé é um conforto, uma forma de esperança também."

Ao fundo, o som da missa se misturava com o barulho dos veículos que passavam pela Avenida Brasil e a Rua Colômbia. Alguns ciclistas, motociclistas e pessoas que se exercitavam paravam para observar a cena e tirar fotos. 

Na homilia, o padre Michelino Roberto citou o surto de coronavírus. "A igreja, desde o início, sempre combateu as pestes com oração", disse. "São nessas situações que mais precisamos da eucaristia."

Fiel tirou a máscara para comungar durante a missa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mais ao final da celebração, ele lembrou que o bingo de jovens que ocorreria nesta semana foi transferido para 17 de maio - "se, até lá, tudo estiver bem". "Novas alterações podem ocorrer dependendo de como evoluirá essa questão de saúde pública."

O padre encerrou a missa ao fazer menção a uma oração proferida no dia anterior pelo papa Francisco, em que pediu que "Nossa Senhora interceda pelos doentes". "Pedindo, na intercessão da Nossa Senhora, que nos livre dessa provação presente, do coronavírus", disse. Ele leu, então, a oração e repetiu três Aves Marias

As dezenas de fiéis se protegeram do sol com chapéus, bonés, óculos escuros, lenços e guarda-chuvas. A tesoureira Karina Teixeira, de 33 anos, foi à missa com o marido, o gerente de projetos Eric Teixeira, de 31 anos. Eles utilizaram um guarda-chuva preto e passaram protetor solar.

"A gente trouxe álcool gel e passamos de novo para comungar", diz Karina. "A gente sabe que está no meio de um 'caos público', mas não vou abrir mão de comungar. Tem sol, não é tão confortável (ao ar livre), mas é uma hora só e vamos vamos continuar a fazer."

Missas foram realizadas ao ar livre para dificultar proliferação do coronavírus Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A professora Mariana Escobar, de 47 anos, e a advogada Maria Beatriz Macedo, de 43, disseram não ter notado diferença na experiência, só acharam mais curta. "Vim com a roupa mais leve", comenta Mariana. "E foi a primeira vez que o padre pediu para não abraçar. Acho que tem um pouco menos (de gente) também", completou Maria Beatriz.

Embora idoso, o casal Maria Teresa e Pedro Ricciardi não cogitou deixar de ir à missa. Eles escolheram um lugar à sombra e não tão próximo de outras pessoas. "Vamos continuar todo domingo. Na missa (dentro da igreja), o pessoal fica apertado, poderia ser perigoso. Tiveram uma ótima ideia."

Já o vendedor de pipocas Antônio Domingues, de 53 anos, que trabalha em frente à igreja há 30 dias, conta que o movimento está menor. "Caiu muito. O pessoal está meio com medo."

Pequenas igrejas evangélicas e templos budistas também têm restrições

A doença também tem afetado as atividades de templos de outras religiões. A Igreja Batista da Água Branca, na zona oeste paulistana, por exemplo, cancelou toda a programação presencial até a quinta-feira, 19. A Igreja Batista do Morumbi, na zona sul, realizará culto apenas por streaming neste domingo, suspendendo também a celebração de aniversário.

A Igreja Nova Cidade, na Vila Leopoldina, também na zona oeste, e a Igreja Presbiteriana em Alphaville, na Grande São Paulo, também cancelaram todas as atividades presenciais a partir deste domingo, 15. Ao fiéis, foi indicado que assistam à transmissão online.

Já os templos budistas Fo Guang Shan-Liberdade e Zu Lai, respectivamente no centro de São Paulo e na região metropolitana, estão com visitação para o público em geral e excursões suspensas por "tempo indeterminado", com o "objetivo de evitar aglomerações e riscos de contágio". O local continuará transmitindo as cerimônias dominicais pela internet. 

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