'Eram os avós, agora são os netos. Se a sedação acabar, acordam com um tubo no pulmão', diz médico


Infectologista do Instituto Emílio Ribas relata como é atender pacientes cada vez mais jovens e critica aglomerações na fase mais aguda da pandemia

Por Pablo Pereira

*Depoimento de André Baptista, médico residente em infectologia do Instituto Emílio Ribas

"No Emílio Ribas temos 60 leitos de UTI, com pacientes intubados, com a forma grave da doença. Após 12 meses de pandemia, aprendemos muito. No começo, em março de 2020, a gente estava lidando com um vírus novo.

Não sabíamos quais eram as complicações, seu comportamento evolutivo e não tínhamos tratamento específico. Normalmente eram pacientes idosos, com comorbidades, obesos, com diabetes, alguns com hipertensão. O que chamava muita atenção era o sobrepeso. Mas isso mudou. Quando aparecia um jovem, abaixo de 50 anos, era com obesidade grande. 

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O problema é que, agora, como colapsou o sistema, público e privado, os pacientes estão chegando mais graves, com necessidade de intubação muitas vezes já na admissão no pronto-socorro. 

O infectologista residente André Baptista,do Instituto de Infectologia Emilio Ribas Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mudou o perfil. Antes, a gente até falava “eram os avós”; agora são os filhos e os netos. Com as novas variantes, temos paciente de 26 anos, 30 anos, sem comorbidades, sobrepeso ou sem doenças associadas. 

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O padrão respiratório também é importante. Não adianta ele estar a 15 litros, que é o máximo, saturação de 94%, mas estar desconfortável. Aí se indica a intubação. Você seda o paciente e o ventilador é que vai realizar as trocas de oxigênio. Aí o pulmão consegue “descansar” para se recuperar da infecção. E há gargalo, que é a falta de medicação para a sedação. 

No Emílio Ribas a gente não tem esse problema, mas sabemos que essa não é a realidade do SUS. Essa droga usada para colocar o tubo precisa ser mantida enquanto o paciente estiver intubado. Na UTI, com 60 leitos, todos intubados, todos recebem drogas de sedação. Se as drogas acabarem, todos irão acordar com um tubo dentro do pulmão. Imagine que situação desesperadora. 

Dentro do possível, a população também tem de fazer a parte dela. Bailes da terceira idade, cassino clandestino, bingo clandestino, isso não dá para acontecer no contexto que estamos vivendo. É muito triste você trabalhar 12 horas, se dedicar ao máximo, e chegar em casa e ler notícia de apreensão em baile de idosos, de boate noturna."

*Depoimento de André Baptista, médico residente em infectologia do Instituto Emílio Ribas

"No Emílio Ribas temos 60 leitos de UTI, com pacientes intubados, com a forma grave da doença. Após 12 meses de pandemia, aprendemos muito. No começo, em março de 2020, a gente estava lidando com um vírus novo.

Não sabíamos quais eram as complicações, seu comportamento evolutivo e não tínhamos tratamento específico. Normalmente eram pacientes idosos, com comorbidades, obesos, com diabetes, alguns com hipertensão. O que chamava muita atenção era o sobrepeso. Mas isso mudou. Quando aparecia um jovem, abaixo de 50 anos, era com obesidade grande. 

O problema é que, agora, como colapsou o sistema, público e privado, os pacientes estão chegando mais graves, com necessidade de intubação muitas vezes já na admissão no pronto-socorro. 

O infectologista residente André Baptista,do Instituto de Infectologia Emilio Ribas Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mudou o perfil. Antes, a gente até falava “eram os avós”; agora são os filhos e os netos. Com as novas variantes, temos paciente de 26 anos, 30 anos, sem comorbidades, sobrepeso ou sem doenças associadas. 

O padrão respiratório também é importante. Não adianta ele estar a 15 litros, que é o máximo, saturação de 94%, mas estar desconfortável. Aí se indica a intubação. Você seda o paciente e o ventilador é que vai realizar as trocas de oxigênio. Aí o pulmão consegue “descansar” para se recuperar da infecção. E há gargalo, que é a falta de medicação para a sedação. 

No Emílio Ribas a gente não tem esse problema, mas sabemos que essa não é a realidade do SUS. Essa droga usada para colocar o tubo precisa ser mantida enquanto o paciente estiver intubado. Na UTI, com 60 leitos, todos intubados, todos recebem drogas de sedação. Se as drogas acabarem, todos irão acordar com um tubo dentro do pulmão. Imagine que situação desesperadora. 

Dentro do possível, a população também tem de fazer a parte dela. Bailes da terceira idade, cassino clandestino, bingo clandestino, isso não dá para acontecer no contexto que estamos vivendo. É muito triste você trabalhar 12 horas, se dedicar ao máximo, e chegar em casa e ler notícia de apreensão em baile de idosos, de boate noturna."

*Depoimento de André Baptista, médico residente em infectologia do Instituto Emílio Ribas

"No Emílio Ribas temos 60 leitos de UTI, com pacientes intubados, com a forma grave da doença. Após 12 meses de pandemia, aprendemos muito. No começo, em março de 2020, a gente estava lidando com um vírus novo.

Não sabíamos quais eram as complicações, seu comportamento evolutivo e não tínhamos tratamento específico. Normalmente eram pacientes idosos, com comorbidades, obesos, com diabetes, alguns com hipertensão. O que chamava muita atenção era o sobrepeso. Mas isso mudou. Quando aparecia um jovem, abaixo de 50 anos, era com obesidade grande. 

O problema é que, agora, como colapsou o sistema, público e privado, os pacientes estão chegando mais graves, com necessidade de intubação muitas vezes já na admissão no pronto-socorro. 

O infectologista residente André Baptista,do Instituto de Infectologia Emilio Ribas Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mudou o perfil. Antes, a gente até falava “eram os avós”; agora são os filhos e os netos. Com as novas variantes, temos paciente de 26 anos, 30 anos, sem comorbidades, sobrepeso ou sem doenças associadas. 

O padrão respiratório também é importante. Não adianta ele estar a 15 litros, que é o máximo, saturação de 94%, mas estar desconfortável. Aí se indica a intubação. Você seda o paciente e o ventilador é que vai realizar as trocas de oxigênio. Aí o pulmão consegue “descansar” para se recuperar da infecção. E há gargalo, que é a falta de medicação para a sedação. 

No Emílio Ribas a gente não tem esse problema, mas sabemos que essa não é a realidade do SUS. Essa droga usada para colocar o tubo precisa ser mantida enquanto o paciente estiver intubado. Na UTI, com 60 leitos, todos intubados, todos recebem drogas de sedação. Se as drogas acabarem, todos irão acordar com um tubo dentro do pulmão. Imagine que situação desesperadora. 

Dentro do possível, a população também tem de fazer a parte dela. Bailes da terceira idade, cassino clandestino, bingo clandestino, isso não dá para acontecer no contexto que estamos vivendo. É muito triste você trabalhar 12 horas, se dedicar ao máximo, e chegar em casa e ler notícia de apreensão em baile de idosos, de boate noturna."

*Depoimento de André Baptista, médico residente em infectologia do Instituto Emílio Ribas

"No Emílio Ribas temos 60 leitos de UTI, com pacientes intubados, com a forma grave da doença. Após 12 meses de pandemia, aprendemos muito. No começo, em março de 2020, a gente estava lidando com um vírus novo.

Não sabíamos quais eram as complicações, seu comportamento evolutivo e não tínhamos tratamento específico. Normalmente eram pacientes idosos, com comorbidades, obesos, com diabetes, alguns com hipertensão. O que chamava muita atenção era o sobrepeso. Mas isso mudou. Quando aparecia um jovem, abaixo de 50 anos, era com obesidade grande. 

O problema é que, agora, como colapsou o sistema, público e privado, os pacientes estão chegando mais graves, com necessidade de intubação muitas vezes já na admissão no pronto-socorro. 

O infectologista residente André Baptista,do Instituto de Infectologia Emilio Ribas Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mudou o perfil. Antes, a gente até falava “eram os avós”; agora são os filhos e os netos. Com as novas variantes, temos paciente de 26 anos, 30 anos, sem comorbidades, sobrepeso ou sem doenças associadas. 

O padrão respiratório também é importante. Não adianta ele estar a 15 litros, que é o máximo, saturação de 94%, mas estar desconfortável. Aí se indica a intubação. Você seda o paciente e o ventilador é que vai realizar as trocas de oxigênio. Aí o pulmão consegue “descansar” para se recuperar da infecção. E há gargalo, que é a falta de medicação para a sedação. 

No Emílio Ribas a gente não tem esse problema, mas sabemos que essa não é a realidade do SUS. Essa droga usada para colocar o tubo precisa ser mantida enquanto o paciente estiver intubado. Na UTI, com 60 leitos, todos intubados, todos recebem drogas de sedação. Se as drogas acabarem, todos irão acordar com um tubo dentro do pulmão. Imagine que situação desesperadora. 

Dentro do possível, a população também tem de fazer a parte dela. Bailes da terceira idade, cassino clandestino, bingo clandestino, isso não dá para acontecer no contexto que estamos vivendo. É muito triste você trabalhar 12 horas, se dedicar ao máximo, e chegar em casa e ler notícia de apreensão em baile de idosos, de boate noturna."

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