Especialistas discutem sobre a importância do abraço nas relações afetivas


Dia do Abraço reforça a importância do gesto em meio a grandes transformações ocasionadas pela pandemia da covid-19

Por Redação
Atualização:
Getty Images 

O Dia do Abraço foi comemorado em 22 de maio em meio a grandes transformações ocasionadas pela pandemia da covid-19. Num cenário de isolamento e distanciamento social, as demonstrações de afeto, mesmo que a distância, ganham ainda mais relevância. Convidados pelo Media Lab Estadão, o psiquiatra Daniel Martins de Barros, professor da Faculdade de Medicina da USP e colunista do Estadão, e Alexandre Coimbra, mestre em Psicologia pela PUC-Chile, falaram com a jornalista Rita Lisauskas sobre a importância das demonstrações de afeto no fortalecimento emocional.

Comentando uma experiência feita nos anos 1970 com macacos, cujo resultado mostrou uma equivalência entre a necessidade de alimento e de aconchego dos animais, Daniel Martins observou: “Essa experiência ajuda a comprovar a importância do abraço. Ele é um alimento, um bálsamo para a alma. Supre uma necessidade básica dos seres vivos”.

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Ao lembrar as ações que ficaram famosas no início dos anos 2000, quando pessoas saíam à rua com cartazes oferecendo “abraços grátis”, Alexandre diz que o gesto é um símbolo de solidariedade humana. “Todos portamos algum tipo de dor, de angústia. Oferecer um abraço a um desconhecido é como dizer a ele ‘tamo junto, mano’.” 

Abraço complementa a comunicação humana

Para Daniel, essa manifestação de apoio é fundamental, sobretudo nesse momento em que estamos fragilizados emocionalmente em consequência da pandemia. O psiquiatra destacou ainda que o abraço é capaz, inclusive, de melhorar a resposta imunológica. “Existem pesquisas mostrando que o gesto diminui a taxa de infecção nas pessoas”, contou. A razão para isso, explicou o médico, deve estar na melhora do estado emocional e do estresse, o que repercute na capacidade do sistema imunológico de responder ao ataque de microrganismos.  

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Sobre as diferentes definições sociais do abraçar, Alexandre Coimbra destacou que, entre os índios, por exemplo, ele pode significar proteção espiritual. Já o abraço do pai em um filho que passou no vestibular é a celebração de uma vitória. Como um gesto de pêsames, o abraço mostra que não há palavras suficientes para demonstrar solidariedade. “O abraço complementa a comunicação humana. Ele funciona como uma moldura de uma mensagem”, resumiu o psicólogo.

Não por acaso, nas recentes discussões sobre a humanização do parto, uma das premissas é o direito de receber o bebê no colo assim que ele nasce. “Essa é forma de dar à criança a oportunidade de ter um tempo para ir se acostumando à novidade de estar num mundo tão diferente daquele intrauterino”, disse Alexandre. “Nesse momento, o abraço mostra uma empatia com as necessidades do bebê”, completou.

O abraço e a identidade masculina

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Hoje passamos também por uma reavaliação das manifestações de afeto. “A forma de construir a identidade masculina na nossa sociedade faz com que o homem tenha medo de ser visto como homossexual ao abraçar seus pares”, exemplificou Alexandre. “Mas, quando se dão o direito de viver isso, eles relatam o quanto estão se sentido melhor, inclusive do ponto de vista das outras relações. Expressar o que se sente é bom para qualquer gênero, em qualquer circunstância”, concluiu.

O pressuposto vem ganhando força igualmente na educação das crianças, não sendo mais socialmente aceito o famoso bater para ensinar. “A palmada é o avesso absoluto do abraço, porque deixa uma marca de humilhação, vergonha e medo”, comparou Alexandre. “Com o abraço, você complementa uma fala amorosa, educa, orienta e ampara”, justificou.

Por fim, neste momento que exige afastamento e gera tanta angústia, Alexandre Coimbra deixou um recado: “Em meio a sentimentos de tristeza, raiva, silêncio, depressão e ansiedade, escutar as pessoas e demonstrar empatia e solidariedade é um tipo de abraço”.

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Ao aderir à campanha do Dia do Abraço, você ajuda a espalhar carinho e amizade e apoia os profissionais que estão na linha de frente do combate ao coronavírus

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(as lives podem ser acompanhadas pelo Portal Estadão e pelas redes sociais do Estadão e da Elo)

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O Dia do Abraço foi comemorado em 22 de maio em meio a grandes transformações ocasionadas pela pandemia da covid-19. Num cenário de isolamento e distanciamento social, as demonstrações de afeto, mesmo que a distância, ganham ainda mais relevância. Convidados pelo Media Lab Estadão, o psiquiatra Daniel Martins de Barros, professor da Faculdade de Medicina da USP e colunista do Estadão, e Alexandre Coimbra, mestre em Psicologia pela PUC-Chile, falaram com a jornalista Rita Lisauskas sobre a importância das demonstrações de afeto no fortalecimento emocional.

Comentando uma experiência feita nos anos 1970 com macacos, cujo resultado mostrou uma equivalência entre a necessidade de alimento e de aconchego dos animais, Daniel Martins observou: “Essa experiência ajuda a comprovar a importância do abraço. Ele é um alimento, um bálsamo para a alma. Supre uma necessidade básica dos seres vivos”.

Ao lembrar as ações que ficaram famosas no início dos anos 2000, quando pessoas saíam à rua com cartazes oferecendo “abraços grátis”, Alexandre diz que o gesto é um símbolo de solidariedade humana. “Todos portamos algum tipo de dor, de angústia. Oferecer um abraço a um desconhecido é como dizer a ele ‘tamo junto, mano’.” 

Abraço complementa a comunicação humana

Para Daniel, essa manifestação de apoio é fundamental, sobretudo nesse momento em que estamos fragilizados emocionalmente em consequência da pandemia. O psiquiatra destacou ainda que o abraço é capaz, inclusive, de melhorar a resposta imunológica. “Existem pesquisas mostrando que o gesto diminui a taxa de infecção nas pessoas”, contou. A razão para isso, explicou o médico, deve estar na melhora do estado emocional e do estresse, o que repercute na capacidade do sistema imunológico de responder ao ataque de microrganismos.  

Sobre as diferentes definições sociais do abraçar, Alexandre Coimbra destacou que, entre os índios, por exemplo, ele pode significar proteção espiritual. Já o abraço do pai em um filho que passou no vestibular é a celebração de uma vitória. Como um gesto de pêsames, o abraço mostra que não há palavras suficientes para demonstrar solidariedade. “O abraço complementa a comunicação humana. Ele funciona como uma moldura de uma mensagem”, resumiu o psicólogo.

Não por acaso, nas recentes discussões sobre a humanização do parto, uma das premissas é o direito de receber o bebê no colo assim que ele nasce. “Essa é forma de dar à criança a oportunidade de ter um tempo para ir se acostumando à novidade de estar num mundo tão diferente daquele intrauterino”, disse Alexandre. “Nesse momento, o abraço mostra uma empatia com as necessidades do bebê”, completou.

O abraço e a identidade masculina

Hoje passamos também por uma reavaliação das manifestações de afeto. “A forma de construir a identidade masculina na nossa sociedade faz com que o homem tenha medo de ser visto como homossexual ao abraçar seus pares”, exemplificou Alexandre. “Mas, quando se dão o direito de viver isso, eles relatam o quanto estão se sentido melhor, inclusive do ponto de vista das outras relações. Expressar o que se sente é bom para qualquer gênero, em qualquer circunstância”, concluiu.

O pressuposto vem ganhando força igualmente na educação das crianças, não sendo mais socialmente aceito o famoso bater para ensinar. “A palmada é o avesso absoluto do abraço, porque deixa uma marca de humilhação, vergonha e medo”, comparou Alexandre. “Com o abraço, você complementa uma fala amorosa, educa, orienta e ampara”, justificou.

Por fim, neste momento que exige afastamento e gera tanta angústia, Alexandre Coimbra deixou um recado: “Em meio a sentimentos de tristeza, raiva, silêncio, depressão e ansiedade, escutar as pessoas e demonstrar empatia e solidariedade é um tipo de abraço”.

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Comentando uma experiência feita nos anos 1970 com macacos, cujo resultado mostrou uma equivalência entre a necessidade de alimento e de aconchego dos animais, Daniel Martins observou: “Essa experiência ajuda a comprovar a importância do abraço. Ele é um alimento, um bálsamo para a alma. Supre uma necessidade básica dos seres vivos”.

Ao lembrar as ações que ficaram famosas no início dos anos 2000, quando pessoas saíam à rua com cartazes oferecendo “abraços grátis”, Alexandre diz que o gesto é um símbolo de solidariedade humana. “Todos portamos algum tipo de dor, de angústia. Oferecer um abraço a um desconhecido é como dizer a ele ‘tamo junto, mano’.” 

Abraço complementa a comunicação humana

Para Daniel, essa manifestação de apoio é fundamental, sobretudo nesse momento em que estamos fragilizados emocionalmente em consequência da pandemia. O psiquiatra destacou ainda que o abraço é capaz, inclusive, de melhorar a resposta imunológica. “Existem pesquisas mostrando que o gesto diminui a taxa de infecção nas pessoas”, contou. A razão para isso, explicou o médico, deve estar na melhora do estado emocional e do estresse, o que repercute na capacidade do sistema imunológico de responder ao ataque de microrganismos.  

Sobre as diferentes definições sociais do abraçar, Alexandre Coimbra destacou que, entre os índios, por exemplo, ele pode significar proteção espiritual. Já o abraço do pai em um filho que passou no vestibular é a celebração de uma vitória. Como um gesto de pêsames, o abraço mostra que não há palavras suficientes para demonstrar solidariedade. “O abraço complementa a comunicação humana. Ele funciona como uma moldura de uma mensagem”, resumiu o psicólogo.

Não por acaso, nas recentes discussões sobre a humanização do parto, uma das premissas é o direito de receber o bebê no colo assim que ele nasce. “Essa é forma de dar à criança a oportunidade de ter um tempo para ir se acostumando à novidade de estar num mundo tão diferente daquele intrauterino”, disse Alexandre. “Nesse momento, o abraço mostra uma empatia com as necessidades do bebê”, completou.

O abraço e a identidade masculina

Hoje passamos também por uma reavaliação das manifestações de afeto. “A forma de construir a identidade masculina na nossa sociedade faz com que o homem tenha medo de ser visto como homossexual ao abraçar seus pares”, exemplificou Alexandre. “Mas, quando se dão o direito de viver isso, eles relatam o quanto estão se sentido melhor, inclusive do ponto de vista das outras relações. Expressar o que se sente é bom para qualquer gênero, em qualquer circunstância”, concluiu.

O pressuposto vem ganhando força igualmente na educação das crianças, não sendo mais socialmente aceito o famoso bater para ensinar. “A palmada é o avesso absoluto do abraço, porque deixa uma marca de humilhação, vergonha e medo”, comparou Alexandre. “Com o abraço, você complementa uma fala amorosa, educa, orienta e ampara”, justificou.

Por fim, neste momento que exige afastamento e gera tanta angústia, Alexandre Coimbra deixou um recado: “Em meio a sentimentos de tristeza, raiva, silêncio, depressão e ansiedade, escutar as pessoas e demonstrar empatia e solidariedade é um tipo de abraço”.

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O Dia do Abraço foi comemorado em 22 de maio em meio a grandes transformações ocasionadas pela pandemia da covid-19. Num cenário de isolamento e distanciamento social, as demonstrações de afeto, mesmo que a distância, ganham ainda mais relevância. Convidados pelo Media Lab Estadão, o psiquiatra Daniel Martins de Barros, professor da Faculdade de Medicina da USP e colunista do Estadão, e Alexandre Coimbra, mestre em Psicologia pela PUC-Chile, falaram com a jornalista Rita Lisauskas sobre a importância das demonstrações de afeto no fortalecimento emocional.

Comentando uma experiência feita nos anos 1970 com macacos, cujo resultado mostrou uma equivalência entre a necessidade de alimento e de aconchego dos animais, Daniel Martins observou: “Essa experiência ajuda a comprovar a importância do abraço. Ele é um alimento, um bálsamo para a alma. Supre uma necessidade básica dos seres vivos”.

Ao lembrar as ações que ficaram famosas no início dos anos 2000, quando pessoas saíam à rua com cartazes oferecendo “abraços grátis”, Alexandre diz que o gesto é um símbolo de solidariedade humana. “Todos portamos algum tipo de dor, de angústia. Oferecer um abraço a um desconhecido é como dizer a ele ‘tamo junto, mano’.” 

Abraço complementa a comunicação humana

Para Daniel, essa manifestação de apoio é fundamental, sobretudo nesse momento em que estamos fragilizados emocionalmente em consequência da pandemia. O psiquiatra destacou ainda que o abraço é capaz, inclusive, de melhorar a resposta imunológica. “Existem pesquisas mostrando que o gesto diminui a taxa de infecção nas pessoas”, contou. A razão para isso, explicou o médico, deve estar na melhora do estado emocional e do estresse, o que repercute na capacidade do sistema imunológico de responder ao ataque de microrganismos.  

Sobre as diferentes definições sociais do abraçar, Alexandre Coimbra destacou que, entre os índios, por exemplo, ele pode significar proteção espiritual. Já o abraço do pai em um filho que passou no vestibular é a celebração de uma vitória. Como um gesto de pêsames, o abraço mostra que não há palavras suficientes para demonstrar solidariedade. “O abraço complementa a comunicação humana. Ele funciona como uma moldura de uma mensagem”, resumiu o psicólogo.

Não por acaso, nas recentes discussões sobre a humanização do parto, uma das premissas é o direito de receber o bebê no colo assim que ele nasce. “Essa é forma de dar à criança a oportunidade de ter um tempo para ir se acostumando à novidade de estar num mundo tão diferente daquele intrauterino”, disse Alexandre. “Nesse momento, o abraço mostra uma empatia com as necessidades do bebê”, completou.

O abraço e a identidade masculina

Hoje passamos também por uma reavaliação das manifestações de afeto. “A forma de construir a identidade masculina na nossa sociedade faz com que o homem tenha medo de ser visto como homossexual ao abraçar seus pares”, exemplificou Alexandre. “Mas, quando se dão o direito de viver isso, eles relatam o quanto estão se sentido melhor, inclusive do ponto de vista das outras relações. Expressar o que se sente é bom para qualquer gênero, em qualquer circunstância”, concluiu.

O pressuposto vem ganhando força igualmente na educação das crianças, não sendo mais socialmente aceito o famoso bater para ensinar. “A palmada é o avesso absoluto do abraço, porque deixa uma marca de humilhação, vergonha e medo”, comparou Alexandre. “Com o abraço, você complementa uma fala amorosa, educa, orienta e ampara”, justificou.

Por fim, neste momento que exige afastamento e gera tanta angústia, Alexandre Coimbra deixou um recado: “Em meio a sentimentos de tristeza, raiva, silêncio, depressão e ansiedade, escutar as pessoas e demonstrar empatia e solidariedade é um tipo de abraço”.

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